Rainbow City

Capítulo 20

Rainbow City

Kwak Soohwan ergue o imunizante como se fosse uma refém. Seokhwa abaixou os olhos por um momento e depois levantou as pupilas. Então, estendeu a mão em direção a Kwak Soohwan. Ah, não, isso não está certo. Quando a mão que segurava o imunizante foi levantada ainda mais, inesperadamente, a mão do lado oposto foi agarrada. Seokhwa levou essa mão ao peito.

— Doutor Seok… O que está fazendo agora? — perguntou Kwak Soohwan, com a mão sobre o peito de Seokhwa, imóvel.

Por trás de um roupão fino, o calor de Seokhwa se espalhava até a palma de sua mão. Kwak Soohwan olhou para baixo e viu a mão de Seokhwa firmemente segurando seu pulso. Ainda havia uma faixa no dedo mínimo e, ao contrário da temperatura quente do corpo, sua mão parecia fria.

— Você realmente quer receber meu sêmen? Sabe que isso é impossível em apenas 10 minutos. — disse Seokhwa, de forma excessivamente honesta.

Era uma declaração demasiadamente sincera. Kwak Soohwan suspirou e olhou para o teto por um instante, depois voltou o olhar para Seokhwa.

— Não foi por isso que você veio até Gwacheon, foi? — perguntou ele.

— Foi complicado. — respondeu Seokhwa, com olhos que despertavam desejo, mas tão claros que podiam transmitir uma sensação de culpa. Contudo, foi ele quem primeiro acendeu a chama.

— Qual a diferença? — sussurrou Kwak Soohwan, com a boca próxima à dele.

Seokhwa finalmente deu um passo atrás. Então, pressionou firme a mão contra o painel de reconhecimento.

[Abrir.]

Kwak Soohwan sorriu, esperando aquilo, e estendeu o imunizante. No entanto, Seokhwa agarrou a manga do uniforme dele e puxou. Mesmo sem força, Kwak Soohwan foi arrastado para o laboratório de pesquisa.

— É estranho. — comentou Kwak Soohwan.

— É, doutor Seok parece estranho. — respondeu alguém, também estranho.

Kwak Soohwan colocou o imunizante na mesa no saguão do laboratório.

Se fosse para ele tocar seu peito ou puxá-lo para dentro do laboratório, isso não importava. Nesse meio tempo, Seokhwa colocou a própria mão no peito, tocando-o suavemente com uma expressão distraída, o que surpreendeu.

— A sensação é diferente. — disse Seokhwa, olhando diretamente para Kwak Soohwan, e chegou a beliscar a área onde fica o mamilo dele. Desde mais cedo, sangue vinha correndo para a parte baixa do corpo dele. Não era Kwak Soohwan quem se preocupava com a refeição preparada.

À medida que Seokhwa deslizou a mão sobre o peito de Kwak Soohwan, a palma dele ardeu como se estivesse queimada. Surpreendentemente, Seokhwa pressionou seu corpo ainda mais contra ele. Agora, Kwak Soohwan entendeu o motivo do comportamento do Dr. Seok. Ao experimentar prazer pela primeira vez, ele se via vulnerável às sensações novas e agradáveis. Como diz o ditado, um ladrão que aprende tarde na vida pode surpreender a todos, e Seokhwa era exatamente esse par.

Kwak Soohwan deslizou a mão por dentro do roupão, pressionando o peito de Seokhwa mais de perto. O pequeno e sensível mamilo formigava sob suas pontas dos dedos, aumentando a boca já seca.

Envolvendo os braços na cintura de Seokhwa, Kwak Soohwan acariciou suavemente o dedinho envolto por uma faixa. As unhas ainda pequenas e sensíveis de Seokhwa estavam coçando, e ele estremeceu enquanto Kwak Soohwan acariciava de trás da mão, rodeando seu pulso, e puxava a cintura mais uma vez.

Seokhwa também abraçou o corpo de Kwak Soohwan, que estava mais frio que sua própria temperatura. Apesar de sua força ser fraca, tentou envolver aquele corpo grande como se estivesse agarrado a uma pedra, como fazia normalmente.

— Está frio, Major Kwak Soohwan. — comentou ele.

Isso parecia apenas tratar-se de ser brincado como um brinquedo… Kwak Soohwan apoiou levemente a testa na testa de Seokhwa, adotando um tom afetuoso.

— Seokhwa. — chamou ele.

Ao ouvir, Seokhwa levantou a cabeça. Kwak Soohwan removeu o queixo da testa dele e olhou em seus olhos.

— Isso não pode acontecer; nossas mães não aceitariam. — disse ele, com uma expressão que buscava a firmeza.

Ele achava que pelo menos Seokhwa iria resistir a uma bobagem dessas, mas o olhar dele era ambíguo, e seus olhos estavam claros.

— Isso é algum tipo de brincadeira de papéis? Li um romance em que Major Kwak Soohwan age assim. — afirmou Seokhwa, de forma inocente.

Kwak Soohwan sorriu de forma sutil, com um rosto brincalhão. Seokhwa, que até então só tinha lido livros médicos e científicos, tinha adquirido diversas informações.

— É uma recompensa por trazer o imunizante? Ou uma resposta como presente por ter sido um bom garoto? — perguntou Kwak Soohwan.

— Que resposta? — fez Seokhwa, com uma expressão de confusão, mas logo percebeu.

— Doutor Seok, a recompensa será dada em breve. — lembrou ele do que tinha dito ao entregar a pedra. Mas, devido à pressa para chegar a Gwacheon, essa coisa certamente não aconteceria.

— Devo te pagar? — perguntou Seokhwa.

— Eu já disse que tenho bastante dinheiro. — respondeu Kwak Soohwan, olhando para o relógio na parede do laboratório, depois novamente para Seokhwa.

— Ainda temos cinco minutos. — adicionou.

Kwak Soohwan empurrou Seokhwa, que estava envolto nele, contra a parede.

— Vamos gastar esse tempo nos beijando? — sugeriu.

Mesmo sendo Seokhwa, esperava que ele recusasse um beijo. Achava que ele pediria sêmen, não um beijo, já que não estavam nesse tipo de relação. Porém, Seokhwa abriu levemente a boca. Parece que lembrou de ter sido instruído a abrir a boca na primeira vez que beijaram.

Naquele momento, ele mordia como se estivesse fechando a roupa com zíper… Kwak Soohwan se perguntava como lidar com o doutor Seok, que era fraco a esse tipo de prazer. Claro que sua paciencia também tinha limites. Kwak Soohwan prensou profundamente os lábios de Seokhwa de cima a baixo.

O interior da boca de Seokhwa, tocado pela língua com hálito quente, ficou úmido. Mesmo com a boca quase fechada, ele segurou a respiração e voltou a resistir. O som molhado ecoou nos ouvidos.

Seokhwa apoiou todo o corpo contra Kwak Soohwan sem perceber que sua mão cavava dentro da camisa dele. O lábio inferior foi levemente mordido, e a língua rápida foi bem mastigada. O prazer, não a dor, percorreu de ponta a ponta, dos dedos às plantas dos pés. Como tinha sentido antes, Kwak Soohwan parecia apreciar o ato de morder. Ele mordia os lábios de Seokhwa, ainda segurando a camisa.

— Ugh! — ele exclamou, sentindo que a marca da mordida desaparecia do pescoço e parte superior do corpo dentro de uma semana.

As marcas mordidas e mastigadas, antes por toda parte, sumiram em sete dias. Kwak Soohwan desabotoou a camisa de Seokhwa e sugou a clavícula lisa, mordendo forte. Os dedos do pé de Seokhwa ficaram eretos. Sem perceber, Seokhwa pressionou ainda mais seu corpo contra ele. Quando voltou a se mover, Kwak Soohwan selou seus lábios com os dele. O local onde passou saliva ficou frio e formigando.

— Como um remendo… — comentou, rindo com surpresa, pressionando o corpo fortemente.

— Vou deixar mais frio. Abra bem a boca. — ordenou.

Quando Seokhwa virou o rosto para respirar, Kwak Soohwan o seguiu diligentemente, roubando sua respiração.

Insatisfeito só com um beijo, Kwak Soohwan continuou deslizando as mãos por todo o corpo de Seokhwa. A camisa foi completamente desabotoada, revelando o peito dele.

Seu corpo, que até fazia o apetite desaparecer, agora era intolerável. Malditas sejam as ideias de Kwak Soohwan, que cruzou os braços sob as nádegas de Seokhwa, levantando-o com força. Os pequenos mamilos estavam bem na sua frente, quase no nariz. Depois de mordê-los com força, os cabelos de Seokhwa se enredaram na mão dele.

— Ugh! — pensou ele, achando que tinha sido talvez forte demais, e soltou sua boca, revelando um lado do peito, vermelho e inflamado.

— Machucou? — perguntou Seokhwa.

— Um pouco… mas está até mais frio. — respondeu, com a língua acariciando suavemente.

Enquanto pressionava, a tensão do corpo de Seokhwa foi diminuindo aos poucos. Era hora de segurar suas nádegas.

[Ei! Vai demorar mais? Já passou mais de 20 minutos.]

Um walkie-talkie soou de dentro do uniforme de Kwak Soohwan.

— Ah, que saco. — ele olhou para o lado do peito de Seokhwa que tinha passados os dentes, depois o abaixou no chão. Graças a Yang Sang-hoon, rapidamente recobrou a consciência. Será que devo achar isso uma coisa boa? Kwak Soohwan, reprimindo a excitação, fez Seokhwa levantar os braços aos ombros. Com mãos trêmulas de vontade de segurar tudo de uma vez, cuidadosamente abotoou a camisa. Olhou para Seokhwa, cujo rosto avermelhara e tinha uma expressão vazia.

— A brincadeira termina aqui. Já vou. — disse, se afastando.

Ele desembaraçou os cabelos de Seokhwa que ainda encostava na parede, virou-se e saiu. Seokhwa tentou inconscientemente agarrar a manga dele, mas não tinha força suficiente.

Enquanto se dirigia para a porta, de repente, ele virou-se para olhar para Seokhwa.

— Se eu forçar de novo… — ameaçou, com a voz trêmula.

Seokhwa, ainda atordoado pelos efeitos do beijo, não entendeu direito o que ele dizia.

— Só me joga aquela merda daquele pedra de uma vez… — pediu, com a voz fraca, sentindo finalmente o peso na pochete.

Kwak Soohwan nunca havia forçado algo com Seokhwa… se bem que parecia mais que ele próprio estivesse se forçando a agir assim.

[“Por que você não vem? Estou de saco cheio! Volta logo!”] — sua resposta veio irritada pelo walkie, enquanto ele caminhava.

— Já estou indo, seu moleque. — respondeu, seco.

A voz da mãe soou quase ao mesmo tempo na transmissão. Como só tinham apertado as mãos e saído, não havia como perguntar quando voltariam. Mas Seokhwa tinha certeza de que o toque de Kwak Soohwan era incrivelmente agradável.


“não olhe nem para cima. Toda vez que vejo seu rosto, fico sem energia, e é enjoado.”

Seokhwa olhava para o cara que o insultava, segurando uma pedra com uma mão. Ele era um colega da mesma turma de classe S no centro de aprendizagem, e sempre começava brigas com Seokhwa. Não havia motivo para ofendê-lo, e Seokhwa não se lembrava de ter causado problemas.

— Vai tentar me bater com essa pedra? Pode tentar. Vou contar para meu pai, e você não escapa. Sabe quem é meu pai? É coronel do Exército Cidade Arco-íris! — ameaçou Seokhwa.

Ele, que nunca tinha pensado nisso, olhou para a pedra que segurava. Não parecia uma arma.

— Não me bata. — afirmou.

— Por quê? Está com medo porque vou contar para meu pai? É azar demais ficar na turma S com um mendigo igual a você. — respondeu o colega, com desprezo.

Ignorando o cara, Seokhwa começou a caminhar pelo corredor.

— Sem pai, mendigo! Sua mãe é parasita, e você também é parasita! Você sabe que as pessoas sabem que parasitas nascidos em Jeju? — gritou ele.

Foi quando parou bruscamente, pensativo. Seokhwa olhou para a pedra na mão, não parecia uma arma.

— Acho que não vou te bater. — disse, de cabeça baixa.

— Por que, com medo porque vou contar para meu pai? Você é um parasita mendigo! Pessoas sabem que parasitas nascidos em Jeju são parasitas! — gritou o colega, desdenhando.

Seokhwa ignorou e começou a caminhar pelo corredor de novo.

— Os parasitas estão extintos. Então, as pessoas desenvolveram muitas doenças autoimunes. — pensou ele, seguindo sua trajetória silenciosa. Sem dizer nada, continuou andando, sabendo que, por indicação, foi recomendado para a classe S. Não tinha amigos amigáveis, mesmo recebendo elogios dos adultos, professores e tudo mais, por sua inteligência e aparência. Era só uma fase. Com o tempo, deixou de sorrir ou reagir ao que acontecia, e as pessoas deixaram de prestar atenção.

Seokhwa também sabia que era irritante e problemático. Felizmente, nasceu em Jeju, o que lhe deu alguma sorte, mas não podia aproveitar totalmente o que comia ou vestia. Na manhã, comeu mingau de arroz sobrando, e no almoço, tinha tudo na cantina do centro de aprendizagem. Originalmente, seu estômago não digeria muita comida de uma só vez. Colocava alimentos duráveis, como pão ou nozes, em um compartimento separado e comia ao seu tempo. Mas, ao ver isso, o rapaz o zombava de mendigo.

Na verdade, Seokhwa não se importava com o que diziam. Quando voltava para casa, tinha uma mãe amorosa, e havia crescido recebendo bastante afeto dos avós falecidos. Quando a aula acabava, muitas vezes ele recolhia pedras na praia. Esse momento isolado, sem interferências, era o mais feliz para ele. Apesar das reclamações sobre dificuldades externas, Jeju sempre se mantinha pura. Claro que Seokhwa não pensava em viver ali para sempre. Como resolveu a questão da consciência em Rainbow City, era natural pagar o preço, como aprendeu no centro de aprendizagem.

A cada dia, durante duas horas, os estudantes ouvíam transmissões educativas feitas pela voz da Mãe. Repetiam o quanto Rainbow City era maravilhosa e como as pessoas lá dentro eram felizes. Mostravam pessoas morrendo sem proteção, cidadãos afiliados, enfatizando que nunca deveriam ser contaminados por ideologias rebeldes, por meio de doutrinação diária.

Crianças logo se envaideceram por Rainbow City. Foram manipuladas a crer que sacrifícios pessoais eram normais para manter esse sistema excelente, e até estavam dispostas a se sacrificar também. Porém, por influência da mãe, Seokhwa não era facilmente convencido por doutrinas ideológicas.

Além disso, os vídeos repetitivos ficaram chatos, e, sempre que aquela hora chegava, pensava em outra coisa. Mas, claro, os professores estavam de olho, então sua atenção permanecia na tela. Como costumava se distrair, isso não gerava consequências.

[Cidade feliz, lares cheios de amor, Adam é nosso inimigo, derrotar os rebeldes, segurança e felicidade em Rainbow City, woo woo lalala lalala.]

Seokhwa franzia a testa ao ouvir a música no rádio que tinha ligado. Estava distraidamente observando os ratos de experimento, até que a música interrompeu seus pensamentos. Enquanto aguardava os resultados da vacina desenvolvida e geneticamente modificada pelo Eden Garden na máquina de genes, lembrou-se.

— Já fazem umas 12 horas que esse sujeito foi injetado, né? — perguntou ele.

Dr. Kim tinha injetado uma parte do imunizante que o Eden Garden distribuiu nos ratos de experimento. O rato que recebeu a injeção andava pelo recipiente como se nada tivesse acontecido. Mesmo que o Eden Garden tivesse distribuído a vacina, provavelmente ninguém tinha se injetado diretamente. Como não sabiam qual seria o resultado, não se arriscariam a se injetar de propósito.

— Ouvi dizer que os caras do Eden Garden que espalharam isso também exibiram vídeos aleatórios em diferentes regiões. — comentou Seokhwa.

Ele mostrou interesse no que Dr. Kim dizia.

— Vídeos? — indagou.

— Sim. Disseram que eram vídeos de pessoas recebendo a vacina e injetando sangue de Adam. Uma pessoa com máscara branca, chamada Serpent… ou Lana? Enfim, ocupa cargo importante no Eden Garden. Ele mesmo recebeu a vacina e injetou sangue de Adam, mas não houve mutação. Bom, isso também pode ser fake. Mesmo vendo isso, ninguém vai se injetar facilmente.

— Doutor Kim. — chamou atenção.

— Sim? — perguntou ele.

— Doutor Kim, você parece ter informações bem rápidas. — comentou Seokhwa, observando uma certa surpresa na sua fala.

— Ah, é mesmo? — ele se ajeitou, como se estivesse impressionado.

— Doutor Kim, falou com o doutor O Yang-seok algo do tipo… que foi o Major Kwak Soohwan quem fez isso? Por que fez? — questionou Seokhwa, desconfiado.

De algum modo, Dr. Kim não gostava do Kwak Soohwan. Não havia motivo para uma atitude tão desdenhosa.

— Eu não espalhei essa notícia… Mas, como você fala de forma tão direta, fica até estranho para mim também. — respondeu ele.

Seokhwa tinha suspeitas sobre Dr. Kim que não podia expressar na frente dele.

— Doutor Kim, também sei por que o menino virou Adam. É por causa do sangue de Adam. Mas, como o rapaz conseguiu pegá-lo? — quis ir além das simples dicas.

— Certamente… você não está me desconfiando, né? Ainda que esteja pensando em me empurrar para o Serviço de Segurança Presidencial ou algo assim, é meio insultante, não acha? Já fui investigado sem problemas. Não seriam o Tenente Yang Sang-hoon ou o Major Kwak Soohwan mais suspeitos? Eles trouxeram aquele menino. E dizem que ele foi transferido para Gwacheon? E até os soldados que levaram a vacina desta vez seriam esses dois. — concluiu.

Nenhuma palavra podia refutar o que Dr. Kim dizia, pois era verdade. Mas também não parecia que Yang Sang-hoon ou Kwak Soohwan, que concluíram as buscas, entregariam sangue ao garoto. Assim, Seokhwa ficou mais desconfiado. Talvez houvesse alguém de outro abrigo, alguém que ele desconhecia.

— Eu também tinha algumas suspeitas sobre Dr. Kim. Desculpe. — pediu desculpas, de forma limpa.

Dr. Kim soltou uma risada hesitante, meio constrangida.

— Que decepção. Mesmo passando mais tempo conosco, como você dá seu coração mais ao Major Kwak Soohwan ou ao Tenente Yang Sang-hoon? Ambos são de fora de Rainbow City. Não eram originalmente nossos cidadãos. Então, não confie muito neles. Se estiver pensando em se alinhar, o Tenente Lee Chae-yoon seria uma escolha melhor. A família dele é rica, vem de uma linhagem prestigiosa em Rainbow City, não é? — explicou.

A notícia de que Kwak Soohwan e Yang Sang-hoon eram de fora de Rainbow City era nova para Seokhwa. Kwak Soohwan disse que entrou no exército para conseguir comida, mas nada foi mencionado sobre ele não ser cidadão daqui.

— Vamos seguir, já que o tempo está avançando? — sugeriu Dr. Kim, levantando o recipiente com os três ratos imunizados. A localização apontada era um laboratório de Biossegurança nível 3, instalado dentro de um laboratório comum.

— Sim, vamos. — concordou Seokhwa.

Lá, o sangue do Adam de 7ª geração estava armazenado, e Dr. Kim e Seokhwa, usando equipamentos de proteção contra infecção, trocaram-se em trajes de segurança. Demorou cerca de 30 minutos até que pudessem administrar o sangue para os três ratos armazenados.

Todo o experimento estava sendo filmado pela Mãe. Naturalmente, Seokhwa e Dr. Kim monitoravam de perto as condições dos ratos. Cliques, arrulhos, cliques. De repente, um deles abriu bem a boca e começou a gritar, parecendo em estado de transformação iminente em Adam. Então, os outros dois também tremeram, emitindo sons de choro.

— Isso foi realmente mentira? Se alguém se injetou, seria um grande problema. — disse Dr. Kim, com a voz abafada pelo traje protetor. Mas Seokhwa continuou observando os ratos. Mesmo após a suposta transformação, seus sistemas imunológicos ainda lutavam contra o vírus, como se estivessem resistindo.

Logo, uma exclamação saiu de Dr. Kim. A primeira que gritou agora se movia perfeitamente dentro do recipiente. Da mesma forma, os outros dois também voltaram ao normal, aos poucos.

Seokhwa não acreditava. Talvez fosse realmente uma vacina perfeita.

Ele e Dr. Kim trocaram olhares e rapidamente coletaram o sangue dos três ratos. Derramaram-no no kit de teste de sangue do vírus Adam, desenvolvido pelo Rainbow City, e o resultado foi:

— Negativo. — confirmou Dr. Kim.

***

Bisão, casado, Tigris e Euphrates. Esses quatro eram os signatários conhecidos do Eden’s Garden fora. As informações sobre Serpent eram escassas, espalhadas apenas por rumores. Mesmo que o cara tivesse usado máscara, revelando sua aparência, a única informação disponível era que eles planejavam algum tipo de demonstração de poder no futuro. Se o que Lee Chae-yoon encontrou naquele dia fosse realmente Serpent, ele pelo menos seria do nível S, e os comandados dele, do nível A.

Ter insurgentes com esse poder, além dos soldados da cidade, representava uma ameaça enorme. Seokhwa compreendia por que o Segundo Mestre investigava o Eden’s Garden com cautela.

Porém, como o Segundo Mestre previa que o Eden’s Garden se tornaria uma ameaça, ainda era uma dúvida que permanecia na mente de Kwak Soohwan.

— Kraaaack! Águia! — rugiu Kwak Soohwan ao esmurrar a cabeça de um Adam que se lançou contra ele, contra a parede. Descendo as escadas, mirou sua arma nos que subiam, gritando para os guardas que apoiavam por trás.

— Não entrem até liberar! — ordenou.

Por causa das escadas estreitas, seria um obstáculo se aliados se embolassem. Pareciam os recém-transformados, mas a maioria usava insígnias militares de Rainbow City.

— Tenente Chae, jogue a arma. — disse, logo atrás.

O tenente Chae lançou rapidamente a arma, e Kwak Soohwan desceu as escadas sem impedimentos. Quando virou a esquina e entrou, aconteceu o caos.

— Quebra! — gritou, ao ver os Adams cobertos de sangue, rosnando e avançando nele. Era inútil usar balas, então, Kwak Soohwan rasgou a luva com a mão e arrancou a mandíbula deles. Pisando na cabeça do caído, atirou porções de vento na testa daqueles que corriam de trás, silenciando os Adams barulhentos.

Kraaaack! O estrondo estranho vindo da coxa do último deles ecoou. Ao atirar na coxa do último que fazia barulhos esquisitos, aquele cuja ossada tinha sido destruída desabou no chão. Enquanto isso, um deles tentou rastejar em sua direção. Cortando a insígnia militar pendurada na camisa suspensa, cortou a parte de trás da cabeça para interromper o fluxo de ar.

— Limpo. Entrem. — disse Kwak Soohwan, ligando o rádio dentro do uniforme. Os cinco guardas que aguardavam na escada rapidamente se juntaram a ele. O cheiro de sangue e carne podre ficava ainda mais forte em ambientes fechados, mas, agora, o odor de sangue era mais forte que o cheiro de cadáver decayente.

— Acendam a luz. — ordenou.

Um dos guardas colocou uma lanterna militar e a posicionou ao centro. Ao lado de um cadáver de Adam, refletido na luz, tinha um rosto estranho com um buraco na parte de trás da cabeça. Kwak Soohwan chutou o corpo e inspecionou lentamente o bunker subterrâneo.

— É exatamente aqui onde a 7ª vacina e a 7ª Eve foram criadas. — concluiu.

— Recolha tudo o que precisar e leve para o 21º Batalhão da Guarda Violeta. — ordenou o comandante.

— Sim, senhor. — responderam os guardas, atentos. — Devem recuperar tudo que puderem, mas Eden’s Garden já levou quase tudo ao abandonar este bunker. Restaram apenas mesas, ferramentas diversas e os Adams deixados de isca – todos componentes dos soldados de Rainbow City.

Seixhwa não sabia se eles foram sequestrados para experimentos humanos ou como uma tentativa de persuasão. De qualquer forma, parecia que tinham sido transformados por cerca de três dias, pelo menos.

Os cidadãos de Rainbow City carregam um chip chamado "colar" inserido no corpo, mas raramente é usado. No caso de Seokhwa, a torre de controle de GPS foi ativada por ser pesquisador sênior. Se soldados comuns desaparecessem, provavelmente morreram lutando contra Adams. Esses caras eram verdadeiros absorvedores de balas. Kwak Soohwan trouxe as tags de identificação de guerra na mão.

No muro central do bunker, uma árvore com muitas folhas e ramos havia sido desenhada.

A Árvore da Vida. Era a marca que representava o Eden’s Garden.

Parece que eles saíram antes de distribuir a vacina. — disse o Tenente Cha, cauteloso.

Para realizar pesquisas de imunização, era necessário um espaço adequado, com acesso simples aos materiais necessários. Portanto, duvidava que fosse em uma região montanhosa. Além disso, não ficaria longe da área de Rainbow City. Os locais indicados por Kwak Soohwan, que ele recomendou verificar, mostraram sinais do Eden’s Garden em um bunker subterrâneo em Uijeongbu. A parte superior, que foi incendiada por Lee Chae-yoon, parecia um local por onde passaram antes de chegar a Uijeongbu.

— Recolha as tags militares dos pescoços dos mortos e entregue às famílias enlutadas. Diga que lutaram por Rainbow City e morreram com honra. — instruíram.

Kwak Soohwan entregou as tags nas mãos do Tenente Cha.

— Eu me responsabilizo por entregá-las. — respondeu ele.

— Eu vou primeiro. Limpe tudo rápido e vá para Yeouido. — disse o outro.

— Sim, prossiga. — confirmaram ambos, mantendo a saudação até que Kwak Soohwan desaparecesse da vista. Ao subir as escadas, ele tirou as luvas, jogou ao chão e acendeu um cigarro. Observar aqueles caras estranhos fazia tudo parecer destruído em sua estética. De repente, sua mente se voltou para o rosto vazio de Seokhwa, e, sem perceber, soprou uma longa baforada de fumaça.

— Me pergunto o que o doutor Seok Park, com seu péssimo consumo de gasolina, estará fazendo agora. A última avaliação que recebeu foi nesta manhã. Apoiarou a Guarnição Violeta ao meio-dia. As fotos que receberam hoje de manhã, enviadas por Tenente Chae, mostram ele bebendo com uma expressão séria.

O comandante Yoon, do abrigo de Yeouido, causava uma confusão quase tão grande quanto Serpent. Como Yoon poderia revolucionar a ideologia rebelde de Seokhwa se quisesse, Kwak Soohwan não tinha escolha senão ficar de olho nele por algum tempo. Era o que pensava, mas, ao mesmo tempo, se via ansioso por ver algumas fotos interessantes e alimentava expectativas desnecessárias.

[Este é o abrigo de Gwacheon. Por favor, responda.]

O rádio no jeep de Kwak Soohwan apitou. Ele caminhou de forma casual, acendendo seu cigarro enquanto ouvia o diálogo.

— Major Kwak Soohwan, aqui é o abrigo de Gwacheon. — veio uma voz pelo rádio.

— Fale. O que está acontecendo? — perguntou ele.

[Major Kwak Soohwan, há uma visita para te ver aqui no abrigo de Gwacheon.]

O abrigo de Gwacheon? Kwak Soohwan aproximou os lábios do rádio.

— Quem é? — perguntou, com a voz misturada ao ruído de estática.

…Sou eu. Major Kwak Soohwan. — respondeu uma voz que ele reconheceu ser de Seokhwa.