
Capítulo 184
Minha irmãzinha vampira
"-I-Irmão… Sou eu?"
"Claro que sou eu," Jin zombou, cruzando os braços. Irina se sentiu estranha ao ver seu querido irmão — e agora marido — envolto numa aura divina capaz de enlouquecer a maioria dos mortais. Mas, no fundo, ela sabia…
O homem que estava diante dela era indiscutivelmente Jin Valter. Seu cheiro, sua aparência, sua alma, e o mais importante… Seus sentimentos por ela. Tudo no homem grita ‘Jin Valter.’
Mas se era o ‘Jin Valter’ que ela conhecia… Essa já era outra história.
"Espere um pouco…"
‘Jin Valter’ finalmente percebeu que algo estava errado, olhou ao redor, examinando os arredores mais imediatos. Movendo os olhos de Irina, ele inspecionou a área, e um sorriso de compreensão apareceu lentamente.
"Lilith, Ysabelle, e até Rosa… Vocês quatro também estão de vestido de casamento! E vocês parecem muito mais jovens… Ah, agora entendi. Não é noite de cosplay. Eu apenas retornei ao passado."
‘Jin Valter’ sorriu enquanto coçava a barba inexistente. Seu corpo começou a tremer intensamente, e os ombros estremeceram. Sorrindo de orelha a orelha, ele soltou uma risada ensurdecedora.
"HAHAHAHA!!! Quanta eons passaram?! Mil bilhões de anos? Não, já deve ter passado mais de dois bilhões. Ah, como eu sonhava em voltar a este momento e ver minhas esposas puras!"
Contagiado pela situação, o Jin do futuro riu descontroladamente, sem parar uma só vez para respirar. Levou um minuto inteiro para se recompor, e todos na proximidade congelaram, sem saber o que fazer.
Os grandes Vampiros das Casas Guardiãs foram obrigados a se ajoelhar e encostar as testas no chão sujo. Nem ousaram, ou melhor, não conseguiam olhar diretamente para o homem. Quando levantavam a cabeça, sangue escorria por suas órbitas, e seus corpos provavelmente começariam a desmoronar por dentro.
As quatro esposas de Jin também não sabiam como proceder. Se quisessem honrar os desejos do marido, deveriam fugir para bem longe dessa versão de ‘Jin Valter’. Mas estavam fascinadas pelo homem encantador, que parecia possuir um poder misterioso que as obrigava a ficar.
E, por fim, o Demônio da Morte enviado por Uriel, Thanatos. Após se recuperar do toque de Jin, voltou, apenas para ficar atônito com a cena atual. Ainda carregava uma noite de medo em sua alma, e cada fibra de seu ser gritava para que fugisse. Mas só pôde assistir helplessly enquanto ‘Jin Valter’ terminava sua risada vigorosa.
"Ah, venha! Deixe-me tocá-las! Vocês ainda são lindas, mesmo após dois bilhões de anos, mas nada supera uma garota nos vinte."
‘Jin Valter’ tentou estender o braço direito para Irina, mas foi impedido por um simples fato.
"Hmmm? Não está aí?"
‘Jin Valter’ examinou-se, principalmente o braço esquerdo amputado e o buraco no peito. Ficou um pouco surpreso com a situação estranha, mas respirou fundo e logo exibiu uma expressão de que tinha entendido tudo.
"Ah, isso realmente aconteceu. Fazem dois bilhões de anos desde a última vez que me machuquei assim. Isso é revigorante."
O Jin do futuro não se deixou abater pela ausência de membros ou pelo enorme furo que parecia se expandir no peito. Pelo contrário, tinha um semblante renovado, como se estivesse visitando uma atração turística. Radiante de pura alegria, colocou a mão esquerda sobre o ombro direito, como um cachorro lambe suas feridas.
Normalmente, a névoa negra consumiria qualquer coisa que encontrasse. Seja um corpo imortal, como um Vampiro, ou um objeto inanimado, como um meteorito caindo. Contudo, ‘Jin Valter’ não tinha medo disso. Permitindo que a névoa negra se movesse entre seus dedos, manipulando-a com precisão cirúrgica.
"Você chama isso de poder da Morte? Uriel foi boba ao pensar que podia dominar a própria Morte."
"… você!"
Enquanto ‘Jin Valter’ falava consigo mesmo, Thanatos não conseguiu conter sua raiva, especialmente ao ver o Jin do futuro degradando a mulher que mais amava.
Porém, isso foi um erro…
Se tivesse ficado em silêncio, desaparecendo silenciosamente de volta ao Reino dos Demônios, 'Jin Valter' não o teria percebido. Mas Thanatos selou seu destino com sua necessidade insensata e estúpida de proteger a Deusa do Destino.
"Thanatos… Você foi o responsável por essa ferida em mim."
"… você sabe quem eu sou?"
"Como poderia não saber?"
'Jin Valter' sorriu de forma malévola. Brincou com o poder da Morte em suas mãos, trocando seu olhar entre o Demônio de túnica negra e a névoa negra que o cercava.
"No final, fui eu quem te criou."
"H-Huh?"
"Ah, talvez tenha falado demais. Você não precisa saber de nada. Você é apenas uma ferramenta para manter a linha do tempo em ordem e entregar a peça final."
"O-O que você está dizendo?"
"Silêncio."
Como não se incomodasse mais em responder às perguntas de Thanatos, ‘Jin Valter’ ordenou que o Demônio se calasse. E, de fato, a alma do Demônio foi dominada por sua ordem, e sua boca foi selada.
E, com a perturbação eliminada, ‘Jin Valter’ agora focava na Arma da Alma em sua mão esquerda. Quatro anéis estavam iluminados, cada um representando um poder único do Aspecto Vampírico de Jin.
O anel azul no dedo médio representava o Espaço-tempo. O anel arco-íris no polegar, Criação. O anel carmesim que cobria o dedo indicador tinha o poder da destruição. O anel esmeralda no quarto dedo detinha o poder da vida.
Porém, havia cinco dedos em uma mão.
"O destino é uma coisa peculiar. Para pensar que teria que passar por isso duas vezes."
‘Jin Valter’ riu enquanto levava a névoa negra de suas feridas até o último anel. Com a névoa negra desaparecendo, o fator de regeneração de Jin finalmente ativou-se, curando completamente o furo no centro do peito e regenerando seu membro perdido. Contudo, ninguém focava na rápida cura do Progenitor.
O anel no mindinho, que até então permanecera inativo, finalmente respondeu. Absorvendo a névoa negra como uma fera faminta, a pedra do anel ficou completamente negra, enquanto uma estranha força emergia de dentro dela.
Irina sentiu. Matriarca Inocência sentiu. Até Thanatos sentiu.
Uma força estranha despertou, e ela não era apenas uma cópia das atributos da névoa negra. Era algo muito mais singular. Algo muito mais potente. E algo… que até Thanatos temia.
"Imperium, o poder do Espaço-tempo. Gênesis, o poder da Criação. Interitus, o poder da Destruição. Vita, o poder da vida. E agora, finalmente…"
Jin levantou a mão esquerda para o céu e examinou os cinco anéis. Admirou cada um deles, e seus olhos se fixaram no último, no mindinho. Uma cor negra que refletia a nulidade do vazio. Um poder sombrio que trazia medo a quem ousasse olhar diretamente. E um atributo divino que nenhum mortal poderia reproduzir.
"Letum… O poder da Morte."
"Que nostalgia… Essa Arma da Alma, quase esqueci que tinha ela."
‘Jin Valter’ continuou contemplando os cinco anéis com grande sentimento. E essa expressão de saudade não passou despercebida, especialmente pelas quatro meninas que conheciam Jin melhor que ninguém.
Entretanto, justo antes que pudessem fazer perguntas, Thanatos sacou sua foice como um louco e quebrou finalmente o feitiço do qual fora amaldiçoado.
"V-Você! Como ousa?!"
"Hoh? Você conseguiu se libertar do meu feitiço? Tch, meu controle sobre este corpo ainda não é absoluto. Pensei que uma falha como você pudesse quebrar meu encanto."
No entanto, Jin não se deixou abalar; ao contrário, ficou divertido. Tratando toda a situação como uma piada, Jin continuou a zombar de Thanatos como se fosse uma criança.
"Falha?! Você ousa me insultar?!"
"Hmmm… Fui eu quem desenhou seu cenário assim? Não, deve ter sido Uriel. Aquela vadia…"
"Você não só ousa me insultar, mas também insultar a Deusa?!"
"Ah," Jin sorriu e olhou de volta para Thanatos. "Será que o medo subiu à sua cabeça? Ignorância, de fato, é uma bênção. Bem, você não foi criado com cérebros, afinal."
"V-Você…"
Thanatos não respondeu, mas isso era tudo que Jin precisava. O poder do Jin do futuro era além do dos mortais, no reino dos Deuses. Foi preciso todo o esforço de Thanatos para ficar de pé diante daquela entidade hegemonicamente poderosa, resistindo ao desejo de voltar correndo ao Reino dos Demônios.
Mas… seu orgulho havia nublado seu julgamento. Seu amor pela Deusa do Destino tinha feito daquele Demônio um tolo.
Ele era uma entidade que ficava no topo do Reino dos Demônios por eras. Uma entidade considerada a mais forte da história. E, mesmo assim, estava sendo diminuta por esse homem que, poucos instantes antes, rastejava aos seus pés.
Thanatos não podia aceitar isso. Não queria aceitar. Por isso…
"Vou te matar!!!"
Reunindo toda a coragem para vencer o medo, Thanatos avançou com a força da Morte armazenada na sua foice. Achava que talvez… só talvez… se conseguisse cortar a cabeça de Jin com sua névoa negra, conseguiria vencer. Poderia corresponder às expectativas de Uriel e acabar com os pesadelos. Terminaria o terror e mudaria o futuro predestinado de todos os Demônios.
Porém, ai de mim… Isso era apenas um sonho… Que nunca poderia se tornar realidade.
"Que fraco."
'Jin Valter' segurou a ponta da foice com o dedo indicador e o polegar, como se estivesse pinçando um grão de sal. Totalmente indiferente ao ataque, o Hegemon desviou a foice negra com o poder da Morte e soltou uma bocejada entediada.
"V-Você… Como consegue tocar na Morte?"
"Por isso que te chamei de burro, Thanatos. Você realmente achou que seu poderzinho é a verdadeira Morte?"
"O-O quê?"
"Você já testemunhou a morte de uma Estrela? Fez o Rio da Vida secar? Matou sistemas solares? Decaiu galáxias? E você… já viu a morte do nosso universo?"
"Q-Que?!"
"Hah… Como disse, você é um produto defeituoso."
'Jin Valter' balançou a cabeça, quase como um pai decepcionado que falhou em guiar seu filho.
"Mas você cumpriu seu papel. No instante que inseriu sua névoa negra em mim, o destino foi selado. A linha do tempo está garantida, e nada mais pode interferir no meu caminho. De certa forma, tenho que agradecer pelo serviço, mesmo que você seja ignorante quanto ao seu triste destino."
"O-O que está dizendo?"
"Como recompensa por seus feitos, vou te conceder o conhecimento. Deixe-me mostrar-lhe o que é a verdadeira Morte."
Jin levantou a mão e o anel negro explodiu em energia. Uma luz obsidiana dominou o continente enquanto o planeta tremia de medo. A Árvore-Mundo quase se arrancou do chão na tentativa de escapar, enquanto milhões — talvez bilhões — de seres vivos pereciam instantaneamente.
Porém, aquilo não importava para Thanatos.
No instante em que viu a luz negra, soube que não poderia vencer. Era um poder além de tudo que tinha experimentado ou imaginado antes. Uma força que o deixava completamente helpless, como uma formiga olhando para uma galáxia. Como alguém que clamava ser o Deus da Morte, Thanatos entendeu de inmediato…
A Morte que Thanatos carregava não era nada comparada à Morte que Jin mostrara.
Se a força de Thanatos poderia matar milhões, a de Jin poderia causar a morte de todas as criaturas do universo. Se Thanatos podia destruir meteoros e acabar com planetas, Jin poderia acabar com galáxias inteiras com um único pensamento.
Simplesmente, não havia comparação.
Pensar que poderia competir com o Soberano da Morte era uma piada.
E assim, Thanatos aceitou seu destino.
'Desculpe, Uriel… fracassei com você.'
Com seu último pensamento, Thanatos abriu os braços e acolheu o poder supremo. Sentiu uma calorosa energia negra, como o abraço materno de uma mãe para seu bebê. Era como se… finalmente tivesse retornado ao lugar onde sempre deveria estar.
A Verdadeira Morte.
"Letum… o esquecimento."
Com o feitiço final de Jin, o Demônio da Morte deixou de existir. Desvanecido como uma brasa ao vento, a última esperança da Raça Demoníaca, a carta na manga que a Deusa do Destino havia jogado…
Desfalcou-se em pó.