(Hum, desculpe) Eu Reencarnei!

Capítulo 121

(Hum, desculpe) Eu Reencarnei!

109 – Uma Cara Desfigurada

Publicado em 10 de junho de 2017 por crazypumkin

Editado por Poor_Hero

Quando Shou recobrou a consciência, percebeu que estava dormindo em seu futon no seu quarto. E do lado de fora, podia ouvir os pássaros cantando. Essa sensação de frio extremo era exatamente como o clima de manhã cedo.

Enquanto deitado ali, meio zonzo enquanto sua mente começava a clarear, ele começou a recordar o que tinha acontecido na noite anterior. E então, o rosto de Shou ficou pálido. Como se o chão sob ele simplesmente tivesse se desfeito.

…….Ele chorou até dormir.

Mesmo tendo finalmente conseguido provar que era útil nesta casa! Katsuo certamente ficaria chocado com seu comportamento.

Shou sentiu vontade de chorar novamente, mas segurou os dentes e resistiu. Parecia que suas pálpebras estavam inchadas por causa das lágrimas de ontem, parecendo que tinham absorvido todas as suas lágrimas. Ignorando isso, ele se levantou do futon e começou a lavar o rosto. A água da torneira estava congelante, mas essa temperatura era perfeita para ele naquele momento.

Depois, Shou foi até a cozinha. Katsuo pode não ter dado muita importância ao dar seu quarto a Shou, mas a cozinha ficava bem ao lado do seu quarto.

Ele queria fazer sopa de missô e peixe grelhado para o café da manhã, mas percebeu que o arroz não tinha sido preparado. Era porque ele tinha chorado até dormir ontem. Ele sempre preparava o arroz para a manhã seguinte antes de dormir.

" ….Não há jeito… "

Shou murmurou para si mesmo, trocando de roupa, e depois saiu de casa. Hoje vai ser pão no café da manhã.

"Shou….! Onde você estava, seu idiota! "

Assim que Shou entrou na casa, foi recebido com um grito antes de Katsuo envolvê-lo em um abraço.

" Huh…..Ka, Katsuo-san? "

Shou ficou preocupado. Devia ter feito algo errado. O que estava fazendo de errado? Pensando sobre isso, chegou à conclusão de que era porque não tinha preparado o café da manhã daquele dia. Seu rosto ficou pálido enquanto se desculpava automaticamente.

" Desculpe! "

" Por que está se desculpando? "

Katsuo soltou Shou de seus braços enquanto perguntava seriamente. Ao ver seu rosto, Shou ficou ainda mais desconfortável.

…….Se isso continuasse, eu seria abandonado.

" Eu, eu não preparei o café da manhã de hoje… "

Ao dizer isso com a voz tremendo, o rosto de Katsuo mudou.

" Venha aqui. "

Segurando a mão de Shou, que tinha ficado fria por ter saído, Katsuo o puxou com força para dentro da casa.

"Onde você foi? "

Depois de puxar Shou para a sala de estar, Katsuo começou a perguntar.

" …… Eu fui à padaria buscar pão para o café da manhã. "

" Entendi. …..Desculpe por ter gritado com você de repente. Mas, por favor, não saia sem avisar da próxima vez. "

…Ele achava que Shou tinha fugido e morrido lá fora ou algo assim. Desde ontem, aquilo aconteceu. Seu interior realmente ficou frio ao não conseguir encontrar Shou.

Depois de acordar, foi até o quarto de Shou e viu que ele havia desaparecido. Para Katsuo, mesmo sem entender por que Shou chorou ontem, sabia que parecia lágrimas felizes.

Shou nunca foi teimoso e, pelo contrário, sempre tentou ser útil para Katsuo desde que chegou aqui. Katsuo sempre achou isso errado.

Parecia-lhe que Shou tinha medo de ser abandonado se fizesse alguma coisa errada.

Shou poderia pensar que seria odiado por ele (Katsuo) por ter se perdido daquele jeito ontem. Crianças devem ser teimosas e causar problemas aos adultos. E os adultos perdoam esses comportamentos e os orientam aos poucos. Isso era o normal para Katsuo, mas, finalmente, hoje, ele percebeu que Shou talvez não estivesse pensando da mesma forma que ele.

Não é de se admirar que Shou sempre demonstrasse uma consideração inadequada para sua idade. Observar e prestar atenção nos outros sem que eles percebessem era algo que adultos normalmente faziam. Katsuo se sentiu idiota por não ter percebido o comportamento de Shou antes.

Mas, acima de tudo.

O motivo de não ter tido uma conversa sincera com Shou era seu orgulho. Ele achava que, como já tinha criado uma criança antes — o pai de Shou — conseguiria fazer isso novamente.[1]

Chegou a pensar que talvez fosse melhor não mencionar a mãe de Shou, já que ela tinha acabado de falecer, mas isso era uma boa ideia mesmo?

Finalmente percebendo o problema, Katsuo sentiu como se seu coração fosse explodir. O que ele vinha fazendo como pai se afinal…

" Shou. "

O lado esquerdo do Kotatsu tinha se tornado completamente espaço de Shou. Ele parecia gostar dessa vaga porque ficava mais perto de seu quarto. Depois de colocá-lo ali, Katsuo olhou fixamente para ele, chamando seu nome.

Shou, sentado na parte do Kotatsu que ainda tava quente, pulou um pouco ao ouvir Katsuo dizer seu nome. Katsuo então sentou-se em frente a ele.

Como esperado, Shou, parecendo assustado, olhou para Katsuo com cautela.

" Shou? "

Talvez a repreensão anterior tenha afetado Shou mais do que ele imaginava. Katsuo tentou novamente, usando um tom mais suave.

" ….Y-ye… Sim. "

A voz dele era trêmula. Com vontade de chiar a língua, Katsuo conseguiu expressar suas palavras. Queria perguntar como ele tinha vivido com a mãe. E o que tinha feito ele agir assim.

Viver com medo de ser odiado pelos outros.

E Shou, se alguma coisa que quisesse fazer.

" Shou… Como você pensa em viver a partir de agora? "

" …..De agora em diante, eu? "

Shou conseguiu articular uma voz quase chorando.

Ele devia pensar que o estavam descartando. ‘Não importa, não há como eu jogar fora meu netinho tão fofo, né?!’ Katsuo quis gritar isso enquanto o abraçava, mas sabia que não podia.

Katsuo sabia. Se tentasse explicar com palavras e teorias, nada mudaria. Shou duvidaria de suas palavras imediatamente e pensaria que aquilo não se aplicava a ele.

E sua forma de viver ‘sem fazer as pessoas Odiar’ continuaria.

Shou ainda tinha um longo caminho a percorrer.

E, por isso, Katsuo não queria apenas um consolo momentâneo. Nesse caso, precisaria forçar a boca de Shou a falar.

Ele queria entender por que Shou tinha se tornado assim.

Se conseguisse, teria a confiança de ajudar essa criancinha que sempre tentava fazer tudo sozinho.

" …..Posso saber como você viveu antes? "

Para Katsuo, que perguntou timidamente, Shou respondeu em silêncio. Shou, ali, fazendo força para parecer menor, com o rosto levemente pálido. Como Katsuo imaginava, a mãe de Shou não tinha feito um bom trabalho ao criar a criança. Ele também sabia que estava forçando Shou a relembrar uma parte sombria de sua vida.

Katsuo não insistiu, permaneceu ali sentado. Após um tempo, Shou levantou a cabeça.

Então, começou a falar, gaguejando e tropeçando nas palavras.

Falou de como, desde que conseguiu pensar, seu pai já não estava mais por perto.

Como sua mãe, para criá-lo, trabalhava o dia todo.

Como, para aliviar o fardo dela e fazê-la feliz, ele fazia todos os trabalhos domésticos e se esforçava nos estudos.

Mas a mãe de Shou permanecia indiferente a ele.

Por mais que se esforçasse, nunca recebia elogios. Era frustrante. Partia o coração. Sentia-se sozinho.

O corpo minúsculo de Shou começou a tremer, e, pelo jeito que ele parava várias vezes para respirar fundo, Katsuo soube que ele estava tentando não chorar. Quase não conseguiu ouvir até o final.

" ……Mamãe… odiava mim. Finalmente percebi… Quando perguntei por quê, a mamãe, mamãe disse que era por causa de… ela odiava meu rosto. Meu rosto… ela odiava… "

Antes que percebesse, Katsuo já tinha lágrimas escorrendo pelo rosto.

" Estúpido…[2]… Idiota… "

Katsuo abraçou Shou com força. Não há nenhuma criança que ficaria bem depois de descobrir que a própria mãe a odiava. E, além de indiferente, ela rejeitava tudo que Shou tinha feito só por causa do rosto dele.

Shou sempre carregou isso sozinha.

Ele devia estar magoado. Devia ter afetado sua confiança nas pessoas. E mesmo assim, ele sempre sorria, escondendo o rosto, e sempre se movia de uma forma que evitasse que as pessoas o odiassem.

Crianças normais poderiam estar destruídas agora.

Esse garoto era realmente forte, pensou Katsuo mais uma vez.

" Então foi por isso que você quis esconder seu rosto? "

" Porque… meu rosto não é nojento? "

Provavelmente a expressão de Katsuo deve estar horrível agora. De uma perspectiva normal, o rosto de Katsuo é certamente mais nojento. Mas ele sabia que dizer isso não adiantaria de nada.

" Como assim? Não é fofo? "

Enquanto lágrimas escorriam pelo rosto de Shou, Katsuo esfregou grossamente a cabeça dele.

" Shou, o rosto é apenas uma parte de você, sabe? Por exemplo, se eu fizer uma cirurgia plástica, ainda serei eu. Não importa como me visto, continuo sendo eu. Entende? "

Shou deu um aceno pequeno.

" Então… vou dizer que existe uma Onee-chan linda. Ela pode odiar o eu que se arrumou e passou por cirurgia, achando que não fica bem nela. Outra talvez goste de mim pelo fato de pensar que eu possa ser rico por ter dinheiro para fazer tudo isso. E mais uma, talvez só goste de mim pelo que sou. "

Katsuo fez uma pausa para respirar.

" Mas, eu ainda sou eu. Nada mudou. Eu posso estar tentando fazer algumas pessoas gostarem de mim, mas sou eu mesmo. No final, é só uma das várias possibilidades. Ainda há muitas outras. Então, você está certa.

Você pode viver sem o seu rosto. "

Os olhos de Shou tremiam um pouco.

Não, espere. Lágrimas começaram a sair desses olhos. Reuniram-se sob eles e, em pouco tempo, escorreram pelo rosto.

De repente Shou se mexeu.

" Eu tentei o meu melhor! Sei que fraquezas podem virar pontos fortes para algumas pessoas. Tipo como alguns comediantes que são ótimos em fazer caretas. Mas… Eu tenho medo! Não consigo fazer nada!

Por isso… tenho medo de ser odiado! "

Katsuo sorriu, franzindo as sobrancelhas.

" Burro, estou aqui, não estou? Não julgo pelo rosto. Qualquer neto meu é fofo! "

" Isso não faz sentido. Você não está fazendo sentido, vovô. "

Dizendo isso, Shou ainda tinha lágrimas grandes e pesadas descendo pelo rosto, mas ao mesmo tempo, o canto da boca dele se levantou e ele riu.

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