Poder das Runas

Capítulo 202

Poder das Runas

Capítulo 202: Despertar da Essência da Lua

Ela é pateticamente fraca...

Aurora pensou consigo mesma enquanto observava a luta que acontecia lá em cima. Uma leve carranca puxou as pontas de seus lábios.

Embora tivesse esperado que Elysia perdesse a batalha, especialmente considerando a diferença de seus níveis, o que realmente a decepcionou não foi o resultado em si. Foi o jeito como a luta se desenrolava.

Não havia resistência, nem emoção, nem um choque de forças que valesse a pena prender a respiração. Era tudo tão sem graça, sem vida, quase como assistir a um treino rotineiro sem nenhuma aposta real envolvida.

Esperava ver algo espetacular, algo que tornasse esse momento emocionante... mas isso está tão entediante que não dá nem para continuar assistindo.

Ela realmente estava ansiosa para ver alguém, assim como ela, abençoado por um fenômeno celestial.

Imaginava Elysia canalizando um poder radiante e misterioso, extraído da Lua, revelando um lampejo de brilho que só aqueles tocados pelas estrelas poderiam controlar.

Seria algo belo de testemunhar. Mas agora, assistindo à luta, todas essas expectativas se desfizeram silenciosamente.

Mesmo assim, o motivo pelo qual Aurora veio não era apenas por essa batalha. Duelo era só uma desculpa, afinal ela já tinha visto Elysia lutar quando os demônios escaparam, embora esperasse pelo menos alguma evolução.

Na verdade, ela veio por Ash. Quando os demônios atacaram a Academia, foi ele quem enfrentou as linhas de frente. Foi ele quem permaneceu firme e carregou o peso do caos.

Ao menos, ele havia mostrado ser mais confiável do que Ray, que era frequentemente elogiado como se fosse o mais forte entre os estudantes.

Ela queria conhecê-lo, ao menos um pouco.

Justo quando deixou escapar um Suspiro silencioso e se preparava para virar as costas, uma voz de repente ecoou pelo ar.

Clara, calma e completamente sem emoção. Não aumentou o volume habitual, mas cortou a conversa ao redor como uma lâmina.

"Por que eles estão lutando? Isso faz parte de algum teste oficial ou há algum outro motivo por trás dessa batalha?"

As palavras pegaram todos de surpresa. Quase todos os alunos e instrutores presentes se viraram imediatamente na direção da voz. Uma onda de surpresa percorreu o grupo. Seus olhos se arregalaram, não apenas por causa da pergunta, mas por quem tinha falado.

Era Ash quem estava lá.

Ninguém tinha visto quando ele chegou. Um momento atrás, aquele espaço estava completamente vazio. Não havia som de passos, nem alteração de mana. Era como se ele tivesse simplesmente aparecido num piscar de olhos.

Antes que o silêncio se alongasse demais ou se tornasse desconfortável, o Instrutor Leonard deu um passo à frente. Uma faísca de curiosidade brilhou em seu olhar e um sorriso largo, como quem aguardava por algo assim acontecer.

"Ah, Ash, você chegou," disse Leonard com um sorriso largo, os olhos brilhando como alguém prestes a testemunhar algo espetacular, algo tão emocionante que esquecesse as formalidades do momento.

"Instrutor Leonard, que bom revê-lo," respondeu Ash com uma voz calma e leve, com um toque de calor, embora seus olhos permanecessem distantes, sem foco em nada em particular.

"Sim, sim, que bom te ver novamente, haha," Leonard riu com entusiasmo. Não era só cortesia — afinal, eles haviam treinado quase todos os dias por mais de um mês. Essa conexão física, esse entendimento mútuo forjado pelo suor e pelas marcas de batalha, tinha eliminado a maior parte da distância formal entre eles.

Antes que Leonard pudesse dizer algo mais, a voz de Ash interrompeu de novo, suave mas firme.

"Instrutor, pode me dizer por que eles estão lutando?"

Leonard abriu a boca, já pensando na resposta. "Ah, sobre eles? Ouvi dizer—"

Mas suas palavras foram subitamente interrompidas por outra voz, aguda e um pouco apressada.

"Espera, Instrutor!!!"

Ambos, Ash e Leonard, virou-se na direção do som, apenas para ver Grace caminhando nervosamente na direção deles, com passos rápidos, rosto cheio de urgência.

"Desculpe interromper, Instrutor," ela falou, a voz um pouco ofegante, mas educada, "mas será que posso explicar para ele em vez disso?"

Leonard deu uma espécie de aceno vago com a mão e deu de ombros, parecendo que não valia a pena discutir. "Tudo bem, tanto faz," disse. Mas seu olhar não saiu de Ash nem por um segundo. Ele observava silenciosamente — o jeito que Ash se posicionava, o movimento sutil dos ombros, a mudança de peso. Isso fez Ash se sentir estranhamente desconfortável, como se algo dentro dele estivesse sendo avaliado.

Sensando esse olhar percorrer sua pele, Ash fez uma leve mudança de postura, tenso por instinto. Virou seu olhar para Grace e assentiu. "Fala."

"Basicamente..."

Grace começou a explicar tudo — toda a cadeia de acontecimentos, cada reviravolta. Contou como Ray confessou seus sentimentos para Elysia, como ela o rejeitou, como Elysia admitiu que gostava de Ash, e como tudo isso virou a batalha atual. Ela até mencionou, com cautela, seu palpite de que Elysia tinha intervenido porque achava que Ray ia desafiar Ash em seu lugar.

Ash ficou silencioso, ouvindo cada palavra. Nenhuma emoção passou por seu rosto. Quando Grace terminou, ele simplesmente fechou os olhos.

Um silêncio pesado se instaurou ao redor como uma névoa. Todos os estudantes da turma 1S, junto com vários instrutores e espectadores de outras turmas, mantiveram os olhos fixos nele. Apesar de ninguém falar, era claro pelas expressões — eles estavam esperando. Esperando para ver o que Ash faria. Esperando por sua reação. Afinal, goste ele ou não, toda essa situação tinha o nome dele escrito nela.

Então... Ray planejava me desafiar para um duelo. E, por causa disso, Elysia entrou na briga para lutar no meu lugar.

Um suspiro escapou de seus lábios, mas não um alívio que aliviasse o peso no peito. Ele apertou os punhos, mas seu sangue, ossos e músculos estavam tão densos de força bruta que nem mesmo uma ruga de branco apareceu em seus nós dos dedos.

Ela deve ter achado que estava me arrastando para outra luta... e é por isso que ela está aí agora, lutando por mim. Droga... ela realmente não mudou nada, né?

Seu maxilar se fechou com tanta força que um leve tremor percorreu seu rosto, mas ele não disse nada.

Mas ainda assim... por que eu sinto que... deveria simplesmente descer lá e dar uma surra nele—

Antes que esse pensamento se transformasse em algo mais perigoso, suspiros e sussurros contidos ecoaram pela multidão, fazendo-o voltar a atenção.

Seus olhos se arregalaram.

Ele olhou para a Arena.

E o que viu fez seus olhos se arregalarem de descrença.

Sério...?

***

Devido às emoções de Elysia ficarem cada vez mais caóticas e instáveis, seus ataques se tornaram selvagens e imprudentes. Ela brandia a arma sem parar, como se estivesse tentando silenciar seus pensamentos com força bruta.

A cada golpe, sua força aumentava, e seus ataques ficavam mais rápidos, quase se tornando uma névoa enquanto ela se forçava além de seus limites.

Ela inconscientemente entrou em um estado de fluxo, um reino de instinto e força onde tudo o mais desaparecia ao fundo.

Justamente nesse momento, a mana lunar que se acumulava ao redor da espada dela tremeu violentamente. Suas mãos pararam no meio do movimento, a respiração ofegante. Ela teve sorte — porque Ray, por algum motivo, não aproveitou a oportunidade para atacar. Ele simplesmente ficou ali, olhando para ela com um olhar quente e estranhamente gentil, algo que não combinava com uma batalha.

Vou arrancar os olhos dele. Por que diabos ele está olhando pra ela desse jeito... maldito...

Ash amaldiçoou internamente enquanto observava a cena se desenrolar diante dele. Ainda assim, sentiu um alivio estranho. Pelo menos o adversário que Elysia enfrentava não era alguém frio o suficiente para golpeá-la num momento tão vulnerável.

Seu olhar permaneceu fixa em Elysia. Suspiro... ela vai despertar esses poderes muito antes do que no romance... parece que acabei mudando mais alguma coisa...

De repente, a essência lunar explodiu de seu corpo, não mais apenas ao redor da espada, mas envolvendo toda a sua forma. Ela fluiu como uma corrente celestial, envolveu-a num casulo de luz prateada que brilhava sob as nuvens pesadas no céu.

E então, após o que pareceram cinco minutos longos, a essência da Lua começou a recuar. A luz diminuiu, o véu cintilante se dispersou, revelando Elysia parada — mas completamente diferente. A aura ao seu redor, agora, era assustadoramente calma, mas mortal, como uma predadora esperando o momento certo para atacar.

O que é isso...?

Os pensamentos de Ray escureceram enquanto ele a olhava com o rosto franzido. Um momento atrás, ele tinha tratado ela como uma criança brincando com uma espada. Agora, uma pressão desconhecida pesava sobre ele. Pela primeira vez, ele sentiu uma verdadeira sensação de perigo.

O que é essa sensação...?

Seu corpo se moveu antes mesmo de sua mente entender. Instintivamente, assumiu uma postura defensiva e, no instante seguinte, suspiros se espalharam entre a multidão nas arquibancadas.

Claro, ele consegue sentir o perigo...

Ash estreitou os olhos. Na verdade, ele mesmo estava sentindo uma ameaça vindo de Elysia que até Ray provavelmente não conseguiria compreender plenamente.

Porque a primeira habilidade da Essência da Lua não era um aprimoramento físico ou uma explosão elemental chamativa — era um ataque baseado na alma.

Não importava se alguém usasse escudos de aura ou técnicas de defesa poderosas. Desde que o ataque conectasse, mesmo que atingisse sua espada ou armadura, sua alma sofreria o dano. A única maneira de sobreviver a esse ataque era evitar completamente.

E a razão pela qual Ray, mesmo com uma classificação superior, recuava instintivamente, era porque a alma de Elysia era imensamente forte. Afinal, ela pertencia a uma alma transmigrada, uma que carregava mais peso e poder do que qualquer um aqui poderia imaginar.

Quanto a Ash, o motivo de sentir uma ameaça ainda maior... era algo bem mais pessoal.

Porque ataques na alma eram a única coisa capaz de realmente matá-lo.

Que ironia...

***