Poder das Runas

Capítulo 200

Poder das Runas

Capítulo 200: Que comece o duelo – Ray contra Elysia

Em pé na arena, de frente um para o outro, vestidos com trajes completos, tanto Elysia quanto Ray olhavam um para o outro com olhos firmes, a atmosfera entre eles carregada de tensão e silêncio... como se o mundo tivesse parado somente para esse momento.

A arena fervilhava de murmúrios, vozes subindo e descendo como ondas. A maioria dos estudantes era admiradora de Ray ou de Elysia, ambos bastante conhecidos no círculo da academia.

Outros apenas se reuniam para assistir, ansiosos por alguma diversão intensa e por um drama que só um duelo público poderia proporcionar.

"O que vocês acham... quem vai vencer?" Lyra finalmente quebrou o silêncio, olhando de lado para Amelia e Grace, sua voz carregada de curiosidade e um pouco de nervosismo.

Houve uma longa pausa antes que Grace sighasse e respondêsse, com tom calmo mas certo: "Obviamente, o Ray vai ganhar. Você viu o quanto ele cresceu nas últimas semanas. A diferença entre ele e Elysia não é algo que se possa ignorar... Ela ainda está numa classificação menor que ele."

Lyra franziu a testa, as sobrancelhas se comprimindo enquanto seu cuidado se tornou mais evidente. "Exatamente por isso eu não entendo. Por que a Elysia está tão decidida a lutar... sabendo que vai perder? E na frente de todo mundo também? Isso não vai prejudicá-la mais... E o que dizer do Ash? Isso também iria afetá-lo."

Não houve resposta, porque ninguém conseguia entender realmente o motivo. Ninguém sabia o que passava na cabeça da Elysia. Ninguém podia adivinhar o que ela realmente desejava com aquela luta.

Apenas o olhar de Amelia se tornou sombrio ao ouvir essa pergunta. Mesmo sem conhecer todos os detalhes do que iria acontecer, ela tinha visto o suficiente para entender o que precisava ser evitado. O que as pessoas não percebiam era que a aparição repentina do Instrutor Leonard já havia mudado algo importante.

Ela tinha visto isso na sua visão — ambos, Ray e Elysia, lutando sem restrições, ali mesmo, sem supervisão ou segurança. Embora na visão ninguém tenha se machucado, ela não arriscaria… afinal, se alguma coisa não fosse acontecer, a visão não teria surgido.

Muitos poderiam questionar por que ela não tentou impedir totalmente o duelo… por que ela só informou o Instrutor Leonard e não impediu o confronto desde o início. Mas a verdade era outra, algo que ela aprendeu da forma mais difícil.

O futuro mostrado em suas visões não poderia ser completamente mudado… pelo menos, não com seus poderes atuais. O caminho do destino é forte demais para ser reescrito por completo.

Porém, o que ela podia fazer… era influenciá-lo. Não apagando os eventos, mas suavizando o impacto. Ela não impediu o duelo — mas garantiu que acontecesse aqui, agora, na arena, sob o olhar da academia e dos instrutores.

Dessa forma, acontecesse o que acontecesse… ninguém sairia gravemente ferido.

"Talvez… seja porque ela quer provar algo," uma voz repentinamente falou atrás delas. "Ela quer mostrar que realmente ama o Ash. Que mesmo se perder… ainda vai mostrar que está disposta a ir até o fim por ele. Para provar que o amor dela não foi só palavras ao vento."

Seus palavras eram calmas, mas carregadas de peso. As três virou-se de repente, surpresas com a voz.

Era—

"Senior Aurora..."

Era Aurora Starborn, a Bem-Aventurada Estrela.

Mas antes que pudessem dizer mais alguma coisa, antes que seus pensamentos fossem expressos…

Uma voz mecânica ecoou por toda a arena, interrompendo tudo.

***

[Estão prontos?]

Uma voz mecânica ressoou pela arena, e instantaneamente, todo o espaço foi tomado por um silêncio pesado. Nenhum sussurro foi ouvido. Cada olhar estava fixo nas duas figuras dentro do cercado.

Ambos, Elysia e Ray, deram um aceno silencioso.

[Que o duelo comece.]

No entanto, nenhum deles se moveu.

Ficaram parados, exatamente a dez passos de distância, com os corpos tensos como molas prestes a explodir.

Ray vestia um combate preto ajustado, o uniforme oficial fornecido pela academia. Segurava uma espada de impacto padrão, com o cabo levemente desgastado pelo uso.

Elysia, usando o mesmo traje, permanecia ereta, com a lâmina levemente apontada para baixo. Seus longos cabelos prateados estavam presos em uma alta ponytail, as madeiras balançando suavemente ao vento, tocando a nuca.

Acima deles, o céu estava pintado em tons de cinza espessos. Nuvens carregadas ocultavam o sol, envolta a arena numa luz tênue e sombria.

O vento soprava suavemente, enrolando os pilares como um sussurro, enquanto as luzes artificiais ao redor da arena piscavam, lançando um brilho branco sobre o chão metálico opaco.

"Vou te deixar atacar primeiro," Ray falou com tom calmo e controlado, sem emoção na voz. "Afinal, você está numa classificação menor que eu."

Ele já ativara sua habilidade — Mente Nula — mais uma vez. Não podia permitir que emoções interferissem na luta.

{Suspiro... A habilidade está funcionando bem, admito isso. Mas não esqueça, Ray... você não está eliminando essas emoções permanentemente. Elas só estão sendo reprimidas, suprimidas por ora. Em algum momento, elas vão voltar assim que você desativar a habilidade.}

Eu sei disso... não estou tentando apagá-las. Só quero que fiquem silenciadas agora.

{Então me diga — por que exatamente você está lutando com ela? Eu entendo, ela te machucou… dizendo que aquele menino, o Ash, é mais forte que você. Mas mesmo assim, você poderia simplesmente recusar o desafio dela. Se você realmente quisesse provar algo, poderia procurar o Ash depois e desafiá-lo diretamente, ao invés de focar nessa luta.

Você já esqueceu...? Foi você quem me pediu para matá-la.

{Sim, e daí? Eu falei que podia ser ela ou aquela garota Estrela. Não significa que você precisava aceitar uma luta movida por sentimentos.

Então não deveria estar feliz por eu estar lutando com ela agora?

{Feliz? Não. Estou preocupado com você, Ray. Você consegue mesmo lidar com isso? Vai ficar tudo bem quando acabar?

Sim... acho que sim. Essa luta... talvez me ajude a decidir o que fazer com esses sentimentos que ainda tenho por ela...

Você tinha toda razão quando disse que não posso obrigá-la a me amar. Eu entendo isso. Mas, pelo menos, quero tentar mostrar que o Ash não é o que ela pensa que é. Talvez ela só seja grata a ele por ter salvado a vida dela. Talvez ela tenha confundido essa gratidão com algo mais profundo. Talvez essa luta abra os olhos dela...

Só... quero dar tudo de mim antes de finalmente deixar ir. Preciso poder dizer que tentei, que fiz tudo o que podia... mesmo que isso signifique me machucar no final.

{Suspiro... tudo bem. Faça o que precisa. Eu não vou impedir. Seu raciocínio não está errado... só dói.

Obrigad... por entender.

_

Elysia, de frente para ele, respirou lentamente. Seu olhar era afiado, inflexível.

"Vou começar eu," ela disse com voz firme e séria. Apertou mais a empunhadura da lâmina, mudando levemente sua postura enquanto se preparava para avançar.

A cada respiração, ela ficava mais concentrada, seu mana prateado agitava-se sob a pele, como a calma antes de uma tempestade.

-Cisss.

Ela usou seu mana para acelerar seus movimentos, correndo rapidamente em direção a Ray. Seus passos eram rápidos e graciosos, tocando o chão quase que deslizando.

Porém, Ray não se moveu. Ficou ali, completamente imóvel, com os braços relaxados, parecendo esperar ela chegar. E, quando ela estava a apenas cinco passos, a lâmina de Elysia brilhou com uma luz prateada.

Nesse instante, ela cortou com sua espada, lançando um golpe em meia-lua de mana prateada direto contra ele.

Três cortes poderosos rasgaram o ar, dois formando um 'X', enquanto o terceiro veio na vertical, como um golpe final.

Porém, Ray não fez nada para se defender. Assim que os ataques se aproximaram o suficiente para tocá-lo, sua silhueta ficou borrada por um segundo, e os golpes passaram por ele como se atravessassem névoa.

Era o Passo Ilusão. Uma técnica de movimento que Aetheris lhe tinha ensinado à medida que seus fragmentos de memórias seladas se desvendavam após sua ascensão de nível.

A técnica usava elementos de espaço e água, mesclando-os para criar imagens falsas e miragens espaciais que confundiam os sentidos.

Mas, no instante em que o ataque errou e sua forma reapareceu alguns passos adiante, uma lâmina revestida de luz lunar prateada surgiu na sua frente. A distância entre a ponta da espada de Elysia e o rosto de Ray era perigosamente próxima.

Ainda assim, Ray reagiu a tempo. Com um movimento quase cegante, levantou sua própria espada e desviou o golpe vindo para cima, com o som do clanguesfado de uma sineta.

Ela é afiada...

Antes que o eco cessasse, Elysia deu sequência. Girou o corpo no ar e lançou uma rasteira rápida em direção ao rosto dele, ultrarrápida e bem direcionada. Mas Ray agarrou sua perna com a mão e virou seu corpo de lado, quase fazendo ela perder o equilíbrio.

Porém, Elysia foi ágil, usando o impulso para se virar de pé e aterrissar com facilidade.

Ela atacou novamente, sem dar tempo para ele respirar. Às vezes, partia de frente de forma direta, outras com truques ou fintas inesperadas, e às vezes tentava golpes com punhos ou pernas, quando menos esperava.

Mas nenhum de seus ataques conectou.

Alguns foram desviados com precisão, outros bloqueados com movimentos exatos, e alguns passaram pelo seu corpo mais uma vez, a ilusão de passo fazendo parecer que ela atacava espaço vazio.

***