Poder das Runas

Capítulo 195

Poder das Runas

Capítulo 195: Reencontro

“Vocês realmente estão aqui... meu Deus, vocês verdadeiramente chegaram.”

A voz de Grace trepidou levemente ao escapar dos seus lábios, carregada de descrença, alívio e algo mais profundo... uma enxurrada de emoções que ela mesma não conseguia definir completamente.

Elysia a abraçou suavemente de volta e sussurrou: “Obrigada por se preocupar comigo... Mas estou bem agora, juro. Estou segura e saudável.”

Incapaz de conter suas emoções por mais tempo, Grace enterrou o rosto no ombro de Elysia e começou a soluçar suavemente.

No fundo, o diretor ficou ali, observando o reencontro emocional como um espectador silencioso de uma peça. Ele não interrompeu nenhuma vez, apenas deixou que o momento se desenrolasse naturalmente.

Ash permaneceu ali, assistindo toda a cena, e de repente estremeceu levemente.

Por que estou me sentindo meio arrepiado do nada...?

Ah!! Deve ser porque se um cara tivesse me abraçado assim, provavelmente eu teria explodido a cabeça dele sem pensar duas vezes...

Hum... ignorando esses pensamentos que floatavam na cabeça de Ash, ele olhou para Elva, afinal ela o encarava como se estivesse queimando buracos em sua direção.

Ela tinha reconhecido Elysia imediatamente, claro... mas Ash? Não. Foram vários segundos longos... segundos repletos de choque e descrença — para aceitar que o garoto ali, parado calmamente ao lado do diretor, era o mesmo Ash que ela conhecera um dia.

A mudança foi tão drástica.

E mesmo após reconhecê-lo... ela não pronunciou uma palavra. Apenas ficou olhando, incapaz de acreditar no que via.

A Ash, naturalmente, percebendo seu olhar fixo, ofereceu-lhe uma pequena reverência educada, acompanhada de um sorriso suave, e voltou sua atenção à reencontro emocional que se desenrolava diante dele.

Elysia empurrou delicadamente Grace para trás, colocando as mãos nos ombros da garota.

Apesar de sua personalidade ter mudado bastante nas últimas semanas, Grace ainda era sua primeira amiga neste mundo. Essa conexão... ela não podia ignorar. Por mais diferentes que as coisas tivessem ficado.

Depois, como se tivessem aguardado aquele momento, os demais avançaram — e sem hesitar, todas saltaram em cima dela juntas.

Claro... todas eram meninas.

Aff... sério? Até elas agora? O que está acontecendo aqui?

Dessa vez, foi Elysia quem se pegou de surpresa. Ela sempre achou que as outras garotas — especialmente Lyra e Amelia — a viam apenas como uma amiga comum, alguém que respeitavam ou talvez admiravam na batalha, mas nada mais profundo.

Mas ao verem como a seguravam, as emoções em seus olhos, e as lágrimas que cobriam seus rostos... ela começou a questionar essa crença.

Será que elas realmente veem em mim algo mais do que apenas uma companhia...? Será que realmente me consideram uma amiga de verdade...?

Ela não sabia. Porque, pelas experiências passadas, amizades entre garotas eram... complicadas.

Às vezes tóxicas, entrelaçadas de ciúmes, competição, brigas passivo-agressivas e traições dolorosas. Sempre havia algum tipo de fofoca, traição sigilosa, esses problemas típicos do mundo feminino que ela passava a odiar.

Era raro — muito raro — encontrar alguém que realmente se importasse genuinamente.

E nos olhos dela, Grace sempre foi essa rara exceção. Uma alma pura, alguém que ela considerava não só uma amiga, mas quase uma irmãzinha que tinha seu espaço especial no coração de Elysia.

Eventualmente, quando Lyra e Amelia também se afastaram, enxugando silenciosamente as faces com o dorso das mangas e fingindo que nada tinha acontecido, a atmosfera um pouco pesada e ao mesmo tempo acolhedora pareceu se transformar sutilmente.

Foi então que Ray avançou, com a expressão difícil de decifrar — mas, assim que abriu a boca para falar algo—

“Ah!! Oi!!”

Aquela voz alegre e melodiosa ecoou pelo ar, imediatamente chamando a atenção de todos para o lado.

Todos viraram a cabeça sem demora, com os olhos fixos na fonte daquela voz inesperada.

Embora tivessem visto ele anteriormente, entrando junto com o diretor, ninguém realmente tinha prestado atenção nele de verdade. Assumiram que fosse algum estudante mais velho ou alguém importante, talvez um representante de outra turma, e o descartaram sem pensar duas vezes.

Mas agora, ao fixarem os olhos nele, ao vê-lo de perto e claramente — algo mudou dentro deles, uma percepção silenciosa, mas inegável, crescendo em suas mentes.

...ele era bonito. De uma forma marcante, que fez todos esquecerem de tudo por um instante.

Ironicamente, após Elva, foi Melissia quem o reconheceu. Diferente dos outros, ela não foi correndo até Elysia. Na verdade, ela nunca gostou dela. Havia emoções demais, complicadas e não resolvidas, enterradas fundo no coração, que a faziam evitar o contato visual, virar-se de lado silenciosamente sempre que Elysia se aproximava.

Então, ao invés de focar em Elysia, seus olhos pousaram no garoto estranho ao lado dela, e suas percepções aguçadas quase que imediatamente se ativaram.

Ela não era alguém que deixava passar detalhes sutis. Em poucos segundos, ela conseguiu perceber — ele estava usando algum artefato de ocultação ou alguma magia que produzia mana.

Algo claramente escondia sua presença ou mudava a forma como os outros o percebiam.

Mas no instante em que ela olhou de verdade para o garoto ali, seu olhar permanecendo sobre seus traços — as dúvidas em sua mente começaram a vacilar.

Seu cabelo completamente branco estava preso de forma frouxa em um coque, com algumas mechas despenteadas caindo sobre a testa, conferindo-lhe um charme quase acidental.

Sua pele era pálida — não de uma forma doentia, mas semelhante a alguém que tinha passado muito tempo em um lugar frio e sem sol.

Isso lhe dava uma aura etérea, quase distante. Sua constituição era atlética — nem muito musculosa, nem muito magra, equilibrada de modo que parecesse naturalmente gracioso, não treinado.

Ele era alto e havia um sorriso calmo e gentil nos lábios, com olhos de um azul profundo que cintilavam com uma centelha tranquila de vida.

Espere... isso... é o Ash..?

Melissia ficou sem fôlego, seu pensamento travou.

Ela se lembrava que Ash era bem mais baixo. Sua pele tinha sempre uma tonalidade mais avermelhada, e embora ele tivesse cabelo branco naquela época, brilhava com um leve brilho prateado que agora não estava mais lá.

Sua expressão era sempre distante, vazia, e seus olhos sempre rodeados por círculos escuros, como se o sono nunca tivesse sido uma possibilidade para ele. Seu rosto sempre sem emoções.

Mas, esse garoto não se parecia nada com aquilo. E mesmo assim... algo nele clamava familiaridade.

Como...?

Esse foi o único pensamento que ecoou na sua cabeça, enquanto a confusão crescia a cada segundo. Ela não conseguia compreender. O garoto à sua frente parecia um estranho, mas algo dentro dela sussurrava que era ele.

Era o Ash.

Antes mesmo que ela conseguisse pensar conscientemente nessas ideias, antes mesmo que sua mente chegasse a uma conclusão — seu corpo já tinha reagido. Suas pernas se moveram por impulso, a impulsionando para frente, e ela começou a correr em direção a ele.

Chamando a atenção de todos, justamente no instante em que Ash ia dizer algo mais, Melissia de repente pulou em direção a ele. Naturalmente, Ash percebeu seu movimento, mas já era tarde demais para pará-la.

Seus pensamentos aceleraram mais rápido do que a velocidade da sua queda.

Droga... se eu der um passo para o lado agora, ela vai cair de cabeça. Mas se eu asegurar, ela vai me puxar para um abraço sem hesitar...

Sigh... que situação complicada essa virou...

Embora tivesse tomado precauções e se preparado mentalmente para evitar drama desnecessário, situações assim sempre conseguiam se infiltrar.

Com um grito alto e claro, “Ash!”

Ela colidiu com ele. Apesar de Ash reagir rapidamente e segurá-la antes que ela caísse, exatamente como tinha temido, ela ainda enlaçou seus braços firmemente ao redor dele, puxando-o para um abraço quente e bastante íntimo.

Um silêncio estranho e pesado instantaneamente se instaurou por toda parte.

Ash olhou para cima lentamente, apenas para descobrir que todos ao seu redor estavam encarando-o, os olhos arregalados de descrença. Alguns ficaram paralisados, boquiabertos com o nome inesperado que acabara de ser chamado alto, enquanto outros estavam completamente impressionados com as mudanças dramáticas em sua aparência e presença.

Enquanto isso, havia aqueles cujo foco não estava no nome ou na transformação, mas sim na atitude ousada e repentina de Melissia.

Um desses foi Ethan.

No instante em que viu Melissia abraçando Ash de forma tão aberta — e as chocantes mudanças na aparência de Ash — seus punhos se fecharam com tanta força que sangue começou a escorrer entre seus dedos.

Sua respiração tremeu de raiva, e uma chama incontrolável queimava em seu coração, alimentada por ciúmes, confusão e algo mais profundo que nem conseguia nomear.

Ash percebeu tudo.

Graças à Biblioteca da Alma, sua percepção e habilidades de observação haviam atingido um novo nível. Seus olhos captavam até as reações mais sutis, permitindo-lhe ler claramente as emoções de cada rosto ao seu redor.

E naquele momento, ele compreendeu.

Ai... parece que mais problemas estão a caminho... mas, para ser sincero...

Um sorriso sutil surgiu nos seus lábios, enquanto um pensamento passava pela sua cabeça,

Então que seja. Já decidi. Vou passar por cima de todas essas moscas desnecessárias, não importa quem esteja no meu caminho...

Mas então, exatamente quando seu olhar casualmente se voltou para Elysia, sua expressão mudou ligeiramente. Ela o encarava com a intensidade de uma águia, seu olhar carregado de uma força que fazia parecer que ele estava sendo dissecado sob uma lente. A força esmagadora de seu foco fez-no pausar.

Sintindo seu olhar e a tensão crescente no ambiente, Ash lentamente e suavemente afastou Melissia de si.

“Cough!!”

Ele clareou a garganta, tentando dissolver a indisposição que de repente se instalara ao redor, como uma névoa pesada. Então, sem perder tempo, virou-se lentamente em direção a Elva, e sua expressão voltou à calmaria.

Com um sorriso gentil e educado nos lábios, disfarçou o caos interno e ajustou sua postura com cuidado.

Sua voz soou num tom calmo e respeitoso, adequado para tratar com alguém mais superior, sem exagerar ou parecer excessivamente familiar.

“Prazer em vê-la novamente depois de tanto tempo, Instrutora Elva.”