Poder das Runas

Capítulo 82

Poder das Runas

No momento em que o pé de Ash tocou o chão, seu corpo se transformou numa rajada de relâmpagos dourado-brancos.

Um estrondo ensurdecedor de trovão explodiu pelo salão, forte o suficiente para fazer as próprias paredes estremecerem sob seu impacto.

Num instante de brilho dourado, Ash reapareceu ao lado dos dois demônios.

Da sua perspectiva, ampliada pelo seu estado, ele conseguia ver eles ainda encarando fixamente o ponto onde havia estado há pouco tempo.

Ele segurou a espada com ambas as mãos, a bainha já guardada na sua faixa de espaço.

A espada parecia quase uma extensão do seu próprio corpo — perfeitamente equilibrada, nem pesada demais nem leve de menos — como se tivesse empunhado ela por anos incontáveis.

Parece tão natural segurar, pensou Ash silenciosamente, apertando a empunhadura até as juntas ficarem brancas, um símbolo da raiva que sentia.

Reunindo toda a sua força, ele transferiu o peso, deixando o impulso de sua velocidade conduzir o golpe. Sua espada reluziu, mirando direto no pescoço de Zerak.

Relâmpagos dourados crepitaram ao longo da superfície da espada, não de forma selvagem e descontrolada como magia sem rumo, mas focados e precisos.

Não era exatamente uma aura de espada no sentido tradicional, mas sim uma manifestação de seu domínio sobre seu próprio mana, refinado ao fio de uma lâmina graças ao efeito do Omni Thought.

ARRRRRRR!!!

A espada rangeu contra a pele endurecida de Zerak com um som agudo, que reverberou por todo o salão como um grito de guerra, inflamando o ar com tensão.

Zerak mal teve tempo de reagir. Seus olhos se arregalaram, mas uma fina linha de sangue já começava a florescer ao redor de seu pescoço.

Sintindo o perigo, ele recuou pulando, mas o dano já estava feito. Não era profundo o suficiente para ser fatal, mas a dor aguda foi suficiente para congelá-lo por um instante.

Mesmo assim, Ash não perdeu a velocidade.

Múltiplos pequenos círculos mágicos se manifestaram no ar ao seu lado, concentrando-se em um único ponto, formando uma Esfera de Relâmpago Multi-Core — dourada, diferente do azul habitual.

Sem hesitar, Ash balançou a espada como um bastão de beisebol, arremessando a esfera para frente com toda a força de seu golpe anterior.

A esfera dourada rasgou o espaço entre eles como um cometa.

Sem som de trovão, a esfera seguiu em direção a Miraak, que permanecia paralizado de choque, com a boca aberta, seu corpo recusando-se a se mover. Seus olhos estavam arregalados, lentos demais para perceber o desastre se aproximando.

EXPLODIU!!!

O orbe estourou na cara de Miraak, lançando-o pelo salão.

Sem dar chance de respirar, Ash se transformou numa rajada de relâmpagos e apareceu bem acima de Miraak, que ainda estava no ar.

COMO... ele consegue usar Aura de Espada...?!

Zerak questionou o que via, a incredulidade rasgando sua mente.

Magia e espada... juntos? Uma Classe Dual...? Mas como...? Ele é só uma larva menor... não é demônio... nem mesmo um desses anjos chatos.

Sangue escorria pelo pescoço de Zerak, manchando seu peito. Embora o corte não fosse profundo o bastante para ameaçar sua vida, seus instintos gritavam para ele se manter afastado daquele humano.

Por um momento, ele perdeu o controle da situação. Um suor frio correu pelas costas dele.

O sangue de Zerak congelou ao ver a cena que se desenrolava diante dele. Sua velocidade, seu poder, sua expressão, sua aura, era algo inumano.

A cena diante dele se transformava num pesadelo. O corpo de Ash liberava uma aura tão intensa, tão antiga e Bruta, que parecia algo proibido ter sido despertado...

O que é essa aura ao redor dele...? Parece que... algo proibido despertou...

Num piscar de olhos, viu Miraak voando desamparado — e Ash, uma rajada de relâmpagos dourados, bem acima dele.

Porra, Irmão!!

A espada de Ash balançou para baixo — um corte implacável que dividiria o demônio ao meio.

Miraak, ainda atordoado pela explosão anterior, nem percebeu a lâmina descendo em sua direção.

Mas justo quando a lâmina ia tocar, uma garra enorme surgiu ao lado, mirando direto na cabeça de Ash.

Porém, dentro de seu mundo cinza, Ash viu a garra chegando em câmera lenta.

Ele torceu o pescoço para trás, colocou um pé firmemente no chão, girou com o pivô do calcanhar, mirando seu chute na mão já ferida de Zerak.

Zerak rosnou de dor enquanto Ash acertava sua mão, fazendo-a perder o impulso.

Ash não parou. Sua espada brilhou em um dourado feroz, deixando imagens após na corrente do ar enquanto avançava.

PUCHI!!!

A lâmina cortou carne e osso como uma faca quente através da manteiga.

Uma mão amputada voou para o ar.

Mas Ash não deteve o ataque.

Zerak tentou se afastar às pressas, seu corpo enfraquecendo com os golpes, mas Ash era implacável.

Sua raiva, seu ódio, cresciam a cada segundo. Seus pensamentos estavam consumidos pelas imagens do sofrimento dela.

Ódio fervia nele — ódio pelos demônios que lhe causaram dor, ódio a si mesmo por não conseguir protegê-la.

Quase instintivamente, para desabafar sua fúria, ele acertou um soco na cara de Zerak.

EXPLOSÃO!!!

O impacto fez Zerak voar — mas numa direção onde nenhum estudante estava por perto.

Mesmo na fúria, Ash tinha cuidado para não machucar mais ninguém.

"Passo de Trovão!"

Ativou sua habilidade de movimentação, desaparecendo como um trovão, e reapareceu ao lado de Miraak, que lutava para ficar de pé.

"Chute de Trovão!"

Um círculo mágico se formou aos seus pés, relâmpagos enrolando-se na perna dele. Ash chutou Miraak sob o queixo, fazendo-o voar pelo ar como uma boneca de pano.

"Passo de Trovão!"

De novo, Ash desapareceu — reaparecendo ao lado de Zerak, que havia acabado de cair pesadamente no chão, o impacto quebrando o piso sob ele.

Dessa vez, Ash não usou sua espada.

Ele não queria matar eles assim — ainda não.

Ele queria que sentissem desespero, dor, sofrimento.

Invertendo a empunhadura da espada, ele desferiu golpes de soco na cara de Zerak.

Ash socava Zerak com tanta força que suas knuckles pareciam estar em chamas. O rosto do demônio se contorcia de dor, suas feições inchadas ficando cada vez mais irreconhecíveis a cada golpe.

Cinquenta golpes no rosto dele em questão de segundos.

O rosto de Zerak inchou grotescamente.

O que está acontecendo...?

A cabeça de Zerak girou. Ele não conseguiu reagir — tentou salvar Miraak, perdeu uma mão, foi socado pelo salão, e agora, bolas de punhos o castigavam sem parar.

Que velocidade absurda é essa...?!

Sua percepção da realidade se quebrou.

Ash o deixou ali, destruído.

Mas antes que Zerak pudesse respirar, dezenas de círculos mágicos de primeiro círculo apareceram ao seu redor.

"Lança da Tempestade!!"

A voz de Ash ecoou como uma ordem do próprio Deus.

Centenas de lanças douradas perfuraram Zerak, cada uma rasgando carne, criando buracos e destruindo seu torso.

Os gritos de Zerak rasgaram o ar, sua voz subindo em puro sofrimento enquanto a magia perfurava cada vez mais fundo — um som frio, abafado apenas pelo rugido incessante do trovão.

"AAHHHHHHHHH!!!!"

Mesmo enquanto o som da dor de Zerak reverberava ao redor, a fúria de Ash não diminuía.

Desapareceu mais uma vez e reapareceu, abaixo de Miraak, que caía no chão.

Miraak, agora mais atento, viu Ash logo abaixo dele e, ouvindo o grito do irmão, rugiu de fúria:

"SEU FILHO DA PUTA!!!"

"ACEITE ISTO"

"TORNADO DEMÔNICO!"

Miraak gritou, convocando um enorme tornado de energia demoníaca girando ao seu redor, ficando cada vez maior e mais forte a cada segundo.

Ash não entrou em pânico.

Ele respirou fundo, alargou a postura, segurou a espada com as duas mãos.

Ralôs de relâmpagos dourados chiaram violentamente pelo corpo dele — como uma bateria sobrecarregada prestes a explodir.

A pele dele rachava e se curava repetidamente, liberando mais e mais raios de energia, que se enrolavam ao redor como serpentes vivas.

Seus olhos brilhavam em dourado, irradiando poder bruto.

Pela sua visão, ele percebeu algo entre o tornado negro — um fio de fraqueza.

É verdade... consigo ver os pontos fracos dos feitiços através do Omni-Thought.

Confirmando mais um efeito de sua habilidade, ele não hesitou, sentindo-se confiante.

Ele investiu ainda mais mana na sua espada.

A lâmina começou a vibrar violentamente com a força do impacto — os relâmpagos ao redor dela se distorciam como se estivessem em curto-circuito.

Então—

Ele balançou.

Um arco de relâmpagos dourados saiu da lâmina, formando um arco curvado que cortou direto pelo tornado como se fosse papel. O vórtice se fragmentou, os ventos se dissiparam enquanto o ataque de Ash os atravessava sem esforço.

Os olhos de Miraak se arregalaram de pura incredulidade ao ver o relâmpago dourado avançar em sua direção.

"Não!"

Enquanto o relâmpago se aproximava, por um breve instante, ele viu toda a sua vida passar diante dos olhos.

Mas de repente, uma pedra veio em direção a Miraak, atingindo-o com força surpreendente, fazendo-o perder o foco exatamente quando a fatal investida de relâmpago estava prestes a acertá-lo. A colisão com a barreira negra criou ondas, fazendo-a vibrar com uma ressonância profunda.

O olhar de Ash se direcionou rapidamente para a origem da pedra. Zerak, com o corpo coberto de feridas, permanecia firme com a mão estendida, como se fosse ele quem tivesse lançado a pedra.

"Passo de Trovão."

Ash nunca gastou tempo aprendendo uma esgrima vistosa.

Em vez disso, focava em uma base sólida, acreditando que golpes básicos — paradas, golpes de swings, estocadas — deviam ser aperfeiçoados antes de avançar para o Sword Art.

Até nos jogos de realidade virtual, executar uma habilidade era só pronunciar seu nome, mas o mundo real não era tão simples.

O conceito de poder e força neste mundo exigia mais do que um nome chamativo — precisava de um corpo que pudesse suportar e atacar com propósito.

Então, enquanto outros desperdiçavam tempo perseguindo técnicas elaboradas, Ash focava em algo mais básico: seu deslocamento, seu equilíbrio, a base da sua movimentação.

Cada golpe, por mais simples que fosse, precisava ser mortal. Cada movimento, deliberado.

Num piscar, apareceu ao lado de Zerak, pronto para uma derrota decisiva que acabaria com a luta ali mesmo.

Porém, seu olhar captou algo na esquina da visão — uma onda de espinhos negros correndo em direção aos estudantes inconscientes.

A cena fez uma onda de ódio e raiva chocar-se no peito de Ash.

"Maldito!!"

Gritou internamente.

Num movimento rápido, desviou do caminho original com uma curva acentuada, aparecendo na frente do ataque vindo de frente.

Sua espada ficou enevoada enquanto linhas douradas floresciam no ar, rasgando os espinhos negros, cada um se desfazendo ao contato.

"Se quer morrer com tanta vontade, deixa que eu primeiro te acabe," rosnou Ash quase num sussurro, as palavras carregadas de uma raiva quase primal.

Seu rosto se contorceu de fúria, suas emoções tão brutas que queimaram através de cada fibra do seu ser.

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📢 Aviso: Futuro de Power of Runes

Olá, pessoal! ✨

Queria avisar que Power of Runes em breve migrará para uma plataforma de publicação exclusiva.

Por conta disso, estarei retirando a história do Scribble Hub e do Royal Road.

Primeiro, um ENORME OBRIGADO a todos que leram, apoiaram e me incentivaram aqui. 💬🖤 O apoio de vocês significou o mundo e me ajudou a dar este próximo passo.

Se quiser continuar acompanhando Power of Runes, em breve ela estará disponível na Webnovel, onde será atualizada regularmente.

Espero que continuem comigo na jornada de Ash por lá! 🌌

Mais uma vez, obrigado por fazerem parte dessa aventura.

Isso não é um adeus — é apenas um novo capítulo. 📖✨

Continuem incríveis.