Poder das Runas

Capítulo 87

Poder das Runas

ESTALAGEM!!!

A barreira explodiu em uma explosão cegante de luz radiante, enviando ondas de choque que se propagaram pelo ar.

A cabeça de Melissia virou abruptamente, seus olhos imediatamente fixando-se nos feixes de luz que cruzavam em direção a ela.

Ela vem aí.

Justamente como Melissia suspeitava, Elva apareceu na sua frente, pairando com graça. Sua voz era calma, mas uma confusão cruzava seu rosto enquanto perguntava: "Como você veio parar aqui?"

Ao ouvir essa pergunta, algo dentro de Melissia quebrou.

A frustração fervente que ela tinha enterrado mais cedo voltou com força renovada enquanto ela gritava: "Como você pôde me deixar sozinha no topo da barreira daquele jeito?! Você nem mesmo sabe pelo que passei só para descer?!"

Elva, ao ouvir isso, congelou por um momento. Seus olhos varreram a área como se tentassem mudar de assunto, mas, neste ponto, os outros instrutores já tinham começado a cuidar dos estudantes feridos e a levá-los até a enfermaria.

"Cough"

Um pequeno tossido escapou dos lábios de Elva.

Ela definitivamente esqueceu de mim, não foi?

Pensou Melissia com frustração.

Antes que Elva pudesse falar, um membro do departamento médico chegou ao seu lado, salvando-a involuntariamente daquele momento constrangedor.

"Vice-diretora," relatou calmamente o curandeiro, "a maioria das crianças está inconsciente, mas não há risco imediato de vida. Algumas estão feridas — parece que resistiram antes de serem derrotadas — mas..."

"Mas o quê?" interrompeu Elva, sua voz fria, mas com peso de seriedade.

"Há uma estudante cujos ferimentos são graves, mas a cura não está funcionando nela. Sua condição está piorando a cada momento, e, apesar de nossos esforços, nada parece surtir efeito. No momento, tudo o que podemos fazer é atrasar o que for inevitável."

Elva permaneceu em silêncio por um momento, com uma expressão indecifrável, e então perguntou calmamente: "Nome?"

"Huh?"

"O nome da estudante," repetiu Elva, desta vez mais devagar, com voz carregada de expectativa.

"Hum... É Elysia Moonglow."

O nome tocou alguma coisa dentro de Elva.

Ela respirou fundo, lentamente exalando, visivelmente se acalmando.

Agrupou esperança em seus olhos — não porque a garota estivesse segura, mas porque ela não era uma das crianças do Santo. Se fosse uma delas, toda a academia poderia estar à beira da destruição.

"Faça tudo ao seu alcance para mantê-la viva. Se não for possível salvá-la, então pelo menos atrasem sua morte pelo maior tempo possível. Já enviamos uma mensagem aos Santos. A Saint Myra deve estar voltando em breve — ainda há a chance de ela conseguir salvar a menina."

"Sim, senhora," respondeu rapidamente o curandeiro antes de partir para cumprir suas ordens.

Melissia, que tinha escutado toda a conversa em silêncio, permaneceu ali, imóvel. Sua expressão não demonstrava nada, mas sua mente trabalhava freneticamente.

Eu não gosto da Elyssia... mas não quero que ela... morra.

Seus pensamentos foram interrompidos quando Elva voltou-se para ela e perguntou: "Então, o que aconteceu com o atacante? Você viu quem foi? Alguma pista de onde ele possa estar agora?"

Melissia abriu os olhos, sua voz calma enquanto respondia: "Não sei. Quando cheguei, todo mundo já estava inconsciente. Não havia sinais de um atacante."

"Entendi," disse Elva após uma breve pausa. "Nesse caso, sua participação aqui acabou. Se quiser ir ver seus amigos, pode fazer isso após eles receberem o tratamento adequado na enfermaria."

Justo quando Elva virou-se, seus olhos captaram uma sombra de Ash, que estava deitado atrás de Melissia no chão.

Seu peito nu exposto, mostrando seus músculos delgados — é difícil acreditar que ele seja um estudante da turma de magia.

O que chamou a atenção dela foi uma pequena garrafa de vidro ao lado dele— vazia, claramente contendo uma poção de cura de alta qualidade.

"Você deu uma poção de cura de nível alto para ele?" perguntou Elva, com sobrancelha levemente levantada.

Melissia virou a cabeça, seguindo o olhar dela, e seus olhos se arregalaram em choque.

Como... como ele se curou tão rápido?!

Ela não sabia, mas a poção de cura que deu a ele conseguiu eliminar uma parte da energia demoníaca enterrada profundamente em seu corpo.

Isso, por sua vez, permitiu que o Runa da Vida dentro dele ativasse seu poder.

Embora agora parecesse perfeitamente bem por fora, por dentro, sua condição era gravíssima — ambos seus núcleos de mana estavam rachados, e seus órgãos internos severamente feridos.

Porém, lentamente, o Runa da Vida trabalhava para restabelecê-lo de dentro para fora.

"I-ih... Eu... fiz... ele... realmente estava ferido," gaguejou Melissia, suas palavras saindo atropeladas, seu cérebro ainda tentando processar tudo.

Ouvindo ela tropeçar na explicação, Elva sorriu suavemente e perguntou com tom brincalhão: "Ah? Então você deu uma poção tão valiosa a um menino tão ferido?"

Melissia assentiu rapidamente, como um pato, enquanto toda a face ficava vermelha de vergonha.

Elva riu baixinho, com sua risada brincalhona de sempre, "Hihihihi... Entendi. Então vai lá. Em breve começaremos a investigação."

Seu tom leve e sua risada retornaram assim que ela soube que as crianças estavam seguras — na maior parte.

***

O que aconteceu após o ataque do demônio foi algo que a Academia nunca conseguiu controlar completamente, por mais que tentassem desesperadamente.

A notícia do incidente se espalhou pelo público como um fogo selvagem, causando ondas de choque na sociedade.

Foi uma revelação assombrosa — afinal, essa foi a primeira vez desde a fundação da Academia Estelar que um ataque assim ocorreu.

No começo, ninguém sabia a identidade do atacante. O mistério persistiu até que os braves estudantes que lutaram de volta começaram a falar, descrevendo a aparência da criatura e suas origens desconhecidas.

Com isso, o mundo foi apresentado aos demônios — uma espécie totalmente nova.

O pânico tomou conta da população. A ideia de seres de outro mundo surgindo do nada para atacar a academia era assustadora.

Se os demônios tinham como alvo a Academia, sem dúvida representavam uma ameaça a todos.

Para tentar acalmar a inquietação crescente, a Associação teve que liberar detalhes limitados sobre os demônios. Mas isso não foi suficiente para conter o medo.

A tensão só aumentava, espalhando-se como uma tempestade que não podia ser contida.

Então, justamente quando o medo atingiu seu pico, os Santos retornaram.

"Não se preocupem com os demônios. Nós vamos cuidar disso."

O tom deles não era gentil nem reconfortante — era rígido e frio, como uma ordem absoluta.

E mesmo assim, aquela declaração teve mais impacto do que qualquer explicação que a Associação pudesse dar. O público, que antes gritava por respostas, silenciou.

Diante dessas figuras imponentes — os maiores poderes da humanidade — o que alguém poderia dizer? A sociedade, antes cheia de medo e incerteza, não teve escolha a não ser engolir sua ansiedade, abaixar a cabeça e se recolher na segurança de suas casas.

***

"Demônios..."

A santa Alice, chefe de todas as guildas de aventureiros do continente, murmurou a palavra enquanto se agachava, seus olhos se estreitando ao examinar as manchas de sangue seco no piso de mármore.

"Definitivamente eram esses demônios. Não há dúvida na minha mente."

Sua voz calma, porém firme, mal terminou quando uma explosão de raiva ecoou pelo salão.

"COM QUE CORAGEM AQUELES FILHOS DA PUTA DOS DEMÔNIOS TOCAM MEU FILHO!!!"

O santo Maelis explodiu, sua voz retumbando de fúria. Ele ficou tremendo ao pensar no corpo ferido de Irvin deitado na maca mais próxima.

Só de imaginar aquilo, seu sangue ferveu — seus instintos pediam vingança.

"Se eu um dia colocar as mãos neles — vou esmagar seus crânios com minhas próprias mãos até que seus cérebros estilhacem no chão, porra!"

Sua aura escureceu perigosamente, preenchendo o espaço com uma pressão ardente.

Nicole suspirou e olhou para outra figura.

"Lydia, você está quieta. Sua filha Lira também foi ferida."

A santa Lydia tremia. Não por fraqueza, mas pela força enorme que fazia para manter suas emoções sob controle. Seu corpo estava rígido, os lábios comprimidos em uma linha tensa.

"Se eu tivesse chegado um segundo mais tarde e algo tivesse acontecido com ela... eu teria perdido o controle. Juro, teria invadido o Reino Demônio e os eliminado todos sem pensar duas vezes."

Sua voz saía baixa e trêmula, cada sílaba tremendo de fúria reprimida. Até o ar ao redor dela começou a distorcer-se um pouco, por causa da magia que fervilhava sob sua pele.

A santa Myra, mãe de Grace, deu um suspiro leve ao seu lado, colocando a mão sobre o peito.

"Minha criança também foi ferida... Mas agradeço por ela ainda estar viva. Se algo tivesse acontecido a ela... nem quero imaginar o que teria feito."

Depois, ela sorriu de leve, com um tom frio: "Os demônios não sobreviveriam à noite."

"Para eles, seria um inferno então," comentou o santo Lucan Ravencroft com tom baixo, quase um sussurro.

"O que você acabou de dizer?" Myra virou fatalmente para ele, com os olhos estreitando.

"Não disse nada," respondeu Lucan rapidamente, com expressão neutra, embora um tiquinho de sorriso traísse sua tentativa de esconder o humor.

"Hmph! Você só está tão calmo assim porque sua filha não foi ferida," disparou Myra com tom cortante. "Do contrário, pelo seu temperamento, você provavelmente teria reduzido toda a academia a cinzas."

Lucan ergueu o queixo levemente, exibindo seu orgulho enquanto respondia: "Eu nunca chegaria a esse ponto. E deve lembrar — se não fosse minha filha Melissia, a operação de resgate teria atrasado ainda mais. Deve-lhe agradecimento."

O brilho orgulhoso em seus olhos tornava essa última frase ainda mais evidente.

"Se minha filha fosse ferida, teria transformado toda essa região numa floresta selvagem," murmurou Lydia.

"Eu chamaria meteoros e varreria tudo do mapa," acrescentou Myra sem hesitar.

"Eu afundaria a terra e enterraria tudo," declarou Maelis, ainda furioso.

Enquanto os santos discutiam casualmente o destruição em larga escala, a santa Nicole — diretora da Academia — permanecia ao lado, encarando-os de forma vazia.

Foi uma boa decisão admitir as crianças desses lunáticos?

Mas, agora, era tarde demais para arrependimentos.

"Chega."

Uma voz calma cortou o caos como uma lâmina. Imediatamente, todos ficaram em silêncio.

Era Santo Mark Ashwood — chefe da Associação Humana. O santo mais forte entre eles. Suas palavras carregavam a autoridade de um rei e o peso do respeito absoluto.

Nem os mais impulsivos ousaram discordar.

"Demônios agora estão mirando na próxima geração — o futuro da humanidade. E o que estão fazendo os chamados guardiões deste mundo? Debatendo como crianças."

Seu olhar penetrante varreu cada um deles.

"Eu entendo sua dor. Seus filhos foram feridos, e essa dor é mais profunda que qualquer espada. Mas eles estão vivos. Foram protegidos. Voltaram. E isso, por si só, é um milagre. Ainda mais considerando o quão perigosos os demônios realmente são."

Sua voz ficava mais fria a cada palavra, carregada de uma verdade incontestável.

Alice quebrou o silêncio novamente, com tom calmo, porém sério.

"Ele tem razão," disse a santa Alice, levantando-se e ajustando as roupas. "Verifiquei os rastros no salão — havia evidências claras de uso de portal. Os demônios conseguiram escapar por ele."

"Mas a verdadeira questão," acrescentou, seu rosto ficando mais sério, "é por que eles não mataram ninguém? Mesmo após invadir a academia, nenhum criança foi morta. Isso é muito incomum para demônios."

"Exatamente. Pela extensão dos ferimentos nos estudantes… é difícil acreditar que nenhum deles tenha sido fatalmente ferido," acrescentou Nicole, sua voz mais baixa, carregada de desconfiança e inquietação.

Mark franziu a testa levemente. "Vocês encontraram mais alguma coisa?"

Alice assentiu.

"Sim. Ao examinar as amostras de sangue no salão, encontrei uma que não pertencia a nenhum estudante ou instrutor. E definitivamente não é sangue demoníaco."

"Então… o que você está insinuando?" perguntou Lucan, com o olhar mais afiado.

"Acredito que havia alguém mais lá — uma pessoa desconhecida. Quando todos estavam inconscientes, essa pessoa deve ter chegado e lutado contra os demônios, protegendo as crianças até a barreira enfraquecer. É provável que foi nesse momento que os demônios fugiram pelo portal."

Os olhos de Lucan se arregalaram, mas ele não argumentou.

"Isso… é difícil de acreditar, mas admito que é a única explicação que faz sentido."

Mark cruzou os braços, com expressão indecifrável.

"Não é impossível," disse após uma pausa.

"Mas você não acha isso um pouco estranho demais?" perguntou Maelis. "Pelo que ouvi, até Elva foi expulsa pela barreira quando tentou ajudar. Você realmente está sugerindo que alguém mais forte que ela estava lá dentro durante o ataque?"

Lydia rolou os olhos. " Não, idiota. O que isso significa é que alguém mais fraco que Elva já estava dentro da barreira quando ela ativou. Eles resistiram aos demônios tempo suficiente para que as crianças sobrevivessem. Sinceramente, até eu acho difícil de aceitar."

O ambiente ficou pesado em silêncio. Nenhum deles tinha resposta.

Eles não sabiam que o sangue desconhecido pertencia a Ash. E, por causa do Runa de Encobrimento que ele possuía, Alice não conseguiu correlacioná-lo a nenhum dado existente.

Nesse momento, Nicole finalmente falou, com tom cauteloso.

"Vocês se lembram do menino sobre quem falei? Ray."

Mark ergueu uma sobrancelha.

"Sim, o que foi dele?"

"Eu disse que ele encontrou um demônio dentro da masmorra. Quase morreu… mas disse que alguém o salvou. Uma pessoa chamada 'Desconhecido'."

Myra respirou fundo, surpresa.

"Espere… Você não quer dizer —"

"Sim," confirmou Nichole com um aceno. "Ray disse que sentiu uma presença dele por um breve momento antes de perder a consciência."

"Você não está querendo dizer…" Lydia sussurrou, tremendo de choque.

Todos ficaram silenciosos novamente.

Lucan finalmente falou.

"Você está dizendo que quem protegeu as crianças… foi DESCONHECIDO?"

Nichole não respondeu imediatamente. Olhou para todos e disse:

"Há uma possibilidade."

Ninguém falou mais. Porque, se fosse verdade…

Então o ladrão que eles marcaram como criminoso, aquele que caçaram… poderia ser quem salvou a vida das crianças deles.

E essa verdade —

Era perigosa.