Poder das Runas

Capítulo 86

Poder das Runas

O tempo parecia desacelerar.

RAAAK!!

RAAAK!!

RAAAK!!

RAAAK!!

O som agudo de uma espada cortando o ar, seguido pela explosão estrondosa das orbes, ecoava por toda a vasta sala, criando uma sinfonia caótica de destruição.

Droga.

Não era exatamente essa a razão de eu ter escondido meu poder desde o começo?

Ash mantinha sua força oculta por medo profundo — que alguém pudesse usar Elysia como isca para alcançá-lo.

Mas mesmo tentando esconder, ele sempre soube que um dia sua força seria revelada.

Aquele momento era inevitável, por mais que tentasse evitá-lo.

E agora… o dia chegou mais cedo do que o esperado,

Sem tempo para arrependimentos, afinal, foi uma decisão dele.

Mas agora não era hora de pensar nisso. Ele afastou esses pensamentos e se concentrou no que importava mais naquele momento.

Essa era apenas a segunda vez que ele lutava contra demônios, mas já começava a aprender algo crucial em ambos os combates.

Existe uma enorme diferença entre lutar na vida real e dentro de um jogo de realidade virtual.

No jogo, você podia estudar os movimentos dos inimigos, entender seus padrões, prever ou contra-atacar seus ataques com precisão e estratégias aprendidas.

Mas os inimigos na vida real? Eram completamente diferentes. Inimigos reais não seguiam padrões previsíveis ou lógica.

Seus movimentos eram caóticos, instintivos, desorganizados, e totalmente imprevisíveis.

E Ash estava vivendo essa dura realidade agora, da forma mais dolorosa possível.

Ele viu Miraak levantar o corpo inconsciente de Zerak em seus braços.

Depois, com um movimento de mão, Miraak cortou o ar, e naquele instante, um portal começou a se formar, girando e pulsando com energia sombria, largo o suficiente para uma única pessoa passar.

"EU GARANTO QUE VOCÊ MORRERÁ VENDO O INFERNO, HUMANO!!" gritou Miraak, sua voz carregada de ódio enquanto dava um passo adiante, levantando o pé para cruzar o portal.

Naquele exato momento, todas as orbes demoníacas que voavam em direção a Ash de repente pararam.

Sem perder tempo, Ash lançou as últimas bolas de relâmpago direto na borda do portal, mirando nos pontos que pareciam mais frágeis, na esperança de interferir.

Não posso deixá-lo escapar.

E então—sem hesitar—ele se lançou para frente.

Mas logo percebeu que estava atrasado.

Droga, droga, DROGA!!

Não vou conseguir alcançá-lo a tempo.

Com base em tudo que conseguiu analisar com o Omni Thought, ficou dolorosamente claro—ele não conseguiria chegar antes que Miraak entrasse no portal.

Que idiota que sou. Deveria ter matado Zerak. Mas se tivesse... Miraak poderia enlouquecer. Os estudantes poderiam morrer.

Se tivesse decidido acabar com Zerak antes, não tinha como prever como Miraak reagiria.

Havia uma grande possibilidade de que os outros estudantes morressem. O risco tinha sido alto demais.

Se eles escaparem agora… se os demônios descobrirem sobre mim através desta batalha… não seria o fim para mim?

Ele escolheu revelar sua espada somente porque estava confiante—confiante de que poderia eliminá-los sem expor demais.

Mas agora, não conseguia dizer se aquela confiança era genuína ou pura arrogância.

Ele tinha ficado intoxicado demais pelo próprio poder. Tanto que inicialmente pensou em facilitar a luta com os demônios, só para eles sofrerem mais.

E pra quê?

Somente para satisfazer seu próprio senso de vingança?

Deveria ter acabado com eles imediatamente assim que sobrecarreguei meu núcleo.

Os pensamentos de Ash giravam acelerados. Ele pensava demais ao mesmo tempo, o arrependimento inundando como uma tempestade.

Repetia suas ações na mente, procurando pelo movimento certo, mas nenhuma resposta surgia.

Senti a vazio em meus núcleos de mana, e até as bolas de relâmpago que disparei (apenas duas ou três) atingiriam segundos atrasados.

Quando finalmente chegassem, Miraak já teria partido.

Droga.

Ash amaldiçoou entre os dentes, com a boca amarga de frustração. Mas antes que pudesse afundar ainda mais em arrependimentos, ele cambaleou.

Os relâmpagos ao seu redor piscavam e se apagavam, a aura do Núcleo Primordial recuava como uma onda que retorna ao mar,

Seus olhos voltaram ao tom azul frio de antes, e sua expressão—antes repleta de emoções—gradualmente se transformou na sua face habitual, estoica e impassível.

Não, não… ele escapou…

A visão dele começou a ficar turva nas bordas, as cores do mundo começaram a se distorcer e girar como fumaça ao vento.

Eu-preciso-…

— matar…

E assim, seu corpo desabou no chão, a espada ainda firmemente apertada na mão, enquanto sua consciência se entregava.

BUM!!

Naquele instante, as rachaduras na barreira se alargaram, e Melissia—que anteriormente não havia conseguido atravessar a parede reluzente—desceu como um meteoro em chamas, vindo das alturas.

"ASH!!"

Sua voz cortou o ar enquanto ela corria para ele, o pânico tomando conta de sua calma, e caiu de joelhos ao seu lado, as mãos tremendo enquanto verificava sinais de vida.

VIVO!!!!

Pensou, ao sentir sua respiração suave e constante.

Mas ao olhar o resto do corpo dele, quase gritou.

Havia rachaduras na pele, algumas partes gravemente feridas, outras queimadas—c cobrindo ele de cabeça aos pés.

Era tão horrível que suas lágrimas surgiram só de olhar.

O que faço agora? O que posso fazer?

CRAC!!

Seus olhos se arregalaram ao olhar para cima—a barreira estava prestes a desabar completamente, os últimos fios a sustentá-la se desfazendo como uma teia morrendo.

Ela não hesitou.

O que posso perceber é que Ash era forte. Incrivelmente forte. Mas ele escondia isso. Guardava o segredo—por algum motivo. Ou seja, ele não queria que ninguém soubesse o que aconteceu aqui. Não queria que descobrissem a verdade por trás do seu poder.

Com esse pensamento consolidando sua determinação, ela estendeu a mão e guardou o cadáver do demônio dentro de seu anel de armazenamento.

Mas, quando tentou guardar a espada de Ash também, algo estranho aconteceu.

A lâmina se recusou a se mover.

Ela permaneceu presa a Ash, como se estivesse ligada a ele não apenas por metal ou juramento, mas pela própria alma.

"Por favor… venha aqui… senão, seu mestre estará em perigo…"

Pediu à arma, com uma voz suave e desesperada.

E como se ela tivesse entendido, a bainha da espada apareceu reluzente fora do anel de espaço de Ash, e então, numa espiral de luz, tanto a lâmina quanto a bainha se derreteram como prata líquida e se envolveram ao redor do pulso de Ash, formando um anel branco que pulsava com uma energia tênue.

O que… o que foi isso?

Mas não havia tempo para ponderar. Ela mergulhou no seu anel de espaço e retirou uma poção de cura de alta raridade.

Depois de abrir a rolha, ela cuidadosamente levantou a cabeça de Ash e verteu o líquido quente por seus lábios.

Então—

CRACK!!

ESTALO!!!

A barreira explodiu em uma onda de luz radiante.

A cabeça de Melissia se levantou rapidamente, e seus olhos fixaram-se nos feixes de luz que se aproximavam dela de além do portal.