Poder das Runas

Capítulo 85

Poder das Runas

Encontrei

— pensou Elva ao cancelar rapidamente seu feitiço. Sem perder nem um segundo, sua silhueta se borruscou e apareceu bem ao lado da minúscula árvore que resistira ao seu ataque de gravidade.

Ao mesmo tempo, os outros instrutores, que estavam ocupados atacando a barreira à distância, perceberam a mudança repentina nas ações de Elva.

Curiosos e cautelosos, eles pausararam seus ataques e avançaram em direção a ela, perguntando-se o que ela tinha descoberto após liberar tamanha força esmagadora.

Sintindo a urgência, Elva não hesitou. Lançou um feitiço contra a pequena árvore com toda sua força, querendo destruí-la completamente.

Um estrondo ensurdecedor ecoou pelos arredores vazios. Poeira se espalhou pelo ar como uma névoa.

Porém, para o choque de todos, a árvore permaneceu firme. Apenas uma folha caiu suavemente de um de seus galhos, pousando delicadamente no chão intocado.

Não havia rachaduras, nem a casca se desprendeu, e a terra ao redor nem mesmo mostrou o menor sinal de dano.

A expressão de Elva se escureceu imediatamente. Seus olhos se arregalaram, e um sério intenso tomou conta de sua voz ao se virar para os instrutores que estavam reunidos.

"Destruam a árvore! Ela é a fonte da barreira!" — gritou Elva, a voz firme e cheia de confiança absoluta.

Não sobrava mais dúvida em seu coração. Afinal, nenhuma árvore comum poderia sobreviver a um ataque daquele nível sem sequer sofrer um arranhão.

O que Melissia tinha lhe advertido era claramente verdadeiro — a fonte poderia ser qualquer coisa, até algo tão pequeno e inocente quanto uma árvore.

Animados pela sua certeza, os instrutores lançaram seus feitiços e ataques na direção da árvore sem hesitar.

Outra enorme explosão sacudiu o chão enquanto energia mágica choviam sobre o local.

"Ataquem!" — ordenou Elva novamente, sua voz ecoando pelo campo de batalha como um grito de guerra.

BOOM!

BOOM!

BOOM!

De um lado a outro, os instrutores arremessaram seus feitiços mais potentes contra a árvore. O chão tremeu violentamente sob a força de seu poder conjunto, e o próprio ar parecia gritar sob a pressão.

Elva também entrou na ofensiva, adicionando sua energia feroz para acelerar a destruição.

Devagar, mas de forma firme, começaram a surgir mudanças.

Folhas eram arrancadas dos galhos, caindo como uma chuva verde. Pequenas rachaduras começaram a subir pelo tronco, inicialmente finas, mas aumentando de largura a cada golpe incessante.

A árvore, que antes resistia impassível, começava a se fragmentar sob a força unificada deles.

***

Enquanto isso, dentro da barreira…

Ash olhava para as rachaduras que começavam a se formar na barreira. Sua mente corria com urgência.

Os instrutores vão atravessar a qualquer momento. Preciso matá-los antes que isso aconteça.

Seu corpo também não estava bem. Sua respiração era difícil, seus músculos falhavam, uma dor intensa pulsava no peito, sangue saia sem parar, a cicatrização lenta.

Ele foi negligente antes — nunca esperava que Miraak queimasse sua linhagem.

No romance que lembrava, demônios geralmente só queimavam sua linhagem quando não tinham outra saída, quando a morte era o único caminho. Era algo usado como último recurso, nunca de leve.

Ele realmente está tão desesperado a ponto de me matar?

O que Ash não sabia era que Miraak não buscava sobreviver. Miraak acreditava que Ash era uma ameaça maior ao futuro do Rei Demônio do que mesmo Ray — e por isso tinha jurado destruir Ash a qualquer custo, mesmo que isso significasse queimar sua própria vida.

Ash percebeu que o foco de Miraak mudou ligeiramente em direção à barreira. Foi por apenas um segundo, mas foi suficiente.

Ash decidiu investir tudo.

Ele reuniu toda a mana de seus dois núcleos.

As rachaduras já cobriam eles, e o dano piorava a cada segundo. Ainda assim, ele forçou mais mana para fora.

Deixou a quantidade mínima necessária para mover seu corpo e alimentar sua espada, enquanto despejava o restante no ar ao seu redor.

Dezenas de círculos mágicos começaram a girar ao seu redor, cada um pequeno e afiado como estrelas douradas queimando no céu.

Era a magia Bola de Raios — o primeiro feitiço que aprendeu.

Ash alinhou cada esfera dourada de relâmpagos com as órbitas avermelhadas pretas que Miraak havia enviado em sua direção.

Por meio do [Pensamento Omnipresente], calculou rapidamente os caminhos pelos quais eles vinham, alinhando seus ataques perfeitamente.

Então, em um piscar de olhos, Ash desapareceu do seu lugar.

As órbitas de relâmpagos rugiram pelo ar junto dele, guidando-se para os feitiços que Miraak lançava.

Explosões explodiram uma após a outra.

BOOM!

BOOM!

BOOM!

BOOM!

Ash reapareceu bem na frente de Miraak. Sua velocidade estava um pouco mais lenta do que antes, mas ainda rápida o suficiente para ser mortal.

No entanto, Miraak, que agora queimava sua linhagem, tinha sua força física, velocidade e reflexos amplificados muito além do normal.

Ele sentiu o ataque se aproximando e desviou do golpe de espada que ia direto ao pescoço, recuando rapidamente.

Preciso recuar. Se aqueles humanos lá fora quebrarem a barreira, eu nem vou ter chance de escapar, pensou Miraak, rangendo os dentes.

Sabia que provavelmente iria morrer ali. Mas seu irmão Zerak ainda estava vivo, embora gravemente ferido.

Se ao menos pudesse salvar Zerak e escapar com o conhecimento sobre Ash – um monstro escondido sob a pele humana – então, mesmo na morte, sua missão não teria sido em vão.

Com essa determinação queimando dentro de si, Miraak piscou através do campo de batalha, surgindo ao lado do corpo inconsciente de Zerak e, sem perder tempo,

lançou uma série de ataques poderosos contra Elysia, tentando desviar a atenção de Ash.

E exatamente como Miraak esperava, Ash reagiu sem hesitar, indo proteger a garota dos ataques que vinham.

Enquanto isso, a barreira gemia cada vez mais alto, suas rachaduras formando uma teia por toda a superfície, pronta para se romper completamente.

A tempestade estava prestes a se desencadear.

***

BOOM!!!

BOOM!!!

BOOM!!!

BOOM!!!

"Só mais um pouquinho! A barreira vai quebrar já!" — gritou um dos instrutores, lançando outro feitiço com toda força.

"As rachaduras estão ficando maiores! Continua, só mais um pouco!" — indicou outro instrutor, a voz cheia de empolgação.

Elva também atacava sem parar, lançando seus feitiços repetidas vezes, sem descanso.

No entanto, algo incomum acontecia com seus ataques agora — cada feitiço que ela liberava brilhava com uma cor violeta profunda.

Enquanto isso, a pequena árvore parecia estar no seu limite.

Todas as suas folhas já caíram ao chão, cobrindo a árvore com uma camada espessa de verde.

Seus galhos estavam nus e frágeis, balançando como se pudessem se partir a qualquer momento.

Ao mesmo tempo, Melissia, que ainda permanecia acima da barreira rachada, observava com uma crescente apreensão.

Por que a Instrutora Elva me deixou aqui?! — pensava freneticamente.

Uma terrível percepção a atingiu.

"NÃO PODE SER… ESQUECEU DE MIM?!"

Parecia inacreditável, mas era a verdade — na pressa de atacar a árvore e destruir a barreira, Elva tinha completamente esquecido de Melissia.

"Ahh, droga!" — murmurou Melissia, sentindo-se impotente.

Ela queria pedir ajuda, lembrá-los de que ainda estava presa dentro da barreira.

Mas ao ver todos os instrutores investindo tudo na força do ataque à árvore, manteve-se em silêncio.

Ela mordeu o lábio com força, tentando conter sua frustração e medo.

Seus olhos retornaram ao chão.

As rachaduras se espalhavam mais amplamente sob seus pés, facilitando a visão do que acontecia dentro da barreira.

De sua posição, ela agora podia vislumbrar a feroz batalha que ocorria lá abaixo.

E o que viu a abalou completamente.

O salão inteiro estava destruído além do reconhecimento, o teto quebrado permitindo uma visão muito mais clara do interior agora.

O chão cheio de crateras gigantes e cicatrizes profundas, com azulejos quebrados, escombros esparramados por toda parte.

Parecia que uma catástrofe enorme havia atingido o lugar, como uma tempestade poderosa ou uma explosão que rasgou o salão de dentro para fora.

Todos os estudantes presos dentro estavam agora inconscientes, deitados nos cantos do salão, cuidadosamente posicionados longe da zona de combate.

Entre eles, estavam suas amigas Grace, Lyra, Amelia e outras que ela conseguia reconhecer mesmo de longe, com roupas rasgadas e cobertas de sangue.

Embora feridos e machucados, Melissia ainda conseguia enxergar suas respirações fracas à distância, o que lhe trouxe um leve alivio.

Ray e os outros meninos, que estavam entre os mais fortes estudantes, também estavam inconscientes, seus corpos estendidos sem mover-se.

Um dos demônios estava de bruços no chão, mas de onde ela observava, Melissia não conseguia distinguir se ele estava vivo ou morto, pois não se mexia.

Já o outro demônio, que ainda estava de pé e lutando ferozmente, enfrentava alguém que fez Melissia ficar momentaneamente sem pensamentos.

—is that... Ash...?

ela pensou em choque, com os olhos arregalados de incredulidade, inclinando-se ainda mais perto da rachadura para garantir que não estava imaginando coisas.

Até Ash, que lutava lá embaixo, não sabia que ela estava lá assistindo a tudo.

O que aconteceu com seu rosto e corpo…?

Ela pensou tremendo, sentindo um medo estranho subir por suas costas enquanto o encarava.

A expressão de Ash parecia completamente distorcida, fazendo-o parecer um monstro com lágrimas de sangue.

Seu corpo estava coberto de inúmeras feridas, sangue escorrendo pelos braços e pernas, marcas de queimaduras e arranhões que mal haviam cicatrizado.

Relâmpagos dourados crepitaram ao seu redor em ondas grossas e violentas, uma Aura poderosa também o cercava, fazendo seu coração tremer.

Por um segundo, Melissia quase virou o rosto (deixou de olhar), porque o Ash que ela conhecia nunca tinha parecido tão aterrorizante. Mas ela rapidamente fechou as mãos com força, forçando-se a manter os olhos abertos e olhar para ele com seriedade, sem se virar de medo.

Foi sorte ele estar com a cura mais lenta, pois se estivesse se curando ao máximo, as mudanças no corpo dele seriam ainda mais chocantes de se ver, e ela não tinha certeza se conseguiria aguentar assistir a isso.

Como ele consegue lutar daquele jeito… mesmo tão ferido…?

Sua mente não conseguia entender como ele ainda permanecia de pé.

Mas o choque ainda não tinha acabado.

Ash não estava lutando como um mago, que era o que ele deveria ser.

Ele empunhava uma espada, a balançando com força e precisão, ao mesmo tempo em que usava magia, algo que não deveria ser possível.

Usando uma espada… mas ele não era pra ser mago…?

Seu coração batia forte contra o peito, quase zumbindo com o som.

A face de Ash parecia feroz e irreconhecível, suas íris brilhando com um tom dourado assustador, seu corpo totalmente cercado por relâmpagos dourados que eram bem diferentes do seu azul calmo habitual.

A única coisa que ainda confirmava que era Ash eram seus cabelos prateados e brancos, intocados.

Mas como...? Como isso aconteceu…?

Ela se perguntava Incerta, sem respostas à sua frente.

Justo quando lutava com sua confusão, ela viu o demônio que permanecia de pé mover-se.

O demônio apareceu ao lado do corpo do amigo caído e, de repente, disparou uma saraivada de órbitas escuros e giratórias em direção a Elysia, que jazia ferida no chão, incapaz de se defender.

Ao ver aquilo, Ash se moveu imediatamente, sem hesitar. Ele lançou dezenas de pequenas bolas de relâmpagos dourados de suas mãos, interceptando as órbitas negras no ar e impedindo que chegassem até Elysia.

Cada colisão entre os feitiços gerava explosões fortes, abalando ainda mais o salão destruído e iluminando o ambiente com rajadas de luz.

Eu… quero ajudar…!!

Esse sentimento saiu do coração dela, queimando intensamente dentro do peito.

Ela não sabia se o garoto que lutava lá embaixo ainda era realmente o Ash que conhecia. Ele parecia uma pessoa completamente diferente, quase um estranho moldado por tempestades e dor.

Mas uma coisa ela podia ver claramente com seus próprios olhos: apesar de ferido e exausto, Ash não deixou que nenhum estudante morresse.

Ele ainda os protegia, cumprindo a promessa que fez a ela anteriormente — a promessa de salvar todos.

Então como ela pode simplesmente ficar aqui, mordendo o lábio, sem fazer nada, enquanto Ash luta sozinho para proteger todos?

***