
Capítulo 70
Poder das Runas
Elva liberou sua aura na sua máxima intensidade. Ela não sabia que demônios já estavam presentes no banquete — se soubesse, jamais teria feito aquilo.
Seu raciocínio era semelhante ao que acontece quando um calabouço comum surge no mundo. Ela pensou que uma rupta de calabouço ocorreria instantaneamente após ouvir as palavras de Grace, então liberou sua aura para alertar os outros do perigo.
"Saia imediatamente do salão!" Elva gritou, sua voz amplificada por mana, reverberando por todo o salão de festas.
Mas o que ela fez foi apenas uma complicação na calmaria — E por isso, duas vozes ecoaram pelo salão agora silencioso.
"Irmão, ela está mandando todo mundo sair."
"Parece que ela descobriu algo."
***
ouvindo as duas vozes incomuns ecoando no salão silencioso, sob o peso da aura de Elva, Ash murmurou: "Começou de forma realmente inesperada."
"Começou... de forma realmente inesperada."
Elísia cerrava a mandíbula, seu olhar fixo em Ash. A expressão indiferente em seu rosto torcia algo profundo dentro dela. Ele mudou tanto, ela pensou, o peito apertado com uma mistura de tristeza e culpa.
Justamente então, a voz de Ash rompeu seus pensamentos.
"Ouça, não se envolva na luta. Apenas proteja a si mesma. Entendeu?"
"Como pode me pedir para—"
Ela tentou protestar, mas os olhos frios de Ash fizeram ela engolir as palavras. Houve um peso na expressão dele, algo que lhe dizia que não era hora de rebelar-se.
"Você sabe por que estou dizendo isso. Não faça o que fez antes," suas palavras perfuraram a mente dela, uma ordem envolta de preocupação.
Elísia permaneceu em silêncio, seu coração afundando.
"Fique atrás de mim," Ash ordenou, de costas para ela agora, como uma parede intransponível.
Olhando para ele, a maneira como seus ombros se tensionavam com o peso, Elísia não pôde deixar de pensar: Ele deve ter sofrido tanto... por minha causa. O pensamento a incomodava, mas ela o abafou, focando no que estava por vir.
Uma voz, suave e calma, quebrou o silêncio.
"Irmão, não seria melhor começarmos com o plano?"
"Você tem razão. Vamos começar," respondeu uma voz escura e paciente.
De repente, Elva apareceu na frente deles, como se tivesse surgido do nada.
Ninguem ali viu ela se mover, mas todos sentiram. A quantidade de poder que ela carregava.
"Quem é você?" A voz de Elva cortou a tensão como uma lâmina, firme e inabalável.
Antes que pudesse terminar, todos os outros instrutores apareceram de uma vez, cercando os dois estudantes instantaneamente. O ar estalou, e a presença deles era inegável.
Na Academia Estrelar, nenhum instrutor era menos que Rank Lendário — pelo menos Rank S. Cada um deles tinha força suficiente para devastar uma cidade apenas com sua vontade.
E agora, todos estavam focados nos dois estudantes que, em vez de sentir pressão, apenas sorriam.
"Mais pessoas estão vindo," disse um deles com um toque de diversão. "Que pena que somos só nós dois."
"Isso mesmo. Queria provar o sangue daquela mulher forte. Mas ela é forte," respondeu seu parceiro, as palavras carregadas de uma ânsia inquietante.
O estômago de Ash virou de desgosto. Esses caras são insanos. Sua mente acelerou ao perceber o que estava ouvindo.
Eles estavam suportando a pressão de tantos instrutores, além da vice-diretora Elva, sem demonstrar medo algum.
Eles não são normais. De jeito nenhum.
De repente, o demônio chamado Zerak largou uma esfera negra no chão. O som de sua queda ecoou pelo salão, pesado e oco.
Zerak sussurrou algo por baixo da respiração, sua voz clara, fria e quase casual enquanto soava na sala.
"Bem, vamos ver como os jovens humanos gostam de, hein."
As palavras caíram um calafrio por todos na sala, como se a temperatura tivesse caído dez graus num instante.
***
[Elva Penas]
"Irmão, ela está mandando todo mundo sair."
"Parece que ela descobriu algo."
Ao ouvir essas vozes, Elva sentiu a raiva subir no peito. Sabia que ninguém na sala, sob o peso de sua aura, poderia falar tão calmamente assim.
Eles não são estudantes.
Elva pensou, seus sentidos captando a energia sombria e ameaçadora que emanava deles, uma energia que ela não havia notado antes.
Ela summiu de sua posição e apareceu na frente deles, sua aura agora totalmente focada nos dois.
Ela exclamou: "Quem são vocês?" Mas eles não responderam, simplesmente ignorando-a.
São mais fracos que eu, refletiu Elva, mas se eu começar a lutar aqui, os estudantes vão acabar no meio do fogo cruzado.
Justamente aí, como querendo aliviar sua preocupação, os instrutores da academia apareceram, cercando aquelas duas figuras disfarçadas de estudantes.
No momento.
A jogada habitual de Elva desapareceu. Agora ela estava absolutamente séria.
Mas antes que pudesse agir, um deles largou uma esfera negra no chão enquanto murmurava, sua voz ecoando alto pelo salão.
"Bem, vamos ver como os jovens humanos gostam de, hein."
Os instintos de Elva gritaram para que ela evitasse que a esfera tocasse o chão, mas ela foi tarde. No momento em que tocou o chão, tudo mudou.
Num piscar de olhos, Elva se viu do lado de fora do salão, ao lado de todos os instrutores.
Droga!
Ela olhou ao redor, incrédula. Todo o perímetro do salão estava envolto por uma barreira negra espessa. Seus dedos tocaram nela, e ela sentiu o poder da energia sombria.
Não consigo romper sozinho.
O pensamento queimava em sua mente. A situação era pior do que imaginava. A diretora e os demais santos estavam ocupados com outros assuntos e não poderiam ajudar a tempo.
"CÓDIGO DE EMERGÊNCIA, PRIORIDADE MÁXIMA!" Elva berrou, sua voz amplificada por mana. "Chame todos os instrutores e ataquem a barreira. Temos que destruí-la."
Seus pensamentos aceleraram enquanto o peso da situação a sobrecarregava. As crianças estão lá dentro... Tenho que fazer tudo que puder para quebrar isso.
***
Ouvindo as vozes ecoando pelo salão, Ray sentiu algo rastejar sob sua pele — um desconforto nauseante que se enrolava no seu estômago e se recusava a desaparecer.
E então, ele sentiu.
D-Demônios…
Aquela presença familiar e amaldiçoada.
O sangue em suas veias virou lava, e uma onda de fúria não natural explodiu do fundo do seu coração, crescendo como uma maré pronta a afogar tudo ao seu redor. Foi quando o sistema alertou.
**
[Missão de Emergência Gerada]
[Missão: Matar ambos os demônios]
[Descrição: Devido à perturbação no destino causada pelo Perturbador do Destino, a dificuldade desta missão foi elevada. Mate as Duas Calamidades e evite um massacre. Cuidado—esta luta estará além do seu nível. Porém, maior risco, maiores recompensas.]
[Recompensa: Mapa do Tesouro Antigo, +50 em Todas as Atributos, Nova Afinidade Desbloqueada, 1000 Pontos do Sistema]
**
A janela da missão brilhante pairava silenciosa diante dele, mas a mente de Ray já não estava mais silenciosa.
Demônios… demônios… demônios.
Ele apertou os punhos. As unhas mergulharam na palma das mãos. O calor que subia dentro dele não era de adrenalina — era ódio. Ódio puro, cega.
{SAIA DESSA, SEU INÚTIL!}
A voz retumbante de Aetheris explodiu na mente de Ray como um tapa na alma. Tirando-o do limiar — ele nem tinha percebido que sua respiração tinha ficado errática, que sua pegada na espada se apertava cada vez mais.
{Sei que você odeia demônios. Mas isso? Isso é pura loucura. Um espadachim precisa manter a calma em qualquer situação. Mesmo uma distração emocional pode significar a morte. E você — quase sacou sua espada enquanto perdia a cabeça.}
Ray respirou com dificuldade, os ombros tremendo.
{Isto não passa de loucura. Um espadachim deve permanecer calmo em qualquer circunstância. Uma centelha de emoção... até a menor distração pode levar à morte. E você — prestes a sacar sua espada enquanto perdia a razão.}
{Idiota mortal. Mesmo que precise morder a língua ou cerrar os dentes até racharem, nunca perca a compostura na batalha.}
Desculpe, sussurrou Ray internamente.
{Contanto que você entenda.}
Mas, mesmo após a desculpa, a fúria ainda fervia dentro dele.
Aurora, que tinha acabado de falar com Ray alguns momentos atrás, agora estava tensa, em alerta, percebendo a mudança no ar. Ela não era a única.
Todos estavam tensos. Ethan, Irvin, Lyra, Grace, Amelia — todos estavam paralisados, gotas de suor escorrendo pelas testas. Poucos instantes atrás, a pressão de Elva os fazia quase sufocar, mas agora, ela tinha desaparecido.
No instante em que a esfera negra tocou o chão, todos os instrutores sumiram.
E aí, a verdadeira compreensão veio.
Estavam sozinhos.
Sem professores.
Sem guardas.
Um silêncio oco caiu.
Medo.
Isso foi o que todos sentiram quando seus olhos se voltaram para os responsáveis.
As duas figuras permaneciam ali, lado a lado — sorrindo.
Elas observavam as crianças tremendo, com sorrisos largos e brilhantes. Olhos cheios de diversão perversa. Aquele tipo de sorriso que predadores usam quando a presa está encurralada.
Então, falaram.
"Agora estamos completamente sozinhos," sussurrou um, lambendo os lábios.
"Hehe… vamos aproveitar lentamente."
Seus corpos começaram a se torcer e esticar.
Ossos estalaram. Músculos inchados. Carne pulsava de forma anormal enquanto ganhavam altura — cerca de seis pés. Um deles era largo e musculoso, cada movimento fazendo a pele pulsar de poder.
O outro era mais magro, mas nada menos ameaçador. A pele deles tinha um tom vermelho-escuro, e os olhos ardiam em crimo.
As brancas dos olhos tinham ficado totalmente pretas. Cada um tinha um único chifre afiado curvando-se dos lados da cabeça.
Chifres afiados e irregulares, curvados como lâminas forjadas na própria noite.
Miraak e Zerak... pensou Ash, reconhecendo a aparência deles pelo romance, É realmente eles.
Em algum lugar no seu coração, ele ainda esperava que não fossem as Duas Calamidades — mas agora, aquela esperança frágil desapareceu.
Então, eles liberaram tudo.
E, de repente, uma onda esmagadora de energia demoníaca explodiu para fora, cortando o ar, empurrando os estudantes como um muro de ódio e morte.
Os olhos de Ash se estreitaram.
Eles estão no nível de Demônio de Elite…
No enredo original, quando apareceram pela primeira vez, já eram do nível Senhor Demônio. Ash esperava que estivessem mais fracos por aparecerem cedo, pelo menos ao nível de Arquinimigo.
Mas isto… isto era mais fraco.
Eles estão mais fracos que no romance… Talvez por aparecerem tão cedo… Mas ainda assim—
Seu raciocínio não parava.
Mesmo que não sejam Lordes Demônio, ainda assim são Demônios de Elite. Monstros. E aqui só há estudantes… pouco mais de trezentos de nós. Sem instrutores. Sem guardas. Sem reforços.
Até os guardas da academia, todos pelo menos mestres, tinham sido expulsos junto com os instrutores.
Eles ainda podem nos massacrar… brincar conosco como se fossemos brinquedos. Mas, pelo menos...
As habilidades deles talvez não estejam no nível máximo.
Respirou fundo.
Isso trouxe um leve alívio.
Mas os outros não estavam tão calmos assim.
Seus rostos se contorceram de horror enquanto a pressão os esmagava.
"Q-Que… que diabos…?" murmurou Ethan, com os olhos arregalados, a voz trêmula.
Irvin apertou tanto os punhos que as juntas ficaram brancas, mas não falou nada.
Lyra e Grace tremiam como os demais. A maioria dos estudantes havia se agrupado, buscando conforto um no outro, embora soubessem que não encontrariam.
Amélia segurava forte o colar que seu avô lhe deu. Os lábios tremiam enquanto ela sussurrava uma palavra que só ela ouvia.
Vovô…
O medo no salão era palpável. Era denso. Envolto em silêncio e desespero.
Então, Miraak inclinou a cabeça e falou novamente, em uma voz como gelo deslizando pela espinha.
"Devo colocá-los para dormir primeiro? Ou fazemos como antigamente?"
Zerak riu, pausado e profundo, "Hm. Apenas faça eles dormirem. Quem sabe quais truques os humanos prepararam. Não podemos descuidar."
Miraak concordou, os olhos carmesim brilhando como brasas em uma fornalha.
"Certo então," disse, levantando uma mão preguiçosamente enquanto observava os rostos assustados.
Seus dedos se curvaram formando uma garra.
E, então, com uma voz carregada de veneno, sussurrou:
"Maldição do Sono."