
Capítulo 65
Poder das Runas
"Vamos acelerar," Irvin pediu, praticamente puxando-o pelo braço.
"Por que você está tão empolgado?" Ray perguntou, embora o sorriso que ameaçava surgir em seus lábios o entregasse.
"Os seniors do segundo ano estão voltando! Você sabe... os veteranos. Podemos aprender muito com eles," disse Irvin, olhos brilhando como se estivesse imaginando alguns heróis lendários.
{Por que você precisa da orientação de uns pirralhos ainda bretas, quando eu sou o grande eu mesmo?}
Não é como se você se lembrasse de algo útil.
{Hmph, mortal tolo. Mesmo um pouco da minha memória vale mais que—}
Ok, ok, entendi. E não é bem sobre orientação, é só...
{Só... o quê?}
"..."
{Hah, nem você sabe por que está empolgado. Pirralho.}
Cale a boca.
"Ei! Está viajando de novo?" Irvin chamou da frente.
"Yeah, tô indo!"
Ray e Irvin caminharam juntos em direção à multidão crescente perto dos portões principais da Academia.
Estudantes estavam de ambos os lados, deixando o caminho central bem livre, como um palco esperando alguém importante.
Parecia mais uma cerimônia de boas-vindas do que uma reunião de estudantes.
O ar vibrava de excitação, curiosidade e um leve de inquietação.
"Todos os mil estudantes do primeiro ano veio aqui?" Ray perguntou, olhando para a multidão enorme que se estendia pelos dois lados do pátio.
"Não sei," Murmurou Irvin, tentando contar as cabeças, "mas parece que sim."
"Olha! Os portões estão abrindo!" alguém gritou lá na frente.
Os pesados portões pretos rangeu ao se abrirem lentamente, os símbolos antigos neles brilhando suavemente com magia.
***
No telhado de um prédio próximo, Ash permanecia imóvel. Seus olhos fixos na porta da academia, que lentamente se abria com um rangido pesado.
Estudantes começaram a entrar, vestindo uniformes pretos, carregando o orgulho de terem voltado após o primeiro ano.
Seu olhar acompanhava seus movimentos, mas sua mente viajava outra vez,
Espero que nada seja diferente do romance…
Esse pensamento silencioso nem mesmo se instalou completamente quando algo afiado atravessou seu corpo.
RIIIIIINNNGG GGGGG!!!
Parecia gelo deslizando por sua pele, como um aviso profundo nos ossos. Sua respiração ficou presa e cada músculo do seu corpo ficou rígido. Ele virou a cabeça na direção daquela sensação fria e estranha.
Não consegue explicar, mas algo parecia errado.
Que diabos... foi isso?!
Centenas de estudantes passavam pelo portão, sorrindo, conversando, alguns acenando para os amigos. À primeira vista, tudo parecia normal, mas aquela sensação incômoda continuava cavando mais fundo dentro dele.
Seus olhos se moveram freneticamente.
De onde vem isso? Onde?!
Malditos destinos!!!
Nunca tinha lido nada tão ominoso na volta do segundo ano.
É energia demoníaca... mas tem algo errado—Por que eu consigo senti-la enquanto os outros não?
Por mais que procurasse, não conseguia encontrar a origem.
Com os dentes cerrados, Ash tentou acalmar a ansiedade crescente, mas seu coração acelerou. Os sussurros dos estudantes abaixo chegavam aos seus ouvidos, mas nada deles se consolidava claramente.
"Ei, aqueles são os do segundo ano, né?"
"Sim, a avaliação do primeiro ano já acabou, então eles já são oficialmente veteranos."
"Os do terceiro ano vão subir também, e os do quarto ano logo vão se formar."
Preciso me acalmar.
Ash respirou fundo devagar e fechou os olhos, concentrando toda sua atenção na sensação estranha que rastejava sob sua pele.
Dentro do seu corpo, seus Núcleos Primordiais pulsavam como um segundo coração, e as runas gravadas neles brilhavam levemente.
Mas Ash não se concentrava nelas, sua mente estava ocupada com algo muito mais importante.
Os encontrei.
Mas lá no fundo da multidão em movimento, justo quando os portões enormes começaram a se fechar, duas figuras passaram por eles.
A respiração de Ash ficou presa na garganta.
Isso não está certo. Era pra serem duas? Não... no romance, só tinha uma.
A Ash apertou os punhos, uma sensação de desconforto apertando seu peito.
O futuro desviou, e eu não sei se é bom ou ruim.
Mas a parte mais assustadora era que Ash não tinha ideia de quem eram aquelas duas, ou que tipo de poder possuíam.
A coisa mais perigosa em uma batalha é enfrentar o desconhecido.
Nenhuma delas parecia suspeita. Seus rostos estavam calmos, os movimentos naturais, igual aos outros estudantes que voltavam. E talvez isso fosse exatamente o que tornava tudo tão inquietante.
Eu posso sentir—essa energia demoníaca densa e avassaladora. É como uma tempestade escondida sob águas calmas. Mas os instrutores não estão reagindo. Será que… só eu consigo senti-la?
O pensamento penetrou fundo, causando uma inquietação dentro dele.
Será que é o Núcleo Primordial de novo? Outro efeito dele?
Ele não podia ter certeza, mas seus instintos sussurraram um silêncio afirmativo.
Deve ser porque meu corpo finalmente se adaptou ao núcleo, e agora ele começa a revelar seus outros efeitos.
Seja qual for a razão, isso era útil, pois se ele podia sentir essa ameaça à distância, não precisaria esperar os demônios se revelarem.
Seus olhos permaneciam fixos neles, sem piscar.
E então, sem palavra ou sinal, as duas figuras pararam.
Quase ao mesmo tempo, elas lentamente voltaram a cabeça para cima, como se sentissem o peso do olhar dele.
Exatamente para ele.
***
"Irmão," Murmurtou Miraak, sua voz quase mais fraca que o vento, "Eu senti… alguém nos observava."
Zerak não respondeu imediatamente. Seus olhos se desviaram para o telhado antes de voltar ao caminho à frente.
"Eu também senti," disse finalmente com uma voz calma e firme, "Mas desapareceu quase assim que olhamos para ela."
As sobrancelhas de Miraak franziram um pouco. "Será que eles perceberam algo? Alguém nos detectou?"
"Não precisa surtar," Zerak zombou, com um tom carregado de desprezo. "Essas criaturas ignorantes são fracas. Desde que você não revele sua energia, eles não perceberão nada."
"Mas mesmo assim," murmurou Miraak, a voz escurecendo, "não gostei de saber que alguém estava nos observando. Gostaria de arrancar os olhos de quem fosse."
Zerak soltou uma leve risada e disse: "Faça isso, mas mesmo que eles tenham sentido algo estranho, não vai adiantar. Instintos não valem nada quando estão enfraquecidos por sangue fraco. Nós escondemos nossa energia demoníaca fundo. Eles não vão perceber. Relaxe."
Miraak finalmente assentiu, voltando a caminhar ao lado do irmão. "Você tem razão. É quase decepcionante, na verdade. Passar pela detecção deles foi muito fácil."
Um sorriso de canto apareceu nos lábios de Zerak. "Exatamente. Por isso tenho nojo desses bandos de sangue sujo—começando a se achar superiores, quando na verdade não são nada além de insetos."
Miraak, com um risinho, completou: "Estavam todos sorrindo, parecendo tão ansiosos para receber de volta seus prodígios preciosos, feitos idiotas."
"Deixe-os sorrir," Zerak murmurou. "Assim seus gritos serão ainda mais satisfatórios."
Com uma voz mais baixa, suas palavras soaram carregadas de uma promessa.
"Vamos matar primeiro o garoto de ouro. Depois, cada um forte que sobrar. Destruí-los antes que percebam que o pesadelo começou."
Os olhos de Miraak brilharam, uma expressão pervertida de prazer surgindo.
"Dessa vez," sussurrou, "vamos fazer lentamente. Quero ver de que jeito eles sentem medo."
"Hehehe hehehe"
***
Eles me viram?
A mente de Ash acelerou enquanto ele descia apressado do prédio.
Espero que não. Não quero enfrentar algo desconhecido…
Seus pensamentos se agitaram. Devo avisar os instrutores?
Antes que pudesse decidir, uma voz surgiu à sua frente.
"Ei, o que você está fazendo aqui?"
Ash parou, amaldiçoando por dentro.
Droga, de novo... ela sempre aparece na hora errada.
Ash suspirou e olhou na direção dela. "Por que você veio de novo? Já te falei, não sou quem você está procurando."
***
Poucos minutos antes...
"Para onde ele vai?" murmurou Elysia, estreitando os olhos enquanto observava Ash caminhando silenciosamente em direção ao prédio de hóspedes ao longe.
Espera… essa não é a oportunidade perfeita?
Ele não está treinando desta vez… talvez eu possa finalmente pegá-lo fazendo algo suspeito. Eu sei_ que ele está escondendo algo._
Ela se virou para os outros e disse casualmente: "Ei, já volto."
"Para onde você vai? Os veteranos estão chegando!" Grace perguntou com uma expressão dramática de tortured.
"Esqueci de alguma coisa importante. Não vai levar muito."
"Tudo bem, tudo bem, volte logo," disse Grace, cruzando os braços. "Pelo menos eu ainda tenho Lyra e Melissia comigo."
"Sim, volte logo!" acrescentou Lyra, sorrindo.
"Heh, é..."
Antes de virar para sair, Elysia lançou um olhar prolongado para Melissia.
Ela ainda não superou, né…
Nas últimas três semanas, Melissia tinha se tornado uma sombra de si mesma—quieta, distante, nem mesmo ficava nervosa como de costume.
Outros talvez não tivessem percebido. Mas Elysia?
Ela sentia isso.
Será que Ray realmente a rejeitou? Tsc, aquele idiota cego… provavelmente nem percebeu.
Mas não é algo que posso consertar. Algumas coisas você tem que passar sozinho… coração partido faz você crescer.
Com esse pensamento enterrado sob um suspiro, ela se mexeu, atravessando a multidão, seguindo Ash como uma sombra.
E agora, lá estava ela.
"Por que você voltou aqui de novo? Já te disse—não sou quem você está procurando."
Ash perguntou com uma voz fria e indiferente,
"Quem, eu?" Elysia levantou uma sobrancelha e cruzou os braços, fingindo naturalidade com um sorriso malicioso, "Não vim por você, sabia. Foi você que me procurou primeiro—tinha algo pra fazer."
Depois ela sorriu de forma travessa.
"Calma… não me diga. Você está me stalkeando?"
Ash apertou os punhos e tentou passar por ela, ignorando-a como de costume.
Ela percebeu e riu. "Ah! Viu só? O destino! Encontramos de novo. Por que não—"
"Estou ocupado," ele disse, de forma lisa.
[Verdade]
Elysia olhou para a janela flutuante e fez biquinho.
Idiota.
"Com o que você está ocupado?" ela perguntou, inclinando a cabeça.
"Não é da sua conta," ele respondeu de forma seca.
"Vamos lá, só me diga. Se não disser, vou ficar contigo o dia todo."
"...Que, você é uma ki—"
"Hehe~ Claro que sou criança," ela disse rápida, fazendo um sorriso travesso.
"Já te falei pra ficar longe de mim."
"Sim, sim, você falou. Mas estou aqui. Você não me assusta, sabia?" Ela zombou.
"Tenho que treinar, ok? Me deixa em paz."
[Mentira]
{A/N: Alterar 'False' para 'mentira'}
Isso é uma mentira, ela pensou, observando de relance a janela de mensagem flutuante. Ele não está treinando. Então, o que ele realmente está fazendo?
Mesmo assim, manteve o tom leve.
"Tudo que você faz é treinar, treinar, treinar. Como se o mundo fosse explodir se você parar por um segundo."
Ash não parou, mas respondeu, sua voz mais baixa agora, com uma frieza incomum.
"Sim… os demônios e anjos vão inundar o mundo se eu não treinar e impedí-los. Então, me deixe em paz—é para seu próprio bem."
"Que piada—"
Elysia parou no meio da frase.
Ela não conseguiu terminar.
Pois naquele momento, a janela do sistema apareceu novamente.
Ash continuou a andar, sem sequer olhar para trás.
Mas Elysia ficou ali, a respiração presa na garganta, seus olhos fixos nas palavras brilhantes e inegáveis que flutuavam à sua frente.
[Verdade]