
Capítulo 66
Poder das Runas
"Sim… os demônios e anjos irão invadir o mundo se eu não treinar e detê-los. Então, fique longe de mim—é para sua própria segurança."
"...Que tipo de brincadeira—"
Elysia parou no meio da frase.
As palavras morreram nos seus lábios, presas em um ponto entre descrença e compreensão.
Ela não se moveu.
Não respirou.
Seus olhos fixaram nas letras brilhantes que surgiram repentinamente diante dela.
Ele continuou andando normalmente, como se não tivesse dito algo absurdo—algo que, até então, ela teria rido e descartado.
Mas agora… agora sua habilidade confirmou isso.
[Verdade]
Ela encarou a palavra, sua mente entrando em spirale.
Ele não estava mentindo.
Ele realmente queria dizer aquilo.
Ela ficou ali em silêncio, sem saber o que fazer.
Os demônios. Os anjos. O fim do mundo.
A preparação… a razão para se manter afastado de mim… sua mudança de natureza… tudo faz sentido agora.
Ela mordeu o lábio, incerta sobre seus próximos passos.
***
"Ray, ali na frente," disse Irvin, estalando os dedos bem na frente do rosto de Ray.
Ray piscou, vindo de pensamentos vagos enquanto seus olhos seguiam a direção apontada por Irvin.
"Viu? Na frente da formação dos seniors. É ela. A primeira colocada invicta dos segundos anos."
Um silêncio caiu na mente de Ray enquanto seu olhar se fixava na garota.
Ela se movia com autoridade tranquila, com cabelos negros como a meia-noite fluindo atrás dela em ondas suaves, capturando a luz do sol o suficiente para parecer quase cósmica. Enquanto seus olhos rosa-claro brilhavam como poeira estelar presa em vidro, refletindo aspectos que olhos comuns não deveriam captar.
A multidão se movia junto com ela, não ao redor—como se ela fosse o eixo, e eles a massa em órbita.
"Ela… é linda," murmurou Ray, as palavras escapando antes que seus pensamentos pudessem controlá-las.
Irvin bufou, com um sorriso de deboche e diversão, embora seus olhos permanecessem fixos na mesma figura. "Você fala isso toda vez que vê alguém de cabelo comprido e olhos cintilantes."
Uma cor subiu pelo pescoço de Ray enquanto ele desviava o olhar, murmurando algo ininteligível. "Não é isso."
"É sim. Tenho certeza que falaste a mesma coisa da instrutora Elva mês passado."
"Isso foi diferente! Ela… ela tinha carisma!"
"Carisma, minha cabeça," replicou Irvin, sorrindo e dando uma palmada nas costas de Ray com força suficiente para fazê-lo tropeçar um passo. "Você só gosta de mulheres poderosas. Admito."
Ray tentou esconder o rosto, fingindo estudar as nuvens, mas a verdade estava toda em sua vermelhidão.
{Tsk. Muito patético. Sua geração não tem disciplina. Sempre distraída. Sempre guiada pelo desejo. Onde está sua autodisciplina?}
Você parece ressentido para alguém que é uma espada.
{Cuidado com a língua. Não sou uma espada qualquer—sou Aetheris, O Ceifador de Deuses, temido e venerado por todos os reinos. Uma vez fiz dragões ajoelharem e deuses chorarem.}
Ray suspirou, tentando bloquear as divagações dramáticas do espírito, mas Irvin não parava de falar.
"Quer saber o que realmente a torna especial?" ele perguntou, sua voz caindo como se fosse revelar algum segredo ancestral.
Ray voltou seu olhar para a garota, que agora caminhava com segurança em direção a eles.
"Ela não é só a mais forte do segundo ano. Ela tem uma classe única também—*Feiticeira Estelar*."
"Ela não é só bonita, cara. É a melhor do primeiro NÃO!, do segundo ano inteiro da academia."
Feiticeira Estelar… huh.
{—O QUE VOCÊ DISSE?!}
Antes que Ray pudesse assimilar a enxurrada de pensamentos, a voz de Aetheris explodiu em sua mente—um trovão que o sacudiu até o âmago, muito mais violento do que qualquer coisa que já tinha sentido com a espada antes.
Por que está gritando?!
{Seu maldito tolo! Você me disse que tinha olhos para aquela garota da Lua… qual era o nome dela mesmo? Elysia? A que você não consegue parar de pensar.}
Eu— Ray hesitou, de repente inseguro de como responder.
Ray hesitou, seu coração batendo estranho no peito.
Sim… talvez um pouco. Qual é o seu ponto?
{Lua e Estrela… juntas na mesma era... o equilíbrio será destruído... Não, não!!... os céus vão colapsar...}
A voz de Aetheris tremeu—não de medo, mas de uma emoção mais profunda e perigosa.
O quê? Você não faz sentido—
{OUÇA, ARREPENDIDO INSETO.}
Ray quase tropeçou.
{Ouça com atenção. Isso é um paradoxo. Um erro nos fios do destino. Lua e Estrela não devem brilhar juntas. Você sabe o que significa luzir ao mesmo tempo?}
Algo na forma como Aetheris disse aquilo fez parecer real, perigoso.
Isso está me deixando assustado.
{Bom. Você deve estar com medo. Mesmo com os fragmentos de memória que me restam, mesmo com tudo que foi escondido por sua fraqueza, eu lembro o suficiente para saber isto—Lua e Estrela nunca deveriam coexistir na mesma era.}
A boca de Ray ficou seca.
O que você está dizendo? Que algo ruim vai acontecer se ambos continuarem vivos?
{Não. Estou dizendo que algo pior ocorrerá se permanecerem. A presença deles cria ruído onde deveria haver harmonia. Uma dissonância no ritmo divino. Você deve escolher um, ou acabar com o outro... antes que seja tarde demais.}
O que virá…?
Você não faz sentido—só me diga o que você sabe!
{Não me lembro com clareza. A maior parte está presa por trás de sua fraqueza patética. Mas lembro o suficiente para saber isto: um deles deve morrer. Se continuarem vivos juntos, o próprio céu se dividirá, e quando isso acontecer, algo mais responderá ao chamado.}
Você está dizendo—se ambos continuarem vivos… algo pior vai acontecer?
{Pior? Haha! Essa palavra não é suficiente. Pense assim—duas melodias divinas se chocando, tentando tocar ao mesmo tempo. A canção vira barulho. A harmonia se transforma em caos. E do caos… nada de bom surge.}
Isto é loucura. Você me diz para matar alguém só por causa de um simbolismo cósmico?
{Não estou pedindo. Estou avisando. Ainda não lembro de toda a história, mas agora sei por que acordei. Não foi só por acaso. O destino—me puxou do sono. Chamou uma arma. E você, Ray… é essa arma. Você é o escolhido.}
Escolhido…?
Irvin olhou para ele, franzindo o cenho. "Ei, você tá bem?"
Ray não respondeu.
{Você pode negar agora, mas o destino vai te obrigar a escolher.}
Ray apertou os punhos. Mas seus pensamentos logo se perderam, afogados pela crescente tensão em outro canto da academia—Ash também se movia rapidamente, com o coração pesado e cheio de incerteza.
***
No romance, um Demônio de Elite (Rank B) entrou na academia... mas Ray conseguiu derrotá-lo usando Overclock,
Ash mordeu o lábio inferior, as sobrancelhas franzidas.
Ele já tinha enfrentado aquele demônio na masmorra sem muita dificuldade, então pensei que dessa vez seria tranquilo também... mas tudo está indo por água abaixo.
Ash se moveu rapidamente, seus passos ecoando suavemente pelo corredor. Seu coração não batia acelerado, mas sua cabeça estava alta—cheia de ruído, de uma forma quase insuportável.
No romance, os demônios só vinham atrás de Ray… por causa de seu halo de protagonista. Queriam cortar as raízes antes que a árvore pudesse crescer.
Mas agora… não sei mais. Não sei como tudo isso vai se desenrolar.
Sua mente parecia se partir. Ele não sabia a força do inimigo. Mal sabia quem eram. E essa incerteza o consumia.
O Diretor deve ter saído da academia… provavelmente com os Outros Sete Santos. Tudo por causa daquele idiota. Então, só a Vice-Diretora Elva está aqui agora—e ela é a mais forte restante.
Ele tentou não pensar demais nisso. Pessoas de rango mítico não eram fáceis de encontrar. A maioria estava fora lutando ou gerenciando masmorras em todo o continente. E demônios não estavam mais sendo discretos.
Pelo que sei, aquele demônio usou algum dispositivo de isolamento espacial. Algo que criou uma barreira… um espaço separado que cortava Ray e os outros do mundo. Ninguém percebeu nada até Ray destruir o dispositivo—e só então os instrutores chegaram e salvaram todos.
Ash deu uma olhada rápida na sua aliança de espaço, pensando: Tenho bastante coisa preparada—bomba de fumaça, pergaminho de teletransporte, 2-3 poções de mana, 2-3 poções de cura, e outras coisas. Preciso lutar ou de alguma forma conseguir ajuda.
Devo avisar a Vice-Diretora Elva...? Mas o que eu diria? Que eu simplesmente… sei que vai acontecer?
Ele passou a mão na testa, os dedos puxando o cabelo.
Não posso arriscar chamar atenção. Se eu falar algo e ela perguntar como sei, o que faço? Digo que li isso num romance?
Ela vai pensar que estou louco.
E ainda assim, não fazer nada parecia pior.
"Vou me sentir um lixo se não tentar impedir… se o povo morrer e eu apenas assistir."
As palavras saíram suaves, quase um sussurro—mas carregadas de peso.
"Só alguns trabalham em duplas do lado do demônio..."
Ele murmurou baixinho, as palavras do romance entrando como uma brisa fria.
Por favor, não deixem que sejam eles… Miraak e Zeraak—a Calamidade Gêmea.
Ele sentiu os dedos tremerem.
"Se for esses dois… estamos ferrados."
***
Nota do autor: Esta capítulo foi escrito um pouco às pressas, então, se algo parecer estranho—culpe o relógio, não a mim 😭 Ainda assim, espero que tenham gostado! Deixem seus comentários abaixo, eu estou sempre lendo 👀