Poder das Runas

Capítulo 53

Poder das Runas

Os lábios de Leira curvaram-se em um sorriso selvagem, seus dentes afiados brilhando sob a luz fraca da masmorra. O chão sob ela sibilava, rachando-se como se recuasse de sua presença.

"Você é uma criatura interessante," ela ronronou, inclinando a cabeça, sua voz uma ameaça sedosa. "A maior parte das pessoas morre quando eu arranco seu coração."

Ash encolheu os ombros, faíscas de eletricidade cruzando suas pontas dos dedos,

A força vibrava em suas veias, arcos de relâmpagos saltando entre seus membros, a energia inquieta e violenta.

Ele exalou com força, expressão indecifrável.

"Você fala demais."

E então—ele se moveu.

Durante sua reformulação corporal, ele havia adquirido algo inesperado da Runa do Conhecimento—algo que não havia sido mencionado no romance.

Ele leu o maior número possível de livros da biblioteca: sobre teoria da mana, os fundamentos da magia e muitos outros.

Experimentou diversas formas de usar a mana, buscando inspiração em romances, na imaginação e em outras fontes.

Porém, a manipulação perfeita de mana sempre permaneceu só na teoria, fora de seu alcance. Seu progresso era frustrantemente lento.

Contudo, durante o processo de reformulação, seu conhecimento acumulado transformou-se em algo profundo e impactante—Insight, que foi absorvido diretamente em sua consciência.

Por essa razão, sua habilidade de manipular mana disparou, atingindo níveis comparáveis aos de gênios comuns. O único passo restante era a execução.

Um relâmpago explodiu sob seus pés enquanto ele avançava com tudo. O piso de pedra sob seus pés rachou, formando um pequeno crater onde ele estivera de pé.

Sua espada moveu-se em um arco, envolta em fúria elétrica, seu aço negro brilhando como uma lâmina forjada na tempestade. Faíscas dançaram ao longo da lâmina enquanto ela cortava o ar, direcionada direto ao pescoço de Leira.

Clang!

Ela usou sua mão restante para bloquear o golpe. Suas garras encontraram o aço, e por um instante, o mundo parou. Uma pulsação de energia irradiou-se do ponto de impacto, espalhando detritos soltos pelo chão.

As paredes tremeram sob a força brutal do confronto.

A energia demoníaca colidiu contra relâmpagos puríssimos, forças brutas lutando por domínio. Então—

Uma onda de choque estourou entre eles, lançando poeira e detritos pelo ar. Os archotes nas paredes da masmorra piscavam violentamente, suas chamas lutando para permanecer acesas.

Leira sorriu, imperturbável, seus olhos vermelhos brilhando com uma luz quase brincalhona.

"Rápido," ela refletiu, seus músculos contraindo-se.

Então—ela desapareceu. O chão sob ela explodiu em destroços, deixando apenas uma cratera onde ela antes havia estado.

Os instintos de Ash alertaram-no.

Por trás.

Mas ele foi tarde demais.

Um vendaval passou por seu ouvido enquanto ela surgia atrás dele em um borrão de movimento. Então—

Srrkk!!!!~

Uma garra afiada como uma navalha passou rasgando suas costas, perfurando seu manto, atravessando a carne. Sangue espalhou-se pelo chão da masmorra em manchas carmesim, o cheiro de ferro impregnando o ar.

Mas—

A ferida cicatrizou instantaneamente.

Seu manto, também, voltou a se unir, fios de sombra se entrelaçando perfeitamente, como se o tempo tivesse revertido.

O sorriso de Leira vacilou. "O que foi—?"

Ash girou, sua espada envolta em eletricidade pulsante. Seu corpo queimava de poder enquanto aprimorava sua força e reflexos com mana de relâmpago, seus movimentos mais afiados, mais rápidos. Seus músculos se contraiam, e sem hesitar—

"Trovão Fatal!"

Ele balançou a espada.

Relâmpagos condensaram-se ao redor da lâmina, focando-se em um único arco cego de destruição. A energia rugiu à frente, um raio feito carne, sua força pura fazendo o ar vibrar.

Os olhos de Leira se arregalaram.

Pela primeira vez—ela ficou chocada.

Ela já tinha visto magos humanos. Já tinha visto espadachins humanos. Mas ambos?

Aquele momento de hesitação foi suficiente.

O ataque atingiu seu centro—seu estômago.

Um estrondo ensurdecedor ecoou pela masmorra. O impacto fez-na escorregar para trás, os pés abrindo trincheiras na pedra enquanto ela lutava para permanecer de pé.

As paredes rachararam pelo impacto residual, poeira e destroços caindo do teto.

Um suspiro ofegante saiu de seus lábios enquanto a dor se expandia por seu torso. Sua mão restante tremeu ao tocar o ferimento. Seu outro braço ainda se fora—seccionado por Ray.

Seu estômago sangrava, a carne queimada e fumegante. O cheiro de demônio queimado enchia o ar, misturado ao aroma úmido da masmorra.

Ash observava a reação dela, sua mente acelerada.

Naquele ataque, ela foi realmente ferida.

Um sorriso se abriu em seu rosto.

Então é isso que significava quando diziam que ataques e feitiços à base de mana seriam potencializados pelo seu Núcleo Primordial. Isso nem era um feitiço—apenas manipulação bruta de mana. Sem magia nenhuma.

Devo começar a usar feitiços de verdade agora?

Pela primeira vez desde o começo da luta, ele percebeu que suas chances de vencer eram altas.

As garras de Leira tremeram levemente enquanto examinava a ferida. A eletricidade residual crackeava em sua pele, dificultando sua regeneração natural.

Ela apertou a mandíbula, uma frustração passando por seu rosto.

"Como…?" Sua voz saiu tensa, mas os olhos vermelhos queimavam de fúria.

"Como um humano consegue lutar tanto de longe quanto de perto?"

Seus dedos cravaram-se nas palmas, sua energia demoníaca exalando violentamente.

O próprio ar ao seu redor distorcia-se.

"Você é um demônio?"

Ash permaneceu em silêncio.

Essa ausência de resposta só a deixou mais irada.

"Responda, seu filha da mãe!"

Seus chifres brilhavam. O ar ao redor dela distorcia-se, pulsando com malícia incontrolável. Uma pressão diferente da anterior desceu sobre a masmorra, pesada e sufocante.

E então—ela desapareceu.

Ash reagiu instantaneamente, seus instintos gritando para que se mexesse, mas—

"Tarde demais."

A voz dela era um sussurro em seu ouvido.

Uma garra escavada atingiu suas costelas, lançando-o para trás com força brutal.

Estalo!

Ele impactou violentamente a parede da masmorra. A pedra se partiu ao contato, fissuras se espalhando por toda parte.

Poeira e detritos levantaram-se ao ar, a força do impacto fazendo blocos soltos caírem do teto.

Ash gemeu, forçando-se a levantar, sangue escorrendo de seus lábios. Suas costelas protestaram, mas ele já sentia-as se consertando.

A dor era aguda, mas passageira. Seu corpo se recuperava, se restabelecendo tão rápido quanto era ferido.

Mas não posso fazer nada contra a dor. Quero usar o Pensamento Onisciente… mas tenho medo do impacto que isso pode ter em mim.

Não vou usá-lo a não ser que seja preciso.

Leira pousou graciosamente alguns metros adiante, pisando sobre os destroços quebrados.

Ela o observou, seu olhar vermelho afiado e calculista, "Você é um demônio?", ela perguntou de novo, mais devagar desta vez.

Ash exalou, girando o pescoço. Seus músculos explosivamente energizados.

"Certo…" Ele apertou a empunhadura da espada. O aura do seu Núcleo Primordial ficou ainda mais instável, relâmpagos surgindo ao seu redor em ondas caóticas, formando uma tempestade indomável.

"Vamos parar de brincadeira."

Um silêncio carregado pairou entre eles. As paredes da masmorra gemiam sob a pressão de suas mana.

Leira clicou a língua, irritada. "Tsk, você consegue parar de irradiar essa porcaria de aura? Não está te deixando mais forte."

Ash ignorou suas palavras.

Se isso a distrair nem que seja um pouco, já está bom. E não é como se eu pudesse controlar sua aura ainda—vai levar tempo até ela se acalmar.

Ele deu um passo à frente, e então—

Usou uma das técnicas de movimentação que os guerreiros praticaram incessantemente na biblioteca.

[Passo do Relâmpago]

Mana de relâmpago envolveu suas pernas, por dentro e por fora, estalando como uma tempestade quase contida. Ele deu um passo adiante.

Um trovão explodiu no ar enquanto seu corpo se transformava em um relâmpago em fuga.

Os olhos de Leira se arregalaram.

Ele está mais rápido?!

Antes que ela pudesse reagir, uma estocada carregada de relâmpagos veio na direção dela, a espada negra vibrando com energia cracklante.

Ela mal conseguiu interceptar, suas garras brilhando com energia demoníaca, desviando o golpe.

A impacto gerou uma onda de choque que rasgou a masmorra, paredes desmoronando, destroços voando como estilhaços.

Mas Ash já tinha desaparecido.

[Passo do Relâmpago]

Ele reapareceu ao lado dela, com o joelho coberto de mana de relâmpago impulsionando-se contra suas costelas.

Ela bloqueou com o próprio joelho, mas a mana, amplificada pelo Núcleo Primordial, abalou seu equilíbrio.

A diferença de estatísticas ainda era grande demais para causar dano sério, mas o ataque a desestabilizou.

Ash girou sua espada no ar, invertendo sua direção numa troca rápida de movimento, relâmpagos estalando—

Ela se abaixou, mesmo desbalanceada.

A lâmina passou por seus olhos por poucos milímetros.

Seus instintos dispararam.

Ela girou como uma serpente, dando uma rotação enquanto suas garras se estendiam, afiadas lâminas negras de pura destruição.

Ash recuou na última hora, as garras passando grazemente ao seu rosto, rasgando a bainha de seu manto.

Mas ela não havia acabado.

A energia demoníaca dela aumentou.

Ela se impulsionou do chão, a força esmagadora destruindo a pedra sob seus pés. No instante seguinte—ela estava bem na frente dele, com garras apontadas em direção à sua garganta.

Ash mal conseguiu defender, mas—

Sua joelho bateu com força no seu ventre, fazendo-o voar.

Seu tronco atingiu uma coluna destruída, o impacto sacudindo a própria masmorra. Sua visão ficou turva por um instante, mas ele não tinha tempo para respirar.

Leira já estava lá.

Ela avançou—

[Passo do Relâmpago]

Ash virou uma linha de luz e esquivou-se a tempo.

As garras de Leira rasgaram a pedra, transformando a coluna em poeira.

Um raio preto e azul passou rápido atrás dela.

Ash reapareceu no meio do ar, já pronunciando o feitiço—

"Lança da Tempestade!"

Um círculo mágico se formou acima de sua mão, e uma lança de puro relâmpago surgiu de seus dedos, a ponta chispeando com destruição condensada.

Ele a lançou.

Leira virou-se, seus instintos gritando para que se movesse. Mas já era tarde.

A lança atravessou seu ombro, detonando ao impactar.

Ela soltou um rosnado agudo enquanto seu corpo era jogado através de várias paredes da masmorra, pedregulho desabando atrás dela.

Poxa, até uma magia Rank 1 fez isso? Caramba, o Núcleo Primordial é forte demais, né?

Ash pensou, mas não esperou.

Relâmpagos percorriam seu corpo, aumentando sua velocidade, seus reflexos.

[Passo do Relâmpago]

[Passo do Relâmpago]

[Passo do Relâmpago]

Ele usou a técnica de movimento três vezes consecutivas, cada passo uma explosão de força estalante.

Embora consuma bastante mana, isso não importa para mim já que tenho dois núcleos, ambos com 140 pontos de mana...

Uma combinação de técnicas de movimentação que o transformou numa rajada de destruição relampejante.

Leira saiu dos destroços, sua energia demoníaca pulsando violentamente. Sua ferida já se fechava, os tendões negros de energia demoníaca costurando a carne de volta.

Mas a queimadura—a eletricidade residual fluindo por seu corpo—estava retardando sua regeneração.

Porém, o braço que ela perdera por Ray não mostrava nem um fio de regeneração.

Aquele maldito colocou a mão na minha arma preciosa…

Vou matá-lo.

O olhar dela se fixou em Ash.

Humano irritante.

Sua energia demoníaca aumentou.

E então—

Ela rugiu.

RROOOORRRR!!!!!!

Toda a masmorra tremeu.

A Ash mal deu tempo de reagir antes que o chão sob seus pés se partisse.

Uma tendão espinhosa preta surgiu, cravando-se no ombro dele.

Outro golpe, envolvendo sua perna, apertando com força de tirar o fôlego.

Leira apareceu acima dele, as garras brilhando com uma energia crimson sombria.

"MORRA!"

Ela mergulhou.

Ash rosnou.

Essa é a habilidade racial dela?

Todas as raças no mundo de Akumia tinham características e habilidades raciais. Os elfos eram proficientes em magia de vida e podiam contratar e comunicar-se com espíritos.

Os dragões eram exímios em mana e magia.

Os anões eram mestres ferreiros, alguns até com a habilidade de "sentir" as emoções do metal.

E, como todas as outras criaturas, os Demônios também tinham habilidades raciais—embora variando de demônio para demônio. Alguns tinham habilidades fortes, outros, fracas.

Ao ver o ataque vindo, ele não se moveu.

Deixou que as garras dela afundassem em seu estômago.

Seu corpo tremeu enquanto a energia demoníaca causava destruição por dentro dele. Tossiu sangue, vítima da corrupção da investida.

***