Poder das Runas

Capítulo 54

Poder das Runas

Ao perceber o ataque vindo, Ash não se moveu.

Deixou as garras dela cravarem seu estômago.

Uma dor brutal e visceral rasgou seu corpo enquanto a energia demoníaca escorregava por dentro dele, infiltrando-se nas veias como ácido corrosivo.

Seus nervos gritaram, seu corpo estremeceu involuntariamente e sangue espirrou de seus lábios. Seus músculos se tensionaram, a mana corrompida torcia-se dentro dele como cobras retorcidas.

Os olhos de Leira se arregalaram.

Nesse instante, ela teve um lampejo de compreensão.

Então—

"Peguei você, sua vadia", ele disse, a voz cansada mas carregada de diversão.

Se a escuridão de seu manto não escondesse seu rosto, ela teria visto o sorriso zombeteiro nos lábios dele.

E então—

[Raiva Relâmpago]

BOOOOOOM!!!!!

Uma coluna de relâmpagos explode do corpo dele, seu estrondo ensurdecedor abafando qualquer som ao redor.

A tempestade de destruição pura e selvagem consumiu ambos, transformando o já destruído calabouço em um campo de batalha eletrizado.

A força da explosão rasgou as paredes de pedra, lançando escombros gigantes como balas de canhão. O ar chiava com mana instável, o cheiro de pedra queimando e carne queimada pesado o suficiente para sufocar.

"AAAAAARRRGGGHHH!!!!!!~"

O grito de Leira rasgou o caos.

Seu corpo convulsionou, cada músculo se mexendo violentamente enquanto descargas de eletricidade devastavam seus nervos.

Aura demoníaca dela piscar, instável, seus instintos lutando contra o poder esmagador que a estava fritando por dentro.

Ash cambaleou para frente. Seu ferimento no estômago já começava a fechar, mas o dano não havia desaparecido. Seus órgãos ainda latejavam, os vestígios da energia demoníaca confrontando sua regeneração.

Leira, ofegando, com o corpo fumegante, olhou para ele através de olhos semicerrados.

O chão sob eles estava destruído, suas pegadas marcadas na pedra pelo impacto da batalha.

O teto do calabouço rangeu, rachaduras se espalhando por causa da destruição contínua.

"Você... aberração..." ela babou, a voz rouca, mas um sorriso predatório se formou nos lábios dela.

Ash encolheu os ombros, respirando lentamente. "Diz a demoníaca."

A respiração de Leira era pesada, mas seus olhos vermelhos brilhavam de fúria.

Ainda saia fumaça das feridas que ela havia queimado, o aroma denso de carne queimada e pedra queimada persistia no ar.

O corpo de Ash estava regenerando, mas não foi instantâneo. Os ferimentos ainda latejavam, a dor pulsando por seus nervos como ferro derretido.

Droga… Meu corpo está demorando mais pra se recuperar do que imaginei. Acho que a energia demoníaca realmente me endoidou.

Mesmo com a Runa da Vida alimentando sua recuperação, ele não era invencível.

Seus músculos doíam, seus ossos rangiam sob a tensão dos ataques anteriores e uma pressão vaga se instaurava na cabeça por excesso de mana.

Leira flexionou os dedos. As garras ainda vibravam com o residual de relâmpagos, tremendo lentamente após a última rajada de poder.

"Você é persistente, vou te dar esse mérito," ela murmurou, sacudindo os restos de dor.

Ash não disse nada, mas sua postura mudou.

O olhar de Leira se intensificou.

Vamos fazer com que ele não faça o que quiser.

Então—

Ela desapareceu.

Não em uma corrida direta.

Ela deslizou para as sombras, sumindo entre os pilares quebrados do calabouço em ruínas. O único vestígio de sua presença foi o sussurrar suave de poeira perturbada e o cheiro persistente de energia demoníaca.

Os instintos de Ash gritavam.

Ele apertou com força a empunhadura da espada.

Então—

Sentiu um movimento muito pequeno atrás dele, um movimento que, se não fosse pelo corpo reformado que tinha agora, ele não teria conseguido perceber.

Ele se virou às pressas, rasgando para trás com a lâmina,

Uma mão garrada de garras saiu das trevas, mas não tinha intenção de atacar seu corpo.

Ela veio em direção à sua espada.

Os dedos de Leira se fecharam ao redor da lâmina negra de obsidiana, sua energia demoníaca colidindo com a espada banhada em relâmpagos.

Faíscas saltaram no ponto de contato, jorros de energia preta e azul se chocando em uma dança violenta. O impacto profundo fez uma vibração no aço, fazendo o braço de Ash tremer por um instante.

Ele quase escorregou na firmeza de suas mãos.

As garras dela puxaram, tentando arrancar a espada de suas mãos.

Ela sorriu.

Um confronto direto de força?

Puta merda.

Antes que ela pudesse aproveitar, os instintos de Ash já tinham assumido o controle.

A mão livre dele se lançou adiante—

[Lança Tempestade]

Um círculo de mana se acendeu acima da palma da mão, relâmpagos se formando em um instante. Uma lança pequena, mas condensada, de energia chispeante disparou na direção do rosto dela.

Leira inclinou a cabeça na última hora, desviando quase na altura exata,

Mas aquele momento de distração foi tudo o que ele precisava.

O joelho de Ash se levantou com brutalidade, direto na ferida ainda fresca no estômago dela.

O impacto foi brutal.

Um ar agudo e involuntário escapou dos lábios dela enquanto a força penetrava na carne rasgada, a dor pulsando forte pelos nervos. O leve estremecer de seus músculos enfraqueceu sua pegada.

Ash aproveitou ao máximo.

Com um giro agudo do pulso, ele puxou a espada de dentro dele.

Seu corpo girou. A lâmina seguiu, invertendo para um arco para baixo—diretamente na direção da perna dela.

Leira saltou para trás, escapando por pouco do alcance dele, mas—

[Passo Relâmpago]

Ash não deixou ela escapar.

Ele não reapareceu na frente.

Nem atrás.

Mas acima.

Os olhos de Leira abertos rapidamente ao ver sua silhueta—uma mancha de preto e azul—descendo do teto em ruínas, sua espada zumbindo com eletricidade instável.

Ela reagiu, usando sua habilidade racial para criar um escudo pequeno de energia demoníaca,

Mas, para seu engano, Ash não atacou com a espada.

Pelo contrário—

Ele soltou a espada.

A própria arma dele escorregou da mão, caindo além da guarda dela antes que pudesse reagir.

Pupilas dela se estreitaram.

Já era tarde.

O pé de Ash, envolto em relâmpagos, golpeou o cabo da lâmina que caía no ar.

BAAAM!

A força do chute impulsionou a espada como um projétil, perfurando a barreira e indo direto para o estômago de Leira.

Ela nem conseguiu gritar antes de seu corpo ser lançado ao chão do calabouço.

A pedra sob ela cedeu, formando uma cratera profunda na hora do impacto. Rachaduras se espalharam como cicatrizes, detritos e poeira jorrando ao ar.

Ash aterrissou suavemente a poucos metros de distância, quase sem sentir as vibrações que ainda se propagavam por baixo de seus pés.

Sua mão se ergueu rapidamente—

[Amarra de Relâmpago]

Finas tentáculos de eletricidade emergiram do chão, serpenteando em direção a Leira como correntes vivas. Elas se enrolaram ao redor de seus membros, prendendo seus pulsos e tornozelos. As amarras tremiam, pulsos de energia perfurando sua carne enquanto lutavam para contê-la.

Leira rangeu os dentes, seus músculos tencionando-se enquanto sua energia demoníaca reagia em retaliação.

"Uhh... você... é... um... demônio, não é?" ela murmurou, com a voz grosseira de dor.

Ash permaneceu em silêncio. Estava exausto, cada músculo doendo por causa da luta prolongada.

Ainda assim, não demonstrou cansaço.

Sua postura permaneceu relaxada, imperturbável.

E então—

A energia demoníaca explodiu dela, suas tentáculos negros destruindo a relâmpago enquanto ela usava sua habilidade racial.

Ela não hesitou.

Arrancou-se, rasgando a espada de seu estômago com uma violência, a mão ferida tremendo com a força.

O sangue jorrou da ferida, manchando as roupas rasgadas, mas ela não parou. Com uma feroz mordida, jogou a lâmina de lado.

"Você errou ao jogar sua arma," ela cuspiu, uma mão pressionando a ferida aberta.

O olhar de Ash piscou na direção da espada. Depois, voltou para ela.

Mas, naquele instante, ela já estava na sua frente.

Sua velocidade era monstruosa.

Em um borrão de movimento, agarrou seu pulso.

Suas garras afundaram, perfurando profundamente.

A energia demoníaca invadiu sua carne, torcendo-se como veneno, rastejando pelas veias dele.

Uma dor aguda e ardente explodiu em seu braço.

Uma pessoa comum estaria morta pelo influxo de energia demoníaca, mas ele não era comum.

Ele rangeu os dentes.

E então—

Ele deu uma cabeçada nela.

CRACK!

O impacto quebrou ambos, agudo e sacudindo.

Leira cambaleou, sua pegada soltando o suficiente para Ash se desprender.

Seu braço parecia estar em chamas. Suas veias doíam, a energia demoníaca ainda pulsando em seu corpo, apesar de sua Runa da Vida ativamente destruí-la.

Mas o pior não era isso.

Sua regeneração estava desacelerando.

Droga. Por causa da energia demoníaca minha regeneração está ficando cada vez mais fraca.

Se ao menos eu tivesse uma chance de criar uma habilidade...

Sangue caía sobre o chão quebrado.

Acumulando-se entre eles, misturando-se às rachaduras.

Leira respirou fundo, então… riu. Um som áspero, semiafinalizado. "Você é insano."

Ash ficou silencioso por um momento, sua respiração firme apesar da dor ardente no corpo.

Então, com uma voz carregada de diversão, respondeu—

"Você só percebeu agora?"

**

O som da explosão fez o ar ao redor estremecer, sacudindo as paredes do calabouço enquanto o combate intenso entre Ash e Leira se intensificava.

Os dedos de Selene mexeram-se, enquanto ela observava a batalha se desenrolar. Cada impacto gerava ondas de choque que faziam a estrutura do calabouço estremecer.

Não era só uma luta.

Era uma colisão de Bestas.

"Eles estão lutando como animais selvagens", ela murmurou, quase tremendo ao ver outro relâmpago de Ash iluminar o campo de batalha.

Lucien, que acabara de tomar uma poção de mana, exalou com dificuldade. "Não é que eles estejam lutando como bestas."

Sua atenção permaneceu fixa na batalha, afiada e calculista, "São elas mesmas bestas selvagens."

"Mas quem é aquela pessoa?" Lucien perguntou, afinando o olhar.

O grupo permaneceu em silêncio, trocando olhares confusos.

"Ah... não sei também," um deles murmurou.

Nathaniel lançou um olhar preocupado para Irene. "E o Ray? Está com o corpo bastante ferido?"

Irene apertou os lábios enquanto focava na figura ainda de Ray, o calor residual dos circuitos de mana overload ainda subindo de sua pele como vapor.

"Seus músculos, veias e células estão superaquecidos. Foram esticados além do limite. Pelo que parece, vai precisar de um estoque inteiro de poções de cura de alta qualidade ou de um curador de Rank Santo se quisermos uma recuperação rápida."

"Quanto tempo?" Nathaniel pressionou.

Irene suspirou, balançando a cabeça. "Se usarmos poções de cura padrão, uma a duas semanas. Se tivéssemos um curador de Rank Santo… talvez três dias no máximo."

Nathaniel refletiu, passando a mão pelo nariz. "Honestamente? Ainda é um alívio. Do jeito que ele estava se esforçando, achei que iríamos colher suas cinzas."

Vince soltou uma risada irritada. "Com esse ataque destrutivo que ele lançou, parecia que nem seu corpo ia aguentar."

De braços cruzados, ele observava a batalha distante, onde relâmpagos e energia demoníaca continuavam a explodir em dispersões caóticas.

Selene balançou a cabeça. "Por que estamos aqui só de braços cruzados? Se o demônio vencer, morremos. E se essa pessoa desconhecida vencer, quem garante que vai nos poupar?"

"Por isso precisamos recuperar nossa mana e stamina. Para o pior cenário," disse Nathaniel, com uma voz sombria. "Não há fuga. A única saída é pela sala de recompensas, e esses monstros ainda estão lutando para chegar lá."

Vince bufou. "Legal, estamos presos no meio de tudo isso."

Os olhos de Selene piscavam para o caos distante, depois para Nathaniel. "E o negócio do Rei Demônio? Ele planeja invadir o mundo?"

Antes que Nathaniel pudesse responder, outro estrondo explode pelo ambiente.

BOOOOOOMMM!!!

A dungeon pareceu tremer com sua força.

A luta se aproximava do clímax.