Poder das Runas

Capítulo 41

Poder das Runas

A/N: Desculpem por não ter colocado capítulos nos últimos dois dias—meus exames estavam acontecendo. 📚💀

Mas, para compensar, vou liberar 3 capítulos! 🔥 Espero que vocês gostem! Deixem nos comentários o que acharem. 👀

***

[PONTO DE VISTA DE ASH]

Tudo está caminhando como planejado, pensou Ash, estreitando os olhos para os membros do Mercado Negro, que insistiam em bombardear a enorme porta de pedra com uma chuva de feitiços e armas.

Faíscas de mana saltavam contra a superfície antiga, mas a porta permanecia imóvel.

Ash se encolheu ainda mais na sombra do pilar, cuja silhueta imponente o escondia completamente.

Mas por que ela não está abrindo?

No romance, quando Ray entrava na masmorra, os monstros simplesmente desapareciam. A própria masmorra quase que estendia o tapete vermelho para ele—sem armadilhas, sem guardiões, apenas um caminho vazio até a sala do chefe.

Praticamente, ele podia ouvir aquela frase do livro ecoando na cabeça: [Todas as condições cumpridas... armadilhas desativadas... caminhos livres.]

Mas quando ele entrou, foi diferente, pensou consigo mesmo, refletindo sobre tudo o que tinha feito antes de entrar na masmorra.

**

Horas antes...

Ash deixou para trás a loja do ferreiro e adentrou nas profundezas dos bairros periféricos. Finalmente, chegou a um parque decadente, do tamanho de uma quadra de basquete.

Bancos em ruínas, paredes cobertas de grafite e postes de luz piscando lentamente mal conseguiam impedir que a escuridão avançasse.

Algumas crianças, nenhuma mais velha que Ash, permaneciam perto de um balanço enferrujado.

No momento em que Ash entrou, o silêncio tomou conta do espaço. Seus olhos se arregalaram, o medo era claro como dia, como uma presa encurralada por um predador.

Que olhar foi esse? Pareciam ter visto um espectro, pensou Ash, intrigado.

Ele não percebeu, mas sob a luz da lua e com o rosto levemente envolto pela escuridão—junto com a fama sombria daquele distrito—era como se a própria noite sussurrasse condenação a eles.

Silencioso como névoa, Ash avançou e deixou duas sacolas de couro sobre o concreto rachado, seguidas de duas cartas lacradas, carimbadas com o sigilo de uma cobra enrolada ao redor de um olho fixo—a insígnia de *O Sussurrante*.

"Dez moedas de ouro cada," disse de forma seca. "Uma carta vai para a antiga torre de vigia perto do Portão Oeste—entregue ao contato da Guarda Municipal."

Apontou para a segunda.

"A outra, na Taverna do Corvo na Feira Oriental. Peça pelo 'Cerveja da Meia-Noite' e deixe-a debaixo da mesa."

As crianças ficaram ainda mais pálidas. Esses eram pontos de entrega famosos, especialmente o segundo. Quem faz negócios sombrios sabia que os olhos do Mercado Negro estavam de olho naquela taverna, especialmente nos bairros periféricos.

"Vocês sabem onde eles estão, não é?" perguntou Ash em voz baixa.

Elas acenaram rapidamente.

A voz de Ash ficou mais firme. "Ótimo. Não leiam as cartas. Só entreguem."

Ele não precisava dizer mais nada. O medo nos olhos delas dizia tudo. Elas entenderam.

Sem mais palavras, o grupo de quatro saiu como sombras em direções opostas, com as cartas firmemente apertadas nas mãos pequenas.

O Sussurrante...

Os olhos de Ash acompanharam as crianças enquanto sumiam na teia de vielas.

Ninguém realmente sabia o que era o Sussurrante. Um fantasma solitário? Uma facção oculta? Porra, talvez uma relíquia do velho mundo. Nem o romance explicava ao certo.

Mas uma coisa era certa para todos que conheciam aquele nome.

Suas informações nunca estavam erradas.

Eles não soltavam informações só por lazer. Quando o Sussurrante falava, sempre era sobre algo gigantesco—que podia estremecer o mundo.

Não importava quem fosse o receptor—Elfos, Dragões, Anões, Humanos, organizações de crime ou o mercado negro. Se um lado tinha poder demais, o Sussurrante garantia que o outro recebesse uma lâmina suficiente pra equilibrar as coisas.

No romance, eles eram descritos como um "equilibrador". Ash deu um sorriso quase imperceptível. Uma mão invisível que mantém o mundo deitado sem pegar fogo demasiado rápido.

Sem política, sem parcialidade—apenas equilíbrio.

Mas tem um detalhe—eles só se moveram duas vezes na narrativa inteira. Primeiro, quando o Rei Demônio quase invadia este mundo, e segundo, quando os anjos desceram.

E mesmo assim, não fizeram nada além de enviar uma mensagem... um aviso... e desaparecendo como fumaça.

Todos confiam nas informações deles, refletiu Ash. Não há motivo pra desconfiar de uma mentira. Além disso, é difícil imaginar que o Sussurrante se importe... certo?

Com um suspiro, sussurrou:

"Agora, só falta assistir às faíscas voando."

Depois disso, se dirigiu ao dungeon.

Não demorou muito para Ash chegar lá.

Ao se aproximar da entrada, o ar se grudou à sua pele como um pano úmido, carregado de mana, vibrando em seus ossos. Um zumbido baixo pulsava sob seus pés, ressoando com as pedras infundidas de mana que moldavam o portal antigo.

Envuelto na escuridão, ele virou uma sombra fugaz, mesclando-se momentaneamente na penumbra.

Está mudando... Seus olhos se estreitaram enquanto parava a poucos metros da entrada, sentindo a mudança no ambiente.

A porta, que antes estava adormecida, agora pulsava com uma luz assustadora, com runas brilhantes gravadas na sua superfície, que não estavam lá alguns segundos atrás. O cheiro forte de mana no ar se intensificou, deixando arrepios subirem pela espinha de Ash.

Ela está reagindo às Runes que estou carregando, percebeu. Então, o gatilho começa antes mesmo de entrar?

Os guardas perto também notaram, sua postura relaxada se tornou alerta. Um deles xingou baixinho e saiu correndo em direção à cidade para reportar a anomalia.

O olhar de Ash permaneceu por um segundo nos guardas, mas então ele sorriu levemente sob a capa.

Ótimo, isso vai fazer todo mundo se mover mais rápido do que eu esperava.

Sem hesitar, Ash entrou.

No instante em que cruzou o limiar, a porta da masmorra gemeu, abrindo-se com um estalido mecânico enquanto mana bruta se espalhava como uma maré viva.

A luz se escondeu, a temperatura caiu e uma pressão opressiva se instalou, mais pesada que antes.

O teste escondido está se abrindo, pensou, enquanto o mundo ao seu redor ficava levemente turvo, como uma cortina sendo levantada.

Vamos só esperar que reaja do mesmo jeito que no romance...

Mas justo quando terminou de pensar—

"Será que me Dei azar?" murmurou amargamente, ao ver a cena à sua frente.

Ao longo do vasto corredor à sua frente, legionários de soldados de pedra estavam alinhados como um exército pronto para marchar. Seus corpos tinham detalhes gravados com runas pulsantes de cor carmesim, que vibravam em sintonia com a mana da masmorra.

No romance, a entrada de Ray fazia com que esses próprios guardiões desaparecessem, abrindo caminho direto para a sala do chefe.

E aqui estou, com duas malditas Runes… e mesmo assim, elas estão por toda parte.

Se não fosse a capa de Sombra ao redor do corpo dele, escondendo sua presença como uma segunda pele, ele teria sido despedaçado no ato de cruzar o portal.

Os soldados de pedra permaneciam altos e silenciosos, mas a ameaça que emanava deles era palpável—como estátuas criadas com maldade pura.

Ash respirou lentamente, observando sua respiração se transformar em fumaça na frição do ar.

Porra… essas criaturas... não deviam estar aqui, pensou com raiva.

Com um suspiro frustrado, novamente se fundiu nas sombras, movendo-se como uma noite líquida, deslizando por trás de um pilar fraturado na extremidade do grande salão.

A estrutura maciça se ergueva acima dele como um canino torto, mal larga o suficiente para esconder sua presença.

De onde ele estava, Ash escaneou o salão. Os sentinelas alinhavam as paredes como guardiões sombrios, com olhos escuros que brilhavam levemente de vermelho, suas cabeças eternamente voltadas para o centro da masmorra.

Segurança… por enquanto, pensou Ash, embora o nó no estômago dissesse o contrário.

Ele apertou a mandíbula e tentou colocar as ideias em ordem, juntando fragmentos do romance com o que via à sua frente.

Por quê? Seus olhos varreram a sala. Por que está diferente agora?

Os pensamentos de Ash queimavam enquanto flashes do livro passavam pela sua mente.

[A própria masmorra responde a ele, como se sentisse algo escondido dentro dele, ou...]

Essa frase.

Ele rangeu os dentes. Já tinha lido aquilo antes, várias vezes, mas agora—sentado ali, com a morte a poucos passos—percebeu algo que tinha ignorado.

A frase estava incompleta. O autor nunca terminou o pensamento.

"Ou..."

A parte faltante pendia como uma guilhotina acima de sua cabeça.

Foi então que a percepção veio, fria e cortante, penetrando seus ossos.

Ou… talvez seja o próprio Ray.

A sensação foi como engolir gelo.

Então não são as Runes… não é a hora... É ele. Os dedos de Ash se cerraram em um punho. A masmorra reage ao Ray pessoalmente.

Mas por quê?

Ele pressionou os lábios formando uma linha fina, enquanto recostava a cabeça no pilar, olhando para o teto rachado acima de si.

O que isso quer dizer é que, sem ele, os guardiões do teste escondido continuam ativos.

Ele quase podia ouvir a risada da própria masmorra zombando dele.

Ótimo. Só o que faltava, pensou sarcástico.

Um suspiro pesado escapou de seus pulmões. Seus ombros relaxaram um pouco sob a capa.

Sem aquele maldito, passar por essa masmorra vai ser um pesadelo.

Seu olhar azul brilha levemente na sombra.

E é claro que ninguém no romance explicou por que Ray é o queridinho desta masmorra.

Ash resmungou silenciosamente. A situação era uma piada de mau gosto—mas a punchline ainda não tinha chegado.

Suspirando, pensou: Estou podre, de verdade.

O silêncio opressivo pesava sob ele, quebrado somente pelos rangidos ocasionais de pedra, quando um dos sentinelas se mexia levemente. Parecia que estavam esperando... observando... mas para quê?

Ash fechou os olhos rapidamente, reunindo seus pensamentos.

Bom. Vou ficar aqui. O tom, mesmo interno, tinha aquela pontada de calma-relutante.

Então, ele esperou. Paciente, escondido no frio abraço da masmorra.

Esperando o próximo desavisado passar pelo portão.