Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 119

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Hora do almoço.

O zelador da pousada aparentemente tinha preparado uma refeição simples de sopa e arroz com antecedência, mas ninguém se atrevia a tocar nela, como se houvesse um acordo tácito.

Em vez disso, eles beliscavam barras de energia e lanches que haviam trazido, andando pela pousada numa busca inútil por sinal para fazer os celulares funcionarem.

Não surpreendentemente, não tiveram sucesso.

Na chuva opressiva, a pousada isolada na montanha parecia sufocante e ameaçadora, cortada de qualquer contato externo.

‘Isso está me deixando louco!’

Um dos universitários, frustrado com os aplicativos de redes sociais que não respondiam, golpeou irritado a tela do celular antes de desligá-lo.

“Droga!”

“Cara, você é um medroso de marca maior.”

Um amigo provocou, rindo nervosamente enquanto se empurravam em direção às pernas que saíam da lareira.

Eles até tiraram algumas fotos da cena, tratando aquilo como uma piada macabra, embora não parecessem ter muito apetite, pois deixaram suas barras de energia e chocolates intactos.

Apesar das zombarias, não estavam tão tranquilos quanto pareciam.

Confiavam na força do grupo para se sentirem seguros.

‘Somos três, afinal.’

Mesmo que alguém tentasse matá-los, raciocinavam, ninguém atacaria um grupo grande primeiro.

‘Eles vão atrás de alguém sozinho, ou dos retardatários.’

Esse pensamento parecia acalmá-los um pouco.

“Ei…”

Um estudante se virou para conversar com o amigo, mas uma barra de chocolate com amendoim foi estendida repentinamente à sua frente.

Quando ergueu o olhar, viu o funcionário de escritório pálido oferecendo o lanche.

[Quer um pouco? Acho que não consigo comer isso...]

“Ah, não, valeu.”

O estudante respondeu seco, e seu amigo ao lado riu baixo.

“Cara, ele não pode comer amendoim.”

[Ah... Peço perdão.]

O funcionário pediu desculpas silenciosamente, recuando para o sofá com ar abatido.

Não era ele quem haviam apresentado como supervisor?

No começo, parecia bem intimidador, mas depois de ver o colega morrer, estava completamente esvaziado.

‘Parece um boneco de cera, hein.’

Agora dava a impressão de alguém que desmoronaria com a menor pressão.

“Quer apostar?”

“Beleza, mas cara, isso aqui é demais.”

Enquanto isso, os outros dois estudantes saíram para fumar.

O funcionário, ainda mexendo no celular sem resposta, lançou um olhar sombrio para a lareira antes de subir as escadas.

E, assim, o ambiente ficou silencioso.

“……”

Um dos estudantes ficou sozinho, inquieto, mexendo-se na cadeira.

‘No filme, é nessa parte que alguém é atacado.’

Ele batia o pé nervoso, olhando ao redor com expressão preocupada. A presença do canivete no bolso trazia algum conforto, mas não por muito tempo.

‘Por que eles foram sozinhos?’

Incapaz de aguentar mais, decidiu procurar os amigos no quintal.

Com o canivete firmemente na mão, apressou o passo, desconfiado da sensação de algo espectando suas costas.

Ele empurrou a porta dos fundos da cozinha, que dava para o quintal.

Cliq.

Um cheiro úmido e mofado o atingiu imediatamente.

‘Eles devem estar em algum lugar sob o telhado.’

Certamente não ficariam na chuva para fumar, certo?

Com esse pensamento, seguiu para um galpão de ferramentas conectado por uma passagem coberta.

Mas, enquanto caminhava, um cheiro estranho chamou sua atenção.

Algo metálico e cortante.

‘Ferro?’

Cheirava a ferrugem, talvez da chuva entrando em ferramentas antigas do galpão.

Pelo menos era o que ele supunha, enquanto contornava a esquina.

“Ei, Park Kyungsoo...”

E então, um cheiro metálico tão forte que entorpecia o nariz o atingiu.

“H-Hã…?”

Dentro do galpão do quintal, havia uma antiga máquina de esmerilhar usada em construção.

Parecia que a máquina não estava servindo para madeira, mas para outra coisa completamente diferente.

Crraacck.

O que deveria ser serragem saindo do bocal era, na verdade, carne moída.

Fragmentos de roupas rasgadas, carne encharcada de sangue e ossos esmagados estavam espalhados desordenadamente pelo chão.

“……”

O que é isso?

O que… diabos é isso?

Por um momento, o cérebro se recusou a processar aquela cena, rejeitando aquela realidade horrível. Mas, um instante depois, a verdade o atingiu com a força de uma onda gigante.

Ele tinha encontrado seus amigos.

Transformados em carne moída.

“Uuuughk…!!”

Dominado pelo pânico, ele vomitou e soltou gritos.

E então, outro som entrou na mistura.

De um aparelho antigo, ecoava uma melodia familiar.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

O som da fita cassete.

“Hiiieek!”

O estudante girou e saiu correndo descontrolado de volta para a pousada.

O medo e o terror frio o perseguiram até a ponta dos cabelos.

“Ei, por que você tá correndo por aí—”

“Aaaargh!!”

O estudante se debateu, afastando com violência a mão que segurava seu ombro.

“Não me toque, seu desgraçado!”

“Calma, calma, que porra é essa?!”

Ele levantou os olhos.

Os rostos atônitos dos outros moradores da pousada encaravam-no fixamente.

E havia uma coisa que todos tinham em comum.

As fitas.

É isso!

Se o louco responsável por tudo estava atrás das fitas, e foi isso que causou aquele estrago—

O estudante mexeu freneticamente no bolso e tirou sua fita.

“Olha isso! Olha!”

Seus olhos estavam vermelhos, e saliva voava enquanto ele gritava.

“Eu tô jogando essa porcaria fora! Pega aí! Eu não quero, tá?! Já desisti, caramba! Já desisti!”

Thud!

Ele atirou a fita no chão e correu escada acima para o quarto, batendo a porta atrás de si.

Só quando trancou a porta é que finalmente conseguiu recuperar o fôlego.

“Hah… hah…”

A ansiedade fazia seus olhos saltarem em todas as direções do quarto.

A imagem de carne rasgada e ossos quebrados martelava em sua cabeça como um tambor.

Thud.

Thud.

Deveria barricar a porta com móveis?

Thud.

Não, isso bloquearia sua rota de fuga.

Thud.

Ele olhou para um antigo guarda-roupa de laca, hesitou e se encostou na parede ao lado, segurando o canivete com força.

Fixou o olhar na porta.

Thud…

Encostado à parede, sua respiração começou a se acalmar.

‘Vai encarar? Se entrar aqui, eu grito pra caramba e enfio a faca em você. Alguém vai aparecer e me salvar, pode apostar!’

Era só ficar alerta.

“Não pode ser, não pode ser...”

Resmungou para si mesmo, como um maluco, a voz tremendo—

Cliq.

Com suavidade, a porta do guarda-roupa rangeu ao abrir.