
Capítulo 120
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Na manhã seguinte, o estudante foi encontrado em seu quarto, a porta escancarada para receber quem chegasse.
Seu corpo estava grotescamente inchado, como uma salsicha entupida, empanturrada por uma reação alérgica.
O clube de trilha havia sido completamente dizimado.
“Aaaaaahhh!”
Em apenas um dia, um funcionário público e três estudantes haviam se tornado cadáveres, mergulhando os restantes em um terror total.
“É por causa da herança! Alguém está matando para ficar com uma parte maior, né?! Tenho certeza disso! Estão tentando nos calar para ficar com as fitas sem problemas!”
“Aquele cara, o zelador! Aquele desgraçado parecia um psicopata!”
“É um fantasma! Estamos todos assombrados! Ha ha ha!”
Um homem de meia-idade gritou como um louco, empurrando os outros e saindo correndo para fora.
“Argh!”
Ruuuumble.
O trovão retumbou na hora certa.
Não, não foi só o trovão. Havia outro som misturado.
BOOOM!
“……!”
“Q-que foi isso?!”
Assustados com o estrondo ensurdecedor, todos se viraram para a janela.
O funcionário murmurou com pesar.
“…Um deslizamento de terra.”
O deslizamento havia atingido novamente, convenientemente.
Arrastado pelos detritos que desciam à toda, o homem de meia-idade enlouquecido desapareceu ladeira abaixo.
AAAAHHHHH…!
Seus gritos se apagaram conforme ele era engolido pela lama.
Rumble… BOOM!
O trovão substituiu o zumbido enquanto rugia do lado de fora da hospedaria, relâmpagos riscavam o céu tempestuoso.
“……”
“……”
Um silêncio sufocante pairava sobre o grupo congelado de sobreviventes.
Quatro restavam.
* * *
Segunda noite.
O casal, que passara o dia vasculhando a hospedaria em busca de um meio de contato com o mundo exterior, voltou ao quarto ofegante.
Não tinham encontrado jeito de escapar, mas haviam descoberto outra coisa.
“Hah, hah…”
“Porra— Cala a boca e respira quieto, seu idiota!”
“Aaack!”
O marido, apresentado anteriormente como parceiro da mulher, empurrou sua cabeça com força antes de disparar pela sala e subir as escadas rumo ao corredor do segundo andar.
Ao subir, alguém que saía cautelosamente do quarto cruzou com seu olhar esbranquiçado de sangue, assustado.
“Ei, você!!”
Ele chamava o funcionário público que se comunicava por bilhetes escritos devido à garganta inflamada.
Assustado, o funcionário apressou-se a pegar seu caderno para escrever algo, mas o homem à sua frente foi mais rápido, agitando algo na mão.
“Isso, essa moldura dourada…!”
Era a ornamentada moldura dourada que pendia na parede da sala de estar.
Com os olhos enlouquecidos, o homem apontou o dedo para o texto inscrito dentro da moldura.
Hora Feliz da Refeição
O coelho assa na cozinha
O cervo é pego no quintal
O pombo se engorda no quarto
O cordeiro é fatiado na sala
“É assim que as pessoas estão sendo mortas!”
“……!”
O homem gritou, com a voz trêmula enquanto conectava as pistas.
Uma pessoa assada na cozinha, moída no quintal e empanturrada no quarto.
“O zelador da hospedaria ou quem quer que esteja mexendo com a gente! Tudo pode ser uma encenação—talvez estejamos sendo transmitidos em algum lugar! Ou talvez… não, é certeza que estão brincando com a gente!”
O funcionário arregalou os olhos, chocado com a revelação. Percebendo sua reação, o homem ficou ainda mais convicto e elevou a voz.
“A próxima é a sala! Alguém vai ser fatiado na sala! Tenho certeza! Precisamos achar uma saída antes que seja tarde demais—”
“Oh.”
……
Hã?
Foi uma resposta.
“Surpreendentemente observador, Braun.”
“Braun?”
Essa foi a última palavra que o homem disse.
* * *
“Acordado?”
Uma dor latejante na cabeça o recebeu ao recobrar a consciência.
“Mmph! Mmmmph!”
Sua voz estava abafada — percebeu que havia uma mordaça na boca.
Gritou o mais alto que pôde.
“MMMMMMPH!!”
Mas seu terror não era apenas o cheiro úmido e mofado do porão onde estava preso, nem a escuridão absoluta que impedia enxergar além de alguns centímetros.
Era a cabeça decapitada repousando bem ao seu lado.
Sim, apenas uma cabeça.
“Mmmph! Mmmmmmph!”
O rosto pálido, sem vida, estava sobre uma bandeja de prata a poucos centímetros do seu nariz.
Sentiu sua sanidade escapando.
Lágrimas, ranho e suor frio escorriam pelo seu rosto enquanto ele gritava por socorro, mesmo que a mordaça engolisse todo som.
“Hrrrnnph, s-sppph, mmmph!”
“Está com medo? Tente aguentar — eu também estou me controlando.”
Uma voz calma e serena respondeu de algum lugar próximo.
O homem revirou os olhos com desespero, tentando afastar-se da cabeça enquanto olhava para cima.
E ele o viu.
‘O funcionário público…!’
Vestindo moletom preto, o rapaz franzia o cenho ao encará-lo de cima para baixo.
Então, como se fosse desprezo, olhou para as luvas de trabalho manchadas de sangue em suas mãos, soltou um suspiro e as calçou de volta.
Em seguida, pegou um machado.
“MMMMMPH!!!”
“Por que é que as pessoas sempre gritam primeiro, mesmo quando já sabem o que vai acontecer? Isso cansa todo mundo envolvido.”
“Mmph!! Mmmph!!”
“Vamos poupar energia desnecessariamente.”
Ele é louco.
Aquele homem — não, aquele monstro — era o assassino…!!
O cativo quis desesperadamente negociar, implorar, reagir, fazer qualquer coisa para sobreviver, mas seu corpo amarrado e a boca amordaçada não lhe davam opções.
Lágrimas escorriam incontrolavelmente.
“Hm, ouvi dizer que dor física e emocional pode ser aliviada um pouco gritando… Ou algo assim.”
A voz do funcionário soava seca, com um tom quase clínico enquanto ele inspeccionava a lâmina do machado.
A lâmina brilhava ao captar a luz tênue.
“Razoável, suponho. Mas ainda assim não acho particularmente satisfatório.”
Ele ajustou o aperto.
O machado balançou.
Um arco reluzente no ar.
Thud.
Clang…
“……”
“……”
O silêncio tomou conta do porão.
Kim Soleum abaixou o machado e, com tom um pouco mais leve, comentou,
“Quase acabou.”
Três pessoas restavam.