Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 118

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Baek Saheon abriu os olhos.

Ou melhor, seria mais exato dizer que ele não pregou os olhos a noite inteira.

“Droga.”

Desde que entrou na “Pousada Montanha Horizon”, seus nervos estavam à flor da pele, procurando um jeito de sair dali vivo e inteiro.

Metade do esforço dele era pra ficar bem com Kim Soleum, pisando em ovos para sentir o humor do cara.

“Filho da mãe.”

Ele não sentia vergonha disso — era uma questão de sobrevivência.

…Mesmo agora, pensando se devia ir até o quarto de Kim Soleum, era pelo mesmo motivo.

“Preciso de informação, qualquer coisa que eu possa usar.”

Aquele lunático com certeza sabia de algo. Baek Saheon estava convicto que precisava arrancar essa informação para garantir uma carta na manga na sua luta pela vida.

Mas…

“……”

Será que Kim Soleum era mesmo um lunático?

Mais especificamente, por que ele… o salvara?

Baek Saheon já sabia a verdade. Teve várias oportunidades durante a exposição para Kim Soleum matá-lo ou usá-lo como bode expiatório, mas ele não fez isso.

Claro, ele foi perturbado algumas vezes, mas, no fim das contas…

“Não!”

Provavelmente ele fez tudo por diversão. Só quer manter minha vida pra deixar as coisas mais imprevisíveis e divertidas para aquele desgraçado!

Baek Saheon chegou a essa conclusão. Nunca tinha topado com um maluco daquele antes.

“…Mesmo assim, duvido que ele mentiria sobre algo importante.”

Com uma fé estranha, ele abriu sua porta —

Algo estava parado bem na frente.

“……!!”

O lodge, agora escurecido, estava mergulhado em sombras, dificultando reconhecer a figura imediatamente.

Um homem da altura parecida com a dele.

…Era Kim Soleum.

“Droga!”

Assustado, mas estranhamente aliviado.

Era melhor ele ali do que um estranho. Pelo menos Kim Soleum não tentaria matá-lo.

“Ei…”

Mas, enquanto os olhos de Baek Saheon se ajustavam à penumbra, ele percebeu algo na mão de Kim Soleum.

Um machado.

“……”

“O quê?”

Um machado?

Ele quase esfregou o único olho que lhe restava, incrédulo, antes que uma explicação plausível lhe ocorresse.

“Isso é… para se defender do assassino, né…?”

Mas então, outro pensamento entrou na cabeça de Baek Saheon.

As mensagens que Kim Soleum enviava.

[Cuidado com assassinos em série]

E se aquelas mensagens não fossem avisos…

…Mas uma previsão do futuro?

“Tchau tchau.”

O machado desceu sobre sua cabeça.

* * *

Na manhã seguinte.

Um casal saía do quarto quando ouviu uma melodia misturada ao som da chuva forte.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

Um cantarolar.

“Não é a música que tocou quando o GPS do nosso carro quebrou?”

“Omo, parece mesmo… Será que é alguma rádio local?”

Inspirando o ar úmido e estranho daquela manhã, eles seguravam a fita cassete como um tesouro enquanto passavam pelo corredor em direção à cozinha.

E então—

“GAAAHHHHH!!”

Viram algo enfiado no fogão da cozinha.

Parecia que alguém tinha detonando fogos de artifício e brinquedos lá dentro, chamuscando tudo completamente de preto.

Os restos queimados.

Entre as cinzas vermelho-escuras, dois objetos de formato de vara apontavam, curvados numa posição estranha.

E na ponta daquelas varetas…

Um par de sapatos.

O tênis estava parcialmente queimado, ainda agarrado ao que antes eram pés de uma pessoa.

“Aaaaaack!!”

“Meu Deus! Isso é… uma pessoa?!”

“Ai meu Deus, ai meu Deus, o que é isso — o que está acontecendo — ai meu Deus!!”

Os gritos horrorizados do casal ecoaram pela pousada, atraindo rapidamente os outros para o andar de baixo.

Um a um, mais pessoas se juntaram ao caos, com o rosto pálido.

“O que está acontecendo — AAAAHHH!!”

“Gaaaasp…!”

Os estudantes, o motorista de meia idade — ninguém estava imune ao pânico.

Uma pessoa, que tinha dito antes estar com dor de garganta e só se comunicar por bilhetes, desmaiou no chão, com o rosto desbotado.

Mas… não eram duas pessoas que disseram ser funcionários de escritório?

“Não pode ser…!”

O casal apontou para os pés queimados saindo do fogão.

“O jovem que veio com vocês… é ele? O de tapa-olho?”

O funcionário de escritório que restava olhou para os tênis chamuscados, tapou a boca e assentiu levemente.

“AGH!!”

Alguém havia morrido.

Uma pessoa com quem eles tinham conversado apenas ontem.

À medida que a realidade se instalava, gritos e choros enchiam o ambiente novamente.

“Ligue para o 190 imediatamente!”

“Que diabos é isso?! Merdaaa!!”

“Eu falei que aquelas cozinhas velhas eram perigosas! Um pequeno fogo e olha o que acontece!”

Mas, no fundo, uma voz pequena sussurrava dúvidas.

“Será que foi mesmo um acidente?”

Será que um incêndio poderia queimar só uma pessoa, deixando tudo o mais intacto… e numa situação tão horrível?

“Será que…”

Ainda assustados, o grupo correu para pegar os celulares.

E momentos depois —

Um arrepio coletivo percorreu suas costas.

“O-o telefone não está funcionando. Não tem tom de discagem!”

“Cadê o zelador? Alguém acabou de morrer aqui!”

Mas o zelador, que tinha prometido cuidar deles, não apareceu, como se tivesse sumido no ar.

A montanha escura e encharcada pela chuva que cercava a pousada.

Dentro do lodge, só permaneciam o grupo e o zumbido...

“……”

“……”

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

Lá fora, uma chuva forte e incessante castigava a região, e havia sinais de um deslizamento ocorrido durante a noite, enterrando o ponto de ônibus sob os escombros.

“A estrada… está completamente soterrada.”

“Meu carro!!”

Foi então que o grupo começou a perceber.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

Algo estava muito errado.

“E-eu juro, aquilo… estava se mexendo antes.”

“……”

Próximo ao fogão onde estavam os restos chamuscados, um pequeno e antigo aparelho de cassette analógico emitia o zumbido.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm…

Cliques.

Um dos estudantes desligou o aparelho e puxou algo de dentro dele.

Uma fita de cor marfim e gasta.

“……!”

O funcionário de escritório de rosto pálido tirou seu caderno com mãos trêmulas e escreveu rapidamente.

[Parece a fita cassete que Baek Saheon tinha…]

“M-meu Deus.”

E foi aí que o pesadelo realmente começou.