Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 114

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Olhei pela janela.

…A névoa estava chegando.

As ruas limpas de quatro pistas de Seul por onde estávamos passando começavam a se transformar em estradas sinuosas e não pavimentadas.

"……!"

Levantei-me do assento.

Os passageiros das primeiras fileiras haviam desaparecido.

A única outra pessoa presente era o motorista do ônibus.

"……"

O motorista agora usava um boné velho e desgastado.

Aquele tipo de boné que era comum quando os ônibus circulavam com um ar mais formal, décadas atrás.

Com mãos enluvadas, o motorista cantarolava distraidamente enquanto alcançava o rádio.

Click.

E o que saiu dos alto-falantes foi…

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

A mesma melodia cantada pelo cassete.

"……!"

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

Aquela canção preenchia o ônibus.

O ônibus moderno, de piso baixo, que cruzava Seul, se transformara num ônibus velho e barulhento, com fileiras de assentos individuais.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

"Não olhe para trás."

Mas já era tarde demais.

Baek Saheon, com o rosto pálido, agarrou o corrimão e encarou à frente.

Fiz um esforço para não me fixar na névoa que se dissipava lá fora e mantive o olhar adiante.

A trilha estreita começava a se tornar uma estrada antiga e pavimentada.

O ônibus velho e barulhento que seguia por um caminho rural irregular começou a diminuir a velocidade.

[Próximo ponto: ‘Pousada Horizonte da Montanha’.]

"……"

O destino finalmente apareceu.

Hmm, hmm-hmm, hmmmm, hmm-hmm-hmm.

O cântico agora fluía pelo rádio, com uma melodia inconfundível.

Uma música pop animada em tom menor, dos anos 80 ou 90.

Quando as portas do ônibus se abriram, olhei para fora.

[Pousada Horizonte da Montanha]

Uma magnífica villa montanhosa, com uma placa em letras elegantes e antigas, estava à nossa frente.

"……"

Ha.

"…Você vai descer?"

Sim.

Por mais que eu quisesse soltar um palavrão, segurei.

Levantei-me e caminhei em direção à porta aberta.

Por trás, ouvia Baek Saheon murmurando algo que soava como um palavrão apressado enquanto me seguia para fora do ônibus.

As portas se fecharam atrás de nós e o ônibus se afastou, levando a melodia cantarolada junto.

"……"

"……"

Baek Saheon resmungava, com um tom levemente aliviado.

"Pelo menos a música se foi, a fita não está aqui, então a situação tá melhor do que anteri—"

"Cheque seu bolso."

"O quê?"

"Enfia sua mão no bolso e confere."

"……"

Baek Saheon olhou para mim, atordoado, e apressadamente enfiou a mão no bolso do casaco.

O que ele puxou foi…

A velha fita cassete que afirmava ter jogado fora antes.

"……!!"

Baek Saheon se moveu para jogar a fita novamente, mas eu agarrei seu braço e o parei.

"Já era tarde demais. É melhor se preparar para entrar."

"Entrar o quê—"

"Ali."

Apontei para a Pousada Horizonte da Montanha.

Agora que havíamos chegado até aqui, fugir era inútil.

Só nos faria perder energia e acabar arrastando a gente de volta para o ‘lugar central da história’ depois de uma série de batalhas desnecessárias.

‘É melhor entrar e tentar entender a situação mais cedo.’

– Sr. Roe Deer, você age como se já soubesse o que vai acontecer! Será que você reconhece essa história?

Braun, percebendo o quanto eu entendia sobre fenômenos paranormais, falava sem parar.

E… ele tinha razão.

‘…Sim.’

As palavras-chave estavam todas ali.

Assassino em série.

Uma armadilha envolvendo um meio de transporte.

Um objeto amaldiçoado para voltar ao bolso do dono, não importa o que aconteça.

E…

Levantei a cabeça para olhar o destino.

‘…Pousada Horizonte da Montanha.’

========================

Registros de Exploração Sombria / História de Fantasma

[E Então Sobrou Apenas Um]

: Uma história de fantasma apresentada em <Registros de Exploração Sombria>

: Código de identificação do Departamento de Gestão de Desastres – 1489PSYA.1991.라84

Um conto sobre pessoas sendo assassinadas uma a uma por um serial killer num local isolado e suspeito. Uma variante do clássico romance de mistério “círculo fechado” e do filme slasher de baixo orçamento.

É um desastre sancionado pela Crutch, que pode ser selado com a presença de nove pessoas.

A cada quatro anos, o Departamento de Gestão de Desastres recruta ou convoca participantes para contê-lo.

========================

A identidade dessa história de fantasma foi algo que inferi através do mesmo processo que usei inúmeras vezes na minha experiência recente de trabalho.

Mas desta vez, havia uma diferença crucial.

‘A afiliação…!’

Isso não era uma Escuridão da Daydream Inc.

Era uma história de fantasma isolada pelo governo — ou que seria isolada no futuro.

Um chamado ‘desastre’!

Qual a diferença, você pergunta?

Diferente das Escuridões da corporação, que eram exploradas como matéria-prima para lucro, o governo operava sob um conjunto de regras completamente distinto.

O Departamento de Gestão de Desastres existia apenas para evitar perdas de vidas ou danos materiais significativos.

Pelo menos, essa era a justificativa oficial.

Assim, o Departamento priorizava isolar tudo que absolutamente não deveria existir no mundo civil.

Ou seja…

Alguém tinha que morrer.

Quer fosse solucionado, alguém preso, ou a tentativa terminasse num fracasso ou sucesso —

Todo resultado garantia uma vítima fatal.

‘Uma vez envolvido, é morte certa.’

Um suor frio escorreu pela minha espinha.

Era algo que o governo considerava impossível de resolver sem pelo menos uma morte.

E agora eu estava prestes a entrar bem no meio disso.

Nem vou ganhar pontos com essa!

‘Baek Saheon, seu inútil sem esperança!’

Queria xingá-lo e dar um soco no único olho que lhe restava, mas…

‘Só perderíamos tempo.’

"Com licença, Supervisor!"

Ignorando Baek Saheon, suspirei e caminhei em direção à porta da pousada.

Quando me preparei para bater —

Drring —

O som de uma campainha de bicicleta veio de trás de mim.

Virei e vi uma bicicleta chegando àquela casa isolada no meio da floresta, com alguém pedalando.

– Olha só, mais uma chegada! Alguém que também pegou o item!

Sem brincadeira.

Mais uma alma perdida nessa maldita história de fantasma.

Segurei um suspiro e olhei para o lado, só para congelar de choque.

"……!"

Reconheci a figura descendo da bicicleta.

Mais precisamente, não sabia o rosto, mas o traje era inconfundível.

Roupas escuras, boné abaixado e máscara cobrindo o rosto.

‘…Mercado do Salmão!’

Era a mesma pessoa para quem eu havia vendido comida amaldiçoada mais cedo naquele dia, perto da Estação Gwanghwamun.