Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 115

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Presa nessa história fantasma de assassino em série, três minutos se passaram desde que chegamos em frente à cabana na montanha, no meio da floresta.

O comprador do mercado de usados, que tinha descido da moto depois de nós, se aproximou da porta da cabana.

Ele fez uma pausa breve ao notar que Baek Saheon e eu estávamos ali primeiro.

“...Parece que ele me reconheceu.”

O comprador do mercado parecia me reconhecer, mas fiquei calada, fingindo não perceber quem ele era.

Baek Saheon, sempre ansioso, logo começou a falar com um tom amigável.

“Com licença, você é o dono desta casa? Desculpe, mas acho que pegamos o ônibus errado. Com essa floresta ao redor, não tem sinal. Podemos fazer uma ligação rápida aqui?”

“Eu também me perdi e vim aqui pedir ajuda.”

“Ah... entendi.”

Nesse momento, me virei para o comprador e fingindo surpresa.

“......!”

Abri levemente os olhos e fiz um aceno educado com a cabeça.

O comprador, já sabendo quem eu era, não pareceu tão surpreso e retribuiu com um leve aceno.

Enquanto isso, Baek Saheon começou a puxar conversa, tentando extrair mais informações sobre ele.

Claramente, estava querendo descobrir se essa pessoa era mais fraca que ele.

“Você veio fazer trilha no fim de semana? Esse lugar parece isolado — você é daqui?”

“...Não. Nem sei como vim parar aqui. Comecei em Seul, com certeza.”

“Ah, sério? A gente também! Mas aqui não tem sinal. Você sabe como sair daqui ou onde estamos?”

“...Não tenho ideia. Vamos entrar e perguntar.”

“...Ah, certo.”

Baek Saheon, claramente frustrado com a falta de informação útil, fez um som de impaciência com a língua e olhou para a moto em que o comprador chegou.

E então pareceu notar algo.

A marca impressa no guidão.

[Governo Metropolitana de Seul #2153]

Obviamente, uma moto oficial do governo.

Vendo uma brecha, Baek Saheon se animou e voltou a falar.

“Com licença, você é possive—”

Eu o cutuquei de leve na lateral.

Ele congelou, fechou a boca e me olhou.

Eu lentamente articulei as palavras:

“Departamento de Gestão de Desastres.”

“……!”

“Ele deve ter ouvido pelo menos uma vez no trabalho como o relacionamento entre a empresa e o Departamento é horrível.”

Se essa pessoa descobrisse quem éramos...

Fiz um gesto sutil, passando o dedo na garganta.

Baek Saheon ficou pálido.

De então em diante, ele evitou falar diretamente com o funcionário do governo. Bom. Escolha sensata.

“Vou abrir a porta.”

Assenti para o funcionário público, que já esticava a mão para o puxador da porta e a abriu devagar.

Creeeeak.

“Tem alguém aí?”

A luz do sol do meio-dia entrava no interior levemente escuro da cabana.

E então—

“Ohhh, veja só? Tem mais gente aqui!”

“Você é o dono deste lugar?”

Pessoas que já tinham chegado começaram a aparecer.

Um casal na faixa dos quarenta anos.

Três jovens na casa dos vinte.

E um homem de meia-idade.

Seis pessoas ao todo.

Incluindo nós três, dava... nove.

“Está começando.”

Contendo o desejo de soltar um gemido, entrei na cabana.

* * *

Tudo aconteceu tão previsível quanto um clichê.

O casal disse que o GPS os guiou até ali.

“Quer dizer, o GPS nos mandou para o lugar errado, o carro quebrou e nossos celulares não têm sinal… Isso tá me deixando louco!”

“Huu. Querido, eu te falei, não falei? Devíamos ter ido para Sapporo em vez de Sokcho!”

Três estudantes universitários de um clube de trekking, que também disseram ter se perdido.

“Estacionamos bem na entrada da trilha, viu?”

“É, mas... Aff, isso é tão irritante.”

E finalmente, um homem de meia-idade que tentava pegar o ponto de ônibus mais próximo depois do expediente como motorista designado.

“Aigoo. Mesmo assim, ver gente por aqui é um alívio. Se esperarmos, o dono deve aparecer, certo?”

– E quando o dono da cabana aparecer, o banho de sangue começa?

Algo assim.

Olhei ao redor com o olhar morto de quem já tinha desistido.

Eu nem tinha levado nada decente.

Viver é difícil, sério...

“Foco só em mim. Só em mim!”

Logo fomos questionados pelos outros.

“E vocês? O que vieram fazer aqui?”

“Ah, somos só funcionários de escritório. Devemos ter pegado o ônibus errado enquanto íamos para um trabalho de campo. Este aqui é meu supervisor, e eu sou só um empregado.”

Olhe o Baek Saheon, jogando a responsabilidade discretamente pra mim.

Peguei meu bloco de anotações.

Felizmente, como ainda estava com minhas roupas de trilha, ele estava no bolso, facilitando manter meu jeito usual.

[Olá.]

“Hã? Por que você está escrevendo em vez de falar…?”

[Estou com a garganta meio arranhando.]

“Ahh.”

Os três universitários se afastaram, com cara de desaprovados.

O casal deu uma olhada para mim e recuou um passo.

“Meu Deus, essa gripe que tá rolando deve estar pegando feio, né?”

“Você deveria usar máscara pelo menos. E se contaminar outra pessoa?”

[Desculpem. Vou evitar falar o máximo possível e tomar cuidado.]

Baek Saheon me lançou um olhar de nojo, como se eu tivesse virado uma coisa repugnante. Ele reagia assim o tempo todo, assumindo as respostas que eu poderia ter dado.

“Aliás, esse jovem é da sua empresa também?”

“Não, a gente se conheceu na porta, mas... hum.”

O comprador do mercado de usados, um homem alto com olhos afiados que lhe davam uma presença intimidadora, respondeu educadamente.

“Sou servidor público da prefeitura de Seul.”

Ah. Ele realmente admitiu.

Explicou rapidamente que era servidor público e que tinha se perdido enquanto andava de moto.

E foi só.

Convenientemente, omitindo que trabalhava no Departamento de Gestão de Desastres — e que estávamos todos presos numa história de fantasmas em que um serial killer logo começaria a nos eliminar um a um, como um jogo mortal de roleta russa.