
Capítulo 116
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Ainda assim, as pessoas não são bobas. Começaram a perceber que havia algo estranho.
“Então, toda essa gente simplesmente se perdeu em plena luz do dia e acabou nessa pousada no interior?”
“Talvez a gente tenha sido enfeitiçado ou algo assim.”
“Ei! Não fale essas coisas de mau agouro.”
Quanto mais pessoas, mais corajosas elas ficam.
Mesmo falando em fantasma, o grupo começou a olhar ao redor como se estivessem numa exposição curiosa.
“Pensando bem, este lugar…”
“Parece bem chique, né? Tipo aquelas mansões que família rica tinha em todo bairro quando a gente era criança.”
Não estavam errados.
A cabana de madeira, construída num estilo popular algumas décadas atrás, era uma mistura de charme pitoresco, riqueza rústica e elegância contida.
“Olha ali! Aquela moldura é de ouro, não é?”
De um lado da sala havia uma grande pintura emoldurada, a moldura parecia ser de ouro mesmo.
Mas o que chamou minha atenção não foi a moldura — foi o que havia dentro.
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Refeição Alegre
O coelho assa na cozinha
O cervo é pego no quintal
A pomba é engordada no quarto
O cordeiro é cortado na sala
Boing, boing, o som de pulos com risos
O chão de madeira bate, bate
A mesa, cheia
Assobiando, no ar
A família se reúne em volta
Bom apetite
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“……”
Não pode ser.
‘Isso é um baita presságio.’
– Hooh, será que é uma metáfora para os assassinatos que estão por vir?
Parece muito isso.
Mas ninguém ali parecia ser fã dos gêneros de horror ou mistério.
Os universitários que diziam fazer parte de um clube de trilha riam entre si e até colocaram um enfeite de marfim de uma mesinha ao lado do sofá no bolso.
‘Oh.’
Se algum deles acabar sendo o primeiro cadáver amanhã, não vou me surpreender.
Quando pensei isso—
Clunk.
“……!!”
Soou um barulho vindo da cozinha nos fundos.
A sombra da porta dos fundos se abrindo ficou projetada na sala.
E então, uma figura entrou devagar pela porta aberta.
A pessoa, vestida com um moletom velho e esfarrapado, rosto escondido e corpo curvado, nos cumprimentou.
“Boa tarde, visitantes da pousada.”
“……?!”
“Sou o zelador desta pousada na montanha, e estou aqui para servi-los durante a estadia.”
A voz era grave e formal, e ele se curvou educadamente, falando com um sotaque antigo de Seul.
– Ah, um funcionário suspeito!
Exatamente. O clássico “mordomo da mansão do mistério”.
Diferente da minha expressão impassível, os outros pareceram surpresos com o contraste entre a aparência desgastada do zelador e sua fala refinada.
“E-Eu desculpo, mas não somos exatamente hóspedes. Só nos perdemos e queríamos usar um telefone…”
“Isso não é verdade. Vocês vieram ao lugar certo.”
“Como assim?”
“Vocês vieram trocar as fitas cassete, não foi?”
Todos congelaram.
“As que estão nos seus bolsos.”
“……!”
Como hipnotizados, todos enfiaram a mão no bolso e puxaram objetos.
Estavam segurando fitas cassete antigas, cor de marfim, com os títulos riscados — exatamente igual às de Baek Saheon.
“Isso...!”
“Como todo mundo tem isso...?”
“O dono desta pousada era um homem muito rico. Durante sua vida, ele espalhou essas fitas cassete por toda parte.”
O grupo se encolheu.
“E ele fez uma promessa.”
“Q-Que tipo de promessa?”
“‘Se você visitar minha pousada com uma dessas fitas, eu trocarei ela por qualquer coisa que eu tenha.’ Essa foi a promessa dele.”
“……!”
“E, mesmo após a morte, essa promessa continua válida.”
– Uma troca hereditária! Que isca tentadora.
Muito claramente uma isca...
‘Ou talvez tão óbvio que funciona direitinho.’
Dinheiro tem esse poder mágico, afinal.
Mesmo rindo nervosamente, os olhos de todos se voltaram automaticamente para as vitrines cheias de tesouros em ouro e celadon.
O homem de meia-idade deu uma risada estrondosa, pegando meio que para testar sorte a moldura dourada.
“Haha, então eu posso simplesmente pegar o que eu quiser assim?”
O zelador da pousada respondeu com calma e polidez.
“Claro. No entanto, vocês poderão levar tudo daqui apenas após três dias.”
“O quê?”
Hmm. Como esperado.
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Aos participantes é prometida uma recompensa monetária significativa se permanecerem dentro do Disaster por um período determinado.
O ‘período determinado’ varia de no máximo uma semana a no mínimo 12 horas, adaptado à capacidade do participante aguentar para conseguir a recompensa prometida.
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“Damos três dias para vocês pensarem, para que não percam a sua única chance de troca.”
“Não preciso de tempo para pensar!”
“Então podem ir agora. Mas a troca não será mais possível.”
O casal casado calou a boca rapidamente. Parecia que a ideia de abandonar dinheiro de graça era amarga demais para aceitar.
Um dos estudantes que estavam com o grupo levantou a mão lá no fundo.
“Desculpe, então... podemos pedir algo absurdo? Tipo, ‘Me dê toda a herança’?”
“É possível.”
“……!!”
O tom brincalhão do estudante sumiu num instante.
“Posso pedir a posse da própria pousada?”
“Sim.”
“……”
As expressões do grupo mudaram.
‘Agora querem mesmo acreditar.’
O frio desconfortável no ar sumiu, substituído por uma sensação de sorte, como se aquele tipo de bolada que só se vê na internet estivesse de repente ao alcance.
Depois que o zelador mostrou documentos, incluindo um testamento, o ceticismo virou certeza.
“Isso... isso parece legítimo.”
“Inacreditável...”
Até o casal que estava resmungando mudou o jeito.
“Esquece o passeio de fim de semana, vamos encarar. Na pior das hipóteses, chamamos a polícia, né?”
“É isso! Nosso negócio deve ser tipo um talismã de xamã. É louco como todo mundo veio parar aqui.”
O zelador da pousada ainda deu tempo para todos fazerem ligações.
Depois das chamadas, o clima no grupo ficou animado, como se estivessem em algum evento grandioso.
O zelador, observando, se curvou profundamente.
“Quando chegam tantos visitantes ao mesmo tempo, a ordem da troca é muito importante.”
“Ah, faz sentido!”
“É, tipo se a primeira pessoa pedir toda a herança, já era para os outros!”
“Portanto... prioridade será dada a quem tiver mais fitas cassete.”
“……!”