Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 103

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Voltamos para a escada.

"Só precisamos subir, certo?"

"Sim."

Comecei a subir, mas, em vez de simplesmente continuar até aparecer o próximo andar, comecei a contar.

Um andar.

Dois andares.

Três andares…

Continuamos subindo até que a escada simplesmente terminou.

Ofegante…

Suspirando…

Levantei a cabeça.

"Este é o topo."

Havíamos chegado ao último andar desta mansão enorme.

No caminho, encontramos máquinas de orientação três vezes. Cada vez, Go Yeongeun fazia perguntas, mas as respostas eram sempre as mesmas.

Agora, os dois deviam estar se perguntando,

'Por que estamos subindo se as máquinas dizem para descer?'

A resposta estava aqui, neste último andar.

"Sra. Goral. Quantos andares você acha que já subimos?"

"O quê? Bem… hein?"

"……"

"Espere. Se contei direito…"

"Seis andares," disse Baek Saheon.

"Este é o sexto andar, não o sétimo!"

Exato.

"Mas essa mansão deveria ter sete andares!"

– Esta mansão histórica é composta por sete andares acima do solo… e 7.221 andares abaixo.

Isso contradizia a explicação do Braun.

Mas Braun, sendo um 'bom amigo', não mentiria.

Então, se tudo é verdade…

"……"

Agora entendi.

"Você. Mentiu de propósito sobre o sétimo andar—"

Baek Saheon começou, mas eu interrompi.

"Sra. Goral, sabe disso?"

"Ei!"

Existem muitas histórias de fantasmas assim—situações em que o que parece lógico e claro para uma pessoa se torna completamente irracional para outra, por causa de diferenças culturais ou ambientais.

É um tipo de história de terror que se alimenta do desconforto criado por essas disparidades.

Como quando identifiquei um quadro de palhaço porque entendi a diferença entre palhaço e pierrot naquela exploração do Escuridão anterior.

"A forma como os andares são contados depende das normas culturais."

"…O quê?"

"Em países como os EUA, Coreia do Sul—e em geral no Leste Asiático—a numeração dos andares começa pelo primeiro andar."

No entanto…

"Em outros contextos culturais, funciona de maneira diferente."

Isso explica por que a escada do térreo até o subsolo parecia estranhamente longa.

Não era só impressão.

"Eles começam a contar a partir do térreo, ou 'andar zero'."

"……!"

O Térreo, como é chamado frequentemente.

"Então essa mansão tem, sim, sete andares acima do solo… do Térreo—ou 0F—até o 6F."

Olhei para a escada.

"Agora só precisamos voltar para o 1F e perguntar como encontrar o caminho para o 0F."

E foi exatamente isso que fizemos.

* * *

– Por favor, nos mostre o caminho para o 0F.

No primeiro andar—

Seguindo o caminho indicado pela máquina de orientação no 1F, caminhamos para frente e, para surpresa, encontramos uma escada com um design completamente diferente do lado oposto do salão principal de exposições.

Uma enorme escada em espiral dupla.

Se descêssemos por uma das espirais, claro, acabaríamos no salão de exposições do subsolo, onde o brilho bronzeado vira latão—assim como antes.

Mas havia outra opção. Poderíamos parar no meio do caminho e escolher abrir uma imensa porta.

E foi essa porta que eu abri.

Rangeu.

Um espaço imponente e elegante, banhado por luz prateada, se revelou diante de nós.

Não era um salão de exposições.

Era… o saguão.

"……!!"

Um andar que funcionava puramente como saguão, sem nenhuma exposição, e, portanto, não conectado às escadas habituais dos salões de exibição—esse era o elusivo 0F.

Finalmente havíamos entrado nesse andar pelo acesso mais apropriado.

E bem à nossa frente havia uma porta de vidro estilo vitral.

"…A entrada principal."

Embora a luz que atravessava tornasse difícil ver para fora, não havia dúvidas.

Finalmente, encontrávamos a saída.

"Estamos salvos!!"

"Haaa…"

Gritos de alívio e suspiros profundos de cansaço preencheram o saguão.

E então, aplausos de alegria.

"Sr. Roe Deer! Sua dedução estava certa! Acertou de novo! Uhuuu!! Vamos sair daqui já!"

Realmente. Eu só queria gritar e correr para fora em comemoração.

Mas…

"Preciso encontrar meus superiores e sair com eles."

"Ah! Então… vai precisar da vela, né?"

Go Yeongeun, olhando para a vela consumindo rapidamente, tomou uma decisão firme.

"…Vamos juntos pegá-los rápido!"

"Sim. Obrigado."

De verdade, muito obrigado… Andar por esse lugar sozinho procurando pelos novatos já me esgotara completamente.

A escolha de Go Yeongeun foi exatamente o que eu esperava de seu caráter.

Quanto a Baek Saheon, bem…

A decisão dele também não me surpreendeu.

Sem hesitar, ele foi direto para a porta.

"Façam o que quiserem. Eu vou sair daqui!"

Claro, tanto faz.

Observei Baek Saheon com um olhar desapontado.

'É melhor eu observar o que acontece quando alguém usa essa porta—que efeitos tem e como ela reage.'

Mas então Baek Saheon hesitou.

"……"

"……"

E recuou lentamente da entrada.

'……?'

Por quê.

"Pensei que você ia sair."

"…Vou deixar alguém ir na frente."

Que paciência.

'Seria mais fácil para todos se ele simplesmente saísse.'

Olhei para ele com um pouco de decepção e voltei minha atenção para outro lado.

– Hahaha… essa situação está bastante divertida, Sr. Roe Deer!

Eu não acho divertido, mas é reconfortante saber que alguém acha.

– Então você vai agora avisar seus superiores, que são incrivelmente normais, sobre a localização da saída?

Exatamente.

'Embora “incrivelmente normais” não seja bem a expressão que eu usaria para eles…'

Quantas vezes já vasculhei esta mansão? Minhas pernas já quase não aguentavam, mas eu precisava agir rápido.

– Espere um momento. Está com dor nas pernas, amigo?

– Ah, então é hora de eu te apresentar minha nova habilidade.

…O quê?

'Nova habilidade?'

– Sim! Graças ao maravilhoso banho que você me deu, meu caro amigo, me sinto revigorado. Permita-me mostrar minha força…

– Agora, tire-me do seu bolso.

O tom dele era estranho, pomposo, mas com uma sutil nuance de gratidão.

Segui as instruções e tirei o boneco de pelúcia do bolso.

"Sr. Roe Deer?"

"Aguarde um instante."

– Exatamente. Você não vai precisar esperar muito! Um verdadeiro artista está sempre pronto para impressionar… assim!

Estalo!

Um som seco ecoou das mãos sem dedos do boneco.

E então…

Senti algo se abrir em mim, como se meu peito e minha boca tivessem sido 'destrancados'.

Uma sensação de ressonância.

Era como se um vasto espaço se formasse dentro de mim.

[Ah.]

"……!!"

"Sua voz…"

Fiquei em silêncio.

As vibrações das minhas cordas vocais reverberavam por todo o saguão.

– Nada mal.

– No meu show, nenhum espectador precisa levantar a voz. Cada palavra será ouvida confortavelmente e com clareza por audiência e telespectadores.

Isso é…

'Um microfone?'

– Ah, que maneira maravilhosamente convencional de dizer!

– Sr. Roe Deer, meu caro amigo, suas palavras agora vão alcançar todos claramente… contanto que estejam no mesmo 'estúdio'.

– Neste caso, no 'mesmo andar', por assim dizer!

Inacreditável.

Ele realmente se tornou mais capaz.

– Você me elogia demais.

Fiquei impressionado.

'Embora, infelizmente, essa habilidade não pareça muito adequada para a situação atual.'

– Perdoe?

Eu só precisava chamar os superiores que estavam na sala do terraço. Se todo mundo nesse andar pudesse me ouvir em vez disso…

"……"

– Amigo?

Espere.

Isso é realmente algo ruim?