Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 104

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

O supervisor Park Minseong reprimiu um suspiro ao se sentar ao lado do sofá na sala da varanda onde estava se escondendo.

‘Isso está demorando demais.’

Já haviam se passado mais de 70 minutos desde que Kim Soleum desceu com os outros novatos.

Embora Soleum tivesse mencionado que esse tempo poderia ser necessário, também deixara uma ressalva sobre o que fazer se ele ou os demais não retornassem em até duas horas…

– …Não percam tempo esperando ou me procurando.

Ou seja, se algo desse errado, eles deveriam simplesmente deixá-lo para trás.

‘Eu devia ter ido com ele.’

Park Minseong conteve outro suspiro. Apesar de a Daydream Inc. funcionar numa filosofia de sobrevivência do mais apto, ainda havia alguns grupos na Equipe de Exploração de Campo com forte sentimento de camaradagem, e o esquadrão D era um deles.

A assistente Eun Haje também estava sentada no sofá, visivelmente inquieta, enquanto revisava um mapa improvisado daquela Escuridão. De vez em quando, soltava suspiros profundos.

‘…Eu até esperava que o Roe ficasse no nosso esquadrão depois do período de novato.’

Mas, por enquanto, sair dali com vida era a prioridade.

Sentindo-se um pouco abatido, Park Minseong ainda encontrava algum consolo em uma coisa.

‘O líder do esquadrão Lee Jaheon aprovou isso, afinal.’

Isso significava que o item devia ser tão confiável quanto parecia. Minseong não fazia ideia de onde o novato tinha conseguido aquilo, mas de vez em quando, aconteciam casos assim — pessoas que entravam na empresa depois de várias vezes envolvidas em lendas urbanas ou histórias de fantasmas.

‘Será que ele é um caso desses?’

Talvez fosse mais uma questão de azar.

Mesmo na Equipe de Exploração de Campo, era raro colocar novatos em Escuridões perigosas como aquela — talvez só uma vez por ano, se tanto.

Pensar em Kim Soleum, que partia de uma missão de alto risco, como o parque temático, para outra, quase fazia Minseong engolir lágrimas.

‘Ao menos ele vinha ganhando pontos.’

Park Minseong reprimiu mais um suspiro e olhou na direção da porta da varanda.

Lá estava uma figura, completamente serena, em nítido contraste com os pensamentos inquietos de Minseong.

O líder do esquadrão Lee Jaheon.

Sem mover um músculo, ele permanecia parado junto à porta da varanda.

Provavelmente, ele media a passagem do tempo com um relógio interno irritantemente preciso.

Quando o tempo chegasse ao fim, ele certamente se levantaria e agiria conforme o plano — sem hesitar.

Minseong só podia esperar que o plano não incluísse ‘excluir Kim Soleum da tentativa de fuga por falta de chances de sobrevivência’.

‘Não, antes disso, só espero que o Roe volte...’

Do lado de fora, salvo por gritos ocasionais, havia um silêncio inquietante.

‘Ainda nada de passos.’

Se Roe tivesse terminado a tarefa, certamente o som de três passos tranquilos seria a primeira coisa que ouviriam…

[Vocês conseguem me ouvir?]

"……?!"

Park Minseong saltou da cadeira.

Ao lado dele, a assistente Eun Haje fez o mesmo, em reação.

[Este é um anúncio sobre a rota de fuga.]

[Não há tempo para repetir, então por favor prestem atenção.]

Era a voz do novato que o esquadrão D aguardava — Kim Soleum.

[A saída é no 0º andar.]

[Repito: a saída é no 0º andar. Vocês precisam descer as escadas até que o brilho do bronze se transforme em latão…]

Era, sem dúvida, a voz do Roe.

Dado o quanto esse novato se provara extraordinário, não seria nenhuma surpresa se ele tivesse encontrado uma forma inteligente de transmitir aquele anúncio… mas.

…E se não fosse ele? E se algo não humano estivesse apenas imitando Kim Soleum?

"……"

Os dois membros do esquadrão D trocaram um olhar, deixando silenciosamente a decisão final para quem estava mais capacitado para lidar com aquilo.

O líder do esquadrão, conhecido pelo julgamento infalível nessas situações.

"……"

Lee Jaheon permaneceu junto à porta da varanda, claramente ouvindo o anúncio. Ficou olhando no vazio, como se estivesse imerso em pensamentos profundos.

[Você deve usar a escada em espiral.]

Após um momento de reflexão, tomou sua decisão.

"Vamos."

[Este é o fim do anúncio.]

Finalmente, terminei de repetir a mensagem pela sexta vez. Do primeiro ao sexto andar.

‘Isso deve cobrir todos os níveis da superfície.’

Havíamos discutido se focar só no esquadrão D, estacionado no primeiro andar, mas a senhora Goral foi taxativa.

– V-Você quer dizer que pode fazer isso? Então temos que salvar o máximo de gente possível!

Era uma frase digna de alguém da área médica.

Agora, porém, a decisão caberia a cada um.

‘Evitei apresentar-me ou mencionar a empresa, mas usei alguns termos familiares para a Equipe de Exploração de Campo...’

Ainda assim, podia haver pessoas muito desconfiadas para agir.

Se acaso encontrassem uma máquina de recepção nas escadas, eu não podia fazer nada.

Mesmo assim, perder um ou dois membros ainda é melhor do que morrer aqui como uma larva humana.

‘Também ajuda a dispersar as máquinas que poderiam ir na direção do esquadrão D.’

Limpei a garganta.

"Ah, ah."

Braun parecia ter recuado sua energia, pois a estranha ressonância na minha garganta e pulmões desapareceu.

‘Valeu.’

– A gratidão sempre é música para os meus ouvidos!

Braun soava um pouco cansado, mas ainda bem-humorado.

Enquanto isso, uma voz irritada quebrou o momento de apreciação.

"Por que está desperdiçando pontos? Quanto mais pessoas escaparem, menos pontos cada um recebe."

Lá vem esse argumento distorcido de novo.

E pior, uma frase ignorante.

"Você é burro? Acha que não tem funcionário veterano que vai achar a saída sozinho, mesmo que um novato como você escape?"

"……!"

Há funcionários tão bem equipados com itens e equipamentos especializados ou simplesmente naturalmente talentosos que escapam sem ajuda.

Até de acordo com o <Registros de Exploração das Escuridões>, sete sobreviventes escapando já era garantido, então a distribuição dos pontos individuais não passaria de um oitavo, quer eu fizesse isso ou não.

Em resumo, tentar lucrar com pontos nessa história de fantasmas não valia a pena.

Mas, em vez de explicar tudo isso, apenas sorri levemente.

"Essa é a situação em que causar uma boa impressão garante que o trabalho fique mais agradável depois. Além disso, eu posso observar diferentes reações."

"……"

Baek Saheon desviou o olhar com uma expressão de impaciência.

‘Você tem consciência disso?’

Se ele refletisse sobre o que disse antes, perceberia que eu deveria ser eu a responder com essa reação. Que sociopata, nesse mundo torto de histórias de fantasmas.

Mesmo assim, preocupado que a senhora Goral pudesse ter se abalado, chamei sua atenção.

"Senhora Goral."

"……"

"Senhora Goral?”

"…Espera aí. Você me chamou?”

"……!"

De jeito nenhum.

"…Acho que… minha audição está começando a falhar, só um pouco."