
Capítulo 92
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Passo, passo.
Eu caminhava silenciosamente por uma exposição que arrancava olhos humanos.
E ao meu lado estava alguém que encaixava perfeitamente no arquétipo do “lixo humano” de uma história de terror.
“Eu realmente queria que Baek Saheon ficasse quieto e agisse como um totém humano.”
No caminho até aqui, eu tinha visto sombras horripilantes rastejando pelo chão várias vezes à distância. A cada vez, eu não podia estar mais agradecido por ter alguém comigo...
“Desde que eu não baixe a guarda. Essa é a chave.”
Braun falou comigo num tom que parecia divertido.
– Senhor Roe Deer, esse sujeito fala de um jeito tão interessante. É quase como se fosse outra pessoa completamente.
“Você não gosta?”
– De jeito nenhum! É absolutamente fascinante. É como se ele tivesse criado uma persona mais exagerada... para dar um show.
Hum. Faz sentido.
– Então, sair dessa exposição magnífica é seu objetivo final?
Está certo.
E...
“Eu já tenho meu plano de fuga.”
Eu confirmei que essa exploração estava registrada como a décima sétima entrada nos Registros de Exploração Sombria, então baseei minha estratégia de fuga naquele caso.
Eu até decidi quais itens usar.
– Oh!
– Mas será que precisa usar a palavra “fuga”? Não seria mais fácil só pegar um funcionário e pedir para ele te mostrar a saída? Com certeza eles ajudariam educadamente!
Aí é que começa o problema.
“Os funcionários dessa exposição são máquinas.”
Daquelas com pernas de aranha que balançam sinistramente.
– Hum. E daí?
“Cada máquina só sabe as informações sobre sua área designada.”
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Cada área dessa exposição tem um guia para facilitar a visita dos visitantes.
Embora alguns visitantes anteriores chamassem esses guias de “monstros”, eles são, na verdade, bonecos robóticos automáticos de mithril vintage, modelo do Ano Imperial 62627.
Apesar das suas unidades de memória serem limitadas às informações da sua área específica, são artefatos históricos e artísticos de valor.
Para garantir uma experiência de visita construtiva em nossa exposição, pedimos gentilmente que evitem termos depreciativos.
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Isso significa que, se você quiser perguntar sobre a saída, precisa ir até a área em que a saída está localizada e falar com o funcionário de lá.
E quando chegar lá... se passar muito tempo, você será “cobrado” e virará uma gosma humana grotesca.
Mesmo identificar qual área contém a saída já é um desafio gigantesco.
“Mas há uma pista.”
Eu parei de andar.
Eu havia encontrado o que procurava.
“...Um elevador?”
À minha frente e à de Baek Saheon estava um elevador de estilo antigo, brilhando com tons de latão.
O elevador era protegido por grades de ferro, e uma pequena lâmpada piscava à sua frente.
Como em qualquer elevador, havia um painel de instruções preso à parede ao lado, mostrando os números dos andares e as instruções de uso.
O único problema era que o texto estava escrito num alfabeto que não entendíamos.
“Só mais um jeito de aumentar a dificuldade da exploração.”
O descompasso causado pela escrita.
Baek Saheon franziu o cenho.
“...Você vai mesmo entrar nesse troço?”
“Não sei.”
“A gente nem consegue saber os andares. Você tá doido?”
Eu o encarei sem dizer nada. Ele desviou o olhar rapidamente.
“Como se eu fosse fazer algo tão imprudente.”
Mas eu tinha Braun, o apresentador de talk show creepypasta que afirmava ser fluente em todas as línguas!
“Braun, consegue ler o painel de instruções desse elevador?”
– Isso não é tarefa difícil, amigo!
– Hum hum,
Braun limpou a garganta e começou a explicar num tom amigável.
– Esse elevador tem um guia fixo que aperta o botão do andar desejado mediante pedido. Um serviço bem antiquado e sofisticado, não é?
Isso significava que você não podia usar o elevador sem encontrar um guia, o que também significava arriscar ter os olhos arrancados.
Mesmo sabendo disso, engoli em seco.
“Tem alguma informação sobre a saída?”
– Infelizmente, não! A maior parte descreve os andares e suas exposições.
– Ah, e por sinal, vocês estão no segundo andar. ...Ah, espere aí. Também tem uma descrição sobre a história dessa mansão!
“...!”
Era uma informação que não constava nos Registros de Exploração Sombria.
“Continue.”
– Com certeza, amigo!
– Esta é a imensa propriedade de um colecionador muito nobre... e refinado. Por sua generosidade, ele dedicou essa exposição infinita para compartilhar sua arte e filosofia.
– Além disso, essa mansão histórica é composta por sete andares acima do solo... e 7.221 andares subterrâneos.
“...”
Espera.
O quê?
“Subterrâneos... 7.221 andares?”
– Isso mesmo. Humm, parece que ele coleciona há bastante tempo!
Eu congelei.
“...Eu já sabia que tinha um porão.”
Não estava descrito no começo.
Os primeiros registros dessa história de terror, Mansão dos Cegos, narravam fugas sortudas dos andares térreos ou a morte daqueles que não conseguiram escapar.
Aqueles registros foram o que conquistaram os leitores, aumentando a popularidade.
À medida que os registros se multiplicaram e o universo da história cresceu, algum explorador inevitavelmente fez uma descoberta.
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O 23º registro é um depoimento deixado por um visitante que entrou nos andares subterrâneos pelo elevador.
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A existência dos andares subterrâneos.
A partir daí, registros detalharam pessoas descendo para o porão após não conseguirem encontrar saída nos andares superiores.
A descida desesperada em busca da saída — cada vez mais para baixo — transmitia um medo avassalador e gelado na espinha.
Nesse ponto, a história de terror passou a ser classificada como horror cósmico.