
Capítulo 93
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Esses registros de exploração tinham o objetivo de fazer o leitor se sentir sufocado e desorientado.
Em alguns relatos, os exploradores até desistiam de escapar, mergulhando cada vez mais na loucura enquanto seguiam descendo sem fim.
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Este é o testemunho de um visitante que viu a exposição no B105.
Funcionário 753: As coisas indescritíveis e terríveis que não consigo ver são realmente belas. Estruturas feitas de ■■ e ■■ dos humanos estão ■ando. Morra para este propósito.
Não existem mais registros.
Agradecemos seu feedback valioso. Nos esforçaremos para melhorar a gestão da exposição para uma experiência ainda mais profunda.
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Quanto mais fundo se vai, mais grotesca e incompreensível a coleção se torna. Em algum momento, a linguagem falha em capturar o que se vê, restando apenas fragmentos censurados e espaços vazios dominados pelo terror.
Milhares de incógnitas se encontram lá embaixo…
Estalo—
Eu bati na minha própria cara.
"……?!"
Controle-se.
'Existem várias saídas.'
Mesmo que suas localizações mudem toda vez que a exposição começa, esse fato não muda.
Havia registros de pessoas escapando por saídas diferentes em andares distintos na mesma iteração.
'Eu consigo.'
Não importa o quão imenso esse lugar seja ou o quão incompreensível o espaço se torne.
Uma saída pode estar mais próxima do que eu imagino.
Eu tenho dados de exploração de mais de 100 iterações, incluindo os registros desta rodada.
Ficar aqui parado, sem reação, me faria um idiota.
'Mesmo sem saber o andar exato, já tenho as pistas.'
Eu tinha que me mexer rápido em vez de ficar paralisado pela magnitude dessa história de terror.
Não seja tolo… fique atento!
'…Tudo bem.'
Respirei fundo e comecei a andar.
Rumo à escada ao lado do elevador.
"Espera, você não vai pegar o elevador… como sabe onde está indo?"
"Estamos no segundo andar."
"……?"
"Vou descer até o subsolo a partir daqui."
"Subsolo? Tem um subsolo—espera, isso é o segundo andar? Como tem tanta certeza?"
"O Braun me contou."
"……"
"Não está agradecido?"
"……"
– Sem problemas, feliz em ajudar!
Surpreendentemente, Baek Saheon ainda não tinha fugido.
Hmm. Vou manter minhas interações com ele nesse nível daqui pra frente.
* * *
Mesmo descendo pela escada, a decoração da mansão grandiosa não mudou nada.
A iluminação em latão fosco e a atmosfera sombria continuavam infinitamente, dando a impressão de que estávamos presos no mesmo andar.
E então, um andar abaixo, as escadas simplesmente desapareceram.
'…Essas escadas não levam ao subsolo.'
Por enquanto, já que estamos no térreo, decidi procurar uma nova escadaria ou outra forma de avançar.
Também não havia mais papo furado com Baek Saheon.
O som das máquinas ficou mais constante ao nosso redor.
'O salão principal da exposição deve estar próximo, com fiscais quase sempre por perto.'
Movendo-nos silenciosamente, praticamente rastejando pelo chão, olhei para cima e avistei uma grande placa logo abaixo do teto.
'Achei.'
A placa do salão principal da exposição.
Entalhada com desenhos ornamentados, trazia uma inscrição fluida e elegante… em um alfabeto incompreensível.
– 'O Poder da Emoção.' Que título único para uma exposição!
"……!"
Era uma exposição que eu tinha lido no <Registros de Exploração Sombria>.
Só de ver o nome escrito, um calafrio percorreu minha espinha…
'Que diabos.'
Supri a vontade de dar meia-volta imediatamente.
'Se vou mapear a rota de fuga, terei que encarar isso pelo menos uma vez.'
Ignorar uma exposição "segura" enquanto tento garantir uma rota seria burrice.
Então, cerrei os dentes e segui em frente, passo a passo.
No momento em que espiei pela porta dourada e ornamentada para dentro da exposição…
O espaço se abriu diante de mim.
Uma onda de sons invadiu meus sentidos.
AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHHH
Incontáveis bocas berrando.
Mais precisamente, fileiras de dentes e línguas.
Uma parede enorme recheada de quadros em estilo barroco, cada um contendo uma boca humana, todos organizados numa assustadora beleza.
Parecia que caixas vocais artificiais haviam sido acopladas às bocas, cada uma recitando poesias em diferentes vozes e idiomas.
Centenas, talvez milhares de quadros harmonizavam para criar uma estranha e bizarra mistura de sons e notas.
E abaixo deles…
No chão, lesmas humanas se contorciam.
Huuuuuurgh… huuurgh…
Pessoas que não conseguiam mais falar como humanos, com botões apagados fixados nas órbitas oculares, gemendo de agonia.
Eram aqueles que haviam sido “carregados” repetidas vezes a ponto de perderem quase toda a humanidade.
O contraste entre as formas grotescas deles e as bocas emolduradas, exibidas em arranjos belos, tornava a cena aterrorizante… cada vez mais…
'Ah.'
Me deu vontade de vomitar.
O medo vertiginoso me fez olhar para o chão.
Fique calmo. Preciso me acalmar.
'Eles não são funcionários da empresa.'
Provavelmente eram pessoas presas ali há dias.
Aqueles coitados… Não, não podia focar neles agora. Tinha que empurrar isso para longe da minha mente o máximo possível…
Screeeeeeech—
Ao longe, a sombra de uma máquina fiscal se aproximava.
Baek Saheon e eu prendemos a respiração e nos enfiamos numa grade de ventilação próxima.
A sombra da máquina se movia entre as lesmas humanas, como se procurasse corpos imóveis para recolher e carregar.
O som do arrastar dos corpos misturava-se ao barulho mecânico.
"……"
"……"
Após alguns minutos sufocantes…
"Ei."
"……"
"Eles levaram os cadáveres. Você acha que até os cadáveres têm valor? Como pagamento pela taxa?"
Que diabos há de errado com esse cara?
"Se eles tivessem valor como pagamento, não teriam deixado ali vivos até morrerem sem recolher."
"Ah, faz sentido."
Mesmo nessa situação, tinha que ouvir esse tipo de besteira? Meu cansaço estava no limite.
E ainda tinha que mentir.
'Se fosse sincero… claro que têm valor. Obviamente!'
Como nos tratam como “visitantes”, parecem cobrar apenas por coisas que não comprometem nossa sobrevivência, como olhos, nariz ou boca.
Mas será que não acharam cérebro e médula espinhal valiosos também? Acho que havia andares com esses itens em exposição.
Mas não podia contar isso para ele. Provavelmente sugeriria carregarmos os cadáveres para oferecê-los como pagamento, se a situação apertasse.