Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 87

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

– Espere um instante! Amigo, não se mexa. Se alguém vir esse corpinho de pelúcia cheio de algodão, eu morro de vergonha!

[Você prometeu me salvar, prometeu!!]

– Haha! Mas o Sr. Cervo disse que nunca fez essa promessa!

"Espera!"

Finalmente corri até a banheira.

Achei que ouvi alguém estalar a língua, mas o som sumiu assim que me inclinei sobre a banheira.

O que vi foi o ginseng selvagem, encurralado, se debatendo loucamente enquanto se sacudia desesperadamente.

As bagas do ginseng pareciam meio esmagadas, como se tivessem sido chutadas, e as raízes estavam destroçadas, como se alguém tivesse tentado espremer a seiva delas.

[Salve-me, salve-me…]

O ginseng selvagem parecia totalmente exausto, seus movimentos com as bagas desacelerando.

[L-Deixe-me ir…]

…Deixar você ir?

Estendi a mão enluvada dentro da banheira para examinar o ginseng selvagem.

‘Não está amarrado nem nada.’

[Salve…]

Seguindo o pedido do ginseng, senti uma vibração na minha mão.

"……"

Vibração.

Agora que pensei melhor, toda vez que o ginseng ‘falava’, eu sentia esse tipo de pulso na mão.

Não era estranho, considerando que a voz dele era uma forma de vibração.

Mas algo me pareceu estranho.

‘As raízes não estão se mexendo.’

Agora que me lembrei, mesmo no campo, só as folhas e bagas mexiam quando ele falava.

As raízes só se esticavam, parecendo tentáculos infectados.

"……"

Se for assim…

Instintivamente agarrei o ginseng e arranquei as bagas.

Naquele momento—

[Siiiiiiim!]

As bagas vibraram intensamente antes de saltar da minha mão.

"……!"

Pareciam radiantes de contentamento enquanto giravam no ar.

[Liberdade!! Liberdade! As mandíbulas do tigre sumiram! Sumiram!!!]

[Obrigado, benfeitor!! Obrigado!!]

As bagas começaram a desaparecer, sua forma tremulando até se transformar numa luz brilhante, que subiu lentamente e sumiu pela janela.

"……"

Esse era o corpo verdadeiro?

– Ah, não! Fugiu. Que pena.

Ufaaa.

– Criatura tão baixa e enganadora, sempre mudando de história, não merece outra chance!

"É mesmo. Bem, da próxima vez, vamos combinar tudo antes…"

– Mesmo em situações que exigem decisão rápida?

"Se a vida de alguém não estiver em risco, sim."

– …Entendido, amigo.

Soou meio emburrado, mas pelo menos consegui uma promessa.

Satisfeito, deixei pra lá…

– Aliás, olha isso! Estou bem mais rejuvenescido!

Olhei de volta para a banheira.

Estava lá o boneco de pelúcia, agora com um brilho estranho, mergulhado na água.

O algodão que antes estava úmido agora parecia cintilar por algum motivo.

"……?"

Ah, de algum jeito até parecia mais caro agora. Dá até pra dizer que parecia de qualidade superior.

Ele também parecia ter crescido um pouco, exatamente como havia dito.

‘…Tomara que não cresça mais.’

O ponto é que ele precisava ser do tamanho de um chaveiro para que eu pudesse carregá-lo sem levantar suspeitas. Um adulto andando por aí com um brinquedo de pelúcia maior que a mão ia chamar atenção demais.

Eu já me destacava o bastante na empresa como estava.

‘Vou pensar duas vezes antes de deixar ele usar a Banheira de Sangue de novo.’

Ou melhor, era melhor eu ir pra casa antes de ter que lidar com isso outra vez.

"É verdade. Você está ótimo mesmo."

Sequei Braun cuidadosamente com um secador de cabelo e o envolvi numa toalha limpa para guardar.

Quando voltei para limpar a banheira, notei algo surpreendente.

"…A raiz do ginseng selvagem ainda está aqui."

Pensei que o ginseng tivesse sumido junto com as bagas, mas lá estava ela, inteira.

Na verdade, parecia até melhor.

O ginseng selvagem, que antes estava descolorido, como se contaminado, recuperou seu tom marfim original, limpo e impecável.

‘Até cheira bem.’

Agora exalava uma aura de mistério, completamente oposta à sua natureza antes amaldiçoada.

"Hm."

Após um momento de hesitação, decidi ficar com ela e a guardei na gaveta da minha mesa.

Vai que um dia isso seja útil.

"E assim… acabou."

‘Mais uma provação superada…’

Caí na cama com um baque.

Uau, desde que entrei nesse mundo de histórias de fantasma, parece que perdi uns vinte anos de vida.

‘Preciso juntar pontos rápido e sair daqui.’

A ironia de ter que encarar mais histórias de fantasma justamente para isso era quase cômica.

– Sr. Cervo.

Ah, me assustou de novo.

– Meu corpo e minha fala estão muito mais fluídos agora!

– Ah, mas não olhe pra cá.

Quase me virei, mas parei, ajeitando minha cabeça de volta no travesseiro.

Braun tagarelava.

– Parece que agora podemos conversar aqui sem precisar olhar nos olhos diretamente.

– Que jeito tímido e ótimo de fazer isso, não? Frustrante, mas de certa forma fascinante.

Tá, fale à vontade…

‘Provavelmente vai salvar minha vida de novo quando eu entrar em outra história de fantasma, então…’

– Você parece cansado! Tenha um bom sonho, meu amigo.

Desmaiei, como se apagasse.

Foi um sono profundo e revigorante, que lavou os dias de exaustão.

…Só para acordar com mais um problema.

* * *

Naquela mesma tarde.

Enquanto Kim Soleum conversava casualmente sobre assuntos triviais com seus superiores no escritório do Esquadrão D, um outro funcionário relacionado a ele caminhava pelo corredor…

"Ah, chefe de seção Lee Byeongjin."

Sim, era aquele mesmo chefe de seção que havia desaparecido e foi resgatado por Kim Soleum.

"S-Sim!"

Quem o parou foi um dos diretores da empresa.

Não era um encontro exatamente agradável para um funcionário comum, mas o chefe Lee forçou um sorriso e apertou a mão educadamente.

Não tinha outra escolha.

Aquele homem era o elo de ligação dele com a hierarquia da empresa.

Um contato direto com o Esquadrão A e com o topo da assustadora e misteriosa cadeia alimentar corporativa daquela empresa!

‘Diretor Ho!’

O diretor que o chamara no corredor sorriu e perguntou,

"Ouvi dizer que você voltou depois de estar desaparecido. Está bem?"

"Ah, sim, senhor Diretor. Graças à sua preocupação, estou perfeitamente bem e trabalhando duro para garantir o bem-estar da empresa."

"Haha."

O diretor não comentou elogios óbvios. Em vez disso, falou com calma e suavidade.

"Você teve sorte. Muitos que caem nas Trevas nunca saem."

"Oh, de fato… Tive sorte de ter sido resgatado."

"Resgatado? Você recebeu ajuda do Departamento de Gestão de Desastres?"

Embora o tom do diretor permanecesse o mesmo, Lee Byeongjin estremeceu.

Aquele diretor era notoriamente desconfortável com, se não hostil a, qualquer envolvimento do governo.

Gotas de suor frio escorreram pelas suas costas.

"N-Não, claro que não! Um funcionário da empresa me encontrou!"

"Ah, entendo."

"Sim, sim! Foi um novo contratado do Esquadrão de Exploração de Campo. Uma pessoa muito capaz, de verdade!"

Que um homem tão preocupado com autopreservação fizesse tais elogios era chocante por si só.

O diretor sorriu e perguntou,

"Qual o nome dele?"

"Ah! Kim Soleum… um novo contratado do Esquadrão D. Kim Soleum."

Dizer isso para Lee Byeongjin exigiu uma coragem surpreendente.

Era sua forma de retribuir quem salvará sua vida.

‘Diretor Ho pode ser intimidador, mas é um superior decente.’

Desde que você não mexa em seus calos, claro.

"É um recruta muito promissor, diretor. Sério."

E assim, sem que Kim Soleum soubesse, uma conexão estava sendo formada nos bastidores.

Lee Byeongjin enxugou o nariz com a mão.

‘Soleum, quando souber, vai me agradecer!’

Mas, na verdade, não foi bem assim!

De qualquer forma, a atitude de Lee Byeongjin acabou gerando um efeito borboleta considerável…

"Ah, sim. Vou ter que lembrar desse nome."

E apenas alguns dias depois, algo grande aconteceu na empresa.

Mais especificamente, dentro do Esquadrão de Exploração de Campo.