
Capítulo 78
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
"……"
Huu.
Expirei lentamente e então li com cuidado os caracteres chineses no papel que, segundo Braun, havia sido copiado do bloco de madeira do santuário.
Depois, perguntei,
"Go Seonha-ssi."
"…Sim."
"Tenho algumas perguntas para você, se não se importar."
"O que é?"
"Há quantos dias você está aqui?"
"…Dez dias."
O rosto de Go Seonha ficou pálido.
"Mas depois de alguns dias, comecei a ouvir o som de algum louco vagando por aí... então me escondi no sótão."
O tal 'louco' olhou para Go Seonha com uma expressão ligeiramente ofendida.
"E alguns dias depois... comecei a ouvir vozes de crianças também. Eu não sabia mais o que fazer, então quando a lua cheia chegou hoje à noite, saí escondida enquanto esse cara cochilava."
"E então você foi até o santuário para tentar realizar o ritual."
"Sim."
Assenti e continuei para a próxima pergunta.
"Mas algo não bate."
"Como assim?"
"O ritual diz claramente que precisa de um sacrifício. Por que você foi sozinha?"
"Não vou fingir que estava me sacrificando para salvar as crianças ou algo assim."
Go Seonha fechou os punhos com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos.
"Eu só fui checar como o ritual era feito… para decidir. Mas sim, enquanto fazia isso, percebi o que estava acontecendo. Li os escritos daqueles que tentaram antes."
"……"
"Hoje é lua cheia. Quando a noite acabar, acabou! Não consigo segurar por mais quinze dias até a próxima lua cheia. Eu sei… eu sei que o fantasma vai abrir a porta."
"Sim. Então, o ritual precisa ser feito antes do nascer do sol."
Pensando no único talismã que estava preso na maçaneta, assenti para mim mesmo.
"Mas eu digo, é impossível!"
"Não."
Balancei a cabeça e me levantei.
"Acho que pode ser possível."
"Hã?"
"O ritual, quero dizer."
Uma alternativa surgiu na minha mente — uma que parecia viável.
"Vou começar a me preparar."
"E-Espere, espera. Não, eu quero dizer, mesmo que seja possível, precisaríamos juntar todos os materiais necessários lá fora de novo... e eu já usei tudo o que encontrei!"
Olhei novamente para o papel com as instruções copiadas do ritual.
Ingredientes: Três ameixas, sal, cinzas de um galho de pêssego queimado, um balde de água de poço.
Então tudo precisa ser coletado lá fora…
No meio da noite, com o changgwi rondando.
E um jeito seguro de me locomover sozinho…
'Claro que existe um jeito.'
Um que só eu posso usar.
– Posso apagar a luz para você, Sr. Cervo?
"……"
Uau.
Será que eu realmente tenho que sair sozinho?
Olhei para trás, para os outros, instintivamente.
Meu coração apavorado pedia para irmos juntos, em grupo, enquanto meu cérebro me segurava, avisando firmemente para não fazer bobagem.
Putz, isso está me deixando louco!
Mas no fim, a razão venceu.
"Fiquem aqui, por favor."
Para ser sincero, eu preferia que alguém fosse comigo.
Se alguém quiser se voluntariar… alguém tem que querer, né?
Surpreendentemente, Go Seonha levantou uma mão.
"…Eu já fiz isso antes, então pelo menos posso te guiar onde fica tudo—"
"Opa! N-Não se intrometa, senta aí, estudante."
Mas o Chefe Lee, assustado, pulou e rapidamente a puxou para trás.
"Essa não é uma pessoa comum como a gente! Ele não é um cara qualquer!"
"……"
Bem, isso foi um pouco demais.
"Só marque os locais e dê a ele. Rápido!"
"Oh…"
Go Seonha parecia um pouco relutante, mas depois de olhar para mim, assentiu com expressão resignada.
'……?!'
Ela então marcou nos espaços em branco do papel do ritual os lugares onde encontrou os materiais e me entregou.
"Ah! E… tenha cuidado perto da água."
"……"
"Os changgwi são fantasmas amaldiçoados por tigres e forçados a servi-los, mas… historicamente, o termo também se referia a fantasmas da água…"
Go Seonha engoliu em seco, o rosto pálido.
"Se ouvir água — rios, córregos, qualquer som de água — apenas evite. Nem olhe, apenas siga andando."
"Certo."
Estou realmente com um medo danado, que merda…
De qualquer forma, com tudo pronto, caminhei até a porta.
O sargento de segurança falou.
"Oh… você vai sair sozinho?"
"Sim."
Eu preferia não, mas vai ser assim.
"Se algo acontecer, cuide de todos aqui."
O papel da equipe de segurança não é proteger as pessoas, mas ainda são melhores do que civis comuns — especialmente quando se trata de lidar com criaturas sobrenaturais.
O sargento me olhou fixamente.
"Ei."
"Sim?"
"Você não parece um funcionário comum…"
"……?!"
"Interessante… Tá certo. Vou ficar por aqui. Também não tenho equipamento para isso…"
Ele se sentou perto da porta.
"……"
Enfim, parece que estamos prontos para ir.
'Vamos.'
Respirei fundo, silenciosamente, então segurei a maçaneta e puxei.
Craaaaaack.
Com um ranger gelado das dobradiças, o lado de fora apareceu.
A escuridão era densa, cheia de neblina.
Silêncio absoluto.
"……"
Craaack, baque.
A porta se fechou atrás de mim.
Mesmo sendo lua cheia, o nevoeiro era tão grosso que bloqueava completamente a luz da lua.
Galhos balançavam com a brisa, suas sombras se esticando e se misturando às nuances pálidas da escuridão profunda.
Consegui dar meu primeiro passo.
Creck, creck.
– Amigo, a partir de agora eu vou apagar sua luz. Você vai desaparecer dos pontos cegos das câmeras, sumir nas sombras atrás do palco…
Com cada passo, uma pressão negra e sombria parecia me apertar.
'Ainda é uma sensação estranha, não importa quantas vezes eu passe por isso…'
Devagar, fui me desfazendo na floresta enevoada, densa e sombria.
– Ufah. Aqui está um pouco mais leve!
Claro, o medo ainda era enorme. O peito parecia que ia explodir.
[Siga reto e para a esquerda da casa abandonada, você verá uma árvore grande com uma corda dourada amarrada.]
O mapa improvisado de Go Seonha, com setas e anotações, ecoava na minha mente, guiando cada passo.
Mal conseguia distinguir frente de trás, era incrível como Go Seonha conseguiu achar os materiais para o ritual.
'Esquerda e para cima.'
Depois do que pareceu uma eternidade, embora só tivessem sido alguns minutos—
– Ah, Sr. Cervo. Vejo algo à frente.
Como Braun disse, algo começou a surgir na neblina.
Era… uma árvore gigante, envolta em névoa.
Um leve perfume doce vinha dela sempre que os galhos balançavam.
…Pêssego.
'Não há frutos, então de onde vem esse cheiro?'
Doce, mas de algum jeito perturbador…
Uma corda dourada pendia da árvore, esticada entre dois galhos grossos. Além dela, eu conseguia ver um pequeno campo.
– Ah, isso é uma lavoura? Uma hortinha na montanha — até bonito, mas não é meu estilo!
O tom alegre de Braun destoava do peso que eu sentia na cabeça.
O livro que li antes chamava esse lugar de [Território do Sangun-nim], não é?
E é onde ficam os materiais para o ritual?
'Esse deve ser um lugar sobrenatural.'
Me movi com cuidado, avançando devagar enquanto juntava os materiais ao redor.
'Peguei as ameixas…'
[De frente para a esquerda com a árvore grande à sua direita, você verá árvores menores — as ameixeiras.]
Peguei frutos caídos sob as ameixeiras e alguns galhos secos perto da enorme árvore de pêssego.
Claro que não ousei pegar frutas direto nem quebrar galhos.
'Não vou arriscar.'
Ficar sozinho na floresta à meia-noite já é assustador, imagina preso aqui, amaldiçoado por espíritos.
E ainda por cima, com uma missão para cumprir?
Você naturalmente ficaria o mais cauteloso possível.
'…Tá.'
Finalmente, coletei sal em uma antiga pagoda de pedra onde parecia que ele havia sido espalhado como charm antidemoníaco.
…Honestamente, quase gritei mais cedo ao tirar água do poço porque o balde bateu contra… algo… dentro.
'Mas consegui pegar tudo.'
O ambiente ainda estava silencioso.
Suscitei um suspiro bem discreto de alívio.
'Agora, se eu voltar para a árvore de pêssego e refizer o caminho, devo voltar para a casa abandonada…'
Ao começar a voltar, algo que não tinha percebido antes chamou minha atenção.
No fim da corda dourada na árvore de pêssego, estava amarrado um pedaço de seda limpa.
'Hã?'
Tinha uma inscrição nela.
Você que não possui direito, volte para trás.
Caramba.
'É, com certeza não vou encostar nisso.'
Mantendo um metro de distância segura, assenti cautelosamente.
– Você parece tenso, Sr. Cervo.
'Ah. Parece que você precisa de um "direito" para cruzar essa linha.'
– Hum.
'Já que estou aqui por causa de uma maldição fantasmagórica, nem tenho como ter…'
– Mas você tem o direito!
'…O quê?'
– Dê uma olhada no seu pulso.
Levantei a mão para ver o interior do meu pulso.
Lá onde a pulseira do parque temático costumava estar.
: Socius :
A tatuagem que ficou ali após a pulseira ter sido queimada agora brilhava fracamente.
"……!!"
'Socius… era essa a palavra?'
Termo latino para 'companheiro', 'membro', 'parente'.
– Ah, parece que a marca tem aplicações mais amplas do que o esperado!
– Se as conexões da mascote são vastas ou se tem outro trabalho, quem pode dizer?
"……"
– Então, Amigo, vai usar sua associação?
Me aproximei da corda dourada e devagar estendi a mão.
A corda cintilante se abriu, passando suavemente ao redor do meu braço como se não fosse nada.
"……!"
– Claro.
Com cuidado, adentrei.
No jardim, onde agora podia entrar.