Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 79

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

No momento em que pisei para além da corda dourada, meu pé tocou o chão.

Foi como entrar numa área especial de um jogo ou algo assim.

A névoa desapareceu como mágica, revelando a paisagem ao meu redor.

Mas…

‘…É enorme.’

À luz da lua cheia, o campo na montanha era muito maior do que eu esperava.

Um vasto campo se estendia pela crista.

O verde escuro e profundo balançava silenciosamente sob a luz azulada da lua.

Mas não havia nada pacífico ou agradável ali.

Era sinistro, inquietante.

– Um cheiro estranho paira aqui.

Ele estava certo.

E entre aquelas plantas verdes que balançavam, notei grupos de pequenas bagas vermelhas… espera um pouco.

‘…Ginseng?’

Era isso, não era?

Isso é um campo de ginseng?

Espere, ginseng geralmente é cultivado por pessoas, mas isso não parecia ser cultivado por humanos…

‘…Ginseng selvagem?’

Todo esse campo é de ginseng selvagem?

‘Impossível…’

Olhei rapidamente ao redor do campo e vi uma placa na beirada.

[千年]

Milênio.

"……"

Virei-me imediatamente, com a intenção de atravessar novamente a corda dourada.

– Senhor Cervo?

‘Estou fora daqui.’

Ginseng selvagem com mil anos?

É como abrir o estojo de canetas de um amigo para pegar uma caneta e encontrar barras de ouro dentro.

Quando eu ia atravessar a corda de volta—

[Convidado Honorável!]

"……!"

[Ah, Convidado Honorável. Por favor, não me deixe…]

Uma voz fraca e trêmula chamou, com o som de soluços suaves vindo de trás de mim.

Virei a cabeça lentamente, pela metade.

[O fantasma preso ao tigre está vindo me pegar! Um tigre aterrorizante vai me despedaçar e cuspir meus pedaços no chão! Por favor, me salve, por favor…!]

Uma das bagas no campo balançou, como se acenasse para mim.

Depois, percebendo que eu estava olhando, suas folhas murcharam, desanimadas.

[Ah, meu tempo chegou. Vou ser rasgado, restando só pedaços de carne…]

"……"

Virei-me para encarar completamente a planta de ginseng selvagem.

O grupo de bagas sacudia vigorosamente respondendo ao meu olhar.

[Melhor ser consumido por você do que ser pego por aquele tigre malvado! Se você me pegar, ferva-me numa panela de ferro grande, suas doenças vão curar, e até pais idosos vão se levantar com forças renovadas!]

Pensando bem, no folclore, o ginseng selvagem era muitas vezes retratado como um ser benevolente, místico.

Um presente dado àqueles de bom coração.

Ajoelhei diante do ginseng selvagem trêmulo.

[Convidado Honoráááááááááável!]

Estendi a mão para o ginseng… mas então me endireitei de novo.

[……?]

"Mentiroso."

As bagas congelaram.

Então, como se o chão tremesse, uma voz áspera e ameaçadora irrompeu.

[Hah, você me descobriu! Seu inútil!]

É isso.

‘Este lugar se chama Campo Funerário de Sangun-nim.’

Já ouviu falar que os espíritos fazem tudo ao contrário?

E eu estava em um lugar assombrado por espíritos e com um nome sinistro de cemitério?

‘Não tem como o ginseng selvagem crescendo num lugar assim ser normal.’

Eu não ficaria surpreso se as suas propriedades fossem totalmente invertidas. Eu já esperava por isso.

[Hehehehee, hehehee!]

O ginseng selvagem começou a se contorcer e sair do chão.

Sua forma meio emergida, com um brilho doente entre azul e roxo, parecia algo saído diretamente de uma miniatura zumbi.

Até começou a tossir algo escuro e avermelhado, parecido com sangue!

‘Eu me preparei pra isso, mas ainda assim dá medo!’

[Você também será enterrado! Será enterrado aqui e vai virar ginseng, seus membros serão cortados para apodrecer! Sinta a agonia da vida morrrrrrta!]

As folhas ao redor torciam como tentáculos, estendendo raízes pelo solo, se contorcendo e alcançando até mim. Uwaaaahhh!

Sem hesitar, peguei algo da cintura.

‘A Maçã Branca da Branca de Neve!’

Esse item tem o efeito peculiar de induzir um sono parecido com a morte ao ser consumido.

Então, o que eu deveria fazer com isso?

‘Achei que seria difícil mastigar uma maçã numa emergência, então…’

Eu já tinha moído ela previamente para virar suco!

Splatch.

Retirei um pacotinho fechado de suco da Maçã Branca da Branca de Neve e derramei generosamente sobre o campo à minha frente.

O ginseng selvagem…

[Hehehehee! Isso não vai funcionar! Seu tolo! Eu vou rasgar seus membros e—]

Toc.

...caiu num sono profundo.

"……"

A Maçã Branca da Branca de Neve… seu efeito foi tão confiável como sempre.

Cautelosamente, me aproximei.

O ginseng grotesco meio enterrado jazia imóvel no chão, completamente apagado.

Era uma visão estranha, como uma barata estirada depois de tomar veneno pra inseto ou um gato ou cachorro cochilando de barriga para cima.

– Ah! Meio rude, mas que personagem divertido! Que tal levar como lembrança?

Normalmente, eu teria pensado que ele era louco.

Mas examinei o ginseng com cuidado.

Ele havia falado, mostrado emoções, tentado me enganar e calculado suas ações. Algo como seiva até parecia fluir por ele.

Então, se for assim…

‘Isso não é… um ser senciente?’

Eu tinha encontrado—um sacrifício substituto.

* * *

"…Então, você juntou todos os materiais, preparou o ritual e para o sacrifício vai usar esse estranho ginseng selvagem… está correto?"

"Sim."

"……"

As pessoas na casa abandonada pareciam completamente pasmas após ouvir a versão resumida do ‘Que Kim Soleum (atualmente disfarçada de segurança) encontrou lá fora~.’

Talvez eu tenha resumido demais.

Mas não tinha jeito. Não podia explicar exatamente como consegui tudo, então ficou só um ‘Enfim, eu trouxe tudo.’

‘Ainda fico meio inquieta de trazer o ginseng selvagem, mas… é melhor para minha consciência do que escolher alguém aleatoriamente para morrer.’

Eu não fazia ideia de quem era aquela terra, mas se fosse problema sério o Braun teria dado o alarme.

Tentando manter a expressão natural, olhei para os outros.

Ainda me encaravam boquiabertos, alternando o olhar entre os materiais e o ginseng selvagem.

Mas pareciam acreditar.

"Uau, como esperado do time de segurança… lidam até com coisas assim!"

Não exatamente.

Sentindo um pouco de culpa, lancei um olhar para o verdadeiro membro do time de segurança. O sargento de segurança estava deitado entre os estudantes do ensino médio, parecendo entediado.

De algum modo, os garotos já tinham começado a conversar com ele, como se já tivessem se apresentado.

"Ei, você não parece tão forte assim."

"Não… eu sou muito forte."

Os garotos riam, parecendo um pouco mais à vontade com mais gente por perto.

O chefe de seção Lee Byeongjin, checando os materiais, olhou ansiosamente entre Go Seonha e eu, engoliu seco e disse,

"E-então, vamos todos para o santuário agora? Para realizar o ritual...?"

"Sim."

"…O santuário fica perto, então se nos mexermos com cuidado deve dar tudo certo. Nada aconteceu da última vez que estive lá…"

Go Seonha, com uma expressão tensa, olhou para mim.

"Por acaso, quando você saiu, visitou o santuário também?"

"Sim."

Aproveitando a habilidade do Braun de apagar minha presença, até queimei os galhos de pêssego.

Quase gritei três (3) vezes de nervoso.

"…Então isso facilita. Só caminhe em silêncio, não faça barulho e se mexa rápido. Se não errarmos na névoa, vamos ficar bem."

"Entendido."

"…Então tá. Vamos juntos para o santuário."

Chegou a hora.