Capítulo 80

Após um momento para controlar a respiração e nos prepararmos, alinhamos diante da porta fechada.

"Crianças. Não podem parar. Apenas continuem andando."

"Tá…"

Ao ouvir as palavras de Go Seonha, as crianças, parecendo apavoradas, assentiram. Então, tranquilizadas pelos adultos, cerraram os lábios e entraram na fila.

"……"

Mas por que sou eu quem está na frente…?

Todo mundo, por que estão indo naturalmente para trás?

'Será que simplifiquei demais a história de reunir os materiais…?'

Parece que pensam que sou algum tipo de gênio destemido e cheio de recursos. Ah, por favor…

'Ninguém acreditaria se eu dissesse que estou apavorado agora, né?'

…Bom, acho que ainda é melhor do que ficar lá atrás, de qualquer jeito.

Com resignação, abri a porta mais uma vez.

Craaaack.

Mais uma vez, a encosta da montanha, envolta em escuridão e névoa, se revelou diante de nós.

Inspiro.

"Shh."

As crianças, apavoradas, calaram a boca instantaneamente.

Começamos a nos mover lentamente, no mais absoluto silêncio.

Croc, croc.

A cada pequeno som, nosso passo acelerava.

Sentia a tensão sufocante que cercava o grupo, como se a qualquer momento o changgwi pudesse nos chamar por trás e começar a nos perseguir.

– Amigo! Não precisa ter pressa demais. Lembre-se: em caso de emergência, este Braun está sempre ao seu lado…

E, felizmente, aquela “emergência” nunca aconteceu.

Na escuridão e névoa, o antigo telhado de telhas apareceu à vista.

Um santuário gasto, com telhas vermelhas e azuis tortas em ângulos esquisitos.

Chegamos.

Thud.

"Ufa."

"Está todo mundo aqui, certo?"

Os que entraram no santuário com segurança aproveitaram para recuperar o fôlego.

Finalmente, o sargento de segurança, que havia ficado para trás, fechou a porta verde de papel hanji tradicional e a trancou.

O Chefe de Seção Lee Byeongjin apressadamente tentou colar um talismã que havia encontrado no chão da casa abandonada na porta, mas Go Seonha o deteve.

"Isso pode atrapalhar o ritual. Melhor deixar como está. Só precisamos terminar rápido e sair daqui!"

"V-Você tem razão."

Enquanto isso, aproveitei para olhar ao redor do santuário.

Quando meus olhos se adaptaram à penumbra, os contornos começaram a se esclarecer.

O interior era assustadoramente limpo, mas muito antigo.

Entre duas estátuas enferrujadas de Maitreya, sem cabeças, estava um incensário quebrado.

Acima dele, um bloco de madeira um pouco gasto.

– Então, deve ser o bloco de madeira que detalha o ritual. Tem uma atmosfera e tanto…

Seguindo a narração sussurrada de Braun, li em voz alta o que estava gravado no bloco.

"…O humano com a mente e espírito mais firmes deve avançar para conduzir o ritual."

Bem, com certeza não sou eu.

"……"

Ei, sério, não olhe pra mim.

Desviei o olhar naturalmente para o sargento de segurança. Os outros dois também seguiram meu olhar, mas…

"Eu não consigo fazer isso."

"…Como?"

"Eu disse que não consigo… não me façam fazer isso…"

"Ah, entendi."

O Chefe de Seção Lee recuou, depois me olhou.

Eu retribuí o olhar.

"……"

"…Ah…"

"Por favor, vá você."

"S-Sim…"

Mesmo traumatizado, ele tem mais coragem que eu…

O Chefe de Seção Lee deu um passo à frente, as pernas tremendo, mas logo voltou com um olhar alarmado, lançando olhares entre Go Seonha e eu.

"E-Espere um minuto! Herói da Montanha!"

Os olhos de Go Seonha também se arregalaram.

"Certo! A canção para o Sangun-nim!"

"Sim, isso mesmo! Mesmo que tenhamos todos os materiais, sem essa canção — seja uma cantiga infantil ou uma música popular sobre tigres, estamos ferrados…"

Ah.

"A gente tem."

"……??"

"Um instante."

Chamei os estudantes do ensino fundamental ao meu lado.

Então, muito educadamente, perguntei,

"Crianças, vocês disseram que estavam numa excursão escolar, certo?"

"Sim…"

"Alguém ficou ouvindo música no ônibus? Ou sabe bastante sobre celebridades?"

As crianças se entreolharam antes de indicar uma estudante sem franja.

Me virei rapidamente para ela.

"Qual é o seu nome?"

"Eu-Me chamo Lee Nayeon."

"Certo, Nayeon. Preciso te perguntar uma coisa."

Fiz o possível para manter uma expressão amigável e confiável. Todos os adultos na sala estavam com interrogações no rosto.

"……?? Hã, o que exatamente vocês estão fazendo aqui…?"

"Existe uma música pop que menciona um tigre na letra, certo?"

"……!!"

Olhei para os adultos. Todos estavam confusos.

"M-Mas a gente pode usar, tipo, músicas pop para isso? Tipo música de idol...?"

"Podemos."

Ergui a anotação do ritual que Go Seonha tinha escrito para mim.

"Se vocês olharem, só diz ‘canção’. Não fala que tem que ser uma música folclórica ou cantiga infantil."

"……!"

Isso não é algum tipo de lenda urbana da internet onde temos que escolher músicas que combinam com o clima sombrio. Não há razão nem necessidade para pegar algo que combine com o tom de história de fantasmas.

O preconceito humano limitava as opções.

"Ah…"

Me virei para a estudante.

"Então, Nayeon… Você lembra de alguma música que mencione ‘Sangun-nim’ ou ‘tigre’? Algo assim."

"Ah!"

O rosto de Nayeon se iluminou imediatamente.

"Tem sim! ‘Peek-a-Boo’, do Saint U!"

Perfeito.

"Também tem uma música do VTIC…" [1]

"Você sabe a letra completa de alguma? E é uma música conhecida?"

"Sei sim! ‘Peek-a-Boo’, do Saint U!"

Beleza.

Me virei para os adultos e declarei com firmeza.

"Vamos usar ‘Peek-a-Boo’, do Saint U, como nossa oferta musical para Sangun-nim."

Recebam essa música idol, ó poderoso tigre!

* * *

No santuário silencioso.

O Chefe de Seção Lee Byeongjin avançou das sombras, as mãos tremendo ao deixar cair cinzas no incensário.

Eram as cinzas dos ramos de pêssego queimados.

– Primeiro.

– "Quem realiza o ritual deve avançar e colocar as cinzas dos ramos de pêssego no incensário, depois inspirar o aroma."

– "Feche suavemente a tampa do incensário e a abra novamente quando o cheiro tiver desaparecido."

Com as mãos trêmulas, o chefe da seção fechou a tampa do incensário velho e quebrado, com sua mesma capa desgastada. Após alguns segundos, ergueu a tampa.

Incrivelmente, as cinzas haviam desaparecido.

No lugar, havia um único incenso intacto queimando.

Um leve cheiro de pêssego emanava daquele pequeno incenso em formato de galho.

"……!!"

– "Se o incenso está queimando, significa que Sangun-nim reconheceu sua devoção." Oh, tudo está indo conforme o planejado. Excelente!

"Ugh."

O cheiro era forte, então Go Seonha tapou o nariz e deu um passo para trás.

O chefe da seção apressou-se para a próxima etapa.

– Segundo.

– "Abra a porta feita de papel hanji."

Sliiide.

Através da porta aberta, a floresta escura ficou visível. As crianças se aglomeraram atrás dos adultos.

– "Esmague três ameixas em uma tigela de latão e espalhe-as sob as tábuas do chão. Jogue a tigela restante para o leste e nunca olhe para trás."

Entreguei três ameixas para o Chefe de Seção Lee. Ele as esmagou com os dedos na tigela de latão e as espalhou na terra.

O aroma avassalador, doce e azedo, subiu no ar.

Go Seonha, que estava atrás, avançou, farejando e parecendo um pouco aliviada.

Então fez sinal para o Chefe de Seção Lee.

Era hora do terceiro passo.

– Terceiro.

– "Prepare uma canção para oferecer a Sangun-nim. Quanto mais conhecida, mais eficaz será."

O Chefe de Seção Lee cuidadosamente enrolou a folha com a letra preparada e a colocou na gaveta sob o incensário.

– "Escreva a letra, coloque-a sob o incensário, depois cante alto, batendo palmas a cada passo e faça uma reverência a cada trinta passos."

Um a um, todos saíram pela porta aberta.

O Chefe de Seção Lee começou a cantar a letra que a estudante Lee Nayeon havia compartilhado.

"…Peek-a-boo, aqui vou eu."

Os estudantes do ensino fundamental juntaram-se em coro.

Uma canção oferecida a Sangun-nim.

Notas:

[1] Saint U e VTIC são grupos de idols presentes em outra série de sucesso do autor, Debut or Die! ↩

(Desculpem antecipadamente por deturpar a letra da música, não tenho talento para poesia ou composição…)