Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 81

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

“Peek-a-Boo”, do Saint U.

Segundo os alunos do ensino médio, esse era o álbum final de um famoso grupo de idols femininas que fez um grande retorno alguns anos atrás, depois de um longo hiato.

A música era animada, viciante e alegre, permanecendo nas paradas por um bom tempo.

Agora, essa mesma canção ecoava pela floresta escura e enevoada, acompanhada pelo ritmo das palmas.

Clap.

“Meu olhar afiado te pega num instante, mas não pretendo ser o primeiro a agir…”

“Vou esperar pacientemente, fingindo desinteresse até você se aproximar.”

“Porque predadores nunca se movem primeiro…”

Até os adultos tentavam acompanhar, meio desajeitados, esforçando-se para cantar junto.

Clap.

“Beleza, prepare-se. Sou o tigre elegante esperando você chegar mais perto — Peek-a-boo!”

A melodia animada e cheia de energia continuava.

Talvez por estarem cantando juntos, as crianças começaram a relaxar a expressão, e suas vozes cresceram em firmeza.

“Peek-a-boo! Lá vou eu, então se prepare! Sou o tigre. Meus olhos brilham até na escuridão!”

– “Caminhe pelo caminho enquanto oferece a canção, com o sacrifício atrás da fila.”

Mas na ponta da fila, em vez de uma pessoa, um pequeno ginseng selvagem roxo pendia, como um pacotinho, balançando pendurado em um bastão. O sargento da segurança carregava o bastão no ombro como se fosse um saco de lixo, e o ginseng balançava para trás.

Go Seonha olhava desconfiada para aquilo de lado, mas o próprio ginseng parecia estar gostando da música, cantarolando alegremente.

“Peek-a-boo! Vou te enfeitiçar, fazer você perder a cabeça. Peek-a-boo, então se prepare.”

Clap.

Fiz um sinal para que todos parassem.

“O trigésimo passo.”

O grupo ficou em pausa, depois curvou-se profundamente de modo desajeitado antes de se levantar novamente.

A música continuou.

“Peek-a-boo!”

O caminho estreito começou a se nivelar, tornando a caminhada mais fácil.

– “Quando a música termina, o caminho também. Ao encontrar uma pequena toca de cobra em um lugar sem grama, mostre gratidão pela misericórdia de Sangun-nim e enfie a mão lá dentro.”

– “Certifique-se de que sua mão esteja coberta com a água do poço misturada com sal.”

Quando chegamos ao refrão final do segundo verso, o ambiente começou a mudar.

As árvores, antes tão densas, estavam se afastando, e o nevoeiro ficava ainda mais espesso.

Todo mundo sentiu, instintivamente:

“Estamos quase lá...!”

As expressões no rosto traziam uma mistura de tensão, expectativa e cautela.

Mas eles mantiveram a calma, cantando até o final da música.

“Peek-a-boo, então se prepare…”

Clap.

E com aquela última frase —

“Agora estou me aproximando.”

Nossos passos cessaram.

“……”

“……”

O caminho havia chegado ao fim.

Adiante, a trilha estreita se abriu numa clareira ampla.

“Lá... não tem árvores.”

Nossos passos se aceleraram. E através do nevoeiro denso, o resultado final do ritual apareceu diante de nós.

“Agora, a toca da cobra deve estar…!”

Era uma enorme represa.

“……”

“……”

“O que é isso?”

Uma extensão de água escura se estendia à nossa frente, o nevoeiro rolando sem fim sobre sua superfície.

O grupo parou, com o rosto tomado pela confusão e pelo terror, como se não conseguissem entender o que havia acabado de acontecer.

“P-por que…”

“D-deveria ter uma toca de cobra, mas… o-que é isso?”

O que estava acontecendo?

O que deu errado?

Olhei para o ginseng que o sargento da segurança carregava.

…Ainda estava lá, perfeitamente intacto.

“Ele deveria ter desaparecido... certo?”

Go Seonha, com o rosto pálido de medo, murmurou —

“...Fantasma da água.”

“……!”

As palavras que eu ouvira algumas horas atrás vieram à mente.

“Os changgwi são fantasmas amaldiçoados por tigres e forçados a servi-los, mas… historicamente, o termo também se referia a fantasmas da água.”

“Foi uma armadilha! O ritual em si era uma armadilha! Nós fomos atraídos pelo espírito da água...!”

“Ahhh!!”

“Fomos todos levados até aqui, direto para a represa...!!”

O chefe de seção Lee gritou, cambaleando para trás enquanto tentava fugir, mas tropeçou. As crianças começaram a chorar, agarrando umas às outras e gritando em pânico.

Senti um frio percorrendo minha espinha, quase caindo de joelhos.

Era como estar na cena final de um filme de terror, onde cada personagem enfrenta sua ruína iminente.

“……”

“Vamos morrer aqui mesmo...?”

…Não.

NÃO!!

Pelo menos, eu precisava entender o porquê.

Não consegui pensar em nenhum erro que tivéssemos cometido dentro das informações que nos foram dadas. Mesmo considerando todos os relatos de exploração que li no <Registros de Exploração Sombria>, nada indicava que tínhamos feito algo errado.

Um sentimento de descrença frustrada tomou conta do meu medo.

A voz aflita de Go Seonha ecoava nos meus ouvidos.

“Vamos voltar, correr para o casarão abandonado…!”

…Espere.

Calma um segundo.

Me virei para Go Seonha.

“...Você sabe de algo?”

“O quê?”

“O casarão abandonado também é uma armadilha.”

“...O quê?”

“Pense bem. Não é estranho?”

Devagar, apontei a contradição implícita naquela história de fantasma.

“É estranho, não acha? Somos atraídos para esse lugar pelo changgwi, mas deveríamos nos sentir seguros em uma casa abandonada protegida por talismãs que supostamente mantêm o changgwi longe.”

“……”

“E essa mesma casa, por acaso, contém um ritual para escapar? Convenientemente explicado para a gente?”

Era exatamente por isso que as interpretações sobre esse casarão se dividiam na seção de comentários do wiki do <Registros de Exploração Sombria>. Mas eu estava quase certo agora.

“Essa história foi construída desde o começo para sugar lentamente a sanidade das pessoas.”

A lógica por trás disso era esta —

“Eles trancam pessoas nesse casarão abandonado durante a lua cheia, levando-as ao limite e enfraquecendo seu espírito.”

“Depois, jogam diante delas a esperança de um ‘ritual’, fazendo com que resistam ao colapso mental enquanto se apegam a essa possibilidade.”

“Isso facilita atraí-las.”

E a parte mais decisiva…

“Se cometerem um erro durante o ritual, melhor ainda. Mas mesmo que não, não interessa.”

Olhei para o ginseng selvagem.

“O processo de escolha do sacrifício inevitavelmente cria conflito, levando pelo menos um a desistir. Eles garantem ‘capturar’ um sacrifício.”

“……”

“Claro, o ritual é real. Assim, as pessoas ficam ainda mais desesperadas para se agarrar a ele.”

Afinal, este é o <Registros de Exploração Sombria>.

Não dá para enfiar muitos artifícios baratinhos. Isso quebra a imersão e estraga o suspense. O ritual precisa ser autêntico.

Por isso, eu tinha total confiança em realizá-lo, mas…

“Isso só levanta mais perguntas.”