
Capítulo 77
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Uma casa mal-assombrada, presa pela armadilha do changgwi.
Tem alguém aí…?
Uma voz chamou novamente do lado de fora, na porta da frente da casa abandonada.
Desta vez, era uma voz masculina e baixa.
“Não, não…! Q-Quem é agora…?”
O chefe de seção tampou os próprios lábios com as mãos, tentando sufocar um grito.
Por favor, abra a porta…
“……”
“U-Um morto? Quem é? Quem está aí? Aahh… V-vamos fugir! Sai daqui!”
Está tão frio aqui fora.
Hmm.
“Desta vez, eu não vou abri—aaaah??”
Me aproximei da porta e puxei a maçaneta.
“AAAHHH?!”
Quando a porta se abriu, o que apareceu foi…
“Nossa, achei que ia morrer… Obrigado…”
Um humano, em bom estado, corpo esguio, cabelo claro, vestindo um uniforme azul-marinho desbotado.
“……?!”
“Chefe de Seção Lee Byeongjin, cumprimente-o, por favor.”
Fiz uma reverência respeitosa.
“Este é o sargento da Unidade de Segurança 3.”
“……??? …?!”
Sim, era ele.
O sargento da Unidade de Segurança 3, que havia sido envolvido nessa história de fantasma junto comigo.
‘A cara dele parece que vai explodir.’
O chefe Lee alternava entre apontar para mim e para o sargento da segurança, com o rosto completamente vermelho, antes de estalar os dedos e soltar um gemido estranho.
“C-Como… por quê…?!”
Ora, isso não é óbvio?
‘Você foi quem explicou tudo isso.’
— Todas as noites, era uma pessoa diferente: um familiar morto, amigo, vizinho — aparecendo para visitar, chamando com suas vozes…
E só apareciam uma vez por noite.
Por sinal, declarações similares haviam sido registradas no <Registros da Exploração Sombria>.
Quando alguém é levado para uma casa abandonada pelo changgwi, ele aparecia na porta toda noite, implorando na voz das pessoas queridas falecidas, atormentando a mente de sua presa e causando confusão.
‘Quando dizem “toda noite”, é um ciclo diário mesmo.’
Mas eu não podia dizer pro chefe Lee exatamente “tem um registro mágico que comprova minha teoria,” né?
“Intuição.”
“……”
O chefe de seção ficou com um olhar meio vazio.
De qualquer forma, já que eu estava certo, vamos deixar por isso mesmo.
Depois de confirmar que o sargento da segurança havia entrado na casa abandonada, fechei a porta rapidamente e travei a maçaneta.
Só olhar para fora já me dava arrepios.
“Obrigado…”
“Não foi nada, senhor.”
Já era chocante o suficiente esse cara ter conseguido chegar até a porta sem ser arrastado pelo changgwi, mas…
‘Bem… ele faz parte da equipe de segurança, afinal.’
O verdadeiro choque foi que ele não veio sozinho.
Ele estava apoiando alguém.
“…Quem é essa?”
O sargento respondeu sorrindo.
“Olha, achei o desaparecido!”
“…Mas esse é o desaparecido.”
“Ah. Me confundi…”
“……”
E ainda são de gêneros diferentes…
Observei a pessoa que o sargento largou no chão da casa como quem nem se interessa muito.
Era uma desconhecida.
Em estado bem desordenado, ela caiu no chão da casa abandonada e começou a chorar, aparentemente alheia ao que a cercava.
“Uwahhhh! Acabou. Acabou tudo!”
“Ela só fica repetindo isso. Ah, aqui é melhor… Eu acordei mais cedo em algum lugar que parecia uma cabana de um xamã… era frio, escuro e úmido, e eu não gostava daquele lugar.”
“AAAACK!”
“……”
‘Isso é um desastre.’
Eu só queria um parceiro mais centrado…
‘Estou morrendo de saudade dos meus superiores da equipe D…’
Mesmo assim, olhei melhor para a mulher chorosa. Ela vestia um vestido branco agora sujo, com um crachá no peito.
[Go Seonha]
‘Hã?’
Puxei imediatamente um pequeno cartão de visita.
Era o que estava guardado no livro antigo chamado Caminho da Sobrevivência.
───
Go Seonha
Departamento de História, Universidade Joo Kang
───
No verso, estava escrito: Partindo amanhã.
“Por acaso você é a pessoa deste cartão? Você tentou fazer os rituais que estão naquele livro?”
“Humm… ”
A mulher assentiu, fungando.
“Sim… mas foi tudo em vão.”
“Huu! Espera! Como assim em v-vão? Isso faz algum sent—”
“Exatamente como eu disse.”
Com uma expressão sombria, ela tirou algo do casaco.
“Isso—”
“Caminhando umas cem passadas daqui, como está escrito naquelas páginas, tem um santuário. Tenho quase certeza que é o ‘santuário’ mencionado no livro.”
“……”
“E isto aqui, copiei da tábua de madeira que tem lá.”
Ela olhou para mim, cansada.
“Parece que você leu o livro direitinho também… estuda história coreana? Isso tá escrito num estilo de centenas de anos atrás…”
Não. Eu só tenho um amigo monstro…
“Ah, de qualquer forma!! Então se a gente fizer exatamente o que está escrito naquela tábua de madeira, não deveria funcionar?! Por que você fica dizendo que é impossível e chorando…”
“Porque é impossível!!”
“……!”
“Olha, ahjussi, eu não sou trouxa. Eu tentei fazer tudo que estava escrito na tábua. Falava para juntar três ameixas, esmagar num copo e jogar do lado de fora — eu fiz tudo isso! Eu fiz tudo, mas…”
“……”
Go Seonha respirou fundo, encarando o nada, antes de mostrar o verso do papel que tirara, como se quisesse mostrar para nós.
“Por favor, leiam isso.”
Braun, entendendo, começou a ler em voz alta.
– ‘Prepare uma canção para oferecer a Sangun-nim. Quanto mais conhecida entre as pessoas, mais eficaz será. Escreva a letra e coloque no incensário, cante alto, bata palmas a cada passo e faça uma reverência a cada trinta passos.’
“Uma canção para Sangun-nim…”
“Sim! É isso!”
Os olhos de Go Seonha se arregalaram, e ela perguntou com urgência,
“Sangun-nim é um tigre, certo? Então o que vem imediatamente à mente? Qualquer canção relacionada a tigres, qualquer coisa que exalte um tigre, seja canção infantil ou música folclórica.”
“Ah, bem…”
O chefe Lee gaguejou e começou,
“Na montanha… o grande herói…”
“Certo, no aniversário do tigre — sim, essa! Também pensei nela, e tentei usar…”
(Nota do tradutor: Aqui está a canção: https://youtu.be/SxAjWRNZZgM?t=10)
Go Seonha baixou a cabeça.
“…Mas diz que, uma vez que a canção foi usada, não pode ser usada de novo.”
“……!”
“O incensário já estava cheio de letras usadas! Claro que o Grande Herói da Montanha já estava lá…!”
Que droga.
“Diz que ‘Sangun-nim é caprichoso e gosta de músicas, então não aceitará a mesma duas vezes.’ Claro que, nos contos folclóricos, tigres fumam cachimbo e dançam, mas isso… isso é…!”
Enraivecida, Go Seonha gritou no vazio, depois se voltou para nós com um olhar desesperado.
“Canções infantis, músicas folclóricas, peças instrumentais… não existe mais nada que venham à mente além do Grande Herói da Montanha? Qualquer coisa, pelo amor de Deus…”
Nada.
“Não tem mais nada, né? Claro que não tem!”
Go Seonha apertou a cabeça, frustrada.
“Eu não sou especialista em música coreana, e não é como se pudesse simplesmente procurar em algum lugar, aff…”
“……”
Eu também não sabia que as canções não podiam ser repetidas.
Mesmo nos <Registros da Exploração Sombria>, havia dois ou três relatos de pessoas realizando rituais nos lugares onde foram atraídas pelo changgwi, cada vez usando uma música diferente.
Tinha desde cantigas folclóricas até peças instrumentais…
‘Eu pensei que as músicas diferentes fossem só algo que a sabedoria coletiva da wiki inventou por diversão.’
Não percebi que havia uma especificação tão detalhada escondida ali.
E mesmo que eu quisesse usar as músicas listadas na wiki, só tinham os títulos — sem letra, sem melodia.
‘Droga.’
O ar dentro da casa abandonada ficou ainda mais gelado.