
Capítulo 61
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
“Oh, parece exatamente com o Soleum-ssi, não parece? Será que é uma armadilha?”
“Líder do esquadrão, talvez seja hora de pelo menos entregar o manual básico pra ele…?”
“Ah, claro. Acho que você tem razão.”
O líder do esquadrão A me olhou, como se estivesse avaliando a ideia, e finalmente falou devagar, como se estivesse me concedendo um favor raro.
“Soleum-ssi, você está dentro de uma história.”
“……”
“Pense nisso como entrar num romance ou num filme.”
Sim, quer dizer, eu já tinha sacado isso sozinho.
No momento em que vi meu próprio cadáver, percebi qual era essa Escuridão.
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Registros de Exploração Sombria / História de Fantasma
[O Dia em que Morri]
: Uma história de fantasma apresentada em <Registros de Exploração Sombria>
: Código de identificação da Daydream Inc. – Qterw-C-406
Uma história de fantasma que arrasta a vítima para um thriller-mistério fracassado, transformando-a no personagem sacrificado.
O primeiro a testemunhar sempre se depara com a descoberta do próprio cadáver sacrificatório.
Os Registros de Exploração indicam um total de até 25 entradas.
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É um creepypasta feito sob medida para levar alguém à beira do colapso mental.
“Isso é… uma batata — uma batata.”
Tentei convencer a mim mesmo do melhor jeito que pude, desviando o olhar da coisa em forma de cadáver à minha frente…
“Não use seu equipamento especial. Veja diretamente. Observe com atenção e examine cada detalhe…”
Tá brincando, né?
“Não, não posso.”
Respondi sem nem respirar.
Os olhos atrás da máscara de pato esverdeada se estreitaram.
“…Hm?”
Ah, não.
Acabei de responder de volta para um superior já propenso a assédio moral no trabalho?
“Tenho que consertar isso, já!”
Instintivamente, acrescentei mais, seguindo numa rotina bem testada que eu já tinha usado antes.
“Existe uma saída mais rápida.”
Não de novo.
Por que sempre acaba desse jeito…?
* * *
Minhas condições de trabalho acabaram de aumentar.
Regras
1- Não devo deixar que percebam que sou covarde.
2- Não posso revelar que já sei a estratégia certa a ser usada.
3- Tenho que sobreviver ao bullying corporativo deste líder de esquadrão tão difícil de lidar.
4- Preciso escapar dentro do tempo determinado. (NOVO!)
…Ainda assim, a única coisa boa foi que, ao ver meu próprio cadáver, pude confirmar exatamente qual era essa creepypasta.
“E a estratégia padrão para essa creepypasta é… essa.”
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Para ter sucesso, reestruture a história para que a vítima não morra.
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Nessa creepypasta, quanto mais você explora, mais você volta no tempo.
Então, geralmente, você teria que investigar toda a fábrica, descobrindo por que ‘meu cadáver’ morreu e juntando a história passo a passo.
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Se não conseguir mudar a história dentro do limite de tempo, a morte da vítima está confirmada.
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Normalmente, a gente passaria meio dia numa busca tensa e desesperada, correndo contra o tempo para evitar o destino fixo de uma morte garantida…
“Hum. Se continuar assim, meu estômago vai quebrar primeiro.”
Meu sistema digestivo não vai aguentar isso.
Se não existe atalho, vou ter que inventar um. Me ajuda, <Registros de Exploração Sombria>!
Com um total de 25 tentativas documentadas de exploração, certamente deve haver algum registro de alguém que quebrou o padrão com uma abordagem criativa ou não convencional. Algo que possa servir de pista!
Fiz uma rápida varredura mental nos registros.
“Vamos ver, alguma experiência única para eu me basear…”
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Registro de Exploração #21
Registrado pela Subgerente Han So-eun e outros dois.
Assim que entraram na história de fantasma na forma de um chalé abandonado, o esquadrão reconheceu imediatamente qual história era aquela.
Era um thriller fracassado, muito zoado, que virou meme online.
As respostas incluíram zombaria, recriações de memes, risadas e críticas recheadas de spoilers.
Resultado: O cenário desabou repentinamente, transportando-os para uma história diferente (continua no Registro de Exploração #22). Testemunhas indicam que foram ouvidos choros e lamentos.
Ai meu Deus, será que é assombração de diretor fracassado ou quê?
Até a mentalidade frágil está certinha.
– Pesquisador Kwak Jaekang
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Ah.
“Líder do esquadrão, Subgerente, podem me dar só dez minutos?”
“Hmm, tudo bem.”
Primeiro de tudo, decidi não deixar brechas para interferências dos meus superiores. Se eu queria evitar que o assédio moral no trabalho atrapalhasse isso, teria que cuidar de tudo sozinho, por mais frustrante e injusto que fosse…
“…Só preciso fazer rápido, antes de vomitar ou surtar.”
Usei agilmente meu equipamento especial para conferir novamente a marca na parte de trás da cabeça do cadáver grudada (argh!). Depois, conferi as pegadas ao redor do corpo e também as manchas de sangue próximas…
“Por que está usando seu equipamento especial se podia usar as mãos?”
“Porque mexer direto pode danificar a evidência. Achei que essa era a melhor forma de preservar a cena.”
Não sabia que tinha talento pra resposta rápida assim.
“Evidência? Você parece personagem de romance policial.”
“Não é tanto dedução – é só um palpite simples. E…”
Levantei-me.
“Encontrei.”
“O que?”
“A resposta.”
Olhei ao redor. Naturalmente, usei meu equipamento especial para fazer isso à distância.
Vamos ver aqui.
Num canto escuro, meio escondido mas não totalmente, num lugar que seria fácil ignorar se você não prestasse atenção…
“Aí está.”
Retirei um objeto cilíndrico de um canto empoeirado sob a prateleira.
“Isso é… uma lata de comida?”
“Sim.”
“Hum, tem latas espalhadas por todo lugar aqui, né.”
Sim. Afinal, esse lugar parece mesmo uma fábrica de enlatados abandonada.
Mas essa era diferente.
A lata que peguei tinha a borda ligeiramente amassada e manchas de sangue.
Era o típico clichê — o truque do “escondido à vista de todos”.
– Hooh, Sr. Veado! Se isso fosse história de mistério, essa seria a prova decisiva. O formato combina perfeitamente com a lesão na cabeça.
Exato.
“Isso bate com a marca deixada pelo trauma contundente na parte de trás da cabeça.”
– Ah, clássico. A arma era só um objeto cotidiano no cenário que ninguém reparou! Esse é o jeitão dos roteiros típicos…
Exatamente, exatamente.
De qualquer forma, a subgerente do esquadrão A pareceu aceitar, assentindo.
“Então essa é a arma, certo…?”
Tuk.
Deixei a possível “arma” — a lata — cair no chão.
Depois, pisei nela com toda força, esmagando-a completamente.
“……??”
“……????”
– ?!??!
“Ah.”
Inclinei a cabeça para o lado.
“Não faz sentido um crânio humano ser danificado com uma força desse tipo… Hmm. Não bate.”
Treme, treme.
Naquele instante, o espaço ao nosso redor estremeceu levemente.