
Capítulo 60
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
…Enquanto me preparo para entrar em um creepypasta com o time A, vamos revisar o que preciso ter em mente.
Regras
1- Não posso deixar que descubram que sou um covarde.
2- Não posso revelar que já sei a estratégia certa para usar.
3- Preciso sobreviver ao assédio corporativo desse líder de esquadra impossível de lidar.
“Só me mata logo.”
Acho que já disse isso para mim mesmo mais vezes desde que entrei nessa empresa do que consigo contar.
Mas não tem jeito.
É a primeira vez que entro num creepypasta com um superior que realmente quer me ver se ferrar!
“Todo dia parece um tipo novo de inferno…”
E ainda tem o chefe workaholic que me jogaria direto no time de limpeza assim que descobrisse que sou covarde…
Ou seja, vou entrar num creepypasta junto de pessoas que preferem atrapalhar minha sobrevivência do que ajudar.
“Talvez o único jeito de sair seja juntar pontos suficientes e usar um bilhete de desejo pra fugir daqui.”
E o creepypasta que vamos encarar agora é tão angustiante quanto, cheio de pistas falsas.
“O que você acha do lugar?”
“…Parece uma fábrica abandonada, senhora.”
Uma fábrica abandonada, escura e com cheiro de óleo.
Você sabe quantos creepypastas no <Registros de Exploração Sombria> envolvem fábricas abandonadas? Pelo menos dezenas.
E ainda mais se considerar as histórias de fantasmas onde os locais mudam de forma aleatória, incluindo fábricas abandonadas!
Eu esperava poder digitar rápido o código de identificação na busca dos <Registros de Exploração Sombria> assim que conseguisse um momento sozinho longe dos dois membros do time A, mas eles não me deram nem uma chance de ficar a sós.
“E-Eles estão me vigiando feito águias.”
Era como se estivessem esperando eu errar, com ambos os superiores do time A lançando olhares de soslaio enquanto andavam devagar.
Eu começava a suar frio.
“Não tem um companheiro em quem eu possa confiar…”
– Amigo?
“……!”
– Ah! Outro recurso, né? Hmm, não é um lugar muito apropriado para filmagens, devo dizer! Tão sujo, parece um jegue maltrapilho! Não acha?
Olhei rapidamente para baixo.
A voz vinha do chaveiro de pelúcia, ‘Bom Amigo’, que estava no meu bolso.
Braun!
“Eu tenho um companheiro cooperativo!”
E-Espera, estamos bem do lado dos meus dois superiores do time A, e se você começar a falar assim na maior cara dura…
– Oh, não se preocupe se nossa preciosa amizade for atrapalhada! Quem não é amigo não tem direito de ouvir minha voz!
Huuu.
Então, ninguém mais consegue ouvi-lo falando.
“Agora que penso, havia registros de que ‘Bom Amigo’ só fala com seu dono.”
E dizem que ele ainda consegue captar o humor e até pensamentos superficiais do seu companheiro.
Me senti um pouco aliviado e bati de leve no bolso algumas vezes.
– Haha, isso dá uma sensação boa!
Estou quase chorando de verdade.
Essa situação, em que um monstro de creepypasta é minha única fonte de conforto…
“Líder de esquadra. Tem uma porta ali.”
“Ah, certo. Soleum-ssi, por que você não vai abrir?”
“……”
“Soleum-ssi?”
“Sim, senhora.”
Engolindo um grito, me aproximei da porta enferrujada.
Eles nem se preocupam em esconder que querem complicar minha vida, designando justamente a mim sem nem me entregar o manual!
– Ora… Sr. Veado-Coruja, você parece estar com dificuldades. Problemas de fôlego?
Balancei a cabeça de leve, esperando passar despercebido.
– Então é o ambiente sujo que está incomodando?
Balancei a cabeça mais uma vez.
– Ah, entendo. Então deve ser que seus companheiros não combinam com seu estilo!
Bingo.
Isso é difícil. Tanto esse cenário horrível de creepypasta quanto esse assédio no trabalho…
– Será que essas pessoas ruins estão atormentando meu querido amigo?
Balancei o chaveiro várias vezes.
– Ah, entendi. Às vezes, há aqueles que brigam com a gente, tipo polos opostos de um ímã! Vamos continuar, de bom humor, amigo!
Agora minha barriga doía.
“Além de tudo, tenho que me equilibrar para que o bonequinho não pirar.”
Isso é normal?
Entre o terror e a dor no estômago, consegui me recompor e agarrei a maçaneta enferrujada.
Crreeeak.
Quando a porta abriu, revelou… a área principal de trabalho da fábrica.
Estava cheia de latas e caixas cobertas de poeira, como se a produção tivesse parado há muito tempo. O conteúdo estragado vazava de latas de carne enlatada quebradas espalhadas pelo chão.
Mas algo se destacava ainda mais que o cheiro.
O cheiro forte e metálico de sangue.
E… um corpo estirado no chão.
“……”
E-Espere um pouco.
“Você viu? Tem um cadáver ali.”
“…Sim.”
“Soleum-ssi, vá revistar.”
“Sim.”
AAAAAAAAAH!
O único que me impedia de cair em prantos era o calor confortante do chaveiro de pelúcia no meu bolso.
“Fábrica abandonada… cadáver, fábrica abandonada, cadáver...”
Revirei mentalmente a wiki dos <Registros de Exploração Sombria>, segurando um grito descontrolado enquanto me aproximava do corpo.
O cadáver estava estirado de bruços sobre os trilhos, vestido com um terno.
Um homem de terno, sangrando pela parte de trás da cabeça.
Ele parecia familiar, talvez por ser mais ou menos da minha idade e estar de terno.
“Estou ficando louco.”
Não havia como tocá-lo diretamente…! Sem respirar, rapidamente convoquei meu equipamento especial, pairando as mãos no ar para examinar o corpo de vários ângulos.
Graças a Deus só transmitia dor e não toque — um alívio enorme.
“…Masculino, altura estimada entre 1,78 e 1,83, vestindo terno, com sangramento limitado à parte de trás da cabeça. Parece ter sido atingido por algo com diâmetro acima de 10 cm.”
“Hmm. Nada mal. Agora vire-o.”
“Sim, senhora.”
Kim Soleum vai lembrar desse momento…
Encarei o líder do time A com toda a força que consegui reunir, prendendo o vômito enquanto forçava a virar o cadáver num único movimento rápido.
O rosto ficou exposto, olhos fechados.
E era…
Meu rosto, sangrando no chão.
“……”
Que porra é essa? Que porra de merda é essa?!!
Essas histórias de fantasmas, sério!!