
Capítulo 26
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
Em <Registros da Exploração Sombria>, ao entrar em uma história de fantasmas, a transmissão de dados e a comunicação geralmente se tornam impossíveis, isolando os participantes.
“Essa é a estrutura típica de uma história de fantasmas.”
Mas as histórias ficam mais interessantes quando há interação e conflito.
Lembro vagamente de ter lido em uma história de fantasmas que algumas equipes da <Daydream Inc.> possuem um item descartável que permite comunicação de emergência.
“Esse botão é um desses?”
Enquanto minha mente corria para deduzir a situação, minha boca começou a falar imediatamente. O tempo era precioso!
“Você é o líder da Esquadra D?”
[Sim.]
“Sou Kim Soleum, a recruta nova da Esquadra D. Tenho algo urgente para relatar.”
Decidi expor tudo!
“Em 30 minutos, toda a Esquadra D estará morta.”
Mesmo que a outra pessoa se assustasse, não adiantava. Era o jeito mais eficiente. Eu precisava acalmá-lo e explicar…
[Entendi.]
[Vou ouvir um relatório rápido de cinco minutos.]
“……”
Por que ele está tão calmo?
Claro, mortes em massa são rotina no Time de Exploração de Campo, mas isso era meio…
“Será que tem algo errado com a humanidade dele…?”
Quase fiquei confusa, mas a situação era urgente, então deixei pra lá. Resumi rapidamente tudo que havia acontecido até então.
“Houve uma anomalia durante a Escuridão Classe D, o Programa de Talk Show de Terça.”
Expliquei sobre os membros de outra esquadra que invadiram no meio do programa, o cancelamento súbito do quiz show e o segmento insano do coral que acabara de começar.
[Quantos funcionários permanecem?]
“Três dos sete ainda estão vivos. Toda a Esquadra D está intacta, mas quando o intervalo acabar, estaremos todos mortos.”
O líder da Esquadra D respondeu de forma concisa.
[Entendi.]
[Conquiste mais 30 minutos.]
“……”
Isso é possível?
“Não acho que isso seja viável.”
[Nesse caso, não há o que fazer.]
Ele tem um talento especial para irritar pessoas que vão morrer em menos de 30 segundos.
“Não tenho tempo a perder com essa bobagem.”
É verdade que quanto mais alto se está no Time de Exploração de Campo, mais alguns funcionários parecem faltar com a moral básica ou bom senso, mas experimentar isso na pele é realmente enfurecedor.
“Será que ele acha a vida dos membros da equipe uma piada?”
Estava prestes a desligar e resolver tudo sozinha quando…
“……”
Espere um segundo.
“O que mudaria se tivéssemos mais 30 minutos?”
Por que ele pediu mais tempo?
[Certo.]
[Se conseguir segurar até daqui a 55 minutos, posso conseguir aprovação do time de segurança e alugar as armas e equipamentos de entrada mais potentes.]
Sua voz baixa explicou calmamente.
[Todo o processo, mesmo que feito retroativamente, levaria cerca de 40 minutos, e levaria mais 15 a 20 minutos para entrar na Escuridão.]
“…Se esse processo for concluído, a Esquadra D poderia ser resgatada?”
[Provavelmente, sim.]
“……”
Um membro do Time de Exploração de Campo capaz de entrar sozinho em uma Escuridão Classe A e suprimir o fenômeno sobrenatural usando equipamento especial?
As únicas pessoas capazes disso seriam…
“Um personagem nomeado.”
A pessoa com quem eu falava tinha que ser um dos funcionários que eu tinha lido nos <Registros da Exploração Sombria>!
“Alguém com um papel importante ou marcante…”
Um arrepio percorreu minha espinha.
Vários candidatos passaram pela minha mente. Meu cérebro girava.
“Roubar equipamentos do time de segurança… é, isso é impossível.”
[……? Correto.]
As operações do time de segurança são extremamente restritas para manter a coerência da narrativa nas histórias de fantasmas, e a segurança é hermética. É verdade que esse ato seria impossível dentro das regras.
“Mas se essa pessoa realmente for quem acho que é…”
Pode haver uma maneira!
Engoli em seco e perguntei,
“…Posso perguntar qual máscara você usa, senhor?”
Se ele dissesse o apelido que eu estava pensando…
[Lagarto.]
“……”
Ah.
É você.
“Chefe de Seção.”
Nos restavam 20 minutos.
“Com base no que você me contou, elaborei um plano.”
Vamos nessa.
* * *
[Ah, senhor Roe Deer!]
O intervalo estava quase acabando.
Segurando uma garrafa de água da sala de espera, voltei para o cenário do talk show.
Humano. Número 2. Humano, humano!
Contra o pano de fundo de dois funcionários expostos à “prática de coral” por vários minutos e com a aparência visivelmente piorada, o apresentador com uma velha TV no lugar da cabeça estendeu a mão para mim.
[Está se sentindo melhor? Pronto para criar a melhor transmissão de todos os tempos?]
“Sim. Obrigada pela consideração.”
[Haha, a condição do participante é fundamental para entregar os melhores momentos do programa!]
O tom dele estava surpreendentemente amigável, considerando o comportamento anterior do apresentador.
Parecia que o efeito do Adesivo Sorridente ainda estava ativo.
“Até agora, as coisas estão indo como esperado.”
Escolhi as próximas palavras com cuidado.
“…O senhor realmente coloca muita paixão e energia nesse programa, senhor apresentador. Acho que é por isso que você sempre cria transmissões tão cativantes.”
Talvez fosse a situação mais extrema, mas o elogio saiu da minha boca com facilidade, sem nenhuma vergonha.
[Que elogio tão alto! Mas uma transmissão é algo que todos constroem juntos. Senhor Roe Deer, você também faz parte disso!]
Não, não era nesse sentido que eu queria ir…
“Agradeço suas palavras gentis, mas não tenho como me comparar ao senhor, que lidera esse grande talk show.”
Era essa a direção que eu precisava.
“Mas fiquei surpresa que o formato do programa mudou sem aviso, para alguém tão importante quanto o senhor…”
[……]
“Não há plateia ao vivo, usamos aplausos gravados, os castigos sumiram… até a banda tem menos integrantes.”
Lembrei dos cartazes dos programas, em preto e branco, na sala de espera.
Todos eram talk shows com plateia ao vivo, onde a comunicação em tempo real fazia parte da experiência.
Se aquela sala de espera era o espaço pessoal do apresentador…
“Tem grandes chances de o apresentador não gostar desse novo formato…!”
“Parece que as mudanças foram feitas para cortar gastos em tudo.”
Havia o risco de ser decapitada se o apresentador entendesse meu comentário como um insulto ao talk show. Mas ficar calada levaria à morte mesmo assim.
Eu precisava fazer aquilo.
Olhei para trás, fingindo observar o palco, e consegui continuar falando.
O maestro com a cabeça de porco morto.
“…Será que a razão dessa reformulação foi o quanto custou convidar aquele convidado ali?”
[!]
O emoticon na tela da TV do apresentador desapareceu.
Mas logo voltou com um emoticon sorridente.
[Isso não é da conta do participante.]
“Peço desculpas.”
Por favor, me poupe.
Honestamente, estou tão assustada que nem consegui olhar direito para aquela criatura com cabeça de porco.
“Eu era muito fã do Quiz Show de Terça e estava realmente ansiosa para participar. Deve ter saído algum comentário rude meu por estar desapontada com o cancelamento…”
[Ah, que coisa gentil de dizer! Mas… o showbiz é implacável.]
A tela da TV do apresentador ficou preta silenciosamente.
[Se o público preferir esse formato, então, como artista, meu trabalho é me adaptar rapidamente ao que eles querem…]
“Entendo.”
Engoli em seco.
“Mas ainda não sabemos ao certo a opinião do público… Pelo menos, eu prefiro o formato antigo. A interação em tempo real com a plateia e a emoção do Quiz Show ao vivo de Terça.”
[……]
“Mudar o programa tão abruptamente, sem nem consultar o apresentador… ah, deixa pra lá. Desculpe, falei demais.”
Fingi hesitar e então acrescentei,
“Só que eu me diverti muito durante a transmissão ao vivo mais cedo. Meu coração acelerou, foi bem emocionante.”
[ – ]
O apresentador ficou em silêncio.
A tela da TV fez um leve som de estática…