Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 11

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

‘Novo merch?’

E se diz que está desbloqueado, significa que posso usar outro dos merchs que comprei.

‘Mas com base em que critério, afinal?’

Quis clicar na prancheta flutuante na hora, mas lembrei que ainda estava sentado no meio do auditório.

Além disso, podia sentir os olhares das pessoas sobre mim, já que o apresentador me anunciara como o melhor desempenho.

‘Melhor sairmos primeiro e conferir isso depois.’

O evento parecia estar chegando ao fim, então eu podia ir para casa... espera.

De repente, percebi algo importantíssimo.

“……”

Será que eu tenho uma casa aqui?

Puxei rapidamente meu smartphone e comecei a checar meus registros.

Assim, de repente, todos os traços do meu emprego e histórico de trabalho anteriores haviam sumido.

Até mesmo os contatos da minha família haviam desaparecido.

‘Por favor, não.’

Os únicos registros que sobraram eram da faculdade, pelo menos condizentes com minhas memórias, o que me deu um alívio momentâneo.

Mas o problema era... eu morava em alojamento estudantil durante a faculdade.

‘E tive dificuldade para conseguir um lugar só para mim depois da formatura por causa de uns desencontros de agenda.’

Como esperado, o registro mais recente que consegui encontrar foi uma conversa de texto sobre visitar apartamentos para alugar e um papo com um amigo reclamando de ter que ficar em um motel porque o aluguel do estúdio dele não deu certo.

“……”

Levantei a cabeça e olhei para a tela ainda flutuando no auditório.

Ou melhor, foquei em uma palavra no rodapé da tela.

[Benefício do Empregado – Diversos]

Alojamento Corporativo

Benefício, hein… então, por que não aproveitar ao máximo?

* * *

O processamento do ‘benefício de alojamento corporativo’ foi surpreendentemente rápido.

“Ah, olá!”

“Oi.”

Em menos de uma hora após perguntar na recepção, me deram o número do quarto, uma chave e até um endereço. A localização não era ruim.

Claro que não era por bondade deles para facilitar a vida dos funcionários.

‘Se eles querem explorar os escravos do salário 24 horas, faz sentido deixar a galera pertinho...’

Mesmo assim, o prédio parecia um officetel decente. Estava limpo, reformado recentemente e tinha segurança firme.

Considerando que ‘alojamento corporativo’ geralmente é um benefício para quem trabalha em lugares remotos, aquilo era absurdamente generoso.

‘Essa empresa me fez passar por um jogo de sobrevivência mortal, então, beleza, vou me mudar.’

Mas esse pensamento cínico virou realidade rapidinho.

Quando encontrei Go Yeongeun do lado de fora do officetel, ela me disse,

“Você ouviu? Sete de nós receberam alojamento corporativo.”

“……?”

Isso dava mais da metade da gente.

Parecia que Go Yeongeun também tinha vindo se mudar para lá. Ela me lançou um olhar envergonhado ao notar meu olhar fixo.

“É meio assustador, mas como já fomos contratados... negar um lugar grátis perto do metrô é difícil de justificar...”

“...Verdade.”

Exatamente. No capitalismo, dinheiro é a coisa mais assustadora.

‘Economizar 1,2 milhão de won por mês? Qualquer um se mudaria, fingindo que é louco.’

(Aproximadamente 900 dólares)

Claro, havia uma razão ainda mais importante por trás disso.

“Parece que os que vieram de fora da cidade receberam o aviso do alojamento e se inscreveram assim que foram contratados.”

“Faz sentido.”

Agora eu entendia. Os recém-contratados já tinham comemorado e aceitado as moradias, tornando difícil desistirem depois.

Eu me perguntava como tinham arranjado meu quarto tão rápido, mas agora tudo fazia sentido.

‘O quarto que vou ficar deve ter pertencido a um dos recém-contratados que não sobreviveu ao jogo mortal...’

O pensamento me arrepiou e me deixou um pouco envergonhado.

Enfim, depois de trocar mais algumas palavras com Go Yeongeun, subi até o 12º andar, onde ficava meu quarto.

Até aqui, tudo bem.

O problema?

A unidade do officetel tinha dois quartos.

E meu colega de quarto era Baek Saheon.

“……”

“……”

Baek Saheon estava sentado na sala.

Usava um tapa-olho médico em um dos olhos, o que sugeria que havia passado por algum tipo de tratamento — provavelmente da empresa, e não de hospital, dado o momento.

Assenti silenciosamente em reconhecimento e comecei a ir para o meu quarto quando—

“Ei.”

O quê?

“‘Ei’?”

Parei no meio do caminho.

Baek Saheon se encolheu quando respondi, mas, inflamado pela raiva, me lançou um olhar feroz e falou.

“Você deve ter gostado de assistir enquanto eu tinha que arrancar um olho perfeito por causa daquele maldito item perdido, né?”

Parecia que ele achava que eu sabia sobre o item perdido e só fiquei assistindo ele perder o olho.

‘Ele foi embora por conta própria, e agora quer me culpar?’

Ele podia muito bem socar o olho de alguém, mas quando era o próprio dele, eu deveria ajudar?

Que jeito criativo de distorcer a situação.

Mas naquele momento, percebi algo.

Se eu respondesse pedindo desculpas, tipo “Bem, você saiu do nada, então...” ou “Por que está me tratando no informal de repente, professor?”, só o faria se sentir mais no direito e gerar mais confusão.

Tem um termo que aprendi ao lidar com clientes difíceis para pessoas como Baek Saheon.

Chamamos de “Reclamadores Criacionistas”.

Elas criam situações na própria cabeça e insistem nelas.

Com esse tipo de pessoa, explicações não funcionam.

É melhor simplesmente...

“Ah, achei bem engraçado.”

“……!”

Atacar é a melhor estratégia aqui.

Me aproximei de Baek Saheon e segurei firme seu ombro.

“Valeu por isso. Me diverti pra caramba. É isso que chamam de pico de dopamina?”

“Eh...”

“Me traga mais boas notícias. Na verdade, espero que a gente trabalhe junto.”

“……”

“O trabalho vai ser uma festa.”

Creio que era o suficiente.

‘Agora ele deve achar que eu sou maluco.’

Pelo comportamento dele até agora e sua atuação em <Registros de Exploração Sombria>...

‘Baek Saheon parece o tipo que, se perceber que o outro está com medo, só vai tentar encurralá-lo ainda mais.’

Nesse caso, é melhor plantar a impressão de “melhor ficar longe desse cara”.

‘Considere também como um blefe.’

Dei alguns tapinhas no ombro de Baek Saheon, levantei e caminhei para meu quarto, sem olhar para trás.

‘Desde que ele não me apunhale enquanto durmo, tudo bem.’

Claro, eu estava blefando um pouco agora há pouco.

A probabilidade de trabalhar junto com alguém do mesmo esquadrão é baixíssima.

Que empresa forma esquadrões só com novos contratados? Eles nos separam e nos alocam em esquadrões diferentes.

É tipo um jogo de equilíbrio, bem parecido com aquele mangá de ninja famoso — alocar as pessoas conforme as habilidades.

E, além disso, eu fui chamado primeiro e Baek Saheon foi chamado em segundo lugar.

‘Então ele provavelmente mandou bem nas avaliações também, o que torna ainda menos provável que fiquemos no mesmo esquadrão.’

Não vamos trabalhar juntos por um bom tempo.

É melhor fingirmos que não existimos um para o outro.

Clack.

Entrei aliviado no quarto designado.

“Huu.”

O cômodo limpo tinha roupas de cama novas, uma escrivaninha e até banheiro privativo. Um manual de instruções estava pendurado na porta.

“Se eu pedir, eles trocam a roupa de cama e limpam o quarto toda semana por apenas 100.000 won por mês?”

Os benefícios exagerados da empresa parecem feitos para impressionar os novos contratados, fazendo-os esquecer todo o jogo mortal que acabaram de passar.

Muitos recém-contratados provavelmente vão ficar confusos com a mudança repentina para essa realidade organizada e amigável, como se o teste de sobrevivência tivesse sido mentira.

Pelo que sei das motivações da empresa, é óbvio o que eles estão tentando fazer...

‘É, eles estão desesperados para preencher vagas no Time de Exploração de Campo.’

Querem garantir que nenhum dos novos contratados considerados capazes do ‘serviço’ desista.

‘Bem, então, é melhor aproveitar tudo que estão oferecendo.’

Já decidi ficar, afinal de contas.