Capítulo 1127

No dia seguinte, na Avenue du Boulevard, em Trier, num apartamento com jardim, não muito longe do Grande Palácio.

Lumian e Franca, sob a orientação da Eremita Cattleya, chegaram a um terraço no terceiro andar. Lá, viram a Rainha Misteriosa Bernadette, vestida com trajes de caça, segurando um regador e cuidando de vários vasos de plantas dispostos ao seu redor.

— Há quanto tempo, — disse a Rainha Misteriosa, largando o regador e virando-se para os visitantes.

— Faz tempo que não nos vemos, — respondeu Franca. Na cidade dos sonhos, ela e a Rainha não só colaboraram, como também conversaram algumas vezes. Com a conexão compartilhada relacionada aos transmigradores, Franca sentiu mais respeito do que medo — talvez até uma sensação de proximidade.

— Achei que você estaria no mar, — ela começou a conversar.

A Rainha Misteriosa Bernadette deu um leve sorriso. — Antes do apocalipse, prefiro ficar em Trier. Além disso, como Sábia e ex-princesa de Intis, sinto que é meu dever proteger os cidadãos daqui, prevenir vários desastres e manter a estabilidade e a ordem. Este ambiente é particularmente propício para digerir a poção do Sábio, especialmente nos primeiros meses.

Enquanto dizia isso, Bernadette olhou para a Eremita Cattleya, aparentemente dando uma lição.

— Ah, faz sentido. — Franca assentiu, entendendo. — Então, você está quase terminando de digerir sua poção do Sábio?

— Quase, — respondeu Bernadette sucintamente.

Ela se virou para Lumian. — Você quer que eu adivinhe o paradeiro da Demônia Primordial?

— Sim, por favor nos ajude, — disse Lumian sinceramente.

Os olhos da Rainha Misteriosa Bernadette ficaram profundos, como o mar antes de uma tempestade — sem limites e sem foco. Imagens fracas e borradas passaram pela sua visão, como se rios semelhantes a mercúrio emergissem e desaparecessem.

Duas lágrimas vermelhas escorriam pelas bochechas de Bernadette enquanto sua voz distante e etérea soava.

— Vejo a Demônia Primordial sorrindo, um mundo dos espelhos abissal e uma lua cheia carmesim.

“Lua cheia carmesim…” A frase causou arrepios não apenas em Lumian e Franca, mas também na Eremita Cattleya.

Para os Beyonders cientes das verdades das zonas protegidas, a “lua cheia carmesim” era como um trauma gravado profundamente em suas consciências. Sua simples menção a trazia vividamente à mente.

“Esta profecia difere significativamente da Madame Eremita, contendo até contradições… Claramente, consultar vários indivíduos de alto nível, habilidosos em adivinhação e profecia, me permitiria reunir revelações mais úteis. É como a história que Aurore contou certa vez sobre cegos que reconstroem a imagem de um elefante — cada um, apenas pelo tato, só consegue descrever uma parte, e a verdade completa requer a combinação de suas perspectivas.” A cabeça central de Lumian assentiu levemente em reconhecimento.

Ele começou a considerar as conexões entre as três profecias.

“A Escritura Pós-Apocalíptica afirma que encontrarei Cheek no Mundo da Ruína. Isso pode ser falso, mas tratá-lo como verdade e me preparar adequadamente pode torná-lo verdadeiro. A variável é se isso pode influenciar um deus verdadeiro. A profecia da Madame Eremita aponta para a floresta tropical primitiva do Continente Sul, alinhando-se com a premissa básica da Escritura Pós-Apocalíptica.”

“A profecia da Rainha Misteriosa não esclarece se é nas zonas protegidas ou no Mundo da Ruína. No entanto, se uma lua cheia carmesim surgir no Mundo da Ruína, as coisas se tornarão problemáticas — e muito problemáticas. Na melhor das hipóteses, significa que a Deusa Mãe da Depravação voltou seu olhar para nós…”

Lumian compartilhou as profecias anteriores, esperando ver como as antigas videntes, agora Sábias Bernadette e Cattleya, as interpretariam.

— Em algum lugar no mundo dos espelhos do Mundo da Ruína — ou talvez dentro do mundo dos espelhos especial, — especulou a Rainha Misteriosa.

A Eremita Cattleya acrescentou: — As características ali refletem a floresta tropical primitiva do continente sul. A lua cheia carmesim também pode ser um produto dos reflexos do mundo dos espelhos. Por enquanto, seu simbolismo permanece obscuro.

Lumian assentiu e disse a Franca e à Senhora Eremita: — O Sr. Tolo me confiou algo para discutir com a Rainha.

Embora agora fosse um anjo, Cattleya não afirmou: — Não há nada que eu não possa ouvir. — Em vez disso, ela levou Franca a um pequeno salão no primeiro andar para desfrutar de chá e lanches.

— O que o Sr. Tolo precisa? — A Rainha Misteriosa Bernadette desviou o olhar da saída do terraço e perguntou a Lumian.

Ela não havia previsto esse pedido, mas agora carregava alguns palpites.

Lumian sorriu. — O Sr. Tolo quer que eu transmita uma mensagem ao Gênio.

Bernadette assentiu levemente, estendeu a mão direita e traçou inúmeras palavras iluminadas pelas estrelas no ar. Essas palavras se entrelaçaram em símbolos estranhos, abrindo uma “porta secreta” para um local desconhecido. A porta se abriu rapidamente, e uma ventania uivante surgiu, formando uma figura: um homem com a cabeça envolta em um pano branco, a parte superior do corpo em forma humana e a parte inferior composta de correntes de ar.