Capítulo 1128

Capital de Lenburg, Azshara.

Em frente ao portão lateral da grande e magnífica torre branca, Lumian foi recebido por uma semideusa da Igreja do Deus do Conhecimento e da Sabedoria — alguém que ele já tinha visto antes.

Após suas experiências na cidade dos sonhos, Lumian a reconheceu facilmente.

Ela era Edwina Edwards, ex-Almirante Pirata, Vice-Almirante Iceberg e agora uma diaconisa de alto escalão da Igreja do Conhecimento. Vestida mais como uma professora profissional do que como uma pirata ou membro do clero, Edwina gesticulou convidativamente sem dizer uma palavra.

Lumian se absteve de fazer perguntas, seguindo-a silenciosamente pela porta e para um corredor mal iluminado, ladeado por inúmeras luminárias de parede a gás.

Depois de caminhar em silêncio por um longo trecho, Lumian perguntou de repente: — Saber mais… possuir maior conhecimento… faz alguém sofrer mais?

Edwina respondeu com sua expressão calma de sempre: — Prefiro sofrer por causa do conhecimento do que encontrar felicidade na ignorância.

Olhando para o corredor aparentemente sem fim, Lumian mudou de assunto.

— Se a humanidade adquirisse conhecimento suficiente, o que ela poderia alcançar sem depender dos poderes dos Beyonder?

Edwina olhou para Lumian e disse: — Conhecimento no misticismo também é conhecimento.

Após uma breve pausa, ela continuou: — Se você excluir isso, talvez um dia, no futuro, a humanidade possa encontrar outras maneiras de influenciar as regras e atingir a autoridade. Mas, além disso, seria impossível… a menos que elementos místicos fossem incorporados. Minha pesquisa se concentra em permitir que a humanidade use os poderes do Beyonder com menos riscos.

— Que legal… — Lumian comentou melancolicamente.

Depois de mais um momento de silêncio, eles pararam no final do corredor, diante de um par de portas de latão.

Lumian virou a cabeça para estudar Edwina por um momento antes de perguntar pensativamente: — Você gostaria de voltar a ser a Vice-Almirante Iceberg?

Sem hesitar, Edwina balançou a cabeça. — Prefiro minha vida atual, onde posso aprender algo novo todos os dias e fazer descobertas.

Lumian não insistiu mais. Sob o olhar de Edwina, abriu as portas duplas. Lá dentro havia uma biblioteca limpa e iluminada, repleta de inúmeras estantes de latão. Por um momento, Lumian sentiu como se tivesse retornado à sua primeira visita à Cidade dos Exilados, Morora.

Ele entrou e as portas de latão se fecharam lentamente atrás dele.

De trás de uma estante imponente, surgiu Heraberg, vestido com uma túnica branca simples bordada com fios de latão e segurando dois livros. Seus olhos âmbar permaneceram calorosos e límpidos, sem nenhum sinal de turvação.

Ver Heraberg não surpreendeu Lumian. Ele sorriu e curvou-se levemente. — Vossa Graça, nos encontramos novamente.

Heraberg assentiu levemente. — Seu estado atual é muito interessante para pesquisa, mas o tempo está se esgotando.

Ele não fez nenhum esforço para esconder seu arrependimento, nem se preocupou com o dano emocional que isso causaria a Lumian. Falou com simplicidade, como se estivesse discutindo um café da manhã comum.

— De fato, o tempo está se esgotando, — concordou Lumian.

Heraberg observou a cabeça no ombro esquerdo de Lumian por um momento antes de falar calmamente: — Eu fiz uma profecia. Você encontrará Cheek em um futuro próximo.

— Entendo, — respondeu Lumian com um sorriso.

Ele olhou ao redor da biblioteca e de repente sentiu uma pontada de nostalgia. — Vossa Graça, alguma vez previu meu estado atual?

Heraberg olhou para ele e falou com cadência deliberada: — Se eu dissesse que previ seu futuro completamente, seria mentira. Mas se eu dissesse que não tive nenhuma previsão, isso também seria mentira. Eu previ que você ganharia algo único, mas não sabia o que seria. Não sou onisciente nem onipotente. Entre os candidatos a 0-01, eu o escolhi por causa do seu excelente desempenho, da sua capacidade de manter a calma e estudar com afinco, e de pegar livros emprestados da biblioteca repetidamente… ao contrário dos outros…

Enquanto falava, Heraberg balançou a cabeça.

— Sou um amante do aprendizado, — disse Lumian com um sorriso calmo, misturado a uma pitada de autodepreciação.

Heraberg disse com alívio: — Se você realmente compreender o fascínio do conhecimento e entender a alegria de aprender, mesmo uma vida longa não será atormentada pelo vazio ou tormento. O conhecimento abrange tudo. O conhecimento é tudo…

Seu tom era paciente, como se estivesse genuinamente tentando guiar Lumian em direção a um futuro gratificante. Lumian ouviu em silêncio, sem interromper, embora soubesse que não era particularmente importante.

Quando Heraberg terminou de falar, Lumian perguntou seriamente: — Você desistiria voluntariamente de sua vida atual?

— Criança, nossa vontade pode ser livre, mas não estamos sozinhos neste mundo. Muitas vezes, a vida é uma questão de escolher entre o ruim e o pior… não há opção melhor. Em situações semelhantes, alguns escolheriam desistir completamente. Mas eu sou ganancioso. Desejo continuar vivendo. O oceano do conhecimento é ilimitado, e a busca por ele é repleta de alegria. Ainda não estou pronto para morrer. Esta é a razão fundamental por trás de muitas das minhas decisões.

— Agora, restam apenas algumas opções diante de mim. Como ainda quero viver, devo escolher a que for relativamente menos ruim. Querer viver não é vergonhoso.

Olhando nos olhos de Lumian, ele concluiu: — Estes são meus pensamentos e experiências. Espero que eles sejam valiosos quando você fizer suas próprias escolhas no futuro.

— Obrigado, — disse Lumian sinceramente.

Tendo obtido a profecia e as respostas de que precisava, ele se preparou para partir. Mas então se lembrou de algo. — Vossa Graça, onde exatamente fica a Cidade dos Exilados, Morora?

— Ela, junto com as montanhas ao redor, reside no meu estômago, — Heraberg admitiu sem hesitar.

Lumian entendeu. — O Caminho do Exílio leva ao mundo astral?