Capítulo 254

Carlisle lançou um olhar para Zenard que estava do lado de fora, e Elena assentiu com a cabeça e respondeu.

“Acho que deveria investigar isso.”

Carlisle olhou para Elena com pesar e beijou sua testa.

“… É difícil ter você só para mim.”

Ela não conseguiu evitar sorrir diante do anseio em suas palavras. Após a guerra com o Ducado de Lunen, Elena e Carlisle passaram muitas horas de lazer juntos enquanto viajavam. Para ela, parecia uma tolice que ele expressasse descontentamento por cada pequena perturbação, mas ao mesmo tempo o achava atraente.

Carlisle libertou Elena de seu abraço e falou em voz baixa.

“Traga a carta.”

“Sim, sua Majestade.”

Com a permissão concedida, Zenard entrou na tenda. No entanto, notou o ressentimento de Carlisle e rapidamente se desculpou.

“Parece que interrompi seu tempo privado. Sinto muito.”

“Você deveria sentir.”

Elena rapidamente deu um golpe nas costelas de Carlisle por seu comentário, depois se voltou para Zenard.

“Obrigada. Estas são as cartas que estava esperando.”

“De maneira alguma. Primeiro foi entregue ao Palácio Imperial antes de chegar aqui, então chegaram tarde. Por favor, leve isso em consideração e me avise se precisar de algo.”

“Eu o farei.”

Zenard entregou as duas cartas a Elena, fez uma reverência cortês e saiu da tenda. Ela observou a figura de Zenard se retirando e depois olhou para os envelopes, onde estavam estampados os selos das famílias Krauss e Astar, respectivamente. O coração dela estava na garganta e ela estava nervosa para verificar o conteúdo.

‘Espero que contenham boas informações.’

No geral, não importava se não pudesse eliminar a maldição da Família Imperial. Amava tanto Carlisle que seus sentimentos por ele não eram afetados por isso, e também considerava precioso o filho que crescia dentro dela. No entanto, seu coração lamentava a infeliz infância de Carlisle e o ódio que ele sentia pelas escamas negras.

E assim, Elena queria eliminar a maldição tanto quanto possível. Se seu filho o herdasse, também seria bastante doloroso para Carlisle. Não sabia quanta culpa ele sentiria ao transmitir a maldição a seu próprio filho.

Enquanto ela olhava pensativa para as cartas, Carlisle, que a observava de lado, lançou-lhe um olhar interrogativo.

“Que tipo de cartas são essas?”

Elena foi interrompida por seus pensamentos sombrios e ergueu a cabeça para olhar para Carlisle. Seus olhos azuis estavam cheios de preocupação, e seu olhar não conseguia deixar o rosto perfeitamente esculpido dele. Era o rosto do homem que ela amava, o que imaginava uma e outra vez quando os tempos eram difíceis.

Ela segurou as cartas na mão e depois apontou o lado da cama onde estava sentada.

“Venha sentar-se aqui.”

A expressão de Carlisle se endureceu com suspeita, mas ele se sentou onde ela indicou sem reclamar.

“O que é?”

“Não há razão para estar nervoso. Pensei que seria uma boa ideia falar sobre isso com você antes de abrir estas cartas.”

“Sim. Você pode me dizer qualquer coisa.”

Elena não conseguiu evitar sorrir enquanto Carlisle esperava ansiosamente sua história.

“Na verdade, assim que descobri que estava grávida, fiz uma solicitação aos chefes das famílias Krauss e Astar. Há uma tribo que adora o dragão sagrado. Talvez você tenha ouvido falar deles.”

“…”

A expressão de Carlisle ficou cautelosa. Ele sempre se retraía ao ouvir histórias sobre seu sangue amaldiçoado. Olhou para Elena por um momento, depois abaixou os olhos e olhou para seu estômago.

“Você não precisaria se preocupar se não fosse por mim. Sinto muito…”

“Não, não diga isso. Não quero que você se desculpe de agora em diante.”

Elena pegou a mão de Carlisle, que era muito maior do que a dela. Suas mãos estavam ásperas e calejadas por anos de empunhar uma espada, mas para Elena, eram fortes e amigáveis. O calor floresceu onde se tocaram, e ela continuou.

“Não importa o conteúdo dessas cartas, farei tudo o possível para quebrar essa maldição. Mas não me entenda mal. Mesmo que eu faça isso por você e nosso filho, não significa que eu não te ame. Mesmo que eu não consiga encontrar uma maneira de acabar com essa maldição… não mudará nada.”

Os olhos de Carlisle se encheram de emoções complicadas, mas o olhar de Elena permaneceu firme enquanto ela o olhava diretamente.

“Eu te amo. Não importa que tipo de existência você seja.”

Ela lentamente ergueu a mão para tocar seu rosto perfeito.

“Até suas escamas parecem impressionantes para mim.”

Carlisle permaneceu em silêncio por algum tempo. No entanto, não parecia mais tão conflituoso como antes, como se um peso pesado tivesse sido liberado de sua mente. Ele olhou para Elena com um olhar terno e sorriu. Ela era a única no mundo que o havia visto assim.

“Você é uma mulher incrível, minha esposa. Eu não pensei que poderia ser mais feliz, mas aqui estou.”

Carlisle pegou a mão de Elena que estava em seu rosto e pressionou seus lábios contra ela enquanto olhava para ela.

“Fico feliz por ter te conhecido. E fico feliz por você ser a mulher por quem me apaixonei.”

Um sorriso suave brilhou nos lábios de Elena.

“Sinto o mesmo. E você não sabe o quão grata estou por carregar o sangue do dragão comigo depois de ter sido sequestrada.”

Elena suportou muitas dificuldades físicas durante as primeiras etapas da gravidez e até cavalgou e lutou contra Paveluc. O bebê nunca teria sobrevivido à jornada difícil se fosse fraco.

“Uma criança normal não suportaria isso. Acho que nosso filho está saudável porque se parece com você, e por isso permaneceu comigo até o fim. Por isso, nunca poderia desistir.”

Mesmo que matasse Paveluc e terminasse a guerra, Elena não achava que sorriria como agora se algo desse errado na gravidez. Estava imensamente grata por o bebê em seu ventre ainda estar seguro. Carlisle respondeu com um sorriso.

“Parede que a coisinha já entende seu dever filial para com os pais.”

Elena soltou uma risada leve, depois agitou os dois envelopes na mão.