O Retorno da Cavaleira

Capítulo 250

O Retorno da Cavaleira

Uma tensa nuvem de guerra pairava sobre o Império Ruford e o Ducado de Lunen. Lunen era um pequeno estado sob o grande império, mas agora era considerado um país completamente independente. Paveluc vinha se preparando secretamente para esse evento, e com as forças poderosas do Reino Kelt agora dentro de Lunen, já não havia razão para se aliar a Ruford.

Chog chog chog.

Dentro do castelo de Lunen, dezenas de cavaleiros marchavam em patrulha. Perto de uma masmorra, um homem saiu da entrada escura. Os guardas que estavam perto de lá foram subitamente alertados.

“Você aí! Identifique-se!”

Os cavaleiros estavam tensos em preparação para a guerra. Sacaram suas espadas e apontaram para o homem, que imediatamente levantou os braços.

“Sou o servo que leva as refeições ao calabouço.”

Ele caminhou lentamente em direção aos cavaleiros enquanto falava. A luz brilhante das tochas revelou seu rosto sardento, e o primeiro cavaleiro que o havia interpelado voltou a falar.

“Este não é o horário de distribuição de refeições. Por que está perambulando por aqui?”

“O encarregado das refeições reclamou de dor de estômago. Ele não recuperou as tigelas a tempo, então fui fazer o trabalho.”

Havia uma pilha de tigelas ao lado da entrada da masmorra. O cavaleiro olhou para o servo com desaprovação e finalmente abaixou a espada.

“… Vou deixá-lo ir desta vez. Não deixe que eu o encontre novamente aqui a essa hora.”

“Sim, desculpe.”

Os cavaleiros retomaram a patrulha. O servo viu os homens desaparecerem na esquina e voltou para a entrada onde estavam recolhendo as tigelas. O homem de olhos sombrios e bochechas sardentas era Kuhn, disfarçado como uma pessoa completamente diferente.

“… O número de tigelas e de prisioneiros que verifiquei é o mesmo. Então a imperatriz não deve estar aqui.”

Kuhn havia se infiltrado no castelo de Lunen sob as ordens de Carlisle. Para salvar Elena rapidamente, era urgente que ele a localizasse.

“O único lugar que resta agora é a sede dos Assassinos de Sangue.”

A sede era a sua primeira escolha, mas considerou ser difícil demais se infiltrar, por isso decidiu verificar outros lugares primeiro. No entanto, parecia que os Assassinos de Sangue ainda eram a única opção restante.

Kuhn recolheu as tigelas e as devolveu às cozinhas com uma expressão impassível. Na verdade, foi ele quem provocou o surto de diarreia no servo encarregado da distribuição de alimentos.

Depois que Kuhn terminou seu trabalho, saiu do castelo. Ele retornou à sua residência secreta em Lunen e escreveu um breve relatório sobre o que aprendeu. Perto dele havia várias pombas mensageiras treinadas. Ele atou a nota a uma das patas do pássaro com um gesto habilidoso, depois abriu a janela e o soltou.


A pomba mensageira chegou até Carlisle perto da fronteira. Após ler a nota, Carlisle percebeu que Elena provavelmente estava detida na sede dos Assassinos de Sangue.

“… Não importa o quão habilidoso seja Kuhn, será difícil para ele se infiltrar sozinho.”

Eles precisavam localizar Elena e resgatá-la, mas nas circunstâncias atuais parecia impossível. Carlisle olhou para a nota com uma expressão sombria, depois rapidamente acendeu seu isqueiro e queimou um canto do papel. A nota virou cinzas na ponta de seus dedos e a fumaça dançou no ar. Carlisle baixou a mão e se virou.

Diante de seus olhos estavam centenas de homens cuidadosamente selecionados alinhados atrás de Alphord e Derek. Como líder da Quarta Ordem dos Cavaleiros, sem falta de experiência ou idade, Alphord estava à frente da operação de resgate.

“Eu esperava boas notícias, mas infelizmente, ainda não temos confirmação de onde está Elena. A maior probabilidade é que ela esteja retida na sede dos Assassinos de Sangue, então você irá tomar o controle.”

“Sim, Sua Majestade!”

As vozes dos homens ressoaram em uníssono. Se uma guerra aberta eclodisse, a segurança de Elena poderia ficar comprometida, por isso Carlisle estava determinado a resgatá-la antes que isso acontecesse. Atualmente, seus próprios soldados estavam na fronteira, completamente preparados para a batalha com Lunen. Enquanto isso, Carlisle planejou uma missão de resgate secreta para retirar Elena primeiro. No entanto, por mais reservado que tentasse ser, e com tantas pessoas se movendo, havia a possibilidade de serem descobertos. O tempo era crucial e a janela de oportunidade era curta.

“… Espero que Elena esteja onde esperamos.”

Um ataque aos Assassinos de Sangue revelaria suas intenções imediatamente, e se Elena não estivesse lá, perderiam o precioso tempo que tinham. Carlisle olhou para os homens reunidos à sua frente com olhos tão afiados quanto os de um falcão. Era difícil confiar a vida de Elena a outros, por mais habilidosos que fossem. Mas todos eles arriscariam suas vidas para salvá-la. Ele não demonstraria seu nervosismo… e não tinha outra escolha senão depositar sua fé neles.

Alphord pareceu ler os pensamentos de Carlisle e falou ao imperador com uma voz tranquilizadora.

“Certamente devolveremos a imperatriz sã e salva. Não se preocupe.”

“… Sim. Vão antes que seja tarde demais.”

Todos assentiram e gritaram em uma só voz,

“Não voltaremos sem Sua Majestade!”

Pela primeira vez, a expressão de pedra de Carlisle relaxou diante de tamanha determinação.

“Te desejo o melhor.”

“Sim, Sua Majestade!”

Finalmente, a missão de resgate de Elena havia começado.

Elena já havia coletado seis colheres em sua prisão. Inspecionou cada uma delas, suas hastes afiadas como lâminas, e um sorriso de satisfação se espalhou por seu rosto. Com essas colheres, poderia subjugar quatro homens num instante. Pegou uma delas e a usou para espionar o exterior como de costume.

Hwaaaag.

Ela podia ver o reflexo de um grande incêndio em um prédio distante. Para que o fogo brilhasse na colher, as chamas tinham que ser enormes.

“O que está acontecendo?”

Elena tentou observar aos arredores o máximo que podia.

Tatatatatak.

Ouviu pessoas correndo, e a imagem na colher se tornou borrada à medida que as pessoas se moviam. Com seus ouvidos bem treinados, também captou o som de alguém gritando com urgência.

“O quartel-general dos Assassinos de Sangue está sob ataque… chame reforços… depressa!”

Ela não podia ouvir tudo, mas captou o suficiente para entender o que estava acontecendo. Seus olhos brilharam com a notícia surpreendente.

“Os Assassinos de Sangue estão sob ataque? Dentro de Lunen?”

Elena não sabia que eles estavam trabalhando para Paveluc. Batori era um espião que se infiltrou na mansão Blaise e a trouxe como refém. Isso significava que os atacantes no penhasco naquela época eram os Assassinos de Sangue.

“Eu não sei onde estou sendo mantida, mas não deve ser muito longe desse prédio dos Assassinos de Sangue.”

Naquele momento, ela percebeu outra coisa. Se alguém estava invadindo Lunen, provavelmente era porque estavam resgatando-a. Ela se voltou para o edifício com olhos ansiosos.

“Caril…”

Ela esperava que ele estivesse procurando por ela desesperadamente, mas agora que realmente via com seus próprios olhos, seu coração não pôde deixar de saltar de alegria. Se realmente fossem resgatar Elena, e realmente atacaram o prédio dos Assassinos de Sangue… então era quase uma cruel má sorte que ela estava no lugar errado na hora errada. Ela não sabia exatamente onde estava o resgate, mas para que tivesse sucesso, ela precisava ir para lá.

“Isto é sério. O que devo fazer?”

Ela queria gritar pela janela, mas estava muito distante para que fosse ouvida. Não havia outra maneira de indicar aos soldados que ela estava presa ali. Com um incêndio tão grande, muitas tropas de Lunen naturalmente se dirigiriam ao prédio dos Assassinos de Sangue. Se isso acontecesse, as forças de resgate seriam forçadas a recuar. Elena não podia deixar passar essa oportunidade.

Ela tocou sua barriga reta. O avanço gradual do tempo era uma grande tensão para ela. Todo dia ela vivia com o medo de que alguém percebesse que estava grávida ou que a gravidez tomasse um rumo ruim.

“Preciso pensar em alguma coisa.”

Ela não podia simplesmente ficar sentada lá, nervosa. De repente, ouviu dezenas de passos marchando em direção a sua cela. Pensou no que Paveluc faria uma vez que soubesse que Carlisle enviou as tropas de resgate.

Se Paveluc…

Ele poderia fazer com que a matassem como exemplo, ou a esconderia ainda mais profundamente para que nunca a encontrassem. Qualquer escolha que Paveluc fizesse, se Elena pudesse adivinhar corretamente, talvez tivesse um momento para escapar.

Ela se apressou em esconder as colheres afiadas em suas roupas. Já havia praticado esse cenário dezenas de vezes em sua cabeça e não hesitou nem por um segundo. Elena olhou para a porta de ferro com o coração batendo rapidamente.

Kwaang!

A porta de ferro enferrujada se abriu com um rangido e uma dúzia de soldados apareceu para pegar Elena. Enquanto olhava para eles, sentiu um raio de esperança.

“Arraste-a e vamos!”

Dois soldados atrás dele avançaram. Elena analisou a situação em uma fração de segundo.

Deveria atacá-los agora?

No entanto, ela ainda não sabia nada sobre o ambiente ao seu redor. Se houvesse mais soldados que não visse e não considerasse, sua tentativa de fuga poderia falhar. Quando foi trazida para este lugar, estava inconsciente.

“Tenho que ser cuidadosa. Só tenho uma chance.”

Além disso, não era uma boa ideia se esforçar muito durante a gravidez. Depois de pensar um momento, chegou à conclusão de que ainda não era o momento certo. Ficou quieta enquanto os dois soldados amarravam seus pulsos com corda. Um deles a empurrou rudemente.

“Caminhe.”

Ela olhou para eles, mas logo começou a seguir os homens para fora da cela. O corredor exterior era mais estreito do que ela pensava, e havia umas cinco ou seis portas de ferro ao lado da sua cela.

“Este deve ser um lugar para prender pessoas, mas onde diabos estou?”

Os olhos vermelhos de Elena passaram pela dúzia de soldados que a acompanhavam, seus rostos tensos e sombrios.

“E para onde estão me levando?”

Ainda havia muitas variáveis desconhecidas, mas uma coisa era certa: tinha pouco tempo para agir. Precisava sinalizar sua localização antes que os reforços de Carlisle recuassem.