Capítulo 5

Doze Criaturas Míticas. Doze animais lendários que protegiam o Oriente. Os anos de certos animais como ela conhecia, os animais do Zodíaco Asiático. As doze Criaturas Míticas possuíam poderes misteriosos e eram conhecidas por escolher Despertos adequados para firmar contratos. Os ‘contratantes’ ganhavam habilidades ou propriedades especiais além de suas habilidades únicas. Aqueles escolhidos como ‘encarnações’ de uma Criatura Mítica poderiam ‘se transformar’ e utilizar a forma da criatura. Também se tornariam poderosos além da imaginação, herdando as forças e poderes únicos do Mítico.

Mas firmar um contrato com uma Criatura Mítica era dito ser mais difícil do que ganhar na loteria. Havia apenas dois contratantes ao redor de Eunha: o capitão do Centro de Treinamento e seu instrutor. Ela nunca os vira em ação, mas sabia que sua saúde e resistência haviam aumentado consideravelmente depois dos contratos. Seu instrutor, por exemplo, conseguia ficar três dias seguidos sem dormir.

“Com certeza, firmar um contrato com uma Criatura Mítica tornaria as batalhas muito mais fáceis para mim.”

Não era uma má proposta para Eunha, mas algo não parecia certo. Ela ergueu a cabeça e analisou a janela de mensagem amarela.

— As doze Criaturas Míticas que conheço são doze animais. Acredito que um gato não esteja entre eles.

Era definitivamente suspeito. Ela nem sequer sabia por que o gato lhe oferecia um contrato. Eunha não passava de um rato preso em uma armadilha, então o que o gato ganharia com aquilo? Curiosidade? Capricho?

— …Você me curou? — Isso explicava por que seu estado estava melhor do que deveria. Era quase estranho ter atribuído tudo à sua autocura de caçadora. Seria tolice confiar cegamente em um gato que nunca vira antes, mas ignorar tal oportunidade, em sua situação miserável, seria ainda mais tolo.

Após pensar por um momento, Eunha lentamente abriu os lábios. Tinha de fazer a pergunta mais importante primeiro. — Se eu aceitar seu contrato, você pode me tirar daqui?

O gato explicou que aquele portão era um Portão Negro. Em outras palavras, um misterioso Portão Desconhecido.

“Eu sabia. Realmente não era um portão comum.”

Seu palpite se confirmou. Mas quando entrou naquele portão com seus colegas, a fenda era definitivamente branca. Quando se transformou em um Portão Desconhecido? Ela jamais saberia. Se soubesse, afinal, não seria chamado de ‘Desconhecido’.

Uma janela amarela apareceu diante da Eunha, ainda imersa em pensamentos.

— Cinco itens?

— Isso é um dos cinco itens? E quanto aos outros quatro? — Eunha parou. Depois de um momento em silêncio, falou de novo, seus olhos mudando de expressão. — Não me diga… Os outros quatro monstros nomeados os deixam cair?

— Então você vai compartilhar seu poder único comigo para derrotar os outros monstros nomeados. — Era uma oferta tentadora. Ela queria aceitar imediatamente, mas hesitou.

Claro. Nada no mundo era de graça. Teria sido mais difícil acreditar se não houvesse restrições.

— Quais são?

Ela não tinha problema em manter segredo, afinal, não havia mais ninguém além dela ali. Mas a segunda condição incomodava.

— Dar meu nome para você? — Eunha estreitou os olhos. — O que isso significa?

Talvez percebendo sua hesitação, outra janela apareceu.

Dois botões surgiram diante dela. No momento em que Eunha ergueu o dedo hesitante para clicar em ‘Aceitar’, uma luz dourada esplêndida a envolveu.

Brilho!

A luz dourada que envolvia Eunha subitamente ficou branca como neve. Os feixes de luz se espalharam pela caverna escura. Talvez porque fazia muito tempo desde a última vez que via luz, seus olhos latejaram. Quando a luz finalmente desapareceu, sua visão, antes esbranquiçada, voltou ao normal.

Eunha deixou a sombrinha cair ao virar a cabeça.

— Meu braço direito! — Estava de volta, intacto. Seria esse o poder de uma Criatura Mítica? Eunha tocou seu braço direito. Não era apenas magia. Era um milagre.

Mesmo sem saber se aquele gato era de fato uma Criatura Mítica, ao menos ficava claro que possuía forças misteriosas e poderosas.

Então, ela não precisava mais hesitar. “O fato de pedir meu nome me incomoda, mas…”

“Portões. Monstros.” Eunha trocaria sua alma com o próprio diabo se pudesse se vingar daqueles que lhe roubaram os sonhos, o futuro e a família. Não demorou muito para decidir. No momento em que a ponta de seu dedo tocou o botão ‘Aceitar’, notificações curtas e revigorantes começaram a soar.

Ding!

Ding!

Ding!

Várias janelas de mensagens surgiram diante de seus olhos, e uma janela vermelha, que nunca havia visto antes, apareceu por último.

“Garras Felinas? Espera, poder único?”

Poderes únicos eram especiais, diferentes das habilidades ou características obtidas em contratos. Apenas poucos escolhidos pelas Criaturas Míticas recebiam tais dons. Ela ouvira que nem o capitão do Centro de Treinamento nem seu instrutor tinham conseguido isso.

— Garras Felinas… — Eunha olhou para suas unhas. Além de sentir seu corpo mais leve, nada parecia ter mudado visivelmente.

Ding, Ding, Ding, Ding…

A mensagem do gato apareceu depois de algumas notificações adicionais.

— Usar bem?

Eunha mal terminara de falar.

Crash!

Um estrondo tão alto que fez os pelos de sua nuca se eriçarem ecoou na caverna, seguido por uma explosão pesada, como se algo enorme estivesse desmoronando. Instintivamente, Eunha agarrou sua Sombrinha Elegante. As paredes internas da caverna foram esmagadas por uma imensa pata dianteira.

— Grrr…

Era o segundo monstro mutante.

Wham!

Ele desferiu um golpe contra Eunha sem aviso, mas ela o evitou com leveza, como uma borboleta.

“Rápido! Não o monstro, mas eu!”

Eunha ficou surpresa com sua própria velocidade e checou rapidamente as mãos e os pés. Ainda era a mesma, ao menos à primeira vista.

Smash!

O monstro nomeado atacou com dentes que lembravam tubarões canibais. Se não tivesse bloqueado com a sombrinha, já teria sido perfurada como uma peneira. Como sementes brotando, brasas se reuniram nas palmas de Eunha.

Wham!

Uma imensa labareda atingiu o monstro com força.

— Grrr! — No entanto, a criatura continuava de pé. O golpe havia sido mais forte que o desferido contra o primeiro monstro nomeado, mas, vendo que não conseguiu derrubá-lo, a diferença de 10 níveis parecia ainda maior do que imaginara. Enquanto se preparava para o próximo ataque, uma janela de mensagem surgiu.

Ding!

Os dados já estavam lançados. Usaria tudo que estivesse à disposição. Quando decidiu, uma janela amarela piscou.

A janela não explicava como usar o poder. Eunha resmungou baixo e fechou rapidamente a mensagem antipática. O monstro diante dela era definitivamente mais forte que o de Nv. 68. Tinha seu braço direito de volta e atributos aumentados, mas ainda assim não conseguia derrotá-lo com facilidade.

“Nesse caso, preciso primeiro desviar sua atenção.”

Mas como fazer isso em uma caverna praticamente destruída? Sem estalactites, sem paredes para se esconder. Ali, havia apenas uma presa para ele: Eunha. O suor frio escorria por suas mãos.

“O que eu faço?”

Ao fechar o punho, as brasas espalhadas ao seu redor vacilaram. Nesse instante, os olhos vermelhos que a fixavam se voltaram para as brasas. As íris vermelhas seguiram o movimento delas.

“…Não pode ser.”, Eunha lentamente abriu e fechou o punho para testar.

Flicker.

As brasas e as cinzas flutuaram ao redor dela, como vagalumes. O enorme monstro começou a abanar a cauda, produzindo um zumbido forte.

“Tenho certeza.”

No momento em que sua suposição virou certeza, Eunha não hesitou. Usou ambas as mãos para criar inúmeras brasas, que começaram a se espalhar pela caverna como se tivessem vontade própria.

“Isso, como ratos.”

Wham!

O monstro nomeado desferiu uma patada contra as brasas que se aproximavam. Nem sequer olhou para Eunha, como se tivesse esquecido dela.

— Você ainda é só um gato. — Eunha agarrou firmemente a sombrinha, cuja ponta reluzia ameaçadora. Só teria uma chance; ele não cairia no truque duas vezes. Saltou no momento certo.

Stab!

Espetou sem hesitar o olho vermelho errante.

— Roaarrr! — O monstro se sacudiu com um grito dilacerante. Quando seu enorme corpo tremeu, parecia que a terra ia ruir. Eunha arrancou a sombrinha do olho da criatura e a cravou no chão. Com o impulso, saltou alto.

Whoosh!

Precisava finalizar antes que ele recuperasse a visão. Segurando o cabo da sombrinha como uma alavanca, brasas voaram ao seu redor, engolindo o objeto em chamas. A sombrinha, ao invés de derreter, amplificou as chamas como se estivesse embebida em óleo. Eunha inspirou fundo e balançou a arma como um taco de beisebol. A sombrinha deixou um rastro negro curvado no ar.

Bam!

O pescoço do tigre virou 180 graus com o estalo de ossos quebrando. Mais do que o som surdo, foi a força inimaginável que surpreendeu Eunha. O monstro desabou no chão, o pescoço torcido, e não se mexeu mais. Com a mão sobre o peito arfante, Eunha ficou ali parada, fitando a fera. Segundos depois, uma nova mensagem surgiu.

Só então Eunha relaxou o corpo e baixou a guarda. As marcas de brasas espalhadas pela pelagem da criatura eram evidentes.

“É tão grande que eu poderia ter usado a pele como cobertor.”, Mas, com tantos buracos, não teria utilidade.

Enquanto examinava o cadáver com um traço de pesar, ouviu o som familiar de notificação e uma BGM revigorante. Desviou o olhar do cadáver e verificou a mensagem.

“O quê, de novo?”