Capítulo 258

Eu estava desfrutando de um final de ano tranquilo e sem intercorrências após atender à convocação do Ministro. Embora o paradeiro de Dorgon ainda me incomodasse, seguir para o norte no auge do inverno estava fora de questão. Além disso, seria estranho para alguém do Ministério das Finanças como eu ir até lá em primeiro lugar.

De qualquer forma, o Gerente Sênior concluiu diligentemente a revisão anual do trabalho do Ministério Público e eu também havia escrito um relatório de avaliação brilhante para o Ministro. Já tinha lidado com todas as tarefas que precisavam da minha atenção.

A única coisa com que me preocupar era se os outros departamentos usavam seus orçamentos anuais corretamente, mas até isso foi cuidado pelo Gerente Sênior enquanto eu estava fora.

*Ter um subordinado competente realmente facilita a vida.*

Tomei um gole de chá e examinei os documentos que o Gerente Sênior me entregou. Se não fosse por ele, o Ministério Público já teria desmoronado há muito tempo. Promovê-lo, que era apenas um Gerente de Equipe na época, a Gerente Sênior foi a melhor decisão da minha carreira no serviço público.

Definitivamente o levarei comigo como secretário do Ministro se eu for promovido. Não consigo mais imaginar trabalhar sem ele.

A única preocupação era o que fazer se os cargos de Gerente Executivo e Gerente Sênior ficassem vagos ao mesmo tempo—

*Bem, tenho certeza de que tudo vai dar certo.*

Honestamente, esse não era mais o meu problema. Um homem de verdade não olharia para trás para o que já deixou para trás.

Além disso, o Príncipe Herdeiro não era notório por suas decisões de pessoal chocantes? Confio que ele descobriria algo. Se necessário, ele sempre poderia promover o 3º ou 5º Gerente.

*…O 3º Gerente como Gerente Executivo…*

De repente, imaginei um homem grande e careca na cadeira de Gerente Executivo. A imagem era mais adequada para um chefe da máfia do que para um Gerente Executivo. Esse era um futuro que eu definitivamente não conseguiria lidar.

Pensando bem, promover o 3º Gerente estava fora de questão. Mesmo agora, eu me sentia como um chefe da máfia com um executor ao meu lado sempre que estava com ele. Imagine um Ministro andando por aí com um chefe da máfia como seu Gerente Executivo?

*Qualquer um pensaria que eu sou o mentor por trás de tudo.*

Não pude deixar de soltar uma risada seca e esfreguei distraidamente o canto do meu olho. Se eu tivesse olhos puxados, seria o vilão perfeito.

*Toc, toc—*

Uma batida na porta me trouxe de volta à realidade enquanto eu pensava em coisas tão inúteis.

"Gerente Executivo, é o Gerente Sênior."

"Gerente Sênior?"

"Sim, senhor."

Reconheci a voz do lado de fora, mas a visita inesperada me fez perguntar de volta.

Quanto tempo se passou desde que ele entregou os documentos? Por que ele voltou tão rápido? Ele tinha mais papéis para entregar?

"Entre."

Claro, eu disse para ele entrar, pois seria estranho mandá-lo embora depois que ele se esforçou para voltar. Se ele retornou, então deve ter uma boa razão.

Assim que dei permissão, o Gerente Sênior abriu a porta com cuidado e entrou. Ele estava de mãos vazias, então não havia documentos adicionais para entregar.

*Ele não parece preocupado.*

Sua expressão calma também me garantiu que não havia uma emergência.

Isso foi um alívio. Se algo sério tivesse acontecido, meu cristal de comunicação estaria acendendo antes mesmo de ele chegar.

"Então, qual é o problema?"

Perguntei levemente, já que não parecia urgente. Eu precisava ouvi-lo e mandá-lo de volta rapidamente—ele provavelmente estava mais ocupado do que eu.

"Você tem uma visita, Gerente Executivo."

"Uma visita?"

Inclinei a cabeça, intrigado com a notícia inesperada. Uma visita no final do ano?

Se alguém se deu ao trabalho de me visitar agora, então deve ser importante o suficiente para comparecer ao Baile de Ano Novo. Era raro alguém assim fazer contato antes do final do ano, quando seria mais fácil se encontrar depois.

"Quem é?"

"É a 4ª Gerente."

"Ah."

Assenti em compreensão. Esta foi uma notícia bem-vinda durante o lento final de ano.

A 4ª Gerente veio sozinha. Parecia que os esforços da Unidade Mascarada tinham valido a pena.

***

*Não era assim que eu queria saber sobre a união dentro da 4ª Divisão. Quando uma pessoa desaparecia, outra aparecia e, pela manhã, um rosto diferente chegava em comparação com o dia anterior.*

"Oh, Capitã! Você acordou?"

No momento em que saí do meu quarto, o 2º Gerente de Equipe me cumprimentou como se estivesse esperando.

"Bom dia! Ah, o tempo está perfeito hoje."

Ele estava falando sobre como o tempo estava bom, mesmo com uma nevasca furiosa lá fora.

Foi vertiginoso. Cada soldado que eu encontrava se comportava dessa maneira desde que o Vice-Capitão alegou representar o consenso do grupo. Saudações simples eram naturais entre camaradas, mas—

"Dizem que fazer uma caminhada aconchegante na neve é a última moda para casais."

Foi um problema quando as saudações não terminaram aí, mas passaram para algo estranho.

Como uma saudação matinal se transformou em uma discussão sobre namoro? Eu estava começando a pensar que esse era o resultado quando as frases eram jogadas juntas sem levar em conta sua conexão.

"…Essa é uma tendência incomum."

"Haha, bem, as tendências são assim. Elas são chamadas de tendências porque não são comuns, não são?"

O 2º Gerente de Equipe sorriu e eu me forcei a concordar.

Ele não era o único mexendo com a minha cabeça. Todos pareciam desesperados para me irritar, então não fazia sentido atacá-lo.

"Certo. Talvez você devesse tentar aproveitar a tendência, Capitã. Você tem uma parceira perfeita, afinal."

O 2º Gerente de Equipe bateu palmas teatralmente e continuou quando eu não respondi.

"…"

"Vamos, Capitã! Estou te dando ótimos conselhos aqui!"

Claro, eu me afastei rapidamente enquanto ignorava sua manobra óbvia. Eu podia ouvi-lo gritando atrás de mim, mas não reagi.

Era óbvio demais. Eles estavam tentando me persuadir com lógica e raciocínio há alguns dias, mas agora estavam recorrendo a um absurdo flagrante assim que me viam.

"Está congelando lá fora. Talvez assistir alguém se apaixonar me aqueceria."

"Este ensopado está muito salgado. Assistir alguns momentos doces não ajudaria a equilibrá-lo?"

"Eu não gastei nenhum do meu salário ultimamente; está apenas se acumulando. Se alguém se casasse, eu poderia pelo menos dar um presente de casamento."

"Todo mundo aqui é um caso perdido no romance! Cansei dessa unidade!"

Parecia que eu estava perdendo a cabeça. As pessoas que antes diziam que os gestos deveriam ser sinceros e não apenas por causa da reciprocidade—onde eles foram parar?

Aqueles que costumavam me sufocar com uma lógica inabalável se foram, deixando para trás apenas essas criaturas ridículas que insistiam em seus absurdos. Criaturas tão vergonhosas que eu ficaria envergonhada demais para levantar a cabeça se alguém as visse.

Eu sei por que eles estavam fazendo isso. Eles estavam frustrados porque eu ainda estava mantendo minha posição, impassível. A lógica não havia funcionado, então eles estavam apelando para minhas emoções—ou talvez estivessem tentando me enlouquecer.

*…Não é como se eu quisesse estar nessa posição.*

Um sentimento amargo surgiu dentro de mim. Que tipo de capitã ignoraria o fato de que seus subordinados estavam perdendo a cabeça? Que tipo de pessoa fingiria não perceber os desejos sinceros de sua família?

Era que eu estava com muito medo de dar o primeiro passo. Embora sua pressão implacável tivesse me mostrado o caminho, eu não conseguia me mover para frente. Eu estava apenas hesitando e presa no lugar.

*Como eu poderia ser tão desavergonhada, mesmo depois de todo esse tempo?*

Eu já perdi minha chance. Eu deveria ter dito tudo quando Mestre gentilmente me segurou e perguntou se eu tinha algo a dizer.

Eu deveria ter falado dos meus verdadeiros sentimentos e lealdade, não da devoção distorcida que eu mantinha escondida. Eu deveria ter dito a Mestre que eu queria ficar ao lado dele para o resto da minha vida e não apenas protegê-lo de longe, mas estar perto dentro do olhar e toque dele.

Mas eu me enganei. Ousei traçar uma linha entre nós, apesar de saber que deveria seguir a vontade de Mestre. Eu, que secretamente queria expressar meu afeto por Mestre como Elizabeth, virei as costas.

Então, eu não era digna. Não importa o quanto os outros me pressionassem, eu não conseguia avançar. Qualquer um com um pingo de decência não ousaria fazer isso.

…Ou assim eu pensava.

**— O amor não se importa com a decência ou em salvar as aparências.**

"O que isso sequer significa?"

Até que Elizabeth soltou sua bomba.

Quando ela entrou em contato comigo sob o pretexto de uma saudação amigável, pensei que poderia ser uma coisa boa. Dado o relacionamento dela com o Gerente Executivo, imaginei que ela poderia oferecer alguns conselhos úteis.

Então, eu casualmente perguntei a ela o que ela achava que eu deveria fazer.

**— Eu chorei e implorei ao Gerente Executivo. Se eu tivesse me preocupado com o orgulho, nunca teria feito isso.**

Ouvir ela dizer isso com um olhar estranhamente iluminado em seus olhos me deixou sem palavras. Elizabeth, chorando e implorando? O que diabos aconteceu enquanto eu estava no Norte?

**— Penelia, ouça com atenção. O orgulho é passageiro, mas o amor é eterno.**

Apesar de sua postura calma, eu podia ver uma convicção inabalável em seus olhos—uma crença que ela absolutamente não estava disposta a comprometer.

**— Então não hesite—apenas vá em frente. Você prefere ficar envergonhada por um momento ou viver uma vida inteira de arrependimento?**

"Mas, que direito eu tenho—“

**— É exatamente isso que eu estou dizendo—pare de se preocupar se você tem o direito ou não. Você sequer ouviu o que eu disse?**

A voz dela ficou mais alta em frustração, e eu abaixei o olhar silenciosamente.

**— …Mas ainda é melhor se o constrangimento for apenas por um curto período de tempo.**

Sua raiva pareceu diminuir depois de ver minha reação, e ela falou em um tom mais gentil.

Então, minhas mãos começaram a tremer enquanto ela continuava seus conselhos.

**— Então o constrangimento durará apenas um momento, e o Gerente Executivo cuidará do resto.**

"E-Elizabeth!"

Minha voz se elevou involuntariamente. Embora parecesse que poderia ser eficaz, isso não estava indo longe demais?

Não, se as coisas dessem errado, eu poderia acabar parecendo uma tola na frente de Mestre. Apenas imaginar esse cenário me deu vontade de desaparecer.

**— Bem, então, faça tudo sozinha se não gostar da minha sugestão.**

Mas com isso, ela me deixou sem palavras novamente.

…Tudo bem, eu deveria tentar pensar positivamente. Este foi um conselho de Elizabeth, que já esteve no meu lugar antes.

Um momento de constrangimento… uma vida inteira de amor… Apenas um momento de vergonha, e o resto dependeria do Gerente Executivo…

Ok. Vamos fazer isso.

***

Pedi ao Gerente Sênior para enviar a 4ª Gerente ao meu escritório.

Na minha mente, a 4ª Gerente ainda fazia parte do Ministério Público, então se encontrar no escritório do Gerente Executivo seria mais confortável do que uma sala de recepção impessoal.

"Entre, Penelia."

"Uh, s-sim, Gerente Executivo. É uma honra vê-lo."

Outra razão pela qual a chamei aqui foi para garantir que ninguém mais visse o quão nervosa ela estava.

Eu duvido que ela fugisse como da última vez, desde que ela tenha vindo aqui voluntariamente, mas suprimir aqueles tremores nervosos era outra questão. Nem mesmo a Duquesa Maga poderia realizar esse feito.

"Está bem frio lá fora, não é? Gostaria de um pouco de chá?"

"Obrigada… eu gostaria."

Eu ofereci e ela assentiu repetidamente, com seu cachecol ainda enrolado em volta dela.

Foi um pouco surpreendente. Normalmente, a 4ª Gerente nunca parecia se incomodar com o calor ou o frio. Eu nunca esperei vê-la usando um acessório tão fofo e aconchegante.

Divertido com a visão inesperada, virei-me para a prateleira com um sorriso. Então, novamente, ela tinha acabado de voltar do frio brutal do Norte, então talvez os efeitos ainda estivessem persistindo.

"Yuris estava perguntando quando você voltaria."

Eu mencionei isso casualmente enquanto virava as costas para ela.

A 4ª Gerente usou Yuris como uma desculpa quando ela fugiu de mim da última vez, mas a triste verdade era que Yuris nunca a viu de verdade. Que lamentável.

"D-Desculpe, algo urgente… aconteceu…"

"Parecia urgente."

Ao dizer isso, a 4ª Gerente, que estava gaguejando, de repente ficou em silêncio.

Que pena. Se Yuris a tivesse visto agora, então ela teria testemunhado o quão nervosa ela estava. Talvez eu devesse deixar o conjunto de chá na mesa em vez da prateleira da próxima vez.

"Bem, talvez da próxima vez possamos… nos encontrar…"

Eu me vi sem palavras enquanto juntava o conjunto de chá e me virava.

*O que diabos…?*

Eu não conseguia acreditar em meus olhos, e levou um momento para meu cérebro acompanhar o que eu estava vendo.

Em algum momento, a 4ª Gerente havia removido seu cachecol. No entanto, ainda havia algo em volta de seu pescoço—algo feito de couro preto. Se eu quisesse ser otimista, poderia pensar que era uma gargantilha, mas…

Não era uma gargantilha. Gargantilhas não vêm com coleiras anexadas.

*Uma… coleira?*

Que diabos era isso? Eu estava sonhando?

Ou isso era algum tipo de protesto, uma declaração de que ela nunca seria minha parceira?

"M-Mestre."

E então, com as mãos trêmulas, a 4ª Gerente me entregou a alça da coleira.

O que…

Por que caralhos…?

Por que ela estava me dando isso?

Eu olhei para ela em total confusão, e ela respirou fundo antes de falar lentamente.

"Estou confiando tudo o que tenho a você, Mestre."

*Por favor, não diga algo tão sério de repente.*

E por que, de todas as vezes, ela estava fazendo isso agora?