O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 396

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 396: Maria (2)

Ela realmente riu—da lógica de Daemon.

Com golpes impregnados de sangue e lançados a uma velocidade assustadora, ela o derrotou com precisão implacável.

"Fui nascida e órfã na guerra contra o Império há dezessete anos. Sangue de demônio foi injetado em mim aos seis anos. E, aos dez, já era uma Alta Sangue contratada."

Os humanos do Continente Ultras não passavam de cobaias para os demônios.

Todos eles haviam recebido injeções forçadas de sangue demoníaco—sem exceções.

A maioria que passou pelo procedimento virou bestas insensatas, vivendo como animais. Eram conhecidas como Sangue Menor.

Mas aquelas que sobreviveram à injeção e se adaptaram ao sangue demoníaco...

Elas eram as Sangue Maior... humanos que viviam suas vidas como qualquer outro.

O contrato e o sangue os vinculavam eternamente, tornando quase impossível qualquer ato de rebeldia contra seu mestre demônio.

"Que tipo de escolha você está falando mesmo?"

BOOM!

Maria desferiu uma onda de poder ainda mais explosiva... Sua lâmina mais rápida, afiada e letal.

"Desde o começo, o Império levou apenas minutos para nos declarar culpados.

Contaminados.

Condidados à morte.

Nos abandonaram e nos rotularam de monstros.

Nem mais seres humanos—apenas iguais aos demônios."

Entre os humanos nascidos no Império e os que nasceram entre os Ultras...

A diferença não era na espécie, mas no sangue...

E isso fazia toda a diferença.

"Te falei para parar de falar essas bobagens!!"

Daemon gritou, avançando com tudo, ignorando as rachaduras que se espalhavam pela armadura dourada...

Tentando romper a defesa implacável de Maria.

"Você teve suas chances! E as jogou todas fora!

As portas foram fechadas anos atrás! Nenhum demônio consegue mais chegar aqui...

Então por que continua levantando sua espada contra nós?

Vocês são apenas degenerados mentirosos!"

E, diante dessa explosão de fúria...

Maria riu.

Pela segunda vez.

"As portas foram fechadas...?
É isso que você realmente acredita, guerreiro do Império?"

BOOOM!

Sua aura explodiu como nunca antes ao espetar seu próprio cotovelo...

Liberando um fluxo de sangue maior do que tudo que já havia feito até então.

Sua força se intensificou.

"Idiota.
Se por um momento você achou que uma fechadura humana frágil pudesse manter os demônios afastados para sempre...

Então você viveu mesmo sonhando."

O mundo era vasto... bem além da imaginação de Daemon.

E Maria deixou isso claro.

"Acorde.
Não existe segurança."}

Ela afirmou direta...

As portas já estavam abertas.

Os olhos de Daemon se estreitaram, incrédulos.

Mas Maria não se importou.

"Não se iluda, guerreiro do Império.
Não precisamos da sua pena.
Não queremos a sua ajuda.
Nós decidimos lutar esta guerra nas nossas próprias condições há muito tempo."

Seus ataques aceleraram—novamente—
Golpe após golpe atingindo a armadura do Dragão Dourado, acumulando danos visíveis.

"Mas não pense por um momento que você e sua gente têm algum direito de nos julgar.
Nosso destino é nosso.
Vivemos na sangue—e assim continuaremos."

Com essas palavras, Maria liberou um casulo carmesim que cercou completamente Daemon.

Embora ele tenha conseguido bloqueá-lo usando sua aura de relâmpagos explosivos,

Seus golpes eram rápidos demais—precisos demais.

Ela o tinha encurralado.

Daemon resistiu pelo máximo que pôde... Mas, eventualmente, atingiu seu limite.

Percebeu no momento em que uma dor aguda rasgou seu corpo...

Sua perna direita.

Com um corte encharcado de sangue, Maria arrancou a perna de Daemon... Seus golpes implacáveis focaram com astúcia em um único ponto.

A perda desequilibrou-o.

Ele caiu no chão—

E, antes que pudesse reagir, Maria ficou acima dele, com a lâmina contra sua garganta.

"É o fim."

Ela falou secamente.

Daemon olhou para a espada que se aproximava, sua ponta crescendo diante de seus olhos.

Naquele momento, pela primeira vez...

Ele percebeu que poderia realmente morrer.

"NÃO VOU PERDER!!"

Com um grito monstruoso, a aura de relâmpagos de Daemon explodiu violentamente, lançando Maria para longe.

Ele se levantou—sobre uma perna—e, com um golpe desesperado, desferiu um soco devastador.

"Portão do Dragão: Fantasma do Relâmpago!"

Um raio de destruição ardente disparou de seu punho, atingindo Maria e lançando-a através de uma parede, enquanto seu relâmpago rugia atrás, tentando incinerá-la completamente.

Maria suportou o ataque suicida com dificuldades.

Quando a poeira abaixou, ela permaneceu de pé, encarando o homem ensanguentado à sua frente... Ainda de pé, ainda desafiando, mesmo com a perna amputada.

"HAAAAAAAAAAAH!!"

Com outro grito retumbante,

Daemon canalizou toda sua força na armadura—respondendo à sua vontade.

A armadura pulsou.

Então...

Uma perna protética dourada se formou sobre seu membro ausente, inteira feita da armadura do Cavaleiro Fumegante.

Daemon se levantou novamente—com as duas pernas.

"Não me importo com sua lógica infernal.
Ou suas palavras vazias."

Ofegante, ele obrigou a liberação de relâmpagos de seu corpo mais uma vez.

"Tudo o que sei é isto—
Vou te matar aqui, a qualquer custo."

Sua determinação era assustadora.

Mesmo quase morto, Daemon Valerion estava pronto para lutar novamente.

Mas Maria não se deixou afetar.

Porque ela também tinha algo inabalável dentro de si.

"O mesmo vale para mim.
Falei desde o começo—
Que preciso te matar.
E é exatamente isso que farei."

Levando a mão direita ao alto,

Ela apontou diretamente para Daemon—pronta para a próxima rodada.

No instante em que Daemon foi prestar o ataque...

Ele de repente congelou.

Ou melhor...

Não conseguiu mais se mover.

"O que foi isso—?!

Ele gritou, assustado, enquanto seu corpo travava. As pernas fraquejaram. Os braços pararam de responder.

Depois, lentamente...

Seu corpo inteiro passou a flutuar—suspenso no ar, completamente paralisado.

Ao mesmo tempo, Maria levantou a mão em direção ao Amanhecer...

E ele também foi aprisionado pela mesma força misteriosa.

"Que diabos está acontecendo?!"

Daemon lutou violentamente, mas era inútil.

"É inútil," disse Maria friamente. "Já vi seu sangue."

Com seus olhos rubis brilhando como joias preciosas,

Maria avançou—o sangue ainda escorrendo livremente de suas feridas.

Sangue Amarrado...

Habilidade terrível que permitia controlar o sangue dos inimigos,

uma vez que ela tinha olhos sobre ele.

A técnica tinha condições rígidas.

Mas, no caso de Daemon—ele já tinha perdido sangue demais.

Não tinha mais forças para resistir.

"Este é o fim."

Usando seu próprio sangue contra eles, Maria imobilizou Daemon e Amanhecer,

com a intenção de acabar com eles rapidamente.

Daemon amaldiçoou furiosamente, tentando invocar mais poder...

Mas nada funcionou.

Não podia fazer nada além de assistir enquanto a mulher que derrotou ele e Amanhecer se preparava para dar o golpe mortal.

Mas, justo quando ia cortar suas gargantas...

Ela congelou.

Uma nova voz ecoou pelo campo de batalha.

"Ora, ora... o que temos aqui?"

Um jovem apareceu acima da arena destruída, olhando para eles com seu sorriso preguiçoso de sempre.

"Parece que você está tendo dificuldades, primo."

"Aegon!"

Daemon gritou.

Maria franziu o olhar, estreitando os olhos diante do duo que se aproximava...

Aegon Valerion e Selena Hemsworth.

No momento exato, as reforços inesperados chegaram.

Selena atirou sua magia sem hesitar, obrigando Maria a recuar.

Seu feitiço quebrou a Ligação de Sangue, libertando Daemon e Amanhecer.

"Maria do Império, é isso?

Já ouvi bastante sobre você."

Empunhando sua espada, Aegon avançou.

"Vamos ver do que você é realmente capaz."

Na velocidade instantânea, a batalha virou.

De uma carnificina unilateral...

Para quatro contra um.

Por pura "coincidência", a marca de bruxa de Selena tinha os levado exatamente até aqui.

Maria piscou lentamente, absorvendo o cenário ao redor.

"Será azar... Ou algo completamente diferente?"

Começou com a chegada de Daemon no momento em que ela derrotara Amanhecer...

Aí veio Aegon logo depois de ela derrotar Daemon.

Todos estavam sendo puxados exatamente para aquele ponto.

Só ela não.

Outros estudantes de elite também tinham marca de bruxa—

Eles poderiam ter ido para qualquer lugar.

Mas todos vieram para ela.

Foi então que Maria olhou para Amanhecer, caído atrás deles.

Um sorriso amargo surgiu em seus lábios.

"Então é isso..."

Quem diria.

Ela acabaria lutando contra um garoto com sorte sobrenatural, uma sorte que desafiava as próprias leis da vida.

O Último Sobrevivente.

Não importa o que aconteça—ele sempre sobrevive.

Mesmo que outros precisem de mais ajuda...

Tudo tinha sido atraído para ele.

Agora, cercado de inimigos—

Principalmente Aegon, cuja presença ela nem podia compreender...

Maria percebeu que suas chances eram nulas.

Segurando sua espada...

Ela a cravou direto no próprio peito, bem diante dos olhos horrorizados de todos.

"Foi uma boa luta."

Ela puxou a lâmina, com sangue cintilando ameaçadoramente na ponta.

Depois levantou a espada em direção ao céu...

Enquanto uma luz carmesim explodia de seu corpo inteiro.

"CORRAM!!"

Aegon deu a ordem a tempo.

Todos se viraram e correram...

Sua voz cortando o caos como um relâmpago.

E no instante em que gritou...

Aconteceu.

Uma explosão sangrenta surgiu de dentro de Maria, Liberando uma tsunami de sangue em todas as direções.

Uma onda catastrófica que engoliu tudo pelo caminho.

A batalha terminou de uma maneira que ninguém poderia prever...

Com uma explosão carmesim que pintou o campo de sangue.