O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 395

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 395: Maria (1)

Após o primeiro confronto entre eles,

Daemon Valerion e Maria recuaram simultaneamente, voltando a se encarar.

Seus olhares se cruzaram, avaliando silenciosamente a força um do outro.

A força explosiva que emanava de Daemon era impossível de ignorar...

Principalmente com a Armadura do Dragão Dourado amplificando tudo várias vezes.

Não restava dúvidas... ele era um dos estudantes de elite mais fortes.

Maria via claramente isso, especialmente através dos relâmpagos negros ameaçadores que percorriam seu corpo.

Ela viu... Mas Daemon não.

Apesar de concentrar todas as suas percepções na garota de pele pálida à sua frente, tentando avaliar sua força...

Ele não sentia nada.

Absolutamente nada.

Era como se ela fosse uma humana comum—

Sem aura, sem pressão, sem sinais de poder.

Mesmo assim, ela tinha bloqueado seus ataques com tamanha facilidade minutos atrás.

Inspirando fundo,

Daemon voltou à sua posição, com os olhos estreitando-se.

"Vamos ver do que você realmente é capaz!"

Ele prendeu o solo com força,

Depois avançou numa explosão de relâmpagos negros.

A distância entre eles desapareceu num instante... Ele lançou um soco com tudo que tinha.

Mas, bem na hora de conectar,

Maria inclinou seu corpo em um ângulo impossível, desviando-se na última fração de segundo.

Daemon não parou.

Ele desabou uma enxurrada de golpes—tão rápidos que rastros de aura negra ficavam como rachaduras no ar.

Cada golpe rasgava o chão,

Mas nenhum deles atingiu.

Maria se esquivava entre seus ataques com uma agilidade impecável, desviando quase por um fio de cabelo.

"Esse nível de agilidade... como é que é isso, porra..."

Depois de passar por todos os seus golpes,

Maria contra-atacou com um corte horizontal Razor-veloz, mirando o flanco direito de Daemon.

Ele o bloqueou com a mão direita blindada,

Mas o impacto foi como ser atingido por um caminhão em alta velocidade.

Mesmo suportando, a força bruta que vinha daquele corpo frágil era incompreensível.

Ainda assim, Daemon não era de ficar atrás.

Segurando a espada com a mão direita e mantendo-a fixa, ele levantou a esquerda, acumulando uma quantidade monstruosa de aura...

Até que a cabeça de um dragão retumbante se formou sobre seu punho.

A fera furiosa abriu a boca em direção a Maria, pronta para devorá-la com uma explosão devastadora.

Mas, com a lâmina contida,

Maria respondeu com um soco simples, com a mão livre... direto no rosto do dragão.

Diferente da técnica vistosa, alimentada por aura de Daemon, o soco dela não tinha aura—era força bruta, pura e definitiva.

Normalmente, uma mão nua deveria ser obliterada ao tocar,

Mas não foi o caso.

No instante em que seus poderes colidiram,

uma onda de choque massiva explodiu pelo campo de batalha.

De longe, Dawn observava incrédula—

O soco daquela garota tinha parado o ataque completo de Daemon Valerion.

Lá estavam eles— punho contra punho—

No centro de um crateras de destruição.

Nenhum conseguiu sobrepujar o outro.

Mas Maria agiu primeiro...

Aplicando uma rasteira descendente dirigida a seu rosto.

Ele quase evitou graças à sua reação ultraveloz, mas, ao fazer isso, soltou a espada.

Num piscar de olhos, Maria golpeou-o—tenazmente buscando sua cabeça.

Daemon, sem se deixar abalar, torceu o corpo e contra-atacou com um soco, desviando a lâmina para que ela batesse no chão ao seu lado.

Ambos recuaram—mas partiram em velocidade total, determinados a acabar com a luta.

Os golpes de Maria eram brutais, mas Daemon suportava todos—sua aura de relâmpagos negros brilhava cada vez mais intensa e furiosa a cada impacto.

"Posso ficar o dia todo assim!"

Com um rugido ensurdecedor, Daemon liberou ainda mais aura de relâmpago...

Ganhando uma ligeira vantagem, enquanto Maria finalmente era forçada a recuar.

Desde sua derrota na Victoriad, pelos mãos de Frey Starlight, Daemon tinha feito uma dolorosa descoberta...

Sua maior fraqueza era resistência.

Ele não podia sustentar o relâmpago negro por muito tempo, pois isso drenava rapidamente seu corpo.

Mas após aquela luta, o orgulhoso leão da Casa Valerion treinou incansavelmente,

Levando sua resistência a níveis insanos.

Com a ajuda da Armadura do Dragão Dourado,

Conseguiu absorver aura com mais eficiência... e prolongar drasticamente o tempo que podia sustentar o relâmpago negro.

O que resultou?

Ele se tornou um guerreiro muito mais forte do que nunca tinha sido.

"Não sei que monstro você e esse corpo estranho de vocês são—"

Ele pressionou ainda mais,

Enquanto Maria focava exclusivamente na defesa.

"Mas você NÃO vai ganhar isso!!"

Após uma enxurrada de socos rápidos...

Por um breve momento, Daemon quebrou a resistência.

Um golpe devastador atingiu o abdômen de Maria... e a aura negra explodiu em seu interior.

Ela foi jogada para trás, rolando violentamente pelo chão até acertar uma parede, que virou pó.

A força daquele soco de Daemon poderia ter rasgado aço.

Aos poucos, encarnando o poder da Armadura do Dragão Dourado, Daemon caminhou em direção a ela...

A aura negra crepitava mais forte e mais feroz a cada segundo.

Ele realmente pretendia matá-la.

Maria, por outro lado, estava deitada no chão, com seu chapéu preto cobrindo o rosto.

Para quem olhasse, pareceria completamente derrotada.

Mesmo Daemon achava isso— seu último ataque a atingiu com toda força.

No entanto, Maria não demonstrou nenhum sinal de angústia.

Ela falou com indiferença, lentamente se levantando.

"Ah... ’monstro’... que palavra apropriada."

Segurando sua espada delgada, ela fixou o olhar em Daemon...

Seus olhos vermelhos se aprofundando a cada segundo.

"Monstros são cruéis, selvagens... e podem ser incrivelmente perigosos. Então cuidado ao lidar com um."

E então—sem aviso—

Sob o olhar atento de Daemon e Dawn...

Maria violentamente cravou sua lâmina na palma da própria mão direita.

Uma fina torrente de sangue começou a escorrer do ferimento, pingando na lâmina e girando ao seu redor numa dança mágica.

Daemon imediatamente assumiu uma postura séria.

E como poderia ser diferente?

Pela primeira vez desde o início da batalha, ele sentiu finalmente a aura dela.

"Achava que ela dependia só de força física..."

Agora percebeu que estava enganado.

A onda avassaladora de aura que vinha dela deixava isso bem claro.

"A aparência engana... e a verdade é muito mais aterradora do que você imagina."

Com uma calma arrepiante, Maria balançou sua espada, liberando um arco de luz escarlate na direção de Daemon.

O ataque foi tão rápido que Daemon mal teve tempo de levantar seu escudo.

Mas assim que atingiu, uma onda de dor intensa rasgou seu corpo—sua armadura dourada amassou e deu trincas ao impacto.

Um golpe.

Só isso foi suficiente para danificar sua armadura praticamente indestrutível.

Daemon fechou a mandíbula.

Ele claramente tinha subestimado ela.

Concentrando sua aura na armadura, as rachaduras e amassados começaram a se reparar...

Uma característica da Armadura do Dragão Dourado, inspirada na própria Fume Knight do Imperador.

Ela possuía habilidades de regeneração parcial—uma relíquia devastadora de guerra.

Reacionando sua aura, Daemon atacou Maria novamente.

"Vou acabar com você com minhas próprias mãos!!"

Seus golpes vinham com força explosiva...

Mas, enquanto avançava, Maria contra-atacou com outra estocada terrível, soltando um fio de sangue em um projétil direto pelo ar.

Daemon desviou—por pouco.

E encontrou Maria bem na sua frente.

"Queremos um ao outro morto... então vamos acabar logo com isso."

Ela falou com a mesma frieza.

Daemon rugiu em resposta...

"Então vem!!"

A velocidade deles disparou.

Punhos e espada colidiram dezenas de vezes num piscar de olhos.

Mas desta vez... havia algo diferente.

Os golpes de Maria agora carregavam uma aura infundida de sangue como Daemon nunca tinha visto antes.

Sua aura carmesim se entrelaçava com seu relâmpago negro...

Às vezes até o superando.

Daemon rangeu os dentes.

’De onde estava vindo todo esse sangue?’

Ele se esforçou ao máximo, forçando seu corpo ao limite só para derrubar a garota diante dele.

Mas Maria não recuava...

Com um corpo de aço, movimentos de seda e uma aura de morte,

ela era praticamente intocável.

E, no entanto, nada disso importava para Daemon.

"Prefiro morrer do que perder para esse maldito monstro-adorador!!"

Com um grito furioso, cabeças de dragão se formaram novamente sobre seus punhos, prontas para atacar...

Mas Maria enfrentou de frente, sua lâmina agora cercada por uma aura ainda mais vermelha.

Pela primeira vez, uma emoção passou pelo seu rosto pálido.

"Nasci do sangue...

Vivi de sangue...

Matei de sangue...

E ainda continuo."

Cort!

Com um golpe preciso, Maria abriu uma fissura profunda na armadura de Daemon.

"Assim como você nasceu no Império e viveu uma vida de honra... Eu nasci entre os Ultras, e vivi toda minha vida no sangue. O que faz você pensar, nem por um momento, que está no direito de me julgar?"

Sua espada brilhava de sangue vermelho, mas foi pega no ar pelo punho escurecido de Daemon.

"Chega de besteiras!"

Com força explosiva, a aura de Daemon se transformou na grande boca de um leão...

Rugindo na direção de Maria.

"Você fez sua escolha... toda essa raça nojenta de vocês.

Vocês escolheram viver essa vida amaldiçoada, então não finjam que não viram nada, depois de tudo o que suas mãos fizeram!!"

Sua aura negra começou a brilhar intensamente...

Mas tentáculos de sangue escarlate se entrelaçaram e envolveram-na, enquanto Maria bloqueava a explosão com facilidade.

"E qual ‘escolha’ exatamente você está falando?

A que nossos ancestrais fizeram há séculos?"

BUM!

Espada e punho colidiram novamente, fazendo tremer o campo de batalha.

Daemon uivou:

"Não... sua escolha!!

O que está acontecendo agora é prova suficiente!"

Embora a traição que iniciou essa guerra tenha vindo de gerações passadas, os atuais Ultras cometeram seus próprios horrores...

Os seqüestros recentes... o Jogo da Bruxa... tudo isso é inegável.

Mas, pela primeira vez desde que a batalha começou,

Maria... riu.