
Capítulo 397
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 397: Batalhas de Vida e Morte (1)
O campo de batalha inteiro mudou no instante em que Maria fincou aquela lângua delicada no próprio peito.
Com um sorriso suave no rosto, ela percebeu que não tinha como vencer uma luta contra quatro pessoas—principalmente com o Príncipe Aegon Valerion entre elas.
Então, optou por acabar com tudo.
De dentro de seu corpo frágil, uma torrente avassaladora de sangue emergiu... demais para pertencer a uma única pessoa.
Ela se espalhou pelo campo como uma represa que rompe, molhando tudo e todos ao seu redor.
Então, sem aviso, a maré carmesim se incendiou.
Ao sinal de Maria, o sangue explodiu, chamas vermelhas engolindo toda a área em uma enorme explosão.
Foi um ataque suicida da Empírea, que estava completamente encurralada. Apesar de já ter derrotado Dawn, e depois Daemon, a habilidade do Último Sobrevivente já tinha feito seu serviço.
Uma força misteriosa que desafiava as Cinco Leis Inquebráveis do mundo.
Diante de tal poder, Maria não tinha escolha—a vitória simplesmente estava fora de alcance.
Mesmo que ela conseguisse derrotar todos os quatro de alguma forma... um quinto ou sexto poderiam aparecer.
Dawn sempre receberia o que fosse necessário para sobreviver. Não era justo com os outros, mas era seu destino.
Um fardo que ele carregaria até o último suspiro de sua vida.
A Bomba da Flor de Sangue.
Esse era o nome da técnica que Maria lançou, nivelando toda a área, enquanto os demais fugiam para evitar serem atingidos pelo raio de ação da explosão.
Mas, no último segundo, Selena interveio—justo a tempo—levando uma barreira fina, mas poderosa, ao redor de si e de seus aliados.
Sua magia foi rápida, e ela conseguiu construir um escudo forte o suficiente para repelir a onda de destruição alimentada por sangue.
Dentro do barrier quadrado, todos ficaram encarando o sangue que continuava a jorrar como uma tempestade.
"De onde está vindo tanto sangue?!"
Selena gritou frustrada, lutando para manter a barreira intacta.
Mas não houve resposta.
Maria e seus estranhos poderes continuavam um enigma.
Alguns segundos passaram. Eventualmente, a maré de sangue se acalmou e secou na terra queimada, revelando novamente o campo de batalha.
Mas Maria não estava em lugar algum.
Ela tinha desaparecido de vista.
"Ela não tentou nos matar," disse Aegon ao encaixar sua espada na bainha. "Ela estava criando uma rota de fuga pra ela. Nada mal."
Do outro lado, Daemon Valerion removeu sua armadura, embora a mantivesse envolta na parte que sobrara de sua perna direita—pois aquele pé nunca mais voltaria.
A expressão de fúria no rosto de Daemon era impossível de ignorar. Ninguém ousava se aproximar dele.
Embora tecnicamente não tivesse perdido, e estivesse pronto para continuar lutando, Maria havia conseguido imobilizá-lo completamente e tirá-lo da batalha.
Para ele, aquilo era como derrota.
Ele teria morrido se não fosse a intervenção do príncipe e de Selena.
"Malditos!!"
Daemon rugiu, batendo com força no chão sob seus pés, tomado por uma raiva ardente.
Eles haviam sobrevivido, mas o sabor que ficara na boca era amargo demais para descrever.
"Vamos seguir em frente," disse Aegon calmamente. "Terminamos aqui."
Ele começou a caminhar, e os demais o seguiram.
"Mas... pra onde?" perguntou Dawn, incerto.
Após perceberem que o portão em que tinham depositado suas esperanças era apenas uma armadilha, estavam novamente perdidos—de volta ao ponto de partida.
Só que desta vez, a sensação era ainda pior.
No entanto, Aegon Valerion não parecia nem um pouco preocupado.
"Primeiro, vamos encontrar os outros," respondeu. "Essa batalha não vai durar muito mais... já estamos na linha de chegada."
Seja o Império ou os Ultras, a caçada estava quase no fim.
Mas o desfecho ainda era incerto.
E assim, os quatro partiram—em uma jornada para se reunir com o restante de seus companheiros dispersos, cada um lutando sua própria guerra mortal.
...
...
...
"Haaah..."
A respiração de Maria saiu como uma neblina avermelhada no ar frio.
Ela caminhava lentamente, uma mão pressionada contra o peito, a outra segurando a parede para se equilibrar.
Seu casaco preto e a roupa branca, que já foram elegantes, estavam encharcados de sangue.
"Passei dos limites dessa vez..."
A habilidade de Maria a tornava mais forte quanto mais ela se machucava—mais sangue ela derramava.
Mas, em troca, seus ferimentos demoravam uma eternidade para cicatrizar.
A ferida na mão que ela mesma tinha cravado várias vezes... seu peito sangrando...
Permaneciam abertas, enquanto ela se debatia em ondas de dor ardente.
E, mesmo assim, a expressão calma de Maria nunca vacilou. Nem por um momento. Era evidente que ela já havia se habituado à dor—há muito tempo atrás.
Quando esteve longe o suficiente do campo de batalha, elevou o olhar para o céu noturno acima.
"Será que o Lorde Mergo já completou sua missão..."
Ela falou em tom suave, puxando um baú dourado do casaco.
O tempo seguia—devagar, mas inevitável.
O fim estava próximo.
E todos podiam sentir isso.
Empírea Maria contra Dawn Polaris...
Outro round terminado a favor do Império.
...
...
...
Enquanto Maria lutava com os outros, uma batalha muito mais violenta eça eclodiu em outro lugar—uma de pura vingança.
Seris Moonlight desfez toda sua força contra Baylor Moonlight.
As tatuagens de flores de gelo que cobriam seu braço direito eram as mesmas que haviam aparecido no passado distante, quando ela perdeu o controle.
Mas, desta vez, Seris usou seu poder com total intenção. As marcas pararam de avançar ao alcançarem seu ombro—limitando o despertar a apenas um braço.
"Este é meu limite atual..."
Após dias incontáveis de treinamento incessante, ela mal havia conseguido chegar até ali.
"A habilidade Flor de Gelo consome aura a uma taxa insana... mas, em troca, concede poder avassalador."
Ciente desse custo, Seris investiu tudo que tinha contra Baylor Moonlight.
Com um movimento da mão, seis orbes celestiais se materializaram. Mas não eram orbes comuns.
Eram esferas gigantes—planetas, de certa forma—infundidas com a aura gélida de sua Flor de Gelo, cada uma cheia de força destrutiva.
Serpentes sibilavam ao redor dela, conjuradas por sua aura, todas atacando Baylor com furiosa determinação.
Seris mesma avançou, espada em punho, vestida com um escudo de gelo cristalino.
Ela colocou tudo de si.
Cada gota de força forjada na dor e no treinamento... ela usou com um único objetivo: matar esse homem.
"Então, aquele fragmento de gelo te ensinou a controlar seu poder," murmurou Baylor, finalmente ficando sério. "Mesmo que você mal consiga resistir a isso."
De repente, as seis orbes planetárias dispararam feixes de gelo de escala devastadora.
Baylor aguentou com o corpo, desviando das serpentes e entrando em combate corpo a corpo com Seris numa luta brutal.
As tatuagens no braço de Seris brilharam mais intensamente a cada golpe que ela desferia.
"Você não vai me vencer, Seris. A diferença de nível entre nós é grande demais."
Com as mãos, Baylor esmagou uma a uma as serpentes brancas, bloqueando a chuva constante de ataques das orbes.
"Vou admitir—você é forte. Chegar a esse nível na sua idade é um milagre."
A energia de aura de Seris superava em muito o limite de rank S—algo considerado impossível para alguém de sua idade.
Mas seu adversário era Baylor.
Um inimigo imponente, quase insuperável.
"Eu abri a guarda uma vez, o que te deu a chance de acertar uma," disse ele, com a expressão séria.
BUM!
Invocando dezenas de suas próprias orbes celestiais, Baylor reagiu, sobrepujando os planetas congelados de Seris e anulando-os por completo.
"Isso não vai acontecer de novo."
Com um só golpe, ele quebrou as espadas dela e retomou o controle do campo de batalha.
"Essa luta é sem sentido."
"Cale a boca, sua maldita!"
Seris gritou, forçando-se ainda mais, convocando toda a potência latente que conseguia reunir.
Mesmo sabendo que seu inimigo era muito superior, ela se recusava a recuar.
"Você acha que vai continuar escapando, não importa quais horrores seus mãos tenham cometido?!"
Os orbes de gelo giraram mais rápido, lançando uma chuva implacável de projéteis congelados, cobrindo completamente a visão de Baylor.
Aproveitando a oportunidade, Seris invadiu seu domínio e se aproximou.
"As almas daqueles que você matou no passado... um dia, vão se enrolar no seu pescoço pra anunciar seu fim!"
Ela socou a mão marcada contra o peito dele, pronta para concluir.
Os olhos de Baylor se arregalaram de choque enquanto sua aura explodia de perto.
Seris aguentou a dor, liberando a técnica mais poderosa que já criou—sua última esperança de acabar com o homem que lhe tinha tirado tanto.
"Formação de Gelo... Arte Suprema: Asas de Borboleta Invertidas!!"
A aura de gelo reforçada irrompeu na direção de Baylor, envolvendo-o por completo.
O poder se espalhou numa tempestade ofuscante, e, dentro dela, grandes asas de geada floresceram—com formato de asas de uma borboleta gigante—envolvendo Seris no centro.
Ela colocou toda sua força naquele ataque. A tensão foi tão grande que suas tatuagens começaram a sangrar do braço.
Mas valeu a pena.
Aquele foi um movimento de finalização... forte o suficiente para matar até um Aventureiro de classificação SS.
A paisagem montanhosa onde a batalha ocorria transformou-se em um campo de morte congelada.
Seris não conseguia dizer se seu ataque tinha tido sucesso—mas ela sabia que havia atingido o limite dela.
Quase não conseguia permanecer de pé nesta forma.
Seu corpo estava se destruindo.
Ela havia arriscado tudo, na esperança de que aquele ataque avassalador fosse suficiente para matar Baylor.
Mas a realidade tinha outros planos...
Quando estava prestes a desmaiar, Baylor, ainda de pé, segurou seu pulso—aquele marcado com tatuagens—e a encarou de uma maneira que a atingiu com um medo novo e fresco.
"Inacreditável... realmente inacreditável..."
Com uma mão segurando firme a dela, Baylor tocou seu peito com a outra.
Lá, uma ferida longa e sangrenta se estendia da clavícula até o abdômen.
"Se seu ataque tivesse sido um pouco mais forte... você realmente poderia me ter matado."