O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 377

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 377: O Pacto Esquecido (2)

Sir Alon não disse uma palavra.

Mas também não se mexeu.

E isso por si só foi suficiente para fazer Vendrick levantar sua espada novamente.

"Ainda tão ganancioso quanto sempre... mesmo na sua fase final."

"Desculpe... mas esse é o mundo em que vivemos, Vendrick."

Sir Alon deu um passo à frente, liberando sua aura esmagadora bem na cara de Vendrick. Ao mesmo tempo, tanto Oliver Khan quanto Carmen se prepararam para a batalha — a situação claramente estava desandando.

"Então venhas, seu velho maldito."

Tanto Vendrick quanto Sir Alon...

Se prepararam para lutar... uma batalha que com certeza terminaria em desastre.

Mas, antes que algum deles pudesse agir, uma barreira maciça se formou entre eles, impedindo qualquer avanço.

"Chega de brincadeira, Vendrick."

Todos os olhares se voltaram para a pequena casa de madeira enquanto sua porta rangia lentamente, revelando uma mulher que parecia estar na casa dos cinquenta anos. Ela tinha cabelo rosa preso para trás com um grampo dourado e vestia um vestido que parecia uma túnica, envolto ao redor do corpo.

Com um movimento de sua longa bengala — que também servia de apoio para caminhar — ela os deteve no ato.

"Não temos direito de reclamar, Vendrick... não na presença dele — um homem que lutou mais tempo do que nós dois, que abriu mão de muito, até que o mundo o chamou de Imperador de Ferro."

"Millicent..."

Vendrick e Millicent trocaram um único olhar. Apenas um olhar foi suficiente para fazer o Santo da Espada desembainhar sua lâmina e recuar em direção à sua esposa.

Millicent então abriu a porta para os primeiros visitantes que recebia há muitos anos.

"Entrem. Eu esperava vocês."

Após o confronto tenso, as coisas tomaram um rumo estranho quando todos entraram na pequena casa de madeira...

Reunidos ao redor de uma mesa posta em frente a uma velha lareira.

Millicent ofereceu uma xícara de café quente para Ada Estrela-do-Céu, percebendo o quanto a garota sofria com o frio cortante.

"Tome, querida. Este lugar não é adequado para uma garota da sua idade..."

Surpresa com a gentileza da mulher, Ada aceitou a xícara com gratidão.

"E-e obrigada, senhora..."

"Não há necessidade de agradecer."

Millicent riu levemente, enquanto Sir Alon resmungava irritado.

"Esse é o tipo de hospitalidade que faz vocês servirem apenas um convidado — e ignorar seu Imperador?"

A única que tinha recebido uma bebida quente foi Ada. Um movimento curioso de Millicent, que agora se sentava exatamente na frente de Sir Alon, enquanto Vendrick permanecia ao seu lado.

"Um velho como você não tem direito de reclamar quando os jovens... aqueles que vão carregar a tocha na próxima geração estão sendo cuidados."

Sir Alon não respondeu nada. Ele já havia entendido a verdadeira razão de ela ter oferecido a bebida apenas para Ada.

Diferente dos demais — todos classificados como SS ou superior — o corpo de Ada não era adequado para suportar esta terra congelada de pesadelos. Por isso, Millicent havia infundido a bebida com um pouco de magia oculta.

"E então? O que aconteceu com este Império seu que o fez regressar aqui, Sir Alon? Seu filho morreu?"

Millicent não sabia muito sobre Maekar... mas sabia que ele era um guerreiro difícil de ser derrotado.

O próprio fato de Sir Alon estar ali diante dela significava que algo importante havia acontecido.

Ele rapidamente explicou a situação, dando a Millicent e Vendrick uma compreensão completa da crise atual do Império.

Oliver Khan ajudou a preencher as lacunas ao longo do relato, oferecendo detalhes adicionais para facilitar a compreensão do casal mais velho.

"Resumindo... a geração mais forte do Império foi sequestrada, seu filho perdeu a batalha e desapareceu junto com a maior parte das forças imperiais?"

Sir Alon assentiu, voltando seu olhar para Vendrick.

"Sua estudante — a garota que empunhava a mesma espada larga que você uma vez carregou — também está entre os desaparecidos."

Ao ouvir que sua aluna, portadora de sua antiga espada, havia desaparecido, Vendrick franziu a testa por instinto. Millicent também assentiu solenemente.

"Então, o que vocês estão dizendo... é que querem nossa ajuda para salvá-los todos."

Sir Alon deu um único gesto afirmativo.

"Exatamente... Millicent, confio que recuperar alguns jovens perdidos de outro continente não será tarefa difícil para alguém que foi chamada de Bruxa Carmesim. Além disso, já sabemos exatamente onde eles estão."

Ele apontou para Ada Estrela-do-Céu, que ativou seu dispositivo rastreador, exibindo um mapa 3D.

Um ponto vermelho brilhante apareceu sobre o continente de Ultrar, revelando a localização exata de Frey Estrela-do-Céu — que permanecia em seu posto.

"Tudo o que vocês precisam fazer é trazê-los de volta aqui usando sua magia."

Assim que disse isso... Millicent soltou um suspiro profundo e balançou a cabeça.

"Você está interpretando mal, Sir Alon. Magia não funciona desse jeito."

"Nós, magos, não teleportamos pessoas aleatoriamente como vocês pensam. Para usar magia de teletransporte, primeiro precisamos enviar uma quantidade significativa de nossa própria aura ao destino que desejamos alcançar."

Ouvindo atentamente, Sir Alon interrompeu.

"Enviar seu poder para o continente de Ultrar é realmente tão difícil assim?"

Millicent balançou a cabeça.

"Não. Para alguém do meu nível, isso seria fácil. O problema está no inimigo."

Assim que ela mencionou 'inimigo', todos focaram automaticamente em suas palavras.

"Magos sempre espalham seu domínio pessoal sobre qualquer campo de batalha que entram — para garantir controle. E é aí que está o problema."

"Ultrar possui uma bruxa muito poderosa que já espalhou seu domínio por quase todo o continente... não sei como ela conseguiu isso, mas ela certamente é mais forte do que eu."

Teleportar para o continente de Ultrar tornou-se impossível — por causa de Beatrice.

Sua presença sozinha anulava qualquer tentativa feita pelos magos do Império, explicando por que figuras como Luc Valerion tinham falhado no passado ao tentar cruzar para Ultrar.

Ao ouvir essa revelação, a expressão de confusão apareceu em todos presentes — inclusive em Sir Alon, que respirou fundo, frustrado.

"Devo eu mesmo ir, então?"

Foi Vendrick quem respondeu.

"Você estaria repetindo o erro do seu filho se fizesse isso."

Millicent assentiu concordando.

"Você pode ser o guerreiro mais forte do Império, Sir Alon... mas atacar de forma imprudente o território inimigo só vai acelerar os planos dela."

Ela cruzou as mãos, com os olhos distantes, como se estivesse recordando memórias antigas, e então falou novamente — desta vez com uma determinação visível.

"Embora a Bruxa de Ultrar seja forte... eu possuo uma magia que talvez consiga romper suas defesas."

Assim que essas palavras saíram de seus lábios, uma esperança revigorou Ada e os demais. Sir Alon levantou uma sobrancelha, reconhecendo a magia a que ela se referia.

"Magia Estelar?"

Millicent assentiu.

"Sim. A antiga e enigmática magia que descobrimos há tanto tempo... com ela, poderei abrir caminho através do domínio dela."

"Mas, pelo que sei... essa magia leva semanas para ser conjurada, e não temos esse tempo."

Magia Estelar não era algo que surgiu do homem.

Mesmo Millicent, uma arquimaga renomada, precisava de dias apenas para invocar um fragmento dela...

Tempo que simplesmente não podemos perder — especialmente com Frey e os outros enfrentando a morte a qualquer momento.

Millicent permaneceu em silêncio por um tempo, então olhou para Vendrick. Depois de ele assentar, ela virou-se de volta para Sir Alon.

"Eu já preparei a magia estelar há bastante tempo... especialmente para este dia."

Essas palavras surpreenderam até Sir Alon, que mal podia acreditar no que ouvia.

"Como...?"

"Já te disse... eu estava esperando você."

Olhando um por um, Millicent revelou uma verdade arrepiante que fez a sala inteira ficar pasma.

"O motivo pelo qual Vendrick e eu estávamos tão enlutados não foi pelas notícias sombrias que vocês nos trouxeram... mas porque elas coincidiam exatamente com aquilo que aquele homem nos disse."

"Quer dizer... vocês sabiam disso?"

Millicent assentiu solenemente.

"Há dois anos... um homem estranho veio até aqui, totalmente vestido de preto. A única coisa visível sob seu capuz eram seus olhos azuis brilhantes."

"Vendrick e eu lutamos com todas as nossas forças... mas ele nos venceu facilmente, com poderes que ainda não compreendemos até hoje."

"E quando a batalha terminou... ele nos mostrou uma visão de um futuro estranho — um futuro onde a elite do Império é sequestrada, onde perde a guerra contra Ultrar... e onde o Imperador de Ferro volta, acompanhado de rostos desconhecidos, em busca de nossa ajuda."

Cada palavra que ela dizia só aprofundava o silêncio na sala.

Ada foi a única que imediatamente reconheceu a figura que Millicent descrevia.

"Isso quer dizer...!"

"Sim. Sir Alon... aquele ser nos mostrou o futuro, por isso estamos nos preparando desde então. Um dia que nunca imaginamos que realmente chegaria — mas que não podíamos ignorar."

Com essas últimas palavras, a Bruxa Carmesim deixou algo assustadoramente claro para todos ali:

"Existe um jogo escondido acontecendo ao nosso redor, Sir Alon. Forças poderosas, invisíveis, estão nos manipilando como peças de um tabuleiro de xadrez... controlando o futuro como se já pertencesse a elas."

E com expressões sombrias integradas a cada rosto, a verdade tornou-se inconfundível.

"Não estamos sozinhos."