
Capítulo 378
O Ponto de Vista do Vilão
Capítulo 378: A Ronda Final (1)
Região Norte do Império – Ashina...
Após surpreender todos ao mencionar o engenheiro de olhos azuis que previu o futuro do império anos atrás, Millicent saiu da cabana junto com os demais, posicionando-se no centro da planície congelada que separava as Terras Noturnas do Norte do território imperial de Ashina.
Millicent estava extremamente concentrada, preparando sua magia estelar para atacar o inimigo de surpresa.
"No momento em que eu entrar na área dela, o inimigo vai perceber minha presença e agir imediatamente. Então, ao invés de avançarmos e começarmos uma luta desnecessária, seria melhor abrir um portão que traga os estudantes de elite até aqui."
Quando a magia estelar fosse ativada, Beatrice não ficaria parada—ela interviria imediatamente, provavelmente desencadeando uma batalha que poderia custar a vida da maior parte dos estudantes.
Em vez disso, criar um portal para trazê-los de volta ao império era a abordagem mais lógica, e Sir Alon concordava com isso.
"Faça."
Millicent assentiu.
Para salvar o maior número possível de estudantes de elite, precisariam agir rapidamente e com precisão.
Enquanto isso, seu marido, o Santo da Espada Vendrick, não estava presente. Ele tinha partido com uma delegação da igreja para tentar resgatar os guerreiros imperiais que se perderam em algum lugar perto da Baía de Shizclar, na fronteira dos Ultras.
De pé no coração da planície congelada, um círculo mágico enorme se acendeu sob Millicent, enquanto seu corpo brilhava com uma tonalidade azul celeste—pronta para liberar seu feitiço.
Ao ver isso, Ada rapidamente configurou a localização de Frey Starlight para ajudar Millicent a identificar exatamente onde lançar o feitiço.
Embora a marca vermelha revelasse a posição de Frey, ela cobria uma área gigante—dezenas de quilômetros de extensão—o que significava que Millicent precisava confirmar se o restante da turma de elite estava próximo a ele.
Com profunda concentração e olhos fechados, Millicent se preparou para atravessar a dominação de Beatrice, enquanto Sir Alon permanecia alerta, aguardando o momento em que fosse forçado a atacar.
Então, após alguns minutos tensos...
Uma expressão sombria se espalhou pelo rosto de Millicent. Ela franziu a testa e dispersou lentamente a magia, deixando todos perplexos—todos esperavam testemunhar a magia estelar em ação.
À medida que sua aura SS+ desaparecia, Millicent abriu os olhos.
"Temos um problema."
"O que houve?" perguntou Ada Starlight, mais ansiosa que qualquer outro.. ela vinha segurando a esperança de salvar seu irmão.
"Frey sofreu algo?! "
Millicent balançou a cabeça, afastando o medo de Ada enquanto se aproximava.
"O problema não é se ele está bem ou não... é outra coisa totalmente diferente. Assumíamos que a turma de elite ainda estava reunida, o que facilitaria trazê-los de volta. Mas a realidade quebrou essa suposição."
Com um suspiro pesado, a Feiticeira Vermelha explicou:
"Frey Starlight está sozinho. Não há rastros dos outros estudantes de elite por perto dele."
Todos a olharam incrédulos. Uma possibilidade que nenhum deles tinha considerado de repente interrompeu seus pensamentos.
Eles tinham certeza da localização da turma de elite—mas essa foi uma suposição falsa.
"Nós temos a localização do Frey Starlight... não dos outros."
Sir Alon amaldiçoou baixinho, enquanto Ada cobria a boca, chocada com o quanto seu plano tinha saído do controle.
"Isso nos deixa com pouquíssimas opções."
Millicent virou seu olhar para Sir Alon, entregando a responsabilidade nas mãos dele.
"Temos duas alternativas: ou vamos agora até onde o Frey Starlight está e tentamos localizar os outros após salvá-lo—ou esperamos eles se reagruparem, e então teletransportamos todos de uma vez."
A primeira opção parecia mais sensata... mas Millicent acrescentou um contexto crucial.
"Lembre-se de que, no momento em que entrarmos no continente Ultras, o inimigo vai saber que estamos lá. O domínio daquela feiticeira cobre o continente inteiro—ela provavelmente poderia exterminar todos os estudantes de elite a qualquer momento. Mas ela não fez."
"Você entende o que isso significa, Sir Alon?"
O rosto de Sir Alon escureceu ao perceber a implicação dela.
"Ela está esperando algo."
Não fazia sentido que os estudantes de elite tivessem sobrevivido até aqui com uma bruxa como ela ameaçando por perto.
Mas Frey Starlight estar vivo significava que os demais também poderiam estar.
E isso indicava... um jogo maior sendo orquestrado nas sombras.
Ir agora, arriscando a vida de todos os estudantes para salvar Frey Starlight... ou esperar, apostando tudo em um jovem que mal completou dezoito anos, na esperança de que ele ache os demais.
"Oliver Khan."
Sir Alon chamou Oliver, ponderando a decisão com o máximo de cuidado possível.
"Que tipo de pessoa é o Frey Starlight?"
Ele optou por perguntar ao Grande Guardião da família Valerion, ao invés de alguém da família Starlight, sabendo que provavelmente haveria viés. Oliver compreendia isso—e respondeu com sinceridade.
"Frey é o último campeão Victoriad, e portador de duas armas Ignitas de classe SS. Já lutei contra ele e ao lado dele. Posso garantir sua força. Apesar da idade, ele consegue encarar de igual pra igual lutadores de classe SS se for ao máximo."
Oliver fez uma pausa por um instante e então falou firmemente.
"Ele é, com certeza, um guerreiro em quem vale a pena confiar."
Sir Alon ficou visivelmente surpreso com as palavras de Oliver Khan... sua avaliação do jovem chamado Frey Starlight era incomumente alta.
"Duas espadas lendárias? Isso é possível mesmo?" perguntou Millicent, lutando para assimilar a informação.
"É verdade," respondeu Oliver, e Carmen e Ada confirmaram com um aceno de cabeça.
"Todos falam tão bem dele... fico me perguntando que tipo de pessoa ele realmente é," murmurou Alon, fechando os olhos em um pensamento profundo.
A escolha já parecia clara para ele, mas ainda questionava se realmente era o melhor: enfrentar a armadilha do inimigo sozinho, ou apostar tudo em um garoto que tinha apenas dezoito anos.
Diante do olhar expectante, Sir Alon tomou sua decisão.
"Vamos esperar."
A caçada... continuaria.
...
...
...
Território dos Ultras – Capital: Caeled
Gavid Lindman e Mergo estavam lado a lado, olhando para a cidade de Caeled... uma das poucas regiões ainda vivas dentro de um continente devastado pela morte em todos os fronts.
Embora o corpo de Gavid estivesse cheio de ferimentos, sua expressão não demonstrava dor. Ele permanecia calmo. Sereno, até.
"Diz aí, Mergo... você acha que teríamos alguma chance de enfrentá-la se lutássemos?" perguntou, a voz com uma nuance de dúvida.
Mergo respondeu com seu sorriso despreocupado habitual. "Sinceramente? Teríamos perdido... miseravelmente."
A resposta direta fez Gavid rir involuntariamente.
"Mesmo você e eu sendo de classe SS+... ainda assim não conseguimos derrotar um demônio Rank-17. Isso é frustrante."
...
A situação era realmente desesperadora. Mergo era considerado o senhor mais forte, um lutador confirmado de nível SS+. Gavid, que há tempos escondia seu poder, tinha recentemente atingido o mesmo nível—colocando os dois em pé de igualdade.
"Se ela conseguiu acabar com ambos... por que diabos ela se rendeu tão facilmente?" refletiu Gavid em voz alta.
O que se passava na cabeça daquela feiticeira?
Enquanto a pergunta pairava no ar, Mergo lembrou do acordo que fizeram.
"Com a condição de não interferirmos em seu ‘jogo’, ela prometeu servir totalmente aos Ultras... e impedir que outros demônios superiores descessem para este mundo. Honestamente, isso parece bom demais para ser verdade."
Nenhum deles conseguia compreender completamente a enigmática demônia chamada Beatrice.
O demônio superior de nível 19, Astaroth, apesar de seu poder aterrador, era direto. Previsível. O que tornava seu trato relativamente simples.
Já Beatrice era uma fera diferente—astuta, manipuladora, poderosa o suficiente para dominar um continente inteiro. Ela se situava acima de Astaroth, tanto em inteligência quanto em força.
Apesar da vitória de Gavid ao fazer o primeiro movimento, o caminho à frente permanecia incerto e perigoso.
"Não temos escolha a não ser continuar avançando," disse Mergo, batendo no ombro de Gavid antes de virar-se para sair.
"Para onde vai?" perguntou Gavid.
Em vez de responder com palavras, Mergo tirou quatro chaves—pulseiras de prata que brilhavam com uma luz sinistra.
"A morte de Astaroth nos custou uma grande fonte de poder... Precisamos de algo que substitua isso—algo igual ou maior."
Com um deslocamento no espaço, Mergo desapareceu, e seus últimos dizeres ecoaram pelas ruínas devastadas.
"Está na hora do Demônio Humano retornar."
Os Ultras também começaram a se mover, investindo tudo na batalha. O futuro da Terra agora parecia mais incerto do que nunca—refém entre um império que luta pela soberania, Ultras buscando dominação, e demônios que já envenenaram o mundo de cima para baixo.
Compaixão... nunca fez parte da equação.