O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 361

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 361: Um Brinde à Loucura (1)

— Entendo que há muita tensão entre as quatro províncias, por isso sei por que você não quer seguir com Lorde Godfrey e seu séquito, — disse Draxler, continuando sua tentativa de conquistar a confiança de Frey.

— Você é uma das candidatas dos empíreos, não é? Eu costumava ser uma também... mas perdi de forma desastrosa. Deixe que eu te ajude desta vez. Quem sabe pelo menos um de nós possa sair vivo.

Ele fez sua proposta com o mesmo sorriso despreocupado.

Os Ultras estavam profundamente divididos—mesmo fazendo parte do mesmo grupo, especialmente quando se tratava dos Sangues Altos.

Existiam quatro principais territórios controlados pelos quatro Senhores:

— Shizclar no leste, governada por Madam A.

— Cailed, a capital central e oficial dos Ultras, governada por Lord Gavid Lindman.

— Aeonia no oeste, sob o comando de Lorde Godfrey.

— E Nokron, a Cidade Eterna ao sul, sob o comando de Lorde Mirgo.

Embora tecnicamente fossem parte de uma mesma força—os Ultras—cada senhor governava sua região de forma independente, numa estrutura pior do que a das Grandes Casas.

Portanto, negar seguir Godfrey era perfeitamente compreensível.

— Frey... esse cara é suspeito. Tenho um pressentimento muito ruim sobre ele, — sussurrou Clana através de uma barreira de aura tênue.

— Eu sei, — respondeu Frey, assentindo, — mas não temos escolha. Vamos lidar com ele—pelo menos por enquanto. Até descobrirmos onde estão as chaves.

Embora estivesse incomodada, Clana cedeu à lógica de Frey. Ele era quem comandava. Sempre um passo à frente, protegendo-a do perigo. Isso tornava difícil para ela discordar—especialmente quando ela era tratada assim.

Apesar disso, ela não se incomodava nem um pouco. Na verdade, ela apreciava cada momento, à sua própria maneira tranquila.

— Certo, Draxler. Me diga como conseguimos as chaves, — perguntou Frey, com foco inabalável.

Draxler assentiu, ainda sorrindo. — Só há uma maneira de conseguir o passe de teletransporte. Você terá que ir até o homem que administra este lugar. Chamam-no de Pai Knoth.

— E onde o encontramos?

Draxler apontou adiante. — Ele trabalha em uma enorme tenda não muito longe daqui. Vamos encontrá-la se continuarmos neste caminho. Só para você saber—é a única passagem. Mesmo Lorde Godfrey precisou passar por ele.

— Então, vamos lá.

— Com prazer.

Com Draxler liderando e Frey e Clana seguindo, os três marcharam em direção ao local que, supostamente, guardava as chaves.

Enquanto caminhavam, Frey fazia perguntas, tentando coletar o máximo de informações possível.

— Por que alguém como Godfrey precisaria passar por Knoth? Ele é mesmo tão importante assim?

Draxler balançou a cabeça. — Knoth é um Baixo Sangue, mas é incrivelmente sortudo. A magia de teletransporte daqui foi lançada há muito tempo por um feiticeiro extremamente poderoso. Esse feiticeiro escondeu o método de criar chaves de teletransporte em algum lugar—e Knoth foi o único a descobrir e desvendar isso.

— Existe esse tipo de sorte neste mundo? — murmurou Frey, ainda difícil de acreditar.

— É verdade. Este lugar não usa apenas magia de teletransporte... ele também é protegido por uma barreira que impede as Bestas Pesadelo de entrarem na cadeia de montanhas. E o teletransporte não leva a um destino fixo. Existem três caminhos possíveis.

Draxler riu alto. — Como Knoth é o único que pode garantir o caminho certo e manter a barreira, acabou adquirindo alguma autoridade aqui. Agora ele faz o que bem entende.

— Entendi... — respondeu Frey, anotando mentalmente todas as informações-chave. Já planejava um modo de obter aquelas chaves o mais rápido possível.

Mas Draxler não deixou o silêncio perdurar.

— Vamos falar do seu título de Supremo Soberano. Pode me dizer seu nome?

— Você não precisa saber.

Frey manteve sua face oculta, assim como sua identidade. Não tinha intenção de revelar sequer um pouco de informação a Draxler—especialmente por estar sendo tão observador.

— Desculpe, desculpe. E quanto à sua criaturinha de estimação? Ela parece bem fraca. Você a trouxe só para entretenimento? Ouvi dizer que esta terra é bastante desolada, afinal. Kikiki... — zombou Draxler, rindo com desdém.

Draxler riu de forma zombeteira, até que Silêncio—a presença ameaçadora de Frey—cresceu intensamente, propositalmente.

Clana não disse uma palavra o tempo todo. Tudo o que estava acontecendo já era suficiente para sobrecarregá-la.

O restante do percurso continuou em silêncio até que finalmente chegaram ao destino.

— Aqui está.

À sua frente erguia-se uma tenda gigantesca—grande o suficiente para cobrir um arranha-céu inteiro.

Frey ficou espantado com o tamanho da estrutura. Ainda mais ao ouvir os sons vindo de dentro.

Uma música estrondosa reverberava pelo chão, fazendo a terra tremer sob os seus pés.

— Você disse que eles chamam ele de Pai Knoth? Que lugar é esse? — perguntou Frey, observando a multidão insana formada por pessoas em fila para entrar na enorme tenda.

— Ah... o título de Pai é uma zombaria, — disse Draxler com uma risada. — Knoth é apenas um degenerado lascivo, obcecado por sexo e festas.

— Tenho que ir à festa dele só para conseguir as chaves? — perguntou Frey, desconfiado.

Draxler bateu os dedos na palma da mão.

— Exatamente!!

Frey e Clana trocaram olhares antes de se aproximar da entrada gigante.

Quando chegaram lá—envolvidos por uma multidão composta por Ultras de Sangue Baixo e Sangue Alto—descobriram uma mulher estranha no portão. Sua cabeça estava completamente raspada, ela usava uma maquiagem pesada e estava quase nua. Atrás dela, estavam quatro guardas enormes.

Assim que ela os viu, a mulher sorriu amplamente.

— Ora, ora... o que temos aqui? Vocês também vieram curtir a festa?

— Sim, por favor, — respondeu Draxler com seu sorriso habitual. A música aumentava de volume a cada passo que davam.

A mulher assentiu alegremente, então piscou para um dos guardas, que entregou um pote com um líquido vermelho espesso.

— Então, senhores e senhoras... querem festa, né? Então, bebam.

Ela empurrou a estranha poção na direção de Frey, que franziu a testa diante de sua expressão sombria.

— O que é isso?

Ela sorriu ainda mais, claramente divertida.

— É algo muito bom. E também tem um sabor excelente.

As suspeitas de Frey só cresceram. Ele olhou para Draxler, mas este apenas deu de ombros.

— É o único jeito de entrar.

Naquele momento, outros Ultras se aproximaram alegremente, bebendo o mesmo líquido vermelho antes de entrarem na tenda.

Frey ainda se sentia desconfortável. Profundamente desconfortável.

E, justamente quando hesitava mais um pouco—Clana avançou, pegou o pote e despejou a bebida na própria garganta sem pensar duas vezes.

— Você—! — gritou Frey, chocado, enquanto a mulher estranho aplaudia com alegria.

— Muito bem! Você já está pronta para curtir a festa! — exclamou ela.

Depois de beber o líquido, Clana se virou para Frey, colocando a máscara de volta sobre a boca.

— É o único jeito de entrar.

Assim que ouviu aquilo, Frey suspirou e, relutante, pegou o pote.

Enquanto bebia, uma sensação ardente, nojenta, subiu por sua garganta, fazendo-o querer parar—mas a mulher levantou o pote novamente, obrigando-o a beber tudo.

Assim que terminou, Draxler explodiu em risadas e abraçou os dois.

— Lembre-se... encontre Knoth, pegue a chave. Agora, vá! Aproveite a festa!!

Com um grito forte, empurrou-os para dentro.

No momento em que cruzaram o limiar, a música demoníaca e ensurdecedora explodiu ao redor deles. Luzes piscavam intensamente no teto, mudando de cor a cada pulsar.

Ao redor, as pessoas dançavam desvairadamente, batendo cabeças em ritmo, rindo e bebendo como loucos.

O lugar era imenso—com espaço suficiente para cobrir três estádios de futebol.

Frey ficou completamente desorientado à medida que uma dor de cabeça monstruosa atingiu sua cabeça, piorando a cada luz piscando e batida ensurdecedora.

A dor era tão forte que ele quase sentiu o mundo virar de cabeça para baixo.