O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 360

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 360: Manobras Ultra (2)

Godfrey não estava sozinho. Toda a sua tropa o acompanhava.

Os Ultras, após vencerem a batalha de Shizclar contra o Império, começaram a deslocar suas forças para outros locais. E quem saiu na frente foi o próprio senhor selvagem — Godfrey.

"Frey... será que é ele?"

Clana perguntou, mal suportando o peso da aura que pressionava seu corpo. Frey acenou com a cabeça.

"Eles estão aqui por nós."

Os Ultras estavam começando a levar a situação a sério. A chegada de um exército tão grande confirmava que algo de enorme magnitude estava prestes a acontecer.

O que convencia Frey ainda mais era a direção para onde Godfrey e seu exército se dirigiam — ao outro lado do desfiladeiro. A mesma estrada que levava até seus companheiros.

"Tem algo estranho..."

Por que Godfrey tinha aparecido ali, agora?

Os Ultras já haviam descoberto onde seu grupo estava escondido?

Frey não conseguia segurar a intenção de matar que fervia dentro dele, enquanto esses pensamentos dominavam sua mente.

"Frey?"

Clana apertou sua cintura com força — mas seus olhos continuavam brilhando com aquele tom violeta perigoso.

'Não posso arriscar deixá-lo fugir...'

Frey começou a caminhar, avançando para a frente da multidão, enquanto Clana se apressava atrás dele, em pânico.

Sua intenção de matar ficou tão afiada e concentrada que até mesmo o enorme senhor Ultra parou de caminhar — virou a cabeça na direção de Frey.

"Vou matá-lo aqui mesmo!"

Frey não sabia até onde seu poder atual poderia chegar se liberasse tudo. Mas uma coisa ele tinha certeza: derrotar um único senhor não era impossível.

Ele estava prestes a invocar suas lâminas e iniciar a carnificina—

— mas então ele parou congelado.

Uma nova presença irrompeu na área. Uma segunda aura opressiva, tão pesada quanto a de Godfrey.

"O que há de errado, Senhor Godfrey? Por que parou?"

De dentro do exército de Godfrey, surgiu uma nova figura — caminhando calmamente pelo fundo.

Ele tinha um corpo maior do que qualquer humano comum, envolto inteiramente em ataduras pretas, como se fosse uma criatura undead.

Olhos vermelhos como o sangue.

Pressão de aura: classificação SS.

Gavardiol.

Ele veio ficar ao lado de Godfrey, que não disse uma palavra. Simplesmente virou-se de volta e continuou a caminhar na frente.

Quanto a Frey, agora segurado firmemente por Clana na cintura, sua intenção de matar já havia desaparecido.

"...Outra classificação SS..."

Congelado no lugar...

O que mais irritava Frey era a aparência do homem — a figura corpulenta, envolta em ataduras negras.

Ele já tinha ouvido falar de alguém assim antes. Especificamente, durante o Incursão ao Templo... exatamente um ano atrás.

Esse homem era Gavardiol.

Aquele que matou o irmão mais velho de Ghost.

Mas havia uma grande diferença: seu poder.

Naquela época, Ellen White dizia que ele não era mais forte do que um rank S.

Contudo, agora... ele tinha aparecido diante de Frey como um monstro de classificação SS.

Frey não podia fazer nada além de ranger os dentes — sua chance de atacar tinha desaparecido completamente.

"Que diabo está acontecendo aqui...?"

Ele não conhecia muito bem esses novos Lords que haviam surgido do nada.

Mas a ponta do chifre preto que protrudia na parte de trás da cabeça de Gavardiol fez algo clicar em sua mente.

"...Um semideus." [1]

Frey murmurou, com os olhos arregalados, enquanto a verdade começava a se cristalizar diante dele.

Experimentos da terceira geração. Semideuses.

O selo que já havia sido quebrado, permitindo que demônios retornassem ao mundo.

Essas pessoas... eram resultados bem-sucedidos daqueles experimentos grotescos que Frey já tinha visto no passado.

"...Agora tudo faz sentido."

Segurando Clana, puxou-a para trás — bem longe do alcance da aura de Godfrey e Gavardiol.

"Espera — pra onde você vai?!"

Clana perguntou em alarme, mas Frey não respondeu.

Lorde Mergo, o velho de quem o Império não sabia nada, apesar da idade avançada...

O avanço de Gavardiol de um rank comum para SS em apenas um ano...

A explicação era simples.

’É como aconteceu em Londor.’


Três meses naquele planeta morto equivaleram a apenas três dias na Terra.

O mesmo princípio se aplicava ao mundo demoníaco — Helmond.

O tempo lá passava muito mais rápido.

Isso por si só explicava todas as incógnitas até então.

"Todos vieram de Helmond."

Ao perceber isso, Frey compreendeu a escala do perigo.

Lorde Godfrey não ficou por muito tempo — ativou o passe mágico e teleportou-se para o outro lado.

Para usar o círculo, no entanto, era necessário uma chave específica.

Uma chave que Frey não tinha.

Segurando a mão de Clana, puxou-a para fora da multidão.

"Precisamos encontrar uma das chaves daquele círculo mágico e avisar os outros — rápido."

Caso contrário, logo estariam enfrentando todo o exército Ultra avançando contra eles.

Frey não tinha pistas de onde poderiam estar as chaves. Mas estava determinado a encontrar uma e escapar.

"...A Selena conseguiria ativar o portal facilmente."

Clana murmurou inconscientemente, claramente sem saber o que fazer.

Frey franziu a testa e estava prestes a dizer algo, mas uma voz repentina o chamou.

"Ei — vocês dois."

Frey se virou.

Um jovem estranho na faixa dos vinte anos estava ali, com o cabelo laranja selvagem formando picos. Ele os encarou sorrindo.

"A forma como vocês estão se movimentando — de um lado pro outro, assim — vocês não são daqui, né?"

Sorriu largo, mostrando seus dentes amarelos, enquanto caminhava em direção a eles com passos pesados.

Frey fez cara de poucos amigos por terem sido notados e colocou Clana atrás de si, encarando o rapaz de frente.

"Todos aqui somos estranhos neste lugar nojento."

Ele respondeu com uma voz fria.

O rapaz riu.

O que Frey disse podia ser interpretado de várias formas — mas uma coisa era clara: a maioria dos Ultrabloods presentes aqui não pertenciam a esse desfiladeiro. Era um local geralmente reservado para Ultrabloods de baixo nível.

"Haha... você tem toda razão. Desculpe a grossura, mas posso perguntar quem é você?"

"Por que você quer saber?"

"...Curiocidade."

O homem respondeu com um sorriso.

"Meu nome é Draxler, de Shizclar. Eu te vi na multidão antes — e tenho observado vocês desde então."

"E por quê?"

Frey perguntou. Sob as roupas, as tatuagens nas suas espadas brilharam fracamente.

Ele estava pronto para atacar assim que fosse necessário.

Mas Draxler parecia nada intimidado pela hostilidade de Frey. Continuou falando com a mesma tonalidade leve.

"Diferente de todo mundo aqui — e da sua amável amiga escondida atrás de você — você é o único cuja força eu não consegui avaliar. Isso já me deixa curioso."

Draxler deu outro passo adiante.

"...Então, quem é você?"

Frey, após avaliar o homem, concluiu que Draxler estava pelo menos no nível S+.

O que o deixou ainda mais intrigado por alguém tão forte estar vagando sozinho por aqui.

Contudo, Frey não tinha tempo para brigas desnecessárias. Então, sacou o Emblema de Sangue do Soberano Supremo, mostrando-o mais uma vez para Draxler.

Os olhos do homem se arregalaram por um instante antes de irrar, soltando uma risada e ajoelhando-se de um joelho.

"Minhas desculpas, Senhor do Assento Soberano, por não ter reconhecido seu posto!"

"Não há necessidade de formalidades. Agora que sabe, afaste-se."

Frey passou ao lado de Draxler sem mais comentários, com Clana ao seu lado.

Mas o estranho homem não tinha terminado.

"Perdoe novamente, meu senhor, mas..."

Ele elevou a voz um pouco.

"Você estaria procurando pelas chaves do círculo mágico?"

No instante em que ditou aquelas palavras, Frey parou no lugar.

Os olhos de Draxler brilharam. Ele sabia que estava certo.

"Se esse for o caso..."

Ainda sorrindo — com seus dentes afiados completamente à mostra — ele se levantou do chão.

"...Acredito que posso ajudar."

Depois de mencionar justamente aquilo que Frey precisava com urgência, Draxler agora se tornava alguém impossível de ignorar.

Frey não tinha escolha senão lidar com esse estranho Ultra... quer ele gostasse ou não.