O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 359

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 359: Manobras Ultras (1)

— Passagem de Kalavan —

A estreita estreita que dividia a Cordilheira da Noite Maligna ao meio—reforçada com uma fortaleza poderosa.

A própria fortaleza era mais do que apenas um posto de controle; era uma cidade de Ultras em plena regra, normalmente administrada pelas castas de sangue mais baixas. Mas hoje era diferente. Hoje, a elite dos Ultras tinha tomado o controle.

Na frente do portão, estavam dois guardas imponentes, cuja força era facilmente estimada por Frey como rank S ou superior.

Logo atrás, havia sentinelas adicionais e canhões arcanos posicionados no topo das muralhas para proteção extra.

Em outras palavras, invadir aquela fortaleza era uma tarefa excepcionalmente difícil—e mesmo que alguém conseguisse, isso alertaria instantaneamente todos os Ultras da região sobre a presença de um intruso.

Mas nada disso impediu Frey.

Arrastando a aterrorizada Clana atrás de si, ele enfrentou as sentinelas ... que já tinham as mãos descansando nas empunhaduras de suas espadas massivas.

Seus olhos o vasculharam, avaliando a figura encapuzada que deliberadamente mantinha o rosto escondido.

E justo quando eles estavam prestes a atacar, Frey curvou-se de maneira estranha, cerimonial—com a mão direita tocando o coração, enquanto a esquerda levantava em um saluto desconhecido.

Clana piscou surpresa, confusa com o gesto.

Mas os guardas não compartilharam sua confusão. Na verdade, as ações dele fizeram hesitar.

"Quem é você?!"

Suspeitas persistiam, mas aquele gesto sozinho foi suficiente para fazerem suas espadas hesitarem.

Era um sinal usado por poucos — aqueles de uma das Quatro Grandes Cidades de Sangue Alto.

"Um dos Sete Espadas do Lorde Gavied Lindman. William de Caelid."

Assim que Frey pronunciou essas palavras, ele liberou uma fração da aura de Balerion—apenas o suficiente para elevar sua presença ao nível S+ por um instante.

Era tudo o que precisava para ser levado a sério.

Ao perceberem suas reações, um leve sorriso se formou sob o capuz dele.

’Então eles não são de Caelid...’

Isso confirmou: eles não eram da capital de Gavied Lindman. Se fossem, reconheceriam imediatamente que ele era um impostor.

No entanto, aquilo ainda não era suficiente para convencê-los plenamente. Então, Frey jogou sua carta na manga.

"Estou aqui por ordem do Lorde Lindman. O simples fato de este portão infeliz ainda não estar aberto já é motivo suficiente para exigir suas cabeças. Não acha?"

Ele soltou Clana e avançou um passo. A hesitação nos rostos dos guardas era óbvia... mas eles ainda assim não concederam sua entrada.

"Sou uma pessoa razoável, como podem ver," continuou Frey. "Sei que vocês estão apenas fazendo seu trabalho, especialmente com inimigos à espreita entre nós. Então... acho que devo oferecer algum tipo de garantia, não é?"

Num piscar de olhos, ele tirou algo do manto e mostrou diante deles.

Suas expressões escureceram imediatamente. Ambos caíram de joelhos, em perfeita sincronia.

"Apresentamos nossas mais profundas desculpas à Alta Soberania!!"

Suas vozes ocorreram em uníssono, enquanto Clana permanecia em silêncio, boquiaberta.

Porém, Frey não demonstrou surpresa alguma.

"Não preciso das suas desculpas. Abra o portão, por favor."

"Sim, senhor!!"

Um dos guardas pulou de pé, canalizando aura em sua voz enquanto gritava:

"Abra o portão!!"

A ordem subiu pelas muralhas—e em poucos segundos, as portas enormes começaram a ranger para Frey.

Os guardas recuaram para deixar passar.

"Vamos lá."

Frey chamava Clana, que ainda estava paralisada, lutando para entender o que acabara de acontecer.

Ela correu atrás dele rapidamente, com medo de ficar para trás.

Juntos, passaram pelo portão—antes que ele se fechasse atrás deles tão rapidamente quanto havia se aberto.

Dentro, eles entraram numa cidade construída como uma fortaleza. As construções se agarravam às encostas das montanhas, enquanto os níveis inferiores abrigavam de tudo, desde tendas comuns de sangue baixo até instalações militares completas.

Eles logo se misturaram à multidão—o que, para a preocupação crescente de Clana, incluía um número assustador de Ultras da linhagem nobre.

Ainda agarrada a Frey, ela não conseguiu mais se segurar. Sentia que vinha fazendo perguntas sem parar — mas como não fazer, quando Frey continuava a fazer coisas que desafiavam toda lógica?

"O que diabos você acabou de fazer?!"

Frey continuava caminhando calmamente, mostrando o mesmo token que tinha exibido para os guardas antes.

"Foi só isso que mostrei para eles."

Nele, havia um emblema preto do tamanho de um punho, gravado com um sigilo demoníaco de sangue vermelho.

Clana encarou aquilo com um sorriso de desdém.

"O que é isso?"

"É um símbolo usado por membros de alta patente dessa hierarquia. Dei-o a um deles depois de matá-la."

O nome real do emblema era O Sigilo da Soberania Alta. Frey o pegou do cadáver de Beatrice após derrotá-la—era o único item de valor que ela possuía.

Graças ao seu conhecimento de escritor da história, ele logo reconheceu o que era.

Daí em diante, tudo o que restava era realizar o saluto ridículo que havia escrito há muito tempo e passar a representar a encenação—basta o suficiente para passar pelo portão.

"Foi uma jogada de risco," admitiu. "Se eu não tivesse o sigilo, eles nos obrigariam a mostrar nossos rostos—e provavelmente estaríamos lutando por nossas vidas agora."

O rosto de Clana escureceu ao ouvir suas palavras. Ela imaginou o quão perto estiveram de um desastre… especialmente agora que já estavam lá dentro, sem como voltar atrás.

Tudo o que aconteceu até agora lhe fazia querer aprofundar sua investigação sobre o homem chamado Frey Starlight.

'Como ele sabe de tudo isso? Quando derrotou um membro da Soberania Alta deles? Ele é realmente um de nós? Seremos da mesma idade?'

Todos esses questionamentos povoavam sua mente… mas ela os guardou bem fundo no coração.

'O que estou pensando? Ele salvou minha vida…'

'Aliás, ele é o filho do fenômeno—Abraham Starlight. Esse nível de poder é esperado de alguém como ele, não é?'

Ela respirou fundo, controlando suas emoções para não chamar atenção.

"Fico feliz que tudo tenha acabado bem no final."

"Você achou que eu pisaria na frente da entrada? Seja burra."

'Na verdade, eu até teria se não fosse pelo sigilo...'

Frey falou com tom neutro, com o rosto ainda escondido sob a máscara preta, mas suas palavras não refletiam o que ele realmente pensava.

"Ainda assim... você é incrível, Frey. Estou feliz por ter ficado grudada com você."

Clana sorriu, sinceramente dessa vez, e aquilo foi suficiente para fazer Frey franzir a testa novamente—especialmente quando uma nova notificação do sistema apareceu diante de seus olhos.

Ding!

Clana Starlight:

Pontos de Afinidade atuais: 80

(Limiar atingido — usuário pode exercer influência aprimorada usando Perspectiva de Terceira Pessoa sobre esse indivíduo)

Frey não gostou nada do que viu. Não tinha certeza de quando o nível de afeição de Clana tinha ficado tão alto.

Mas esse não era momento nem lugar para lidar com isso, então ele ignorou por enquanto.

"Vamos encontrar o círculo de teletransporte e sair daqui."

Passar muito tempo entre os Ultras definitivamente não era uma ideia brilhante. Sem perder mais um segundo, ele avançou em direção ao centro da passagem, com Clana logo atrás.

"Não deve estar longe agora..."

A Passagem de Kalavan tinha um círculo mágico poderoso que permitia teleportar diretamente para o outro lado da cadeia de montanhas.

Seria perfeito—não fosse um portal de teletransporte de verdade, mas somente um círculo. Essa diferença sozinha impedia seu uso como rota de fuga real.

"Frey... tem alguma coisa acontecendo adiante."

Clana parou, apontando para a multidão que se formava à sua frente… claramente, algo estava acontecendo.

"Vamos nos disfarçar. Fique perto de mim, e não levante a cabeça. Lembre-se, todos aqui são sangue alto."

Freí a avisou seriamente, e Clana assentiu.

Segurando-se fortemente ao braço dele, os dois se infiltraram na multidão, que vibrava alto por um grupo que caminhava pela trilha aberta à frente deles.

"Viva a Soberania Alta!!"

A multidão rugiu em uníssono.

A expressão de Frey escureceu no instante em que sentiu a pressão esmagadora descer sobre seus ombros.

Ele nem mesmo sabia de onde vinha.

Mas então, um homem gigante—quase quatro metros de altura—passou por eles, cada passo ecoando com peso aterrorizante.

Ele vestia uma armadura dourada que cobria o corpo todo, enquanto seu cabelo vermelho flamejante despontava no topo, como uma coroa de fogo.

Os olhos frios, de caçador, de Frey ficaram ainda mais gelados.

"Lord Godfrey de Aeonia está passando!"

Alguém gritou, intensificando os gritos da multidão e confirmando o que Frey já suspeitava.